quarta-feira, 21 de maio de 2014

É possível aprender a empreender?

Apesar de empreendedores serem mais intuitivos e aprenderem muito com a prática, não há dúvidas do impacto da educação na viabilidade e crescimento dos negócios. (..) Costumamos usar uma máxima que diz: “o negócio é tão bom quanto o empreendedor que está por trás”. 

Por Renata Chilvarquer (Exame.com)

Pode parecer clichê, mas ouço muito essa pergunta quando participo de eventos ou palestras: é possível aprender a empreender? A verdade é que tomar a decisão de construir seu próprio negócio é visto pelas pessoas em geral como algo muito positivo e até cool.

E, nessa onda crescente de assumir riscos, poucos empreendedores se perguntam sobre o que é necessário saber antes de começar. Na maioria das vezes, o empreendedor acha que tudo o que ele precisa para ter sucesso é de uma boa ideia e uma boa dose de sorte. Esse mito é ainda mais alardeado quando se ouvem histórias de grandes empreendedores internacionais que largaram a faculdade e se deram bem, como Steve Jobs e Bill Gates.

Lançamos uma pesquisa* no ano passado que reforça a percepção de que há muita vontade, mas pouco esforço. No estudo, três em cada quatro brasileiros dizem ter vontade de empreender. Essa é a segunda maior taxa do mundo, atrás apenas da Turquia.

Por outro lado, outra pesquisa internacional, o Global Entrepreneurship Monitor, de 2010, mostrou que apenas 9% da população adulta brasileira se capacita para iniciar um negócio, uma das piores taxas do mundo. Para termos uma base de comparação, no Chile essa proporção é de 43%, e na Argentina, de 20%.

Além disso, existem dados* que comprovam a relação direta entre preparo e o crescimento dos negócios. Apenas 4% das quatro milhões de CNPJ’s no país são de empreendedores brasileiros que têm funcionários, sendo que a maioria desses negócios são de empreendedores com maior nível de escolaridade.

Esse gap de conhecimento fica ainda mais evidente quando entendemos quais são os maiores desafios do cotidiano dos empreendedores. Entre os quatro maiores problemas apontados por eles na pesquisa, três estão ligados à falta de conhecimento em: gestão de pessoas, fluxo de caixa e como administrar um negócio.

Apesar de empreendedores serem mais intuitivos e aprenderem muito com a prática, não há dúvidas do impacto da educação na viabilidade e crescimento dos negócios. Um exemplo disso é o Alencar, fundador da Gera, empresa que fornece soluções de TI para negócios de vendas diretas. Ele é um dos empreendedores apoiados pela Endeavor que buscou ajuda para criar um negócio de alto impacto.

Quando ele observou a oportunidade de negócio que gerou a empresa, Alencar buscou capacitação em um curso de pós graduação em negócios. Além de planejar com cuidado a abertura da sua empresa, ele acabou conhecendo o Fabio, que se tornou seu sócio logo em seguida. A maturidade e o conhecimento que Alencar adquiriu durante o curso foram essenciais para que o negócio desse certo.

Costumamos usar uma máxima que diz: “o negócio é tão bom quanto o empreendedor que está por trás”. Em suma, uma empresa é resultado do trabalho de pessoas. No início, a grande pessoa por detrás de tudo é seu fundador, o empreendedor. Dessa forma, o empreendedor que sonha grande e quer criar um negócio muito bom, precisa se esforçar ser muito antes de tudo. É o primeiro investimento. Um bom empreendedor investe em si mesmo como alavanca para o crescimento de seu negócio.

*Pesquisa “Empreendedores Brasileiros: Perfis e Percepções”, Endeavor, 2013. 
 **Renata Chilvarquer é diretora de Educação Empreendedora na Endeavor Brasil.





Nenhum comentário:

Postar um comentário