Por ANA KREPP (FOLHA de SP)
Durante um mês, o publicitário
paranaense Wagner Rover, 32, saiu em busca de marcas que topassem anunciar em
saco de pão, mídia até então inexplorada. No mês seguinte, foi a vