segunda-feira, 2 de julho de 2012

Lula, Maluf & companhias ilimitadas


Lula, assim como Maluf, Sarney, Collor e outros tantos líderes (eu disse líderes?) políticos, seja nos Estados ou nos municípios, sabe, afinal, que nós somos um povo sem memória, tolerante e acostumado ao “deixa-disso”.

Por Astor Wartchow

O assunto dominante ainda é a união político-partidária do ex-presidente Lula com Paulo Maluf, deputado federal e ex-governador de São Paulo, denunciado pelo Ministério Público brasileiro e réu em vários processos de corrupção e enriquecimento ilícito, com já identificadas contas bancárias no Exterior, algo em torno de US$ 200 milhões depositados em bancos nas Ilhas Jersey, bloqueados pelas autoridades locais.

Mas olhando para trás e para os lados, qual é a novidade política e comportamental, antiética e debochada, que já não fosse do conhecimento de todos? Não há novidade nenhuma. Assim como vários outros partidos e candidatos se aliaram a Maluf em outras e diferentes eleições, a exemplo da própria petista Marta Suplicy nas eleições municipais de 2004, o próprio Lula já homenageara e ressuscitara o poder e a influên- cia política de Sarney, Collor, Jader Barbalho, Renan Calheiros e outras figuras nefastas.

Ao longo do seu recente mandato presidencial, Lula nunca teve preocupações ideológicas ou ético-seletivas no tocante aos seus aliados de ocasião e companheiros em descaminho. Simples perspectiva de manutenção do poder e a desculpa de que o fez em nome da tal da governabilidade. Claro que o “patriótico” Maluf, com certeza, dirá o mesmo. Afinal, se vale para um, vale para todos!

Então, a surpresa e a notícia, quando muito, poderia ter sido o silêncio do Partido dos Trabalhadores, sempre tão cioso do debate interno e da crítica ideológica. Mas esse silêncio também não é uma surpresa. O PT está submisso e quieto há muitos anos. Talvez por puro constrangimento. Talvez por conveniência. Ou, talvez, porque não haja mais nada mesmo para ser dito depois de tudo quanto já se viu e ouviu, ultimamente.

Lula, assim como Maluf, Sarney, Collor e outros tantos líderes (eu disse líderes?) políticos, seja nos Estados ou nos municípios, sabe, afinal, que nós somos um povo sem memória, tolerante e acostumado ao “deixa-disso”.

A verdade é que nós perdemos a noção/razão de que deve haver sempre uma relação ética entre os fins e os meios. Estamos nos tornando cínicos. Comportamo-nos como condenados a aceitar determinado jogo e realidade porque não podemos mudá-los. Pior: sabemos que isto está errado e que não deve/deveria ser assim. A realidade deixou de ser um desafio e virou um destino.

De modo que aos indignados e inconformados só resta “botar a boca no trombone” e denunciar para todos os cantos que há um descumprimento dos papéis institucionais reservados aos partidos e aos políticos. Isto é, uns de governar, e outros de fazer oposição e fiscalizar, principalmente. Se há uma quebra de confiança e delegação, também é verdade que as eleições e o voto são sempre uma oportunidade para mudar isso. Na política, assim como na vida, a esperança é a última que morre.

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