domingo, 29 de abril de 2012

Um breve ensaio sobre as cotas raciais, a esquerdopatia, os eco chatos e a praga do politicamente correto

Vivemos tempos estranhos. Isso tem me feito mal, me angustiado.

Minha esposa me sugere o tempo todo. "Thiago, não te expõe. Larga a política, isso não vai dar em nada." Acho que ela tem razão. Voltarei focar meu blog no empreendedorismo. Talvez as linhas escritas abaixo sejam as minhas ultimas tratando de algo que não seja o tema referido acima.

Pro leitor sem tempo e quer saber o que penso, adianto a pauta. Falarei de cotas raciais, da praga do politicamente correto, do feminismo, de politica, de economia e dos eco-chatos. Então vamos lá!

NÓS X ELES foi institucionalizado. Negros X Brancos, Homens X Mulheres, Hetero X Homosexuais, Ruralistas X Ambientalistas, etc. Querem segregar a todo tempo, como se o mundo fosse simples de ser entendido e um código binário desse conta de resolver os problemas do mundo. Algozes e vítimas parecem ser necessários para continuar o discurso e isso me enjoa.

Cotas Raciais
Começarei pelo assunto do momento.
Foi finalmente aprovado a legitimidade de cotas raciais na universidade. Sou contrário por um motivo muito simples: A universidade é lugar de mérito, dos melhores, sejam eles negros, indios, mulheres ou gays. Poderíamos discutir se a avaliação de mérito (vestibular) que se faz para o ingresso na universidade é adequado ou não, mas o que não poderíamos fazer é privilegiar uns em detrimentos de outros. A solução é simples, mas demora 20 anos pra dar resultado e não dá voto. Educação básica de qualidade.

Como diz Percival Puggina "Não será essa uma forma de fazer “justiça” a uns às custas da injustiça praticada contra outros? O altruísmo é virtuoso porque implica renúncia voluntária ao próprio bem em favor do alheio. Mas não o é quando praticado com o bem ou com o direito de terceiros. Incontestável: os alunos com bom desempenho que perdem vagas para alunos com desempenho inferior, por força das cotas, são vítimas de injustiça que lhes é imposta. Não são eles os responsáveis pelas mazelas sociais do país."

Então é isso, que culpa têm o aluno branco pela história escravocrata vergonhosa do Brasil?

Sei que externar essa opinião pode chatear os vários amigos negros pró-cotas que tenho, mas como digo na minha descrição ai ao lado "Acredito fielmente no mérito como essência das relações humanas, e por isso, meus amigos sabem disso, que jamais digo “sim” para parecer simpático, inteligente ou “de boa companhia” se a minha vontade é dizer "não"

Um dos amigos mais inteligentes que tenho, o "Seu mendes", é negro, não foi rico (longe disso) e passou no vestibular da UFRGS em dois dos cursos mais concorridos na universidade. Hoje tem sua empresa e vai muito bem obrigado.
Outro desses amigos inteligentes que tenho,"seu zeraldo", também negro, hoje faz doutorado, é professor universitário, conhece o Brasil e o mundo na base do seu mérito e trabalho.
Ambos não tiveram acesso a cotas. Ambos tiveram inteligência e força de vontade. Ambos, entre outros que não vou citar aqui, são pra mim a prova que as cotas não são necessárias.

Desculpa se quero que minhas filhas sejam atendidas pelos melhores professores, sejam curadas pelos melhores médicos e que o viaduto onde vou passar seja construído pelo melhor engenheiro. Estou pouco me lixando pra cor deles. Gostaria apenas de ter a certeza que se hoje são professores, médicos, engenheiros, etc., é porque mereceram e não porque faziam parte de algum desses grupos vitimizados e privilegiados.

OBS: Se passar pela sua cabeça leitor "ah o Thiago é branco, não sabe o que fala" lembre que 9 dos 10 votos do STF teriam que ser anulados. 

Igualdade e o feminismo
Enquanto escrevo esse texto, na TV assisto um programa esportivo apresentado por uma mulher. A apresentadora chamou uma reporter mulher para dar as notícias do Gremio. Essa, por sua vez, chamou uma reporter, também mulher, para dar as notícias do Inter. Isso tudo num ambiente que até pouco tempo atrás era iminentemente masculino. Sem cotas, sem privilégios, as mulheres estão ganhando o mercado de trabalho por pura competência.

