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quinta-feira, 12 de junho de 2014

Por que eles odeiam tanto a classe média

“A história do homem é a história da luta de classes” (Karl Marx)

Por João Luiz Mauad (Instituto Liberal)

Malgrado as mais contundentes demonstrações em contrário, os marxistas continuam não se dando por vencidos e insistem na existência de uma inexorável luta de classes, que terminará com a vitória final do proletariado e do modelo comunista.

Num famoso vídeo que se tornou viral na internet, a filósofa marxista Marilena Chaui destila toda a sua verve contra a existência e a progressiva prosperidade da chamada classe média, não por acaso a prova cabal de que as profecias de Marx estavam absolutamente equivocadas.  Diz a filósofa da USP:

“Eu odeio a classe média. Ela é um atraso de vida, é o que há de mais reacionário, conservador, ignorante, petulante, arrogante, terrorista…”

“Eu me recuso a admitir que os trabalhadores brasileiros, porque conquistaram certos direitos (…) se transformaram em classe média. (…) A classe média é uma aberração política, porque ela é fascista. É uma aberração ética, porque ela é violenta. É uma aberração cognitiva, porque ela é ignorante…”

Aquele discurso pode ter surpreendido alguns incautos, mas não quem já estudou, ainda que superficialmente, a teoria marxista.  Chaui apenas reverbera as batatadas que produziram seus mestres no famigerado Manifesto Comunista.  Vejam:

“De todas as classes que hoje em dia defrontam a burguesia só o proletariado é uma classe realmente revolucionária. As demais classes vão-se arruinando e soçobram com a grande indústria; o proletariado é o produto mais característico desta.

Os estados médios [Mittelstände] — o pequeno industrial, o pequeno comerciante, o artesão, o camponês —, todos eles combatem a burguesia para assegurar, face ao declínio, a sua existência como estados médios. Não são, pois, revolucionários, mas conservadores. Mais ainda, são reacionários, pois procuram fazer andar para trás a roda da história.”

Segundo a teoria, a acumulação capitalista faria com que uns poucos burgueses acabassem detendo toda a riqueza disponível, graças à exploração do restante da população.  Toda o capital do mundo nas mãos de poucos, em contraste com a miséria de muitos, faria emergir a ira revolucionária que desembocaria, inexoravelmente, na tomada do poder pelo proletariado.  O capitalismo nada mais seria, portanto, que uma etapa no caminho da consolidação do comunismo.  De forma resumida, eis como a coisa toda deveria desenrolar-se, nas palavras de Marx e Engels:

“A condição essencial para a existência e para a dominação da classe burguesa é a acumulação da riqueza nas mãos de privados, a formação e multiplicação do capital; a condição do capital é o trabalho assalariado. O trabalho assalariado repousa exclusivamente na concorrência entre os operários. O progresso da indústria, de que a burguesia é portadora, involuntária e sem resistência, coloca no lugar do isolamento dos operários pela concorrência a sua união revolucionária pela associação. Com o desenvolvimento da grande indústria é retirada debaixo dos pés da burguesia a própria base sobre que ela produz e se apropria dos produtos. Ela produz, antes do mais, o seupróprio coveiro. O seu declínio e a vitória do proletariado são igualmente inevitáveis.”

Imunes à razão, os marxistas mantiveram, ao longo dos últimos séculos, uma fé inabalável nos prognósticos de seu guru, o que os leva a odiar com todas as forças tudo quanto lhes faça vislumbrar que ele pudesse estar equivocado, não só em suas teorias, mas principalmente em suas previsões.  Daí porque o ódio por essa classe de gente que se convencionou chamar de “média”, cuja multiplicação, especialmente nos países capitalistas mais avançados, é a comprovação empírica irrefutável de que a fabulosa tese profética de Marx foi um erro crasso.

Os crentes desta religião confiam até hoje na realização da referida profecia e odeiam tudo quanto possa indicar que a história tenha seguido um caminho diferente.  Odeiam especialmente o fato de que a história do capitalismo é a história da multiplicação acelerada da riqueza, e não da luta de classes. Acima de tudo, odeiam o fato de que a riqueza gerada pelo desenvolvimento industrial nos países capitalistas acabou beneficiando a maioria das gentes e não apenas os mais ricos.

