Estamos forçados a conviver com um Estatuto da Criança e Adolescente que é um berçário de marginais. Estamos submetidos a uma miríade de ongs que dizem o que é virtude e o que é vício. Estamos vendo valores seculares revogados por uma minoria barulhenta e sectária. (..) não podemos permitir que o politicamente correto seja o último refúgio dos canalhas
GERALDO ELTON DIAS
O
cerne do pensamento politicamente correto é a busca da igualdade e fraternidade
entre os homens e a construção do bem estar social. Os objetivos são de tal
nobreza que fica difícil contestar essa aberração do nosso tempo sem parecer
uma pessoa de má índole. Sob o guarda-chuva do Politicamente Correto cabem
utopistas em geral, reformadores sociais, legisladores do direito achado na
rua, ecologistas preocupados com o planeta, uma fauna variada e quase todas
candidatos a santificação, caso não fossem em peso inimigos auto declarados das
igrejas.
Um
movimento com uma pauta tão ampla e tão profundamente reformadora é um prato
cheio para acobertar picaretas, estelionatários, sectários, totalitários
frustrados com o fim da União Soviética e outras aberrações afins. E a massa de
ingênuos úteis arrebanhados por esta corja é imensa. Afinal, quem não ama o
belo, o bom e o justo ou é ruim da cabeça ou é doente do pé, pra satirizar um
samba popular.
A
cúpula do PT está sendo condenada pelo Supremo pelo mais afrontoso crime contra
a República de que se tem notícia na história do Brasil. Valendo-se de uma
sofisticada rede de arrecadação e pagamentos de suborno, um partido político
tentou um golpe contra a democracia brasileira. O objetivo final da organização
criminosa não era outro senão corromper um poder da República e subjugá-lo
aos desígnios do Partido no poder ─ e, no limite, aprovar leis que
permitiriam o aparelhamento geral do estado, a censura à imprensa, o controle
do Judiciário, a extinção da oposição. Como ninguém é de ferro, o enriquecimento
ilícito de seus próceres não estava fora de questão.
Em
qualquer país civilizado, a revelação de um crime de tal monta seria suficiente
para provocar comoção social, aquecer os debates de intelectuais sério e levar
as massas às ruas em defesa do estado de direito. Mas o que vemos no Brasil? A
imprensa, com raras exceções, tenta desesperadamente achar argumentos que
tornem o crime um mal menor. José Dirceu, José Genuino e Delúbio Soares são
considerados pelo STF gente do naipe de um Marcola, chefe de organização criminosa.
E o que faz a imprensa? Concede aos culpados um amplo espaço para a exposição
de argumentos. A justiça conferiu-lhes o mais amplo direito de defesa. Não
mereciam ser entrevistados. Alguém quer ouvir o que Marcola tem a dizer?
Oradores
da oposição deveriam estar se revezando na tribuna do Congresso para denunciar
o achincalhe imposto ao país pela quadrilha do PT. Quem dispõe de espaço na
grande imprensa deveria estar denunciando diuturnamente um abuso que nem o mais
atrevido comandante militar ousou cometer. O ex-presidente Lula deveria estar
sendo instado diariamente a explicar o cada vez mais improvável desconhecimento
dos descalabros consumados a poucos metros do seu gabinete. A atual presidente
também deveria explicar-se. O STF não julgou o “grupo de José Dirceu”. Foram
julgados o PT e o governo Lula. Ambos foram considerados golpistas.
Na
maior cidade do país, o candidato do partido golpista lidera as pesquisas da
intenção de votos. Contra o ex-deputado, ex-senador, ex-prefeito, ex-governador
e ex-líder estudantil José Serra há somente críticas de caráter pessoal e uma
antipatia gratuita exacerbada pela imprensa. Que denúncias consistentes pesam
contra o candidato do PSDB? Nenhuma. Alguém contesta sua competência
gerencial? Não. Ainda assim, a população parece preferir uma figura que acumula
gestões desastradas na Secretaria de Finanças de São Paulo e no Ministério da
Educação. Um povo que elege gente desse naipe não é vítima. É cúmplice.
Que
caldo cultural permitiu que o país chegasse a este baixo nível do exercício
político? Não é uma explicação fácil. Mas parte do processo de criação deste
cenário deprimente deve-se à adoção da pauta do politicamente correto pela
imprensa e por alguns formadores de opinião. Há uma falsa visão segundo a qual,
por trás da busca da perpetuação no poder, o PT tem um projeto de inclusão
social. Pelo construção do paraíso na terra essa parcela de idiotas úteis
aceita entregar uma bacia de direitos, um grande naco de liberdades, um balaio
de leis.
Estamos forçados a conviver com um Estatuto da
Criança e Adolescente que é um berçário de marginais. Estamos submetidos a uma
miríade de ongs que dizem o que é virtude e o que é vício. Estamos vendo
valores seculares revogados por uma minoria barulhenta e sectária. O país não terá
futuro se não voltar os olhos para o passado e ali buscar tudo aquilo que nos
tornou uma nação tolerante. Permitir que bandidos sejam promovidos a heróis em
nome de um falso projeto de bem estar social é um péssimo passo. Parodiando
Samuel Johnson, não podemos permitir que o politicamente correto seja o último
refúgio dos canalhas
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