quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

A mão invisível: o grande insight de Adam Smith

“Quanto mais o Estado intervém na vida espontânea da sociedade, mais risco há, se não positivamente mais certeza, de a estar prejudicando.” (Fernando Pessoa)

Por Rodrigo Constantino 

Quando se fala em divisão de trabalho, logo vem à mente o nome de David Ricardo. Porém, antes dele, o filósofo escocês Adam Smith já havia tratado do assunto com profundidade em seu clássico An Inquiry Into the Nature and Causes of the Wealth of Nations, publicado em 1776.

Logo no primeiro capítulo do livro, ele explica em detalhes as grandes vantagens de cada indivíduo focar em uma tarefa específica, possibilitando enorme ganho de produtividade. Este se deve basicamente a três fatores: o aumento das habilidades de cada trabalhador focado em sua exclusiva tarefa; economia de tempo normalmente perdido na transferência de uma espécie de trabalho para outra; e pela invenção de maior número de máquinas que facilitam o trabalho e permitem que um único homem possa fazer o trabalho de vários.

Essa divisão de trabalho, de onde tantas vantagens são derivadas, não é originalmente um efeito da sabedoria humana que antecipa os benefícios e intencionalmente cria esta situação. Antes, é um processo gradual e lento, conseqüência da propensão da natureza humana em trocar uma coisa por outra. Os homens não são inteiramente independentes na satisfação de todas as suas necessidades, e acabam dependendo das trocas entre si.

O grande insight de Adam Smith foi perceber que seria tolice esperar aquilo que se necessita dos outros através de sua benevolência apenas. Será mais bem sucedido aquele que despertar o interesse próprio do outro, mostrar que é por sua própria vantagem que ele deve oferecer aquilo que o outro demanda. “Não é da benevolência do açougueiro que esperamos nosso jantar, mas de sua preocupação com seu próprio interesse”, é a famosa mensagem de Smith que resume bem isso. Não esperamos seu esforço em nos atender pelos aspectos humanitários, mas sim pelo seu amor próprio, e não devemos falar com ele sobre nossas necessidades, mas sim sobre suas próprias vantagens.

O realismo em relação a essa tendência individualista dos homens já está presente na outra obra famosa de Adam Smith, Teoria dos Sentimentos Morais, que foi publicada em 1759. Nela, Smith supõe um terremoto que devasta a longínqua China, e imagina como um humanitário europeu, sem qualquer ligação com aquela parte do mundo, seria afetado ao receber a notícia dessa terrível calamidade. Antes de tudo, ele iria expressar intensamente sua tristeza pela desgraça de todos esses infelizes. Faria “reflexões melancólicas sobre a precariedade da vida humana e a vacuidade de todos os labores humanos, que num instante puderam ser aniquilados”.

Mas quando toda essa bela filosofia tivesse acabado, “continuaria seus negócios ou seu prazer, teria seu repouso ou sua diversão, com o mesmo relaxamento e tranqüilidade que teria se tal acidente não tivesse ocorrido”. Em contrapartida, o mais frívolo desastre que se abatesse sobre ele causaria uma perturbação mais real. Uma simples dor de dente poderia lhe incomodar de verdade mais que a ruína de centenas de milhares de pessoas distantes. Não adianta sonhar com um homem diferente, mas irreal.

A certeza de que será capaz de trocar seu excedente produzido pelo excedente produzido por outros e que ele necessita, encoraja cada homem a se dedicar a uma ocupação particular, e buscar a excelência no talento que ele possa ter para uma espécie particular de negócio. Eis um dos belos efeitos da divisão do trabalho, que possibilita o florescimento da genialidade, perfeição e talento distinto em determinadas tarefas, através do hábito e educação, com indivíduos focados em negócios específicos.

Cada indivíduo irá buscar aplicar da melhor forma possível seu capital, objetivando a própria satisfação. E direcionando seus esforços e capital para aquela indústria que produza o maior valor possível, ele pretende apenas gerar seu próprio ganho, e nisso ele é guiado por uma “mão invisível” que promove um resultado que não fazia parte de sua intenção. Cada um buscando satisfazer os próprios interesses, e o resultado final acaba sendo benéfico para a grande maioria. Adam Smith reconheceu que nunca soube de algo tão bom produzido por aqueles que afetam as trocas em nome do “bem-geral”. Grandes e fantásticas foram as inovações advindas do poder dessa “mão invisível”.

A criação de um simples – porém útil – lápis, seguiu essa trajetória. Foi possível pelo labor de inúmeros indivíduos, cada um focando em uma determinada tarefa para o benefício próprio. Não havia a priori um planejamento central cuidando de sua criação. O grafite, o aço, a borracha, as máquinas necessárias, tudo foi surgindo, sendo descoberto, criado por infinitos homens que apenas desejavam satisfazer as próprias demandas, sem noção de que um dia aquilo tudo levaria ao surgimento do lápis. Esse “milagre” humano está presente na grande maioria das criações que tanto progresso trouxe para a humanidade.

Essa lógica serve para criticar muitos tipos de intervenção do governo no comércio, como o protecionismo defendido pelos mercantilistas da época. Se a produção doméstica pode ser feita tão barata quanto a estrangeira, então a regulação é inútil, e caso não possa, ela será ineficiente. Todo pai de família compreende essa máxima, de não tentar fazer em casa aquilo que custará mais do que comprar de fora. Através da “mão invisível” da economia, cada um irá investir na indústria onde possa receber os melhores retornos, onde exista vantagem comparativa, e o resultado geral tende a ser maior.

A lógica serve para derrubar também os argumentos dos defensores de um grande planejamento central, que deposita numa suposta clarividência de poucos o destino da nação. Quando a mão visível do Estado destrói a “mão invisível” do livre mercado, o progresso acaba enterrado também.

Para o comunismo funcionar, é importante que uma sociedade seja mantida rigorosamente na miséria

Por João Pereira Coutinho (Folha de SP)

Karl Marx falhou: como cientista e até como profeta. Esse fracasso já foi referido em coluna (Será que Deus existe?). Mas faltou acrescentar um pormenor: Marx nem sequer previu que a sua "luta de classes" seria substituída por uma perpétua "imitação de classe".

O proletariado não desejava destruir o sistema capitalista. Pelo contrário: desejava antes participar nele, imitando a burguesia –nos seus hábitos e gostos– e desfrutando dos mesmos confortos materiais que só o capitalismo permite.