Li hoje no jornal que os salarios das mulheres ainda são inferiores aos dos homens em cargos equivalentes, mas essa diferença vem diminuindo dia-dia. Hoje equivale a 73%, nos anos 2000 era de 67%. Uma feminista pode gritar: "então, isso é justo?". Eu responderia: "Não, não é, mas o mundo é assim mesmo, assimétrico, por vezes injusto. Isso vem de um contexto histórico cultural e por isso mesmo não será o Estado que resolverá na base da caneta. O mercado corrigirá isso com o tempo, assim como vem fazendo."

A praga do Politicamente Correto
A praga do Politicamente Correto se infestou e está devorando as mentes ainda saudáveis que tínhamos por ai. Chamar negro de negro, pobre de pobre, feio de feio, covarde de covarde, agora é ofensa grau máximo. A cartilha nos recomenda usar afrodescendentes, desprovidos de posse e de beleza e pessoa não afeita ao conflito. Desculpa, não consigo. Como disse esses dias num bate papo que tive com alguns alunos da faculdade de ADM da UFRGS: Sou politicamente incorreto não por birra, mas por essência. Como diz o filósofo Pondé "o politicamente correto é autoritário em sua essência, porque supõe estar salvando o mundo".

Se encontrar aqueles seus amigos de infância (o negão, o zarolho e o gordo) lembre-se de não chamá-los pelos seus apelidos, pois pode ir preso por racismo ou bullyng.

A esquerdopatia "tá pegando geral"
Se tem um assunto um tanto delicado, esse assunto é politica. Parece que mexe com "os brio dozôme". Mas vamos lá, não tenho medo da patrulha. Escrevo porque estou curado. Já disse por aqui que não tenho compromisso com o erro. Se a história me provar que estou errado, mudo de opinião sem problema.

Antes, digo que não sei bem o que é ser de direita. Acho que não sou de direita. Defendo uma democracia liberal, se é que se pode assim chamar. O que é isso? Simples: O Estado deve se preocupar com aquilo que todas as pessoas precisam, sem exceção (Educação, Saúde, Segurança, Justiça e Infra Estrutura). Qualquer coisa além disso é ideologia e avança sobre a liberdade individual, algo que pra mim é inegociável.

A coisa hoje está mais ou menos assim: Ou você é de esquerda ou você é do mal, torturador sanguinário, ladrão de sonhos alheios. Afinal, eles são os donos da história; eles sabem para onde caminha a humanidade; eles conhecem a forma do futuro; eles estão na vanguarda do humanismo.

Recorro a Reinaldo Azevedo para conceituar o pensamento de esquerda:
"Qualquer um que não compactue de suas "convicções" participa de algum complô contra o povo. Os esquerdista não têm a necessidade de debater as suas idéias porque se consideram “monopolistas da compaixão”. A direita, os conservadores, os reacionários, ah, esses precisam sempre dar explicações e se justificar. Um esquerdista ou “progressista” tem apenas de se declarar preocupado com os pobres, a favor da natureza, defensor dos negros, das mulheres, dos gays, dos sem-isso, sem-aquilo… Se o que propõe funciona ou não, eis algo absolutamente irrelevante. O importante é saber que ele tem idéias para nos salvar."

Enfim, um liberal acredita que a ignorância e a pobreza não tiram de ninguém o senso básico de moral e de justiça. Por isso estes não precisam ser transformados em vítimas. Dê educação de qualidade e liberdade de escolha as pessoas e elas saberão correr atras de seus sonhos. O bem estar individual é algo muito mais real e palpável do que o conceito vago e abstrato do bem estar social. A solução dos nosso problemas está nas pessoas e não "comando central".