Dotados que são de extraordinária vocação para retorcer a realidade, os marxistas jamais admitirão o fato de que os interesses dos agentes econômicos no capitalismo são harmônicos – como demonstraram Adam SmithBastiat e tantos outros – e não antagônicos, como queria Marx. Continuam apostando no caduco discurso de classes “hegemônicas” e “dominantes”, além de dar demasiada atenção às desigualdades de renda, no lugar de focar no combate à pobreza.

Ocultam de seus jovens prosélitos certas verdades, muitas vezes até óbvias, como a de que os interesses do banqueiro estão atrelados à prosperidade do devedor – não só para pagar os empréstimos contraídos, como para fazer outros – e não à bancarrota do mesmo.  Utilizam-se de raciocínios espúrios que, na maioria das vezes, inferem a existência de uma conspiração burguesa para empobrecer o proletariado, muito embora a lógica mais rudimentar determine exatamente o contrário, ou seja: quanto maior a renda dos trabalhadores, maior será o consumo e melhor será para todos os produtores.

Peguemos, por exemplo, alguns dados estatísticos dos Estados Unidos da América – a mais capitalista das nações capitalistas – compilados pela Heritage Foundation:

43% de todas as famílias consideradas pobres são donas de sua própria casa.  A residência padrão dessas famílias tem 3 dormitórios, 1,5 banheiro, garagem e varanda (ou pátio). 80% delas dispõem de calefação ou ar condicionado.  Um típico americano pobre tem mais espaço de moradia do que a média das pessoas morando em Paris, Londres, Viena, Atenas e outras cidades européias. Perto de ¾ das famílias pobres nos EUA são donas de pelo menos 1 carro e 31% têm dois automóveis ou mais. 97% das residências têm televisão a cores e mais da metade têm duas ou mais.  78% têm um DVD payer; 62% dispõem de Tv a cabo ou recepção por satélite.  89% das famílias pobres são donas de fornos de microondas, enquanto mais da metade delas têm equipamentos de som estéreo e 1/3 possui máquinas de lavar pratos.

Na média, portanto, um típico americano pobre tem um carro, calefação, geladeira, fogão, máquina de lavar roupa, forno de microondas, televisão a cores com recepção a cabo ou por satélite, aparelho de DVD e equipamento de som e telefone celular.  Isso sem falar de esgotamento sanitário, energia elétrica e água encanada disponíveis a quase 100% da população daquele país.

Olhando os dados acima, fica claro que um cidadão considerado pobre, como definido pelo governo americano, desfruta de um padrão de vida infinitamente superior ao imaginado pelo mais abastado dos nobres na época em que Marx e Engels fizeram suas profecias.

Os padrões de consumo e conforto das famílias pobres da América – que são similares aos das classes médias em muitos países, inclusive o Brasil – é a prova cabal de que o capitalismo, longe de representar o empobrecimento da classe trabalhadora, tornou-se a sua verdadeira redenção, para desespero de muitos intelectuais, como Marilena Chaui.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

A defesa da classe média

Para bancar as esmolas, tanto para os mais pobres como para os grandes empresários favorecidos pelo BNDES, o governo avança sobre a classe média. É esta que paga o preço mais alto desse modelo perverso. Ela tem seu couro esfolado para sustentar um estado paquidérmico e “benevolente”.
Por Rodrigo Constantino (O Globo)

Todos vimos, chocados, uma turba ensandecida invadindo agências da Caixa em diferentes estados, após rumores de suspensão do pagamento do Bolsa Família. Impressionou o fato de que a maioria ali era bem nutrida, em perfeitas condições de trabalho em um país com pleno emprego.

Uma das beneficiadas pelo programa, em entrevista, reclamou que a quantia não era suficiente para comprar uma calça para sua filha de 16 anos. O valor da calça: trezentos reais! Talvez seja parte do conceito de “justiça social” da esquerda progressista garantir que adolescentes tenham roupas de grife para bailes funk.

