O homem sempre transformou a natureza, e assim deve continuar fazendo. Produzir mais usando menos insumos é a marca registrada do capitalismo. É disso que o planeta precisa!
Por Rodrigo Constantino
Os ambientalistas estão em polvorosa com o
evento Rio+20, que consumiu milhões em gastos públicos e mobilizou inúmeras
ONGs, além da grande imprensa. Seu tema ganhou a ordem do dia, e o foco de
quase todos se voltou na direção dos mais alarmistas. O linguajar escatológico
e as profecias apocalípticas viraram destaque no mundo todo. É o auge do
ecoterrorismo.
O
pânico vende bem. Oportunistas sempre souberam explorar a “pulsão de morte”
presente em todos nós, segundo Freud. O livro sobre o Apocalipse na Bíblia
sempre conquistou milhões de pessoas, todos aguardando ansiosamente pelo “juízo
final”. Profetas sempre encontraram demanda para suas profecias catastróficas.
Nostradamus fez sucesso em sua época e até hoje faz. Malthus virou praticamente
guru de seita, com diversos seguidores prevendo a próxima desgraça iminente. O
fim do mundo assusta, mas fascina.
Claro
que o assunto ambientalismo não ficaria de fora disso. Ao contrário: ele é um
prato cheio para tais oportunistas. Afinal, o clima é um fenômeno complexo, sob
a influência de infinitas variáveis e, portanto, imprevisível em certo ponto.
Além disso, os leigos são totalmente ignorantes sobre o seu funcionamento. Nada
melhor para embalar com a roupagem científica as previsões sem base alguma. O
alarmismo seduz.
Para
adicionar insulto à injúria, os socialistas ficaram órfãos após a queda do Muro
de Berlim e do império soviético, sem uma ideologia para atacar o capitalismo.
Encontraram o refúgio perfeito no ecoterrorismo. Podem culpar o capitalismo por
seu sucesso, por criar riqueza demais, colocando o planeta em risco. Alegam que
o padrão de consumo dos americanos necessitaria de outros cinco planetas Terra.
Muitos ambientalistas viraram “melancias”: verdes por fora, mas vermelhos por
dentro.
A
palavra do momento passou a ser sustentabilidade. Um termo lindo, sem dúvida,
mas que teve seu sentido completamente obliterado pelos oportunistas, assim
como vários outros, como liberdade, cidadania, progresso ou justiça. Ninguém
pode ser contra um desenvolvimento sustentável. A questão é saber como obter
esta meta. Os ambientalistas, tais como os esquerdistas em geral, simplesmente
monopolizaram o fim nobre, evadindo-se do debate sobre o melhor meio para
alcançá-lo.
A
afirmação de que os recursos naturais são finitos e estão se esgotando, por
exemplo, ignora os avanços tecnológicos que permitem o uso bem mais eficiente
destes recursos. Edwin Drake fez a primeira perfuração bem sucedida na
Pensilvânia em 1859, achando petróleo. Poucos anos depois, já existiam
especialistas alertando que a capacidade do “ouro negro” estava chegando perto
do fim. O Clube de Roma, o mesmo que hoje faz alertas catastróficos, previu na
década de 1970 que havia poucos anos de sobrevida para os principais recursos
naturais.
A
sorte dos alarmistas é que as pessoas têm memória curta. Aprendemos com a
história que poucos aprendem com a história. As revistas especializadas da
década de 1970 estampavam nas capas alertas sobre o esfriamento global
iminente. Uma nova era do gelo estaria logo ali na frente. Depois, o
aquecimento global passou a ser o maior risco de todos, com direito a muita
histeria e paranoia. Hoje já falam em “mudanças climáticas”, termo vago que
serve em qualquer ocasião.
Mas
voltando ao ponto crucial da sustentabilidade, faz-se necessário debater os
mecanismos mais adequados para garantir o futuro do progresso. E estes
mecanismos passam longe das propostas pregadas pelos ambientalistas típicos.
Não é abraçando a pobreza que vamos preservar o planeta, que, aliás, está aí
para nos servir, ao contrário do que pensam os mais radicais que transformaram
a natureza em uma deusa e o ambientalismo em seita religiosa. Para estes, o
homem é a praga que deve ser eliminada pelo bem da “mãe” natureza (se tivessem
que enfrentar o “inferno verde” de verdade, chamariam de madrasta natureza).
Tampouco
é incutindo pânico nas crianças e ensinando a fechar o chuveiro durante o banho
que vamos atacar o problema. O uso de sacolas ecologicamente corretas e das
bicicletas pode até causar a sensação de superioridade moral nos ecochatos,
assim como os alimentos orgânicos, mas não vão resolver nada de concreto.
E
como obter então a desejada sustentabilidade? Ora, com mais capitalismo! O
direito de propriedade privada é o melhor mecanismo de incentivo ao uso
racional dos recursos. Vide as empresas privadas investindo para preservar sua
lucratividade e seus ativos no longo prazo, enquanto estatais acabam utilizadas
para fins eleitoreiros de curto prazo. O avanço tecnológico, fruto do
capitalismo, pode fazer milagres também. O carvão queimado na China é bem mais
poluente que as fontes de energia de países mais ricos.
O
homem sempre transformou a natureza, e assim deve continuar fazendo. Produzir
mais usando menos insumos é a marca registrada do capitalismo. É disso que o
planeta precisa! Os recursos são finitos desde sempre e, no entanto, hoje eles
são suficientes para preservar a vida de 7 bilhões de seres humanos, enquanto
na Idade Média este número não chegava a décima parte. O que mudou? O advento
do capitalismo e seu choque de produtividade. Se dependesse dos malthusianos da
época, literalmente bilhões de pessoas não existiriam hoje (talvez isso seja
visto com bons olhos pelos misantropos que preferem as árvores aos homens).
A
retórica ambientalista, repleta de alarmismo infundado, precisa ser rechaçada
em prol do progresso e da vida de bilhões de pessoas. Isso não quer dizer que
devemos simplesmente ignorar questões como poluição ou sustentabilidade, mas
sim que o caminho para estes objetivos são muitas vezes contrários ao que
pregam os “verdes”. O ambientalismo cada vez mais assume cores autoritárias, de
planejamento central com excesso de poder concentrado no estado em nome do “bem
geral”. É a nova cor do totalitarismo.
O
capitalismo liberal é o grande vilão deste movimento. Se o ecoterrorismo vencer
esta batalha de ideias – e esse tem sido o caso até agora –, então a verdadeira
sustentabilidade estará em perigo. Infelizmente, profetas do apocalipse sempre
conseguiram amplas plateias para suas previsões, por mais erradas que tenham se
mostrado no passado. Se há uma coisa que é realmente sustentável, é o alarmismo
dos oportunistas. Como é difícil combater esta praga usando somente a razão!
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