terça-feira, 1 de novembro de 2011

A degradação da Cesa


Editorial ZH 01.11.11

Responsável por pouco mais de 2% da capacidade instalada de armazenamento no Rio Grande do Sul, mas sufocada por dívidas que equivalem a quase nove anos de suas receitas, a Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa) está cada vez mais distante de conseguir cumprir com as atribuições para as quais foi criada há quase meio século. Seus servidores, que em princípio seriam os principais interessados em mantê-la, são os responsáveis por uma parte importante do débito, alimentado por uma quantidade cinco vezes maior de ações trabalhistas do que de funcionários. Bastariam essas razões para motivar a sociedade a se questionar se está disposta, como pretende o governo estadual, a bancar o custo desse verdadeiro elefante branco, que hoje só tem a contribuir para o Estado com prejuízos.

A esse diagnóstico desalentador, que numa empresa privada já teria significado há muito tempo o encerramento de suas atividades, somam-se outras consequências típicas da incompetência gerencial, de decisões políticas equivocadas, do empreguismo e da tendência de fazer de conta que tudo recomeça a cada quatro anos, quando assume um novo governo. Como resultado disso, todos os prédios e veículos pertencentes à estatal estão penhorados. E, a todo momento, a empresa enfrenta o risco de ter os recursos de suas contas bancárias sequestradas. Que tipo de ajuda uma empresa nessa situação pode dar para a produção gaúcha?

A Cesa, com seus prédios imensos e vazios espalhados pelo Estado, só se mantém de pé até hoje por se constituir numa estatal e, em consequência, ser bancada pelo dinheiro dos contribuintes. O próprio secretário da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi, reconhece que, se a estatal fosse fechada, “não haveria impacto na regulação de grãos do Estado”. O governo gaúcho e a sociedade precisarão encontrar uma razão consistente para justificar sua manutenção.

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