Apesar de empreendedores serem mais intuitivos e aprenderem muito com a prática, não há dúvidas do impacto da educação na viabilidade e crescimento dos negócios. (..) Costumamos usar uma máxima que diz: “o negócio é tão bom quanto o empreendedor que está por trás”.
Por Renata
Chilvarquer (Exame.com)
Pode parecer clichê, mas ouço
muito essa pergunta quando participo de eventos ou palestras: é possível
aprender a empreender? A verdade é que tomar a decisão de construir seu próprio
negócio é visto pelas pessoas em geral como algo muito positivo e até cool.
E, nessa onda crescente de
assumir riscos, poucos empreendedores se
perguntam sobre o que é necessário saber antes de começar. Na maioria das
vezes, o empreendedor acha que tudo o que ele precisa para ter sucesso é de uma
boa ideia e uma boa dose de sorte. Esse mito é ainda mais alardeado quando se
ouvem histórias de grandes empreendedores internacionais que largaram a
faculdade e se deram bem, como Steve Jobs e Bill Gates.
Lançamos uma pesquisa* no ano
passado que reforça a percepção de que há muita vontade, mas pouco esforço. No
estudo, três em cada quatro brasileiros dizem ter vontade de empreender. Essa é
a segunda maior taxa do mundo, atrás apenas da Turquia.
Por outro lado, outra pesquisa
internacional, o Global Entrepreneurship Monitor, de 2010, mostrou que apenas
9% da população adulta brasileira se capacita para iniciar um negócio, uma das
piores taxas do mundo. Para termos uma base de comparação, no Chile essa
proporção é de 43%, e na Argentina, de 20%.
Além disso, existem dados* que
comprovam a relação direta entre preparo e o crescimento dos negócios. Apenas
4% das quatro milhões de CNPJ’s no país são de empreendedores brasileiros que
têm funcionários, sendo que a maioria desses negócios são de empreendedores com
maior nível de escolaridade.
Esse gap de conhecimento fica
ainda mais evidente quando entendemos quais são os maiores desafios do
cotidiano dos empreendedores. Entre os quatro maiores problemas apontados por
eles na pesquisa, três estão ligados à falta de conhecimento em: gestão de pessoas, fluxo de caixa e como administrar um
negócio.
Apesar de empreendedores serem
mais intuitivos e aprenderem muito com a prática, não há dúvidas do impacto da
educação na viabilidade e crescimento dos negócios. Um exemplo disso é o
Alencar, fundador da Gera, empresa que fornece soluções de TI para negócios de
vendas diretas. Ele é um dos empreendedores apoiados pela Endeavor que buscou
ajuda para criar um negócio de alto impacto.
Quando ele observou a
oportunidade de negócio que gerou a empresa, Alencar buscou capacitação em um
curso de pós graduação em negócios. Além de planejar com cuidado a abertura da
sua empresa, ele acabou conhecendo o Fabio, que se tornou seu sócio logo
em seguida. A maturidade e o conhecimento que Alencar adquiriu durante o curso
foram essenciais para que o negócio desse certo.
Costumamos usar uma máxima que
diz: “o negócio é tão bom quanto o empreendedor que está por trás”. Em suma,
uma empresa é resultado do trabalho de pessoas. No início, a grande pessoa por
detrás de tudo é seu fundador, o empreendedor. Dessa forma, o empreendedor que
sonha grande e quer criar um negócio muito bom, precisa se esforçar ser muito
antes de tudo. É o primeiro investimento. Um bom empreendedor investe em si
mesmo como alavanca para o crescimento de seu negócio.
*Pesquisa “Empreendedores
Brasileiros: Perfis e Percepções”, Endeavor, 2013.
**Renata Chilvarquer é
diretora de Educação Empreendedora na Endeavor Brasil.
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