sábado, 5 de novembro de 2011

O melhor controle da mídia é o controle remoto, que permite ao cidadão selecionar o que deseja ver e ouvir

Editorial ZH 05.11.11

"O melhor controle da mídia, como já disse a presidente Dilma Rousseff, é o controle remoto, que permite ao cidadão selecionar o que deseja ver e ouvir."

Liberdade x controle


Dois seminários realizados em Porto Alegre nos últimos dias evidenciaram um conflito de ideias sobre liberdade de expressão e controle dos meios de comunicação. No primeiro, a Associação Nacional dos Jornais e a Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul debateram, com visões opostas, as relações da imprensa com o Poder Judiciário. No segundo, promovido pela Ajuris, magistrados e jornalistas selecionados pela organização do evento convergiram na crítica ao que consideram monopólio dos grandes grupos de comunicação.

São oportunos tais debates, especialmente quando contemplam visões plurais. Democracia é exatamente isso: pessoas que pensam diferente, com o direito de dizer o que pensam sem que ninguém – nem o Estado, nem autoridades, nem outras pessoas – possa impedi-las de se manifestar. Por isso, fica difícil dar crédito a quem se diz defensor da liberdade de expressão, mas prega o controle dos meios de comunicação pelo Estado, seja diretamente, seja pelo artifício de conselhos supostamente representativos da sociedade, mas quase sempre aparelhados por partidos políticos e sindicatos. O melhor controle da mídia, como já disse a presidente Dilma Rousseff, é o controle remoto, que permite ao cidadão selecionar o que deseja ver e ouvir.

Esta singela constatação destrói também outra tese alardeada por alguns críticos, de que existe um monopólio de comunicação no país. O Brasil tem várias redes nacionais de televisão, dezenas de redes regionais e centenas de emissoras estatais, educativas, religiosas etc. Possui quase 4 mil emissoras de rádio, entre AMs e FMs. Conta com mais de 3 mil jornais impressos, entre os quais cerca de 500 títulos diários. E a internet transformou-se numa multiplicidade de mídias. Como poderia haver monopólio numa diversidade dessas? O que existe, na verdade, é uma acirrada luta pela audiência do público em todos os mercados, da qual invariavelmente saem vencedores aqueles que oferecem produtos mais qualificados. A independência desses grupos incomoda muita gente, especialmente governantes e autoridades avessos à transparência. Deriva daí a tese obtusa do controle dos meios de comunicação, quase sempre alimentada por interesses políticos e ideológicos. Por tudo isso, é essencial debater liberdade de expressão – que não é uma prerrogativa de profissionais de imprensa ou proprietários de meios de comunicação, mas, sim, um direito do cidadão de acessar e receber informação livre de qualquer tutela.

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