Se dúvidas houvesse, bastaria olhar para os confrontos em Hong Kong, com os manifestantes a exigir respeito pelas eleições de 2017 na ilha. Pequim ficou em estado de alerta.

Entendo: em 1989, o PC chinês contemplou a desagregação do comunismo na Europa com horror. Consta até que o líder de então, Deng Xiaoping, terá ficado assustado com os fuzilamentos sumários do encantador casal Ceausescu, na Roménia.

O colapso da União Soviética, pouco depois, deixou o aviso: não bastava reprimir uma população miserável, como aconteceu na Praça de Tiananmen. Era preciso responder aos anseios da população, o que significava abrir as portas a um "capitalismo de Estado" controlado.

Fatalmente, o PC chinês ignorou a maior fraqueza da teoria marxista: o capitalismo, e mesmo o "capitalismo de Estado", não se limita a matar a fome e a permitir carros ou roupas de grife.

Cedo ou tarde, a emergência de uma classe média significa também que as massas desejam mais: coisas intangíveis como liberdade, participação política e até o direito de governar.

Em Hong Kong, essas reivindicações podem ser explicadas (e reforçadas) pela tradição de liberdade que já existia antes da devolução britânica em 1997.

Mas, como informa a revista "The Economist", essas reivindicações são já sentidas em todo o país –de tal forma que uma das prioridades do regime nesses dias foi ocultar da população continental a "Revolução dos Guarda-Chuvas" de Hong Kong.

Durante décadas, vários especialistas sobre a China formularam a questão clássica: será possível ter uma sociedade capitalista sem o tipo de liberdades de uma sociedade democrática?

As imagens de Hong Kong são a primeira e promissora resposta. E são também uma confirmação histórica: para o comunismo funcionar, é importante que uma sociedade seja mantida rigorosamente na miséria.





terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Qual foi a última vez que você fez alguma coisa pela primeira vez?

 Se eles estiverem com saudades, eles vão ligar; se eles gostarem de você, eles vão dizer; se eles se importarem, eles vão demonstrar. Caso contrário, eles vão valem o seu esforço.

Vamos ser honestos. Se eu não te der um tapa na cara, um soco no estômago ou ameaçar te demitir, você vai continuar a fazer o que você faz do jeito que você faz para o resto da sua vida.

O que você fez de diferente esse ano?

Qual paradigma você quebrou esse ano?

Tem tanta coisa que você pode melhorar. Tem tanta coisa que você pode fazer de diferente.

Você conhece o Aliexpress?

O Aliexpress é um marketplace de lojas virtuais da China.

Enquanto o frete de entrega de um par de sapatos de São Paulo para o Rio de Janeiro sai por 25 reais em qualquer uma das milhares de lojas virtuais que tem por ai, o Aliexpress entrega um vestido de festa de quinze dólares da China direto para a sua casa em qualquer lugar do Brasil com FRETE GRÁTIS!

Os chineses estão entregando no Brasil com frete grátis faz cinco anos!

Você conhece o AirBNB?

O AirBNB é um marketplace de casas, apartamentos e até castelos para alugar.

Você não precisa mais da boa vontade de um corretor de imóveis para alugar a sua casa. Você não precisa mais perder vendas porque os clientes não gostaram do seu apartamento por conta das fotos meia-boca que você teve que fazer com o seu celular xingue-lingue.

Depois que você cadastra a sua casa no AirBNB, os caras mandam um fotógrafo profissional até o seu apartamento para fazer fotos incríveis sem cobrar nada por isso. Uma vez cadastrado, prepare o seu inglês. Você vai ganhar em dólar! O seu apartamento vai ser visualizado e alugado por pessoas de todas as partes do Brasil e do mundo!

Os americanos do AirBNB viraram os maiores corretores do imóveis do Rio de Janeiro sem fincar uma única placa ALUGA-SE na fachada de um imóvel carioca!

Em um mundo em transformação como esse que estamos vivendo, ou você se torna um Agente de Mudanças ou vai acabar sendo uma vítima delas.

O que vai ser?!!!

Para ser um Agente de Mudanças, você tem que estar em constante evolução pessoal. A mudança começa por você. Pare de exigir que os outros mudem, pare de exigir que os outros sorriam. Você tem que mudar. Você tem que evoluir, você tem que melhorar. Você tem que sorrir mais, você tem que ser mais gentil, você tem que ser mais generoso, você tem que sair da zona do conforto para inspirar os outros a fazerem o mesmo.

Você tem que mudar!

Em quatro coisas.

1. Você precisa ser mais sociável. O número de pessoas que conhecem você tem que aumentar todos os anos. Inclusive porque os amigos morrem, os emails caducam, os mercados saturam. Você tem que ampliar o número de pessoas que já ouviram falar de você. Quantos eventos você participou em 2014? Quantos cartões de visitas você trocou? Quantas conexões você fez na LinkedIn em 2014? Quantas palestras você deu? Quantos artigos você escreveu? Quantas coisas você compartilhou? Quantos jantares você promoveu? Quantos happy hours você organizou? Caramba, você tem que ser mais sociável em 2015!

2. Você precisa ganhar mais dinheiro. Se você é do bem, você precisa ganhar mais dinheiro. A galera do mal só pensa em dinheiro. Se você não se importar com dinheiro, a galera do mal vai acumular mais e mais e mais e mais. Se você não fizer nada, o dinheiro vai ficar concentrado nas mãos da turma do mal. Dinheiro é uma ferramenta. Uma ferramenta importante para você realizar grandes coisas. Você ganhou mais dinheiro em 2014 do que ganhou em 2013? Todos os anos você tem que ganhar mais. Você deve isso a quem está abaixo de você. Se você ganhar mais, você pode dar um aumento ao seu assistente. Se você ganhar mais, você pode colocar o seu filho em uma escola de inglês. Se você ganhar mais, você pode criar uma startup em paralelo ao seu emprego. Você precisa ganhar mais dinheiro! E quando ganhar, escolha investir ao invés de gastar.

3. Você precisa fazer o que você faz de uma maneira mais barata, ou mais rápida, ou mais inteligente. A Aliexpress, o AirBNB, o UBER, o EasyTaxi, o Groupon e o 99Designs são exemplos de empresas que descobriram uma maneira mais barata e mais inteligente de fazer o que milhões de pessoas faziam há décadas sem questionar se haveria um jeito melhor de fazer as coisas. Em algum canto do mundo tem alguém que pode se unir a você para criar uma maneira mais barata ou inteligente de fazer o que você faz. É só procurar. Se você continuar a produzir o seu produto do mesmo jeito que você vem fazendo há anos, você vai quebrar. Alguém vai te substituir, ou já substituiu, e você nem está sabendo.

