Lula, assim como Maluf, Sarney, Collor e outros tantos líderes (eu disse líderes?) políticos, seja nos Estados ou nos municípios, sabe, afinal, que nós somos um povo sem memória, tolerante e acostumado ao “deixa-disso”.
Por Astor
Wartchow
O assunto dominante ainda é a união
político-partidária do ex-presidente Lula com Paulo Maluf, deputado federal e
ex-governador de São Paulo, denunciado pelo Ministério Público brasileiro e réu
em vários processos de corrupção e enriquecimento ilícito, com já identificadas
contas bancárias no Exterior, algo em torno de US$ 200 milhões depositados em
bancos nas Ilhas Jersey, bloqueados pelas autoridades locais.
Mas olhando para trás e para os lados, qual é a
novidade política e comportamental, antiética e debochada, que já não fosse do
conhecimento de todos? Não há novidade nenhuma. Assim como vários outros
partidos e candidatos se aliaram a Maluf em outras e diferentes eleições, a
exemplo da própria petista Marta Suplicy nas eleições municipais de 2004, o próprio
Lula já homenageara e ressuscitara o poder e a influên- cia política de Sarney,
Collor, Jader Barbalho, Renan Calheiros e outras figuras nefastas.
Ao longo do seu recente mandato presidencial, Lula
nunca teve preocupações ideológicas ou ético-seletivas no tocante aos seus
aliados de ocasião e companheiros em descaminho. Simples perspectiva de
manutenção do poder e a desculpa de que o fez em nome da tal da
governabilidade. Claro que o “patriótico” Maluf, com certeza, dirá o mesmo.
Afinal, se vale para um, vale para todos!
Então, a surpresa e a notícia, quando muito,
poderia ter sido o silêncio do Partido dos Trabalhadores, sempre tão cioso do
debate interno e da crítica ideológica. Mas esse silêncio também não é uma
surpresa. O PT está submisso e quieto há muitos anos. Talvez por puro
constrangimento. Talvez por conveniência. Ou, talvez, porque não haja mais nada
mesmo para ser dito depois de tudo quanto já se viu e ouviu, ultimamente.
Lula, assim como Maluf, Sarney, Collor e outros
tantos líderes (eu disse líderes?) políticos, seja nos Estados ou nos
municípios, sabe, afinal, que nós somos um povo sem memória, tolerante e
acostumado ao “deixa-disso”.
A verdade é que nós perdemos a noção/razão de que
deve haver sempre uma relação ética entre os fins e os meios. Estamos nos
tornando cínicos. Comportamo-nos como condenados a aceitar determinado jogo e
realidade porque não podemos mudá-los. Pior: sabemos que isto está errado e que
não deve/deveria ser assim. A realidade deixou de ser um desafio e virou um
destino.
De modo que aos indignados e inconformados só resta
“botar a boca no trombone” e denunciar para todos os cantos que há um
descumprimento dos papéis institucionais reservados aos partidos e aos
políticos. Isto é, uns de governar, e outros de fazer oposição e fiscalizar,
principalmente. Se há uma quebra de confiança e delegação, também é verdade que
as eleições e o voto são sempre uma oportunidade para mudar isso. Na política,
assim como na vida, a esperança é a última que morre.
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