Nunca ouse não ter uma história triste pra contar
Fazem nos sentir envergonhados por não ter uma história triste pra contar. Hoje se você é branco, trabalha honestamente, sustenta sua familia com dignidade e independência, paga impostos, não rouba e não mata, você é uma cara estranho, um sem-ong, um sem-direitos. Nem os padres dão bola pra você. Pensar com a própria cabeça e não andar em bando parece ser uma ameaça aos engenheiros sociais. Se você não se sente vítima do capital, do mercado ou da "zelite" é porque você é um alienado. Se você lê zero hora, está sendo enganado pela mídia golpista. Ser fiel a seus valores e pensar diferente da maioria é um esculacho.

Os eco-chatos e o código florestal
Esse turma também foi picada pela praga politicamente correta. É "cool" dizer que você é um defensor do meio-ambiente, mesmo que você não tenha a menor ideia do que seja isso.
Disse isso outro dia por aqui, os eco chatos que me perdoem, mas avançaremos somente através do desenvolvimento, fomentando pela ciência de ponta, engenharia inovadora e muito investimento. Sugerir as pessoas que passem a andar de bicicleta, tomar banho em 3 minutos, retirar as sacolas plasticas do supermercado ou lavar a louça sem detergente não me parece ser o caminho. 


Agora os revolucionários verde resolveram encrencar com o código florestal. Só não perguntem a eles o que diz o código, afinal de contas ler o material dá muito trabalho. É mais fácil levantar a bandeira "não aos desmatadores".
Eu não li, por isso não fico dando discurso. Mas uma coisa dá pra perceber, "os opressores" já foram escolhidos, os ruralistas. Sempre tem que ter as vitimas e os opressores, senão não há discurso, não é mesmo. Pois bem, apelo a Reinaldo Azevedo novamente.


"O que ficou evidente mais uma vez é que os proprietários rurais são tratados como a categoria desprezível do Brasil. Afinal, eles não amam a natureza, só pensam em devastá-la. Produzem alimentos, respondem pela estabilidade da economia, estão entre os maiores empregadores do Brasil, não contam com os juros subsidiados de setores da indústria que têm até o privilégio de vender mais caro ao governo para enfrentar a concorrência externa, são competitivos e disputam o mercado externo sem precisar pedir, com a devida vênia, penico ao papai ou à mamãe governo, mas têm de enfrentar os amigos da natureza, os amigos dos índios, os amigos dos quilombolas, os amigos do sem-terra, os amigos, em suma, dos sem-noção, que tratam a pontapés quem responde, em último caso, pelas ditas conquistas sociais do petismo."

Sem mais!

Sem reformas, não há crescimento sustentável. Sonho com um Estadista.
Para fechar, falarei um pouco do que penso do Brasil enquanto nação.
Sonho com um presidente estadista. Um presidente que vai chamar pra si a responsabilidade de fazer as reformas necessárias para o Brasil continuar prosperando. O viés populista de LULA levou o Brasil a se preocupar em melhor distribuir riqueza. Tá bem, objetivo válido. Mas e quanto a geração de riqueza? Não podemos esquecer de continuar a geração de riqueza, pois senão estaremos logo logo a distribuir igualmente a miséria. É como se preferíssemos distribuir igualmente 10 ao invés de distribuir desigualmente 100. 
Pra mim é nítido que precisamos de reforma tributária, politica e educacional. E nosso presidente, que nunca antes na história desse pais teve uma popularidade tão grande, fez alguma delas? NADA.

Posso ouvir alguns ugidos "quer dizer que 70% de popularidade não quer dizer que o governo está indo bem?". Sim, na minha opinião não está indo tão bem quando poderia. Lembra da manada? Pois é, não faço parte dela.

Finalizo com uma mensagem de Rodrigo Constantino

O trabalho precisa ser enaltecido, em vez da vida parasitária à custa dos outros. A responsabilidade, sempre individual, precisa retornar, jogando para escanteio a utopia coletivista. Os fatos devem ser enfrentados. A formiga, enfim, precisa ser mais valorizada que a cigarra. Há, entretanto, um grave problema na equação: A cigarra, mesmo doente, não deseja abrir os olhos e verificar que aquela dolce vita não existe mais. Ela irá relutar até o final. Só que as formigas cansaram de bancar a farra da cigarra. Até quando ela conseguirá cantar assim?