4. Você precisa fazer alguma coisa pela primeira vez de vez em quando. Nem que seja pular de um Bungee Jumping, fazer uma palestra, liderar alguma reunião, aprender a cozinhar, arrumar um filho, viajar para fora do país, aprender um novo idioma, ter uma conversa 1-a-1 com um funcionário, lançar um produto, criar um aplicativo mobile, escrever um livro, conhecer melhor a sogra, fazer um plano detalhado sobre a empresa e o papel de cada um. Enfim, você precisa fazer alguma coisa pela primeira vez de vez em quando. Qual foi a última vez que você fez isso? Inovação gera Inovação, Ação gera Ação.

Eu tenho pena de quem está parado. O bicho vai pegar!

Quando eu preciso de um taxi eu chamo pelo UBER; quando eu preciso ver um filme, eu entro na Netflix; quando eu quero ler um livro, eu baixo no Kindle; quando eu preciso de um restaurante, eu descubro no Kekanto; quando eu quero dar uma palestra, eu chamo todo mundo para o GotoWebinar; quando eu preciso de dinheiro, eu levanto um projeto no Catarse; quando estiver afim de abrir um restaurante, vou sair na estrada com um Food Truck.

Nunca foi tão incrível estar vivo. Nunca foi tão fácil fazer barulho. 

NADA MENOS QUE ISSO INTERESSA!

QUEBRA TUDO! Foi para isso que eu vim! E Você?

Ricardo Jordão Magalhães 
Fã de quem faz as coisas pela primeira vez. 
E-Mail e Messenger: ricardom@bizrevolution.com.br 
BIZREVOLUTION 

Eu sou fã do Ser Humano. E Você? 

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Os companheiros privatizaram a verdade


O Brasil engole o assalto petista porque está embriagado dos clichês de bondade, associados aos heróis da vagabundagem. Eles são administrativamente desastrosos e contam com grande elenco de pilantras condenados, mas pelo menos não são "neoliberais de direita". É esse o truque tosco do teste escolar aqui citado.

A EDUCAÇÃO BRASILEIRA ESTÁ EMPESTEADA DO VÍRUS IDEOLÓGICO QUE PROSTITUI A VERDADE

Por GUILHERME FIUZA (REVISTA ÉPOCA)

Teste de história para o 3" ano do ensino médio, numa escola particular do Rio de Janeiro bem colocada no ranking acadêmico:

"O presidente eleito (FHC) governou o Brasil por dois mandatos, iniciando a consolidação da política neoliberal no país, principiada pelos presidentes Collor e Itamar Franco. Sobre os dois mandatos (1995-2002), pode-se afirmar que se caracterizam:

e) pelo limitado crescimento econômico; privatização das empresas estatais; diminuição do tamanho do Estado; e apagão energético, que levou ao racionamento e ao aumento do custo da energia.

A alternativa "e", acima, é a resposta correta, segundo o professor que aplicou o teste. As quatro alternativas erradas são recheadas de bondades sociais, naturalmente identificadas pelos isentos elaboradores do teste com os governos do PT - muito distantes das maldades neoliberais de FHC. É muito grave o que acontece no Brasil. Um arrastão que mistura má-fé e credulidade empreende uma lavagem cerebral no país.

Vamos repetir o termo, para destacá-lo da frase anterior, que ficou um pouco longa: lavagem cerebral.

O exemplo acima é um retrato triste, vergonhoso, do que se passa nas bases da civilização brasileira. A transmissão do conhecimento no Brasil está empesteada pelo vírus ideológico - aquele que sabota a cultura e prostitui a verdade. Nada, absolutamente nada, pode ser mais grave para uma civilização. A quebra da confiança no saber destrói uma sociedade. Quando os monstros nazistas e comunistas foram pegos na mentira, o flagelo social já estava consumado - com a complacência da coletividade.

O PT caminha para 16 anos no poder. Engana-se quem vê inflação e recessão como os piores produtos de uma gestão desonesta. O pior produto é o envenenamento das instituições - gradual, sorrateiro, letal. O brasileiro, esse ser dócil, acha que o julgamento do mensalão foi um filme de época. Recusa-se a perceber que aquele golpe (submeter o patrimônio público a interesses partidários) se aprofunda há 12 anos. O PT montou uma diretoria na Petrobras para a sucção bilionária do dinheiro do contribuinte. Qual é o grande escudo para mais esse assalto?
É a lavagem cerebral. O Brasil engole o assalto petista porque está embriagado dos clichês de bondade, associados aos heróis da vagabundagem. Eles são administrativamente desastrosos e contam com grande elenco de pilantras condenados, mas pelo menos não são "neoliberais de direita". É esse o truque tosco do teste escolar aqui citado.

O que é uma "política neoliberal", prezados mestres da panfletagem? Por acaso vocês se referem à abertura econômica do país, com o avanço de prosperidade dela advindo? Claro que não. Vocês citaram "neoliberal" como um palavrão, cuspido pelo filho do Brasil num desses palanques em que ele mora. Vocês não têm nem uma pontinha de vergonha de resumir os anos FHC a um "limitado crescimento econômico" - tendo sido esse o governo que deu ao Brasil uma moeda de verdade?

Não, Ok. Vocês não têm vergonha de nada. Nem de escrever que, nesse período, se deu "a privatização das empresas estatais". Como assim? Todas? Acrescentem ao menos: com exceção de empresas como Petrobras, Correios e Banco do Brasil, que permaneceram públicas para que os companheiros pudessem fazer nelas seus negócios privados. Vocês também poderiam, prezados mestres da educação brasileira, escrever que FHC privatizou a telefonia agonizante e, assim, melhorou a vida dos pobres. Não, desculpem: os pobres pertencem a vocês, e a seus patrões petistas. "Privatização das empresas estatais" - mais um palavrão ideológico, cuspido nos ouvidos de estudantes adolescentes. Prezados professores: vocês são uns covardes.

Nem merece retificação a referência ao "apagão" - que só aconteceu nas suas mentes obscuras. O que vocês devem admirar é a mentira progressista das tarifas de energia e gasolina, que finge dar ao consumidor o que rouba do contribuinte. Ou os truques da contabilidade criativa e do adestramento de dados no Ipea e no IBGE.

