Grandes organizações empresariais gastam décadas na montagem de suas equipes de colaboradores, distribuídas em estruturas permanentemente aperfeiçoadas. Para atingir tal estágio, entre outras tantas providências, utilizam rigorosa seleção e exaustivos treinamentos. Por outro lado, apenas no plano federal, o mastodôntico Estado brasileiro, como num passe de mágica, preen-che dezenas de milhares de cargos de livre nomeação, distribuídos em uma estrutura completamente irracional, montada ao sabor das conveniências partidárias, mediante uma única exigência: indicação política. Em bom número, os futuros ocupantes de altos cargos são recrutados no submundo das campanhas eleitorais, onde a norma – ditada pelos próprios candidatos – é agir à margem da legislação.
A incompetência gerencial vai às entranhas do (des)governo através de um processo de contaminação a partir dos centros de poder capturados por grupos partidários. Proliferam as irregularidades administrativas e, a seguir, a corrupção; ambas em velocidade muito superior à contínua multiplicação dos órgãos estatais. Os controles administrativos são simplesmente anulados e o Judiciário submerge sob uma avalanche de processos. Na raiz desse fenômeno de dificílima reversão, está a ideologia hoje em voga, mistura de um patrimonialismo colonial com ideias vagamente socialistas. Ideologia que pretende um Estado onipresente, tentacular e fortemente intervencionista na economia, apesar de a história mostrar que não há forma de casar-se esse Estado com níveis de ineficiência, de desperdício e de corrupção, pelo menos, aceitáveis.
Mas, em meio a tudo isso, alguns órgãos de imprensa teimam em se manter independentes e críticos, insistem em fazer jornalismo investigativo e não conseguem entender que isso atinge o coração, a sobrevivência do sistema. Num Estado tentacular e mastodôntico, o controle estatal da mídia é imperativo da ideologia que o sustenta. Aliás, se ele intervém em tudo, por que não intervir na imprensa?
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