A riqueza futura é menos provável de ser produzida quando as pessoas
virem que será confiscada. Os agricultores da União Soviética refrearam tempo e
esforço que investiriam no crescimento de suas colheitas quando perceberam que
o governo iria tomar uma grande parte da colheita. Eles abateram e comeram
animais jovens que, normalmente, tenderiam a manter e alimentar, enquanto o
preço poderia se elevar.
Por Thomas
Sowell (Retirado do portal Midia@mais)
A gravação recentemente descoberta em que Barack Obama disse, em
1998, que acredita na redistribuição, não é de fato uma notícia. Ele disse a
mesma coisa para Joe, o encanador [*] há quatro anos. Mas o surgimento
desta gravação pode servir a um propósito útil se levar as pessoas a pensarem
sobre quais são as consequências da redistribuição de renda.
Aqueles que falam fluentemente sobre a redistribuição muitas
vezes agem como se as pessoas fossem apenas objetos inertes que pudessem ser
colocados aqui e ali, como peças em um tabuleiro de xadrez, para realizarem
algum projeto grandioso. Mas, se os seres humanos têm suas próprias respostas
às políticas de governo, então não podemos alegremente assumir que as políticas
do governo terão o efeito pretendido.
A história do século XX está repleta de exemplos de países que se
propuseram a redistribuir a riqueza e acabaram redistribuindo a pobreza. As
nações comunistas foram um exemplo clássico, mas de nenhuma maneira o único
exemplo.
Em teoria, confiscar a riqueza das pessoas mais bem-sucedidas
deveria fazer o resto da sociedade mais próspera. Mas quando a União
Soviética confiscou a riqueza de fazendeiros bem sucedidos, os alimentos
tornaram-se escassos. Assim como muitas pessoas morreram de fome sob Stalin na
década de 1930, também morreram no Holocausto de Hitler em 1940.
Como se dá isso? Não é complicado. Você só pode confiscar a
riqueza que existe em um dado momento. Você não pode confiscar a riqueza futura
- a riqueza futura é menos provável de ser produzida quando as pessoas
virem que será confiscada. Os agricultores da União Soviética refrearam tempo e
esforço que investiriam no crescimento de suas colheitas quando perceberam que
o governo iria tomar uma grande parte da colheita. Eles abateram e comeram
animais jovens que, normalmente, tenderiam a manter e alimentar, enquanto o
preço poderia se elevar.
Pessoas na indústria não são objetos inertes também. Além disso,
ao contrário dos agricultores, os industriais não estão ligados à terra
em um determinado país.
Pioneiro da aviação, o russo Igor Sikorsky pode levar a sua experiência
para a América e produzir seus aviões e helicópteros a milhares de quilômetros
de distância de sua terra natal. Financistas são ainda menos amarrados,
especialmente hoje, quando vastas somas de dinheiro podem ser enviadas
eletronicamente para qualquer parte do mundo.
Se as políticas confiscatórias podem produzir repercussões
contraproducentes em uma ditadura, elas são ainda mais difíceis de
realizar em uma democracia. Uma ditadura, de repente, pode pegar o que
quiser. Mas uma democracia deve primeiro ter discussões e debates públicos.
Aqueles que são alvo de confisco podem ver pichações em muros e, ainda assim,
agirem adequadamente.
Entre os ativos mais valiosos de qualquer nação estão: o conhecimento,
as habilidades e experiência produtivas que os economistas chamam de "capital
humano". Quando as pessoas bem-sucedidas com o capital humano deixam o
país, seja voluntariamente, ou por causa de governos hostis ou multidões hostis
chicoteadas pelos demagogos que exploram a inveja, o dano duradouro pode ser
sentido na economia que eles deixam para trás.
As políticas confiscatórias de Fidel Castro impulsionaram os
cubanos de sucesso a fugirem para a Flórida, muitas vezes deixando
grande parte da sua riqueza física para trás. Mesmo refugiados e atingidos pela
pobreza, cresceram e prosperaram de novo na Flórida, enquanto a riqueza que
eles deixaram para trás em Cuba não impediu as pessoas de lá de serem
indigentes no governo de Fidel Castro. A riqueza duradoura que os
refugiados levaram com eles era o seu capital humano.
Todos nós já ouvimos o velho ditado que dar a um homem um peixe irá
alimenta-lo apenas por um dia, e ensinar-lhe a pescar irá alimenta-lo por toda
a vida. Os partidários da redistribuição querem dar-lhe um peixe e deixá-lo
dependente do governo, para mais peixes no futuro.
Se estes “redistribucionistas” fossem sérios, o que eles gostariam
de distribuir seria a capacidade de pescar, ou ser produtivo de outras
maneiras. O conhecimento é uma das poucas coisas que podem ser distribuídas
para as pessoas sem reduzir o montante realizado por outros.
Isso serviria melhor aos interesses dos pobres, mas não serve aos
interesses de políticos que querem exercer o poder, e para obter os votos de
pessoas que dependem deles.
Barack Obama pode anunciar infinitamente o seu slogan de
"Forward" (“Avante”), mas o que ele propõe é ir para trás, para as
políticas que falharam repetidamente em países ao redor do mundo.
No entanto, para muitas pessoas que não se incomodam em parar e pensar,
a redistribuição soa bem.
Tradução: Maria Júlia Ferraz
Título original: The fallacy of redistribution
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