O país é hoje comido por dentro. Só passará no vestibular se responder a uma questão, antes de qualquer outra: Dilma sabia ou não sabia do petrolão? Tapem os ouvidos, prezados lavadores de cérebros.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

A derrota do óbvio

A grande mentira está adoecendo os homens de bem que romanticamente achavam que o Brasil poderia se modernizar. Os safados atuais acreditam que o país não tem condições de suportar a “delicadeza” da democracia. E como o socialismo é impossível — eles remotamente suspeitam — partiram para o mais descarado populismo, que funciona num país de pobres analfabetos e famintos. E eles são mantidos “in vitro” para futuras eleições. E populismo dura muito. Destruirão a Venezuela e Argentina com a aprovação da população de enganados. É muito longa a “jornada dos imbecis até o entendimento”.
Por Arnaldo Jabor (O Globo)
A vitória da Dilma começou há dez anos, quando o PSDB preferiu não se defender dos ataques de Lula e do PT. Nunca entenderei como um partido que, no governo, acabou com a inflação, criou leis modernizantes, reformas fundamentais, fechou-se, se “arregou, se encagaçou” diante das acusações mais infundadas, por preguiça e medo. Aí o PT deitou e rolou. E conseguiu transformar os social-democratas em “reacionários de direita”, pecha que os jovens imbecis e intelectuais de hoje engoliram.
Ou seja, o melhor projeto para o país foi desmoralizado como “neoliberal”, de “direita”.
Os intelectuais que legitimaram o Lula/Dilma nos últimos 12 anos repetem os diagnósticos óbvios sobre o mundo capitalista mas, na hora de traçar um programa para o Brasil, temos o “silêncio dos inocentes”. Rejeitam o capitalismo, mas não têm nada para botar no lugar. Assim, em vez de construir, avacalham. Estamos no início de um grave desastre. E esses “revolucionários” de galinheiro não se preocupam com o detalhe de dizer “como” fazer suas mudanças no país.
Dizem que querem mudar a realidade brasileira mas odeiam vê-la, como se a realidade fosse “reacionária”. Isso me faz lembrar (para um breve refresco cômico) a frase de Woody Allen: “A ‘realidade’ é enigmática, mas ainda é o único lugar onde se pode comer um bom bife”.
No Brasil, a palavra “esquerda” continua a ser o ópio dos “pequenos burgueses” (para usar um termo tão caro a eles). Pressupõe uma especialidade que ninguém mais sabe qual é, mas que “fortalece”, enobrece qualquer discurso. O termo é esquivo, encobre erros pavorosos e até justifica massacres.
Nas rasas autocríticas que fazem, falam em “aventureirismo”, “vacilações”, “sectarismo” e outros vícios ideológicos; mas o que os define são conceitos como narcisismo, paranoia, onipotência, voracidade, ignorância. É impossível repensar uma “esquerda” mantendo velhas ideias como: democracia burguesa, fins justificam os meios, superioridade moral sobre os “outros”, luta de classes clássica. Uma “nova esquerda” teria de acabar com a fé e a esperança. Isso dói, eu sei; mas, contar com essas duas antigas virtudes não cabe mais neste mundo de bosta de hoje.
As grandes soluções impossíveis amarram as possíveis. Temos de encerrar as macrossoluções e aceitar as “micro”. O discurso épico tem de ser substituído por um discurso realista e até pessimista. O pensamento da “esquerda metafísica” tem de dar lugar a uma reflexão mais testada, mais sociológica, mais óbvia, mais cotidiana.
Não quero bancar o profeta, mas qualquer um que tenha conhecido a turminha que está no poder hoje, nos idos de 1963, poderia adivinhar o que estava para vir. E olhem que nos meus vinte anos era impossível não ser “de esquerda”. Havia o espírito do tempo da Guerra Fria, uma onda de esperança misturada com falta de experiência. Nós queríamos ser como os homens maravilhosos que conquistaram Cuba, os longos cabelos louros de Camilo Cienfuegos, o charuto do Guevara, a “pachanga” dançada na chuva linda do dia em que entraram em Havana, exaustos, barbados, com fuzis na mão e embriagados de vitória.
A genialidade de Marx me fascinava. Um companheiro me disse uma vez: “Marx estudou economia, História e filosofia e, um dia, sentou na mesa e escreveu um programa para reorganizar a humanidade.” Era a invencível beleza da Razão, o poder das ideias “justas”, que me estimulava a largar qualquer profissão “burguesa”. Meu avô dizia: “Cuidado, Arnaldinho, os comunistas se acham ‘médiuns’, parece tenda espirita...”
Eu não liguei e fui para os “aparelhos”, as reuniões de “base” e, para meu desalento, me decepcionei.
Em vez do charme infinito dos heróis cubanos, comecei a ver o erro, plantado em duas raízes: ou uma patética tentativa de organização da sociedade que nunca se explicitava ou, de outro lado, um delírio radical utópico. Eu e outros “artistas” morávamos numa espécie de “terceira via” revolucionária e começamos a achar caretas ou malucos os nossos camaradas. Nas reuniões e assembleias, surgia sempre a presença rombuda da burrice. A burrice tem sido muito subestimada nas análises históricas. No entanto, ela é presença obrigatória, o convidado de honra: a burrice sólida, assentada em certezas. As discussões intermináveis acabavam diante do enigma: o que fazer? E ninguém sabia. Eu nunca vi gente tão incompetente como os “comunistas”. São militantes cheios de fé como evangélicos, mas não sabem fazer porra nenhuma. E até hoje são fiéis a essa ignorância. Trata-se de um cinismo indestrutível em nome de um emaranhado de dogmas que eles chamam de “causas populares”. E Lula montou nessa gente, e essa gente no Lula.
A grande mentira está adoecendo os homens de bem que romanticamente achavam que o Brasil poderia se modernizar. Os safados atuais acreditam que o país não tem condições de suportar a “delicadeza” da democracia. E como o socialismo é impossível — eles remotamente suspeitam — partiram para o mais descarado populismo, que funciona num país de pobres analfabetos e famintos. E eles são mantidos “in vitro” para futuras eleições. E populismo dura muito. Destruirão a Venezuela e Argentina com a aprovação da população de enganados. É muito longa a “jornada dos imbecis até o entendimento”.
Na situação atual, é um insulto vermos o regresso do Brasil a um passado pré-impeachment do Collor. Reaparecem todos os vícios que pareciam suprimidos pela consciência da sociedade. E para além das racionalizações, do “wishful thinking” dos derrotados (tucanos “fortalecidos” etc..), a oposição vai ter de lutar muito para impedir o desastre institucional que pode ser irreversível.
Nas últimas eleições não houve uma disputa tipo Fla x Flu. É muito mais grave. Estamos descobrindo que temos poucos instrumentos para modernizar o pais — tudo parece ter uma vocação para a marcha à ré em direção ao atraso. O óbvio está berrando à nossa frente, e os donos do poder fecham os olhos.
Esta crise não é só política; é psiquiátrica.


quinta-feira, 6 de novembro de 2014

A ELITE ESTATAL E SEUS REFÉNS

É uma elite que verbaliza amor aos pobres, desde que estejam a seu serviço. Que prega integração dos negros, desde que julguem conforme seus interesses, sem trair a “causa”. Que quer conciliação, desde que ganhe as eleições. Que defende liberdade de imprensa, desde que os critérios disso sejam definidos por seus conselhos.