Mas vamos que vamos, com força em honra. Não podemos esmaecer.

Thiago Lorenzi

twitter: @tlorenzi
facebook: www.facebook.com/thiago.lorenzi



2 comentários:

  1. Thiago,

    Primeiramente quero parabenizá-lo pelo texto bem escrito e sutentado postado no teu blog. É sempre bom escutar pessoas que pensam além dos chavões. O que menos ouvi nos debates sobre cotas foram referências as estatísticas educacionais de desigualdade do Ensino Básico e mais discurso rococó, prolixo e cheio de piruetas retóricas,licenças poéticas. Eu estou meio sem paciência em relação aos militantes pró-cotas disfarçados de pesquisadores.



    Qual o efeito prático e o impacto desta medida no Ensino Superior ?Mínimo.O impacto das cotas no Ensino superior não alterará o quadro de desigualdade do Ensino Superior.Além da representatividade do Ensino Superior público(Estadual e Federal) ser relativamente pequena(cerca de 25%), sua expansão estar limitada a disponibilidadde de recursos do tesouro, ainda temos uma baixo números de egressos e egressos qualificados no Ensino médio.Segundo dados do Censo da Educação Básica, onúmero de alunos e egressos do Ensino Básico se manteve estável: matrículas estão na faixa de 8,3 milhões, enquanto os egressos são cerca de 1,8 milhão.São poucos que sobrevivem a "grande peneira " que é o nosso Ensino e estão em condições de disputar as vagas disponíveis no vestibular.A Ong Educafro divulgou recentente que mais de 110.000 Cotistas nas universidades públicas beneficiados com alguma polítca afirmativa.Mas, enquanto isso os 26 milhões de crianças e adolescentes, que não sabem o mínimo necessário para a sua seriação aconselhada, esperando a mesma atenção dada a aquele contingente por parte do Estado. É que as crianças não têm a mesma influência que os universitários e não podem votam.




    Mesmo com todos os gargalos conhecidos do Ensino Básico, conseguimos que um grande contingente de pessoas ingressasse numa Universidade nos últimos anos.E uma parcela significativa desse contingente foi de pessoas pobres e negras que estão, não nas Universidades públicas, e sim nas privadas, segundo reportagem da Folha de SP, publicada no ano passado.Á medida que o Ensino Superior se expande, absorve mais pessoas, independentemente de qualquer ação afirmativa





    http://www1.folha.uol.com.br/saber/935820-cresce-n-de-negros-em-universidades-particulares.shtml


    "....No ensino superior público, o aumento foi de 314 mil para 530 mil, uma variação de 69%. No privado, o crescimento foi de 264%, de 447 mil para 1,6 milhão.
    No total da população, a proporção desses grupos variou de 46% para 51%.

    O sociólogo Simon Schwartzman, presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, lembra que o aumento da proporção de pretos e pardos já havia acontecido no ensino médio por causa da expansão das matrículas nesse setor....."







    Ela não cresce mais porque está limitada pelas deficiências do ensino médio, em termos quantitativos e qualitativos, já que a um número destes egressos do Ensino Básico não possui não tem as qualificações para estudos de nível superior.Dai nem cota resolve.


    .
    Esperava uma resposta do STF para o Governo, Sociedade e Universidades no sentido de que a verdeira ação afirmativa é no Ensino Básico, que todos os esforços deveriam ser direcionados para a melhora dos índices da qualidade da formação na educação básica.E que as Universidades encontrassem um modelo de ação afirmativa á brasileira, aliando Mérito e Inclusão, nos moldes da USP e Unicamp, em substituição do modelo importado e já em desuso nos Estados Unidos.






    Att

    Alan Alves Grimm
    Porto Alegre/RS

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  2. Muito bom Alan, pelo jeito é um ativista do ensino que realmente poderia equalizar as oportunidades no Brasil.

    Matou a charada quando colocou: "enquanto isso os 26 milhões de crianças e adolescentes, que não sabem o mínimo necessário para a sua seriação aconselhada, esperando a mesma atenção dada a aquele contingente por parte do Estado. É que as crianças não têm a mesma influência que os universitários e não podem votam."

    Abraço e sucesso!

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