Assédio dos importados
Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
Em mais uma medida totalmente absurda, sem pé nem cabeça do ponto de vista econômico, o governo Dilma decidiu elevar o IPI de veículos importados. Os preços poderão subir até 28%, penalizando os consumidores brasileiros. Argumenta-se que a intenção é proteger os empregos nacionais. O ministro Guido Mantega afirmou que o Brasil “passou a sofrer o assédio da indústria internacional”. Segundo ele, existe “o risco de exportarmos empregos para o exterior”.
O governo Dilma deixa cada vez mais evidente seu ranço mercantilista. Estas falácias econômicas já foram devidamente refutadas desde o século XVIII. Mas os brasileiros nunca aprendem! Não bastou a “Lei da Informática” para convencer esta gente dos males do protecionismo. Não bastou o país ser obrigado a comprar carroças ao preço de Ferrari antes da abertura comercial. A experiência nunca basta por aqui. É preciso insistir no erro até seu custo ficar alto demais para ser suportado.
Na lógica de Mantega, há muito mais que ser feito para “proteger” os empregos domésticos. Somos “assediados” por eletrônicos importados, como laptops e tablets. Chega da invasão da Apple! Vamos criar reserva de mercado para a Positivo. Somos “assediados” por filmes estrangeiros, especialmente os do “império” americano. Está na hora de aumentar as cotas para cinema nacional e preservar o emprego dos cineastas engajados que fazem filmes horríveis sobre comunistas como Olga e Che. E por aí vai.
Claro que ninguém com um pingo de bom senso cai mais nesse papo de “proteger emprego local”. É história para boi dormir. O dinheiro economizado com a compra do importado mais barato não desaparece, mas é direcionado para outro setor, gerando empregos. O que se deu, na verdade, foi pura pressão do lobby das montadoras, somado ao desejo do governo de aumentar a arrecadação (cumprir a meta fiscal assim é moleza).
No mercantilismo é assim: concentram-se os privilégios e dispersa o custo entre consumidores e pagadores de impostos. Grande modelo econômico!
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