Por Cleber Benvegnú (Zero Hora)

A mais perversa das elites é a elite estatal. Ela quer que você compre um carro e diga: “Obrigado, governo. Como você é bondoso!”. Faça uma faculdade e diga: “Obrigado, governo. Eu te devo essa!”. Suba na vida e diga: “Obrigado, governo. Eu não seria nada sem você!”. Ela sequestra seu pensamento e inverte a lógica da vida social, fazendo parecer que você serve ao governo _ e não o contrário.

O protagonismo das pessoas é substituído pelo protagonismo do aparato estatal. Embalada no glamour da luta de classes, essa elite se apresenta como monopolista da justiça. Como se o dinheiro dos impostos, que subsidiam absolutamente todos os beneplácitos estatais, não viesse da própria sociedade. Como se o Estado, ele mesmo, gerasse riqueza e desenvolvimento.

A história é repleta de exemplos de elite estatal, à direita e à esquerda _ na América Latina, recentemente, esse último exemplo é mais vasto. Mistura supremacia coronelista com populismo assistencialista. Discursa para um lado e, com os seus, age para o outro. Enriquece nas barbas do poder. E legitima tudo em nome de um fim supostamente elevado.

É uma elite que verbaliza amor aos pobres, desde que estejam a seu serviço. Que prega integração dos negros, desde que julguem conforme seus interesses, sem trair a “causa”. Que quer conciliação, desde que ganhe as eleições. Que defende liberdade de imprensa, desde que os critérios disso sejam definidos por seus conselhos.

A elite estatal quer fazer crer que ela é o próprio bem. Quer substituir-se à ética universal. Quer que você se sinta em débito, creditando-a como um instrumento de solidariedade. Quer posicionar-se como indispensável até mesmo no ambiente privado. Se deixar, quer até mesmo dizer como você deve educar seus filhos. Quer que você devolva algo que simplesmente é seu, por direito natural e constitucional.

Não deixe que ninguém roube seus méritos e seu protagonismo. Nenhum partido é dono do seu destino. Nenhum. Quem faz acontecer são as pessoas, não o governo. Libertar-se dessa culpa social é um passo importante para evoluir. É o antídoto para evitar uma nação politicamente amorfa e culturalmente refém.

Você não se importa com o sucesso da empresa, ninguém vai se importar com o seu sucesso

Ninguém bate o cara que traz receita para a empresa.

Por Ricardo Jordão (BIZREVOLUTION)

O problema não é o problema. O problema é a sua atitude com relação ao problema. 

Ninguém bate o cara que traz receita para a empresa. Ninguém. Nenhum diretor. Nenhum cientista. Nenhum professor. Nenhum bombeiro, nenhum médico, nenhum pai. Ninguém.

O cara que traz receita para a empresa vai sempre ganhar mais dinheiro, vai sempre ter mais atenção do presidente, mais sempre ter mais respeito dos clientes, vai sempre receber mais propostas de trabalho do que a galera que não gera receitas para a empresa.

De nada adianta você ter um PHD em Cosmologia ou um MBA em Sustentatibilidade se você é incapaz de gerar um novo negócio, conquistar um novo cliente, ou gerar vendas para a empresa em que você trabalha.

Se você está com alguma dificuldade em ser ouvido pelas pessoas que deveriam ouvir você, a VERDADEIRA razão por trás dessa falta de atenção é a falta de negócios que você gera para a empresa.

Ninguém está perseguindo você.

Não existe preconceitos contra você.

Não existe uma teoria de conspiração para te derrubar.

Você simplesmente não gera receitas para a empresa.

Por que será, né?

"Eu não vou vendedor, vendedor é chato. Eu não sou chato."

Porque você não se acha vendedor, você não puxa a ligação que está tocando em outro departamento; porque você não se acha vendedor, você não anda com o cartão de visita da empresa nos finais de semana; porque você não se acha vendedor, você não sabe explicar direito o que a empresa faz; porque você não se acha vendedor, você nunca compartilhou NADA sobre a empresa nas suas redes sociais; porque você não se acha vendedor, você não acompanha as últimas notícias sobre o mercado da empresa; porque você não se acha vendedor, você não está nem ai para os resultados de vendas da empresa.

Você não se importa com o sucesso da empresa, ninguém vai se importar com o seu sucesso.

É dando que se recebe.

Você quer mais atenção, mais recursos e liberdade???!!!

Então comece a gerar receita para a empresa!

E PARE de RECLAMAR sobre os valores das comissões que a empresa paga para os vendedores. PARE de RECLAMAR sobre a quantidade de festas que os vendedores frequentam enquanto você fica preso no escritório cinzento em que você trabalha cercado das mesmas pessoas com os mesmos papinhos e os mesmos sonhos medíocres.

Você quer mais atenção, mais recursos e liberdade???!!!

Então comece a gerar receita para a empresa!

Se você trabalha no Financeiro, saia da caixa, e encontre uma maneira de aumentar a linha de crédito dos seus clientes para que eles possam comprar mais.

Se você trabalha com Tecnologia, saia da caixa, conte para todo mundo sobre os aplicativos e softwares que todos os funcionários poderiam instalar em seus computadores, tablets e smartphones para ajudar a empresa a vender mais e se relacionar melhor com os clientes. 

Se você trabalha no Atendimento ao Cliente, saia da caixa, e termine todas as ligações promovendo algum novo serviço ou produto que a sua empresa vende.

Se você trabalha com Instalação e Suporte Técnico, saia da caixa, colete informações sobre os clientes em todas as visitas que você faz e envie imediatamente para a equipe de vendas. 

