(Vanguarda Popular)
Kamaradas,
Venho aqui, vergonhosamente, pedir auxílio sobre uma questão que não encontrei em nenhum dos 48.343 manuais, leis, documentos e epístolas do Partido.
O caso é o seguinte: outro dia recebi minha cota de 200 calorias de ração diária na qual continha alguns feijões. Mas eu, desastradamente, deixei um deles cair no chão da minha casa, que foi gentilmente convertida de um estábulo e cedida pelo Partido em troca de alguns anos de trabalho braçal. Pois bem, não achei mais o tal feijão até que, uma semana depois, vi um broto crescendo...
Deixei-o lá. E, para minha surpresa, vagens de feijão surgiram.
Comi parte daquela comida extra e replantei alguns outros feijões.
Em pouco tempo eu já estava com quase toda a minha casa de 10m2 tomadas por brotos de feijões e passei a fazer DUAS refeições diárias!
Como eu prefiro não fazer três refeições diárias, porque, além de engordar, pode trazer algum problema estomacal devido a grande quantidade de calorias consumidas (quase 600 por dia!), resolvi me desfazer do excedente.
O vizinho do lado pediu para trocar alguns brotos por algumas colheres de açúcar. O outro vizinho me deu água em troca de feijões. E, afinal, me deparei com um império capitalista nas minhas mãos.
Hoje minha casa tem uns 50m2, forno à lenha, 5 litros de água, faço DUAS refeições diárias, rádio à pilha, luz elétrica e agora penso em ter uma geladeira.
Será que essa aberração de capitalismo, será que fazer trocas voluntárias está presente no nosso DNA?
Estou assustado kamaradas!
Tenho recitado "A Internacional" 50 vezes por dia, cantando voltado para Cuba, com a foto de Stálin na parede. QUE FAZER?
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