Não quero, naturalmente, alegar que todos aqueles agraciados pelas benesses estatais não precisam delas. Ainda há muita pobreza no Brasil, ao contrário do que o próprio governo diz, manipulando os dados. Mas essa pobreza tem forte ligação com esse modelo de governo inchado, intervencionista e paternalista.

O melhor programa social que existe chama-se emprego. Ele garante dignidade ao ser humano, ao contrário de esmolas estatais, que criam uma perigosa dependência. Para gerar melhores empregos, precisamos de menos burocracia, menos gastos públicos e impostos, mais flexibilidade nas leis trabalhistas, mais concorrência de livre mercado e um sistema melhor de educação (não confundir com jogar mais dinheiro público nesse modelo atual).

O ex-presidente Lula criticava, quando era oposição, o “voto de cabresto”, a compra de eleitores por meio de migalhas, esquema típico do coronelismo nordestino. Quão diferente é o Bolsa Família, que já contempla dezenas de milhões de pessoas, sem uma estratégia de saída? Um programa que comemora o crescimento do número de dependentes! O leitor vê tanta diferença assim?

A presidente Dilma disse que quem espalhou os boatos era “desumano”, “criminoso”, e garantiu que o programa era “definitivo”, para “sempre”. Isso diz muito. “Nada é tão permanente quanto uma medida temporária de governo”, sabia Milton Friedman. Não custa lembrar que o próprio PT costuma apelar para o “terrorismo eleitoral” em época de eleição, espalhando rumores de que a oposição pode encerrar o programa. Desumano? Criminoso?

Depois que o governo cria privilégios concentrados, com custos dispersos, quem tem coragem de ir contra? Seria suicídio político. Por isso ninguém toca no assunto, ninguém vem a público dizer o óbvio: essas esmolas prejudicam nossa democracia e não tiram essas pessoas da pobreza. As esmolas estimulam a preguiça, a passividade e a informalidade. Por que correr atrás quando o “papai” governo dá mesada?

O agravante disso tudo é que os recursos do governo não caem do céu. Para bancar as esmolas, tanto para os mais pobres como para os grandes empresários favorecidos pelo BNDES, o governo avança sobre a classe média. É esta que paga o preço mais alto desse modelo perverso. Ela tem seu couro esfolado para sustentar um estado paquidérmico e “benevolente”.

Para adicionar insulto à injúria, não recebe nada em troca. Paga impostos escandinavos para serviços africanos. Conta com escolas públicas terríveis, antros de doutrinação marxista. Os hospitais públicos também são péssimos. A infraestrutura e os meios de transporte são caóticos. A insegurança é total. Acabamos tendo que pagar tudo em dobro, fugindo para o setor privado, sempre mais eficiente.

Como se não bastasse tanto descaso, ainda somos obrigados a ver uma das representantes da esquerda, a filósofa Marilena Chauí, soltando sua verborragia em evento de lançamento de livro sobre Lula e Dilma. Chauí, aquela que diz que o mundo se ilumina quando Lula abre a boca, declarou na ocasião: “A classe média é um atraso de vida. A classe média é estupidez, é o que tem de reacionário, conservador, ignorante, petulante, arrogante, terrorista.”

É fácil dizer isso quando ganha um belo salário na USP, pago pela classe média. Chauí não dá nome aos bois, pois é mais fácil tripudiar de uma abstração de classe. Mas não nos enganemos: a classe média que ela odeia somos nós, aqueles que simplesmente pretendem trabalhar e melhorar de vida, ter mais conforto material, em vez de se engajar em luta ideológica em nome dos proletários, representados pelos ricos petistas.

Pergunto: quem vai olhar por nós? Que partido representa a classe média? Com certeza, não é a esquerda das esmolas estatais bancadas com nosso suor, que depois ainda vem declarar todo seu ódio a quem paga a fatura.

Perdemos dois ícones da imprensa independente: Dr. Ruy Mesquita e Roberto Civita. Que a chama da liberdade de imprensa continue acesa!