Se você trabalha no Recursos Humanos, saia da caixa, e distribua materiais virais da empresa para todas as pessoas que participam de processos seletivos.

Se você trabalha no Marketing da empresa, saia da caixa, distribua conteúdo exaustivamente para que os funcionários tenham informação para compartilhar com as pessoas.

Ninguém bate o cara que traz receita para a empresa.

O cara vai SEMPRE ganhar mais atenção que você. Cada vez mais. Cada vez melhor.

Se você quer a atenção da empresa, gere Vendas! 

Nada menos que isso interessa!

QUEBRA TUDO! Foi para isso que eu vim! E Você?

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Diálogo ou secessão?

O partido bolivariano venceu de novo, completando em 2018 16 anos no poder —o que já dá medo a qualquer pessoa minimamente inteligente ou sem má-fé política.

Por Luiz Felipe Pondé (Folha de São Paulo)

A presidente bolivariana reeleita abriu seu novo reinado falando em diálogo. Gato escaldado tem medo de água fria: seria este o mesmo tipo de diálogo oferecido à "Veja"?

Ou às depredações que a militância petista fez à Editora Abril?

Ou às mentiras usadas contra Marina Silva e Aécio Neves durante a propaganda política?

Ou às perseguições escondidas a profissionais de diversas áreas que recusam aceitar a cartilha petista, fazendo com que eles percam o emprego ou fiquem alijados de concursos e editais?

Sei, muitos ainda negam a ideia de que exista um processo de destruição da liberdade de pensamento no Brasil. Mas, uma das razões que fazem este processo ser invisível é porque a maior parte dos intelectuais, professores, jornalistas, artistas e agentes culturais diversos concorda com a destruição da liberdade de pensamento no Brasil, uma vez que são membros da mesma seita bolivariana.

O "marco regulatório da mídia", item do quarto mandato bolivariano, é justamente o nome fantasia para a destruição da liberdade de imprensa no país.

Diálogo? Sim, contanto que se aceite a truculência petista e seus abusos de poder. Deve-se responder a este diálogo com uma política de secessão. Não institucional (como nos EUA no século 19 entre o norte e o sul), não se trata de uma chamada à guerra, mas sim uma chamada à continuidade da polarização política.

A presidente ganhou a eleição dentro das regras e, portanto, deve ser reconduzida a presidência com soberania plena.

Mas nem por isso ela deve se iludir e pensar que representa o Brasil como um todo: não, ela representa apenas metade do Brasil. A outra foi obrigada a aceitá-la.

Precisamos de uma militância de secessão: que os bolivarianos durmam inseguros com o dia seguinte, porque metade do país já sabe que eles não são de confiança.

Que fique claro que a batalha foi ganha pelos bolivarianos, mas, a guerra acabou de começar, e começou bem.

O Brasil está dividido. Esta frase pode ter vários sentidos. O partido bolivariano venceu de novo, completando em 2018 16 anos no poder —o que já dá medo a qualquer pessoa minimamente inteligente ou sem má-fé política.

A divisão do Brasil hoje é fruto inclusive da própria militância bolivariana que insiste em falar em "nós e eles".

O fato da eleição para presidente ter sido decidida por alguns poucos votos a favor dos bolivarianos não implica que o lado derrotado veja a vencedora como sua representante legítima, ainda que legal.

O PT ensinou bem ao Brasil o que significa ódio político e agora corre o risco de provar do próprio veneno.

Falo de uma secessão simbólica, e que, creio, deve ser levada mais a sério pela intelligentsia (normalmente a favor do projeto bolivariano, mesmo que, às vezes, com sotaque e afetação francesa ou alemã).

Os intelectuais não estão nem aí pra corrupção. Seu novo slogan é "rouba, mas faz o social".

Não, não estou dizendo que aqueles que votaram contra o projeto bolivariano de domínio totalitário do país devam recusar institucionalmente o resultado das eleições.

Estou dizendo que devem levar a fundo uma política de recusa sistemática da lógica de dominação petista.

Os bolivarianos virão com sua "democratização das mídias", outro nome fantasia pra destruir a autonomia institucional, demitir gente "inadequada", tornar a mídia confiável aos projetos do "povo deles" —o único que aceitam. Na verdade, fazer da mídia refém do movimento MTSM (os "trabalhadores sem mídia").

Esta recusa deve ser levada a cabo nas salas de aula das escolas de ensino médio (onde professores descaradamente pregavam voto na candidata petista), nas universidades, nos bares, nos empregos, nas redes sociais.

Dito de outra forma: a polarização do debate deve continuar, e se aprofundar. Sem trégua. Do contrário, o PT ficará no poder mil anos.

Pacto institucional, governabilidade, vida normal dentro das instituições democráticas, sim.

Mas secessão política cotidiana em todo lugar onde algum bolivariano quiser acuar quem recusar a cartilha totalitária petista. 

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Procura-se CEO para o Brasil

Muitos setores produtivos ou regulatórios esclerosaram-se por presença sindical orientada ao velho contraste capital/trabalho. Outros são instrumentalizados pelo compadrio ideológico. Empresários passam a enxergar bancos oficiais, e não o mercado, como seu "target". (..) Seus acionistas mais jovens têm deixado de mostrar apetite para risco e desafio. Em vez de se alimentar de um ambiente em que poderão tornar-se bilionários a partir de "start-ups", sonham com o emprego estatal.

Procura-se CEO para o Brasil (Por Marcos Troyjo na folha de SP)

País de grande porte contrata chefe executivo. Período de trabalho é de quatro anos, podendo renovar-se. Profissional responderá aos anseios de 202 milhões de acionistas.

Atuará em setor altamente competitivo. A performance é não apenas avaliada por critérios como tamanho do PIB, mas por fatores meritocráticos como capacidade administrativa e empreendedorismo. Ciência de ponta e unidades empresariais intensivas em tecnologia balizam o ecossistema em que o profissional exercerá suas atribuições.

Em suas novas responsabilidades, cumprirá ao novo gestor assessorar-se de grupo de profissionais sofisticados e inovadores, capazes de se ombrear com os melhores do mundo.

Hoje sua unidade apresenta estrutura de custos excessivamente elevada para fazer frente a competidores mais baratos. Sua produtividade é demasiado baixa para medir-se contra os mais avançados. Sua logística é atravancada para se equiparar aos mais ágeis.

