quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Máximas de Reinaldo Azevedo sobre as esquerdas

Adoro definições de Reinaldo Azevedo sobre os esquerdistas... Segue um breve resuminho:

"Os jornalistas antes “companheiros”, “aliados” na causa contra o “governo neoliberal”, passaram a ser vistos como inimigos. E tiveram início, então, as ações deliberadas para cercear a imprensa — Conselho Federal de Jornalismo e propostas de controle de conteúdo nas muitas “conferências” — e, pasmem!, até o Ministério Público, antes considerado um aliado intocável."
Por quê? Ora, porque eles são eles! Porque, já expliquei aqui, mesmo o bem, se praticado por seus adversários, tem de ser vendido como um mal; mesmo o mal, se praticado por eles próprios, tem de ser oferecido como um bem. Afinal, eles são os donos da história; eles sabem para onde caminha a humanidade; eles conhecem a forma do futuro; eles estão na vanguarda do humanismo. Qualquer um que não compactue mesmo de suas canalhices — e eles sabem ser canalhas como ninguém porque se consideram donos de uma moral particular! —  participa de algum complô contra o povo.

Atacam agora a imprensa porque acreditam que ela persegue os “criminosos errados”.

Os esquerdista não têm a necessidade de debater as suas idéias porque se consideram “monopolistas da compaixão”. A direita, os conservadores, os reacionários, ah, esses precisam sempre dar explicações e se justificar. Um esquerdista ou “progressista” tem apenas de se declarar preocupado com os pobres, a favor da natureza, defensor dos negros, das mulheres, dos gays, dos sem-isso, sem-aquilo… Se o que propõe funciona ou não, eis algo absolutamente irrelevante. O importante é saber que ele tem idéias para nos salvar.

Todas as tiranias se instalam alegando bons propósitos


Meu bom moço, minha boa moça, se vocês querem justiça, então só podem aceitar uma sociedade em que a lei limite o arbítrio. E não houve e não há regime de esquerda que tenha oferecido isso. Se vocês querem democracia, então só podem aceitar um modelo em que a sociedade tenha mais importância do que o partido. E não houve e não há regime de esquerda que tenha oferecido isso. Se vocês querem uma sociedade generosa, então os indivíduos reais têm de ter primazia sobre a coletividade abstrata, e não houve e não há regime de esquerda que tenha oferecido isso.
Esse conjunto de valores que lhes disseram ser de esquerda é, na verdade, essencialmente liberal — o que não quer dizer que o liberalismo os tenha sempre praticado. Quer dizer que só pode ser efetivamente posto em prática onde há liberalismo. Um esquerdista não tem princípios inegociáveis, porque estes são forjados na luta. É da natureza de sua escolha. Um esquerdista não tem fidelidades; tudo depende das necessidades do partido. É da natureza de sua escolha. Um esquerdista não tem livre arbítrio; a causa vai determinar a sua opção. É da natureza de sua escolha.
O que o socialismo fez foi seqüestrar o humanismo para a sua causa, sustentando que a sua amoralidade essencial, aquela de que trata Trotsky no artigo que publiquei, é condição para a realização dos grandes anseios do homem. Todas as tiranias se instalam alegando bons propósitos. 

Não há, na história da humanidade — notem bem: DA HUMANIDADE!!! — um modelo de gestão de sociedade que tenha custado tantas vidas, que tenha matado tantos camponeses e operários, que tenha causado tantos desastres ambientais. Não obstante, muitos ainda hoje o têm como inspiração alegando que o que se viu não foi o “verdadeiro” socialismo. Entendo: o verdadeiro é o que não existiu…

Qual é o limite de um esquerdista? Não existe! Ele só precisa se convencer, ou fingir que se convenceu, de que a sua ação contribui para fazer a luta avançar. Esqueçam aquela patacoada superada de “socialização dos meios de produção”.  Como “donos” dos destinos do povo, os esquerdistas podem fazer alianças com os grupos mais reacionários em nome da “libertação do povo”. Aliás, hoje em dia, alguns potentados do capital estão recebendo privilégios em nome até do… socialismo.

Eles, porque se julgam líderes de um “projeto”, de um amanhã sorridente - ou que nome tenha assumido a vigarice revolucionária - acreditam que todos os meios lhes são lícitos, permitidos, convenientes. Eu, pobrezinho, já tenho uma moral mais “burguesa”, sabem?, mais “idealista”, que advoga a universalidade de certos direitos e do bem de certos procedimentos.

As esquerdas modernas (”modernas” porque contemporâneas, não porque atualizadas), incapazes de impor a sua vontade pelas armas, conforme o credo original, tentam impô-la pela guerra de valores. A da esquerda é outra: como se consideram monopolistas do bem e da caridade, querem é silenciar aqueles de que discordam, bani-los do espaço público, esmagá-los. A simples discordância é tomada como um ato de agressão à “verdade”, ao “humanismo”, à “dignidade humana” — obviamente, são elas a definir o conteúdo de cada uma dessas palavras-gaveta, onde cabe qualquer coisa.

O verdadeiro negro do Brasil é o branco, classe-média, pagador de impostos, heterossexual e católico. Ninguém quer saber dele. É um sem-ONG, um sem-poder público, um sem-Justiça, um sem-direitos, um sem-imprensa — MUITOS JORNALISTAS ODEIAM A CLASSE MÉDIA QUE LÊ O QUE ELES ESCREVEM.

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