Os bons maridos de Esparta
O espartano casado, se encontrasse um rapagão belo e imponente, oferecia-lhe a sua mulher, para que reproduzissem. Era a eugenia: o “aperfeiçoamento” da raça por meio da seleção genética. Licurgo, o grande legislador, caçoava dos que hesitavam em partilhar as esposas, dizendo que eles se importavam mais com a reprodução de seus cães e cavalos do que com a de suas mulheres. A intenção dos espartanos era formar uma casta de guerreiros. Há uma passagem da Batalha das Termópilas em que o rei Leônidas, marchando à frente de seus 300 soldados, encontra o pelotão de 7 mil aliados de outras cidades. O comandante dos aliados olha para aquele punhado de homens e se espanta, sabendo que o inimigo persa conta com um exército de centenas de milhares de combatentes.
– Mas você só trouxe esses soldados?!? – pergunta, incrédulo.
Ao que Leônidas aponta para um dos aliados:
– Qual é a sua profissão?
– Eu sou moleiro.
– E você – prossegue Leônidas, indicando outro.
– Camponês.
– Você?
– Ferreiro.
E assim por diante. Por fim, Leônidas volta-se para os seus 300 homens e grita:
– Espartanos! Qual é a sua profissão?
Os 300 batem com as lanças nos escudos de ferro e urram, em uníssono:
– HO-HAAAA!!!
Leônidas sorri para o comandante aliado:
– Como vê, trouxe mais soldados do que você.
Imagino a mesma cena no Congresso brasileiro. Você espeta o dedo no peito de um deputado:
– O senhor! Qual é a sua profissão?
– Advogado.
– E o senhor aí, de óculos, qual a sua profissão?
– Médico.
– E o senhor?
– Jornalista.
– Ex-palhaço de circo.
– Pastor evangélico.
Não existem políticos profissionais no Brasil. Ninguém é político de nascença ou faz curso de político. Os políticos somos nós, o povo inteiro. Será, então, que somos um povo de ladrões, como indica o comportamento dos nossos representantes? Será hereditário? A corrupção corre nas nossas veias, vermelha e quente?
Não pode ser. Porque, se um dia houve o espartano geneticamente falando, não se pode dizer o mesmo do brasileiro. O brasileiro é índio e negro, é alemão e japonês, é italiano e português, e é tudo isso miscigenado. Então, como explicar o vezo de desonestidade do brasileiro?
Tive uma pista para a solução do mistério ao ler Uma Jornada, relato que o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair fez de seu governo. Em dado momento, Blair conta que “o sistema britânico é essencialmente dirigido por funcionários públicos de carreira até nos altos escalões. Os assessores especiais são poucos e não muito frequentes (...). Quando, após alguns anos de governo, acumulei cerca de 70, algumas pessoas consideraram que isso era um ultraje constitucional”.
O primeiro-ministro acumulou 70 assessores e os ingleses consideraram esse número um ultraje. Quantas dezenas de milhares de funcionários foram nomeados pelos presidentes brasileiros nos últimos anos? Quase tantos, talvez, quantos os soldados do exército persa que enfrentou Leônidas. Eis a origem do mal: não são os políticos. É o sistema. É o sistema que gera a corrupção. É o sistema que precisa mudar.
– Mas você só trouxe esses soldados?!? – pergunta, incrédulo.
Ao que Leônidas aponta para um dos aliados:
– Qual é a sua profissão?
– Eu sou moleiro.
– E você – prossegue Leônidas, indicando outro.
– Camponês.
– Você?
– Ferreiro.
E assim por diante. Por fim, Leônidas volta-se para os seus 300 homens e grita:
– Espartanos! Qual é a sua profissão?
Os 300 batem com as lanças nos escudos de ferro e urram, em uníssono:
– HO-HAAAA!!!
Leônidas sorri para o comandante aliado:
– Como vê, trouxe mais soldados do que você.
Imagino a mesma cena no Congresso brasileiro. Você espeta o dedo no peito de um deputado:
– O senhor! Qual é a sua profissão?
– Advogado.
– E o senhor aí, de óculos, qual a sua profissão?
– Médico.
– E o senhor?
– Jornalista.
– Ex-palhaço de circo.
– Pastor evangélico.
Não existem políticos profissionais no Brasil. Ninguém é político de nascença ou faz curso de político. Os políticos somos nós, o povo inteiro. Será, então, que somos um povo de ladrões, como indica o comportamento dos nossos representantes? Será hereditário? A corrupção corre nas nossas veias, vermelha e quente?
Não pode ser. Porque, se um dia houve o espartano geneticamente falando, não se pode dizer o mesmo do brasileiro. O brasileiro é índio e negro, é alemão e japonês, é italiano e português, e é tudo isso miscigenado. Então, como explicar o vezo de desonestidade do brasileiro?
Tive uma pista para a solução do mistério ao ler Uma Jornada, relato que o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair fez de seu governo. Em dado momento, Blair conta que “o sistema britânico é essencialmente dirigido por funcionários públicos de carreira até nos altos escalões. Os assessores especiais são poucos e não muito frequentes (...). Quando, após alguns anos de governo, acumulei cerca de 70, algumas pessoas consideraram que isso era um ultraje constitucional”.
O primeiro-ministro acumulou 70 assessores e os ingleses consideraram esse número um ultraje. Quantas dezenas de milhares de funcionários foram nomeados pelos presidentes brasileiros nos últimos anos? Quase tantos, talvez, quantos os soldados do exército persa que enfrentou Leônidas. Eis a origem do mal: não são os políticos. É o sistema. É o sistema que gera a corrupção. É o sistema que precisa mudar.
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