A unidade a ser liderada pelo profissional encontra-se enredada no baixo crescimento. A pirâmide demográfica de seus colaboradores, ainda a gerar benefícios econômicos positivos, em breve se inverterá. O executivo haverá de evitar que seus acionistas fiquem velhos antes de se tornarem ricos.

A principal característica da unidade a ser conduzida pelo profissional é o subdesempenho. A burocracia asfixia negócios e intimida novos empreendimentos. O profissional será positivamente avaliado se sua unidade subir 20 casas nos rankings internacionais de competitividade. O CEO ambicionará não somente o grau de investimento, mas também o "business grade".

Muitos setores produtivos ou regulatórios esclerosaram-se por presença sindical orientada ao velho contraste capital/trabalho. Outros são instrumentalizados pelo compadrio ideológico. Empresários passam a enxergar bancos oficiais, e não o mercado, como seu "target". Caberá ao chefe executivo levar adiante verdadeiro "turnaround".

Seus acionistas mais jovens têm deixado de mostrar apetite para risco e desafio. Em vez de se alimentar de um ambiente em que poderão tornar-se bilionários a partir de "start-ups", sonham com o emprego estatal.

O chefe envidará esforços para que o seu setor educacional privilegie educação empreendedora e ensino de ciências e matemática. Fará com que 2% de sua receita destinem-se à inovação. Trabalhará para que seus "stakeholders" contem ao menos três universidades entre as cem melhores do planeta.

Espera-se que o chefe executivo insira sua unidade nas cadeias globais de valor. Para tanto, desenhará plano de trabalho para desafios na Europa, EUA e Ásia-Pacífico. Criará condições para que triplique o número de multinacionais brasileiras. Reconverterá a estratégia industrial do atual foco em substituição de importaçōes para a promoção de exportações.

Remuneração e benefícios são compatíveis com o que se pratica no mercado. A principal recompensa do CEO, contudo, será a honra de inaugurar nova fase na trajetória de desenvolvimento do Brasil.

sábado, 11 de outubro de 2014

Os saqueadores

A Revolta de Atlas, escrito há mais de 50 anos, talvez seja o que melhor retrata a mediocridade da corrente de assunção do poder por despreparados cidadãos que têm um projeto para conquistá-lo e mantê-lo com slogans contra as elites em "defesa do povo", o que implica a destruição sistemática, por incompetência e inveja, dos que têm condições de promover o desenvolvimento.
Por Ives Gandra da Silva Martins - O Estado de S.Paulo
Ayn Rand (1905-1982) foi uma filósofa, socióloga e romancista com aguda percepção das mudanças que ocorreram na comunidade internacional, principalmente à luz do choque entre o sucesso do empreendedorismo privado e o fracasso da estatização populista dos meios de produção, na maior parte dos países de ideologia marxista. Seu romance A Revolta de Atlas, escrito há mais de 50 anos, talvez seja o que melhor retrata a mediocridade da corrente de assunção do poder por despreparados cidadãos que têm um projeto para conquistá-lo e mantê-lo com slogans contra as elites em "defesa do povo", o que implica a destruição sistemática, por incompetência e inveja, dos que têm condições de promover o desenvolvimento.
No romance, os medíocres ameaçam o governo dos Estados Unidos e começam a controlar e assumir os empreendimentos que davam certo, sob a alegação de que os empreendedores queriam o lucro, e não o bem da sociedade. Tal política tem como resultado a gradual perda de competitividade dos americanos, o estouro das finanças, a eliminação das iniciativas bem-sucedidas e a fuga dos grandes investidores e empresários, que são perseguidos, grande parte deles desistindo de administrar suas empresas, com o que os governantes se tornam ditadores e o povo passa a ter os serviços públicos e privados deteriorados. Não contarei mais do romance, pois o símbolo mitológico de Atlas, que sustenta o globo, é lembrado na revolta dos verdadeiros geradores do progresso da Nação.
O que de semelhante vejo na mediocridade reinante no governo federal do Brasil, loteado em 39 ministérios e 22 mil amigos do rei não concursados, vivendo regiamente à custa da Nação, sob o comando da presidente da República, é a destruição sistemática que, nos últimos anos, ocorreu com a indústria brasileira, abalada em seu poder de competitividade por um Estado mastodôntico, que sufoca a Nação com alta inflação, elevada carga tributária, saldo desprezível na balança comercial, superávit primário ridículo e maquiado, rebaixamento do nível de investimento exterior, desvio em aplicações de capitais que deixam de ser colocados no País para serem destinados a outras nações emergentes, perda de qualidade no ensino universitário e na assistência social. Por outro lado, os programas populistas, que custam muito pouco, mas não incentivam a luta por crescimento individual, como o Bolsa Família (em torno de 3% do Orçamento federal), mascaram o fracasso da política econômica. O próprio desemprego, alardeado como grande conquista - leia-se subemprego -, começa a ruir por força da queda ano após ano do produto interno bruto (PIB), que cresce pouco e cada vez menos, e muito menos que o de todos os países emergentes de expressão.
É que o projeto populista de governo, que o leva a manter um falido Mercosul com parceiros arruinados, como Venezuela e Argentina, sobre sustentar Cuba e Bolívia, enviando recursos que seriam mais bem aplicados no Brasil, fechou portas para o País celebrar acordos bilaterais com outras nações. Prisioneiro que é do Mercosul, são poucos os acordos que mantemos. Tal modelo se esgotou e, desorientados, os partidários de um novo mandato não sabem o que dizem e o que devem fazer. Basta dizer que o "ex-ministro da Fazenda em exercício" declarou, neste mês de eleição, que em 2015 continuará com a mesma política econômica, que se revelou, no curso destes últimos anos, um dos mais fantástico fracassos da História brasileira. Parece que caminhamos para uma estrada semelhante à trilhada por Argentina e Venezuela.
No romance de Ayn Rand, quando os verdadeiros empreendedores, que tinham feito a nação crescer e a viam definhando, decidiram reagir, denominaram os detentores do poder, nos Estados Unidos imaginário da romancista, de "os saqueadores". Estes, anulando as conquistas e os avanços dos que fizeram a nação crescer para se enquistarem no poder, por força da corrupção endêmica, da incompetência, de preconceitos e do populismo, levaram o país à ruína.
À evidência, não estou alcunhando os 39 ministérios e os 22 mil não concursados de integrantes de um grupo de "saqueadores", como o fez Ayn Rand. Há, todavia, na máquina burocrática brasileira - com excesso de regulamentação inibidora de investimentos, assim como de desestímulo ao empreendedorismo, e escassez de vontade em simplificar as normas que permitem o empreendedorismo, apesar do esforço heroico e isolado de Guilherme Afif Domingos, uma gota no oceano -, algo de muito semelhante entre o descrito em seu romance há mais de 50 anos e o Brasil atual. Basta olhar o "mar de lama" da corrupção numa única empresa (Petrobrás). O que mais impressiona, todavia, é que, detectada a ampla corrupção na empresa - são bilhões e bilhões de dólares -, o governo tudo faça para congelar a CPI e não desventrar para o público as entranhas dos mecanismos deletérios e corrosivos que permitiram tanto desvio de dinheiro público e privado. O simples fato de não querer apurar a fundo, de desviar a atenção desse terrível assalto à maior empresa pública privada, procurando dar-lhe diminuta atenção, como se o governo nada tivesse de responsabilidade, torna suspeita a gestão, pelo menos na denominada culpa in vigilando.
Precisamos apenas saber se o eleitor brasileiro está consciente de que, se não houver mudança de rumos, o Brasil de país do futuro, como escreveu Stefan Zweig, se tornará, cada vez mais, o país do passado, vendo o desfile das outras nações passando-lhe à frente, por se terem adaptado às mudanças de uma sociedade cada vez mais complexa e competitiva, em que apenas os países que se prepararem terão chances.


sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Eles nos protegem

Essa estratégia de plebiscitos e conselhos é a mais perigosa, porque tem aparência de abertura democrática, quando, na verdade, sua intenção é solapar o Legislativo e, assim, solapar a democracia representativa. O argumento dos governistas é insidioso: eles juram que esses conselhos dariam mais oportunidades de participação “ao povo”. 

Bastaria que “o povo” se dispusesse a integrar os conselhos para, desta forma, decidir os rumos da sua própria vida. Balela. Os governistas sabem que “o povo” simplesmente não quer participar de conselho nenhum. Imagine você tendo de ir a uma plenária duas vezes por semana, ou a um seminário, ou a um debate, ou a um congresso de qualquer coisa. Que porre. 



Por David Coimbra

Quando algum amigo geme de medo de que esse ou aquele candidato seja eleito presidente, ofereço sempre o mesmo consolo:

— Não te preocupa. O Congresso nos protege.

Porque, embora o Executivo tenha tantos poderes no Brasil, como tem, o Legislativo é a verdadeira coluna de sustento da democracia. O presidente, qualquer presidente, quase sempre é acossado por gana autoritária. Raros resistiriam à tentação de se tornar ditadores, se pudessem. O Brasil teve um presidente democrata de raiz, Itamar Franco. Os outros...

Os tucanos meteram o bico em locais infectos para dar mais quatro anos a Fernando Henrique, todos sabem, e os petistas volta e meia fazem uma tentativa bolivariana, com seus plebiscitos e conselhos vários.

Essa estratégia de plebiscitos e conselhos é a mais perigosa, porque tem aparência de abertura democrática, quando, na verdade, sua intenção é solapar o Legislativo e, assim, solapar a democracia representativa. O argumento dos governistas é insidioso: eles juram que esses conselhos dariam mais oportunidades de participação “ao povo”.

Bastaria que “o povo” se dispusesse a integrar os conselhos para, desta forma, decidir os rumos da sua própria vida. Balela. Os governistas sabem que “o povo” simplesmente não quer participar de conselho nenhum. Imagine você tendo de ir a uma plenária duas vezes por semana, ou a um seminário, ou a um debate, ou a um congresso de qualquer coisa. Que porre.

Você tem mais o que fazer. Você tem o seu trabalho, os seus amigos, a sua família, o seu time, o seu cachorro, o seu sono. É por isso que a democracia representativa é tão boa: você escolhe pessoas para representá-lo nessas atividades e para estudar questões pedregosas, como reformas legislativas.

Elas estão lá para isso. Agora, se as coisas não estão indo bem, aí você tem de pressionar o seu representante, tem de protestar, tem de gritar. Mas só em casos extremos, obviamente, que você tem seus compromissos.

Conselhos do gênero seriam habitados por partidos orgânicos, como o PT, e seus agregados. Eles fazem política sistemática e profissionalmente. Eles vivem disso. Tanto que já estão infiltrados em sindicatos, associações de bairro, ONGs, igreja e universidades.

O Congresso nos protegeu (por enquanto) dos conselhos bolivarianos. Não nos protegeu da reeleição de Fernando Henrique, uma escusa mudança das regras do jogo em meio ao jogo, feita por meios mais escusos ainda.

O Judiciário também tenta sabotar o Legislativo. Veja essas novas teorias de atuação “ativa” do Judiciário, tão ativa que seus representantes não se contentam mais em agir quando provocados; eles provocam, eles são litigantes, eles faturam com as causas levantadas por eles mesmos, como fez a juíza de Livramento ao atrair para o conflito os pobrezinhos dos gaúchos tradicionalistas.

O argumento do novo Judiciário é que o Legislativo é muito lento para promover as “evoluções” da sociedade que ele, Judiciário, acha importantes. É claro: o Judiciário é uma classe só, a elite intelectual, inflada de convicções ideológicas sobre o que é certo ou errado; o Executivo é mais restrito ainda, é uma pessoa só, ansiosa para promover as mudanças que, em sua cabeça coroada, considera ideais. Já o Legislativo é legião, porque somos muitos. No Legislativo, todo o Brasil está representado, ou quase todo.

No Legislativo há os sem-terra e os ruralistas, há os jogadores de futebol e os médicos, há os militares da reserva e os guerrilheiros desarmados. O Legislativo, de fato, representa a nação. O Executivo e o Judiciário, não.

Para desespero da elite intelectual, que adeja com sua vasta sapiência por redações de jornal, tribunais e redes sociais, o Brasil também é formado por gente como os evangélicos, por exemplo, que, no Congresso, têm direito a voz e voto.

Você é a favor da legalização do aborto (eu sou), é a favor do casamento civil gay (sou também), é a favor da legalização da maconha (sou), é a favor da exigência do diploma de jornalista (contra)? Vote em um deputado que pense como você. Que defenda suas causas.

Não precisa ser o mais inteligente, basta que ele concorde com o que você acha relevante. Eleger deputados que realmente nos representem é mais importante do que eleger o presidente ideal. Os deputados estão lá para nos proteger de presidentes, juízes e demais mulheres e homens sábios que querem dizer o que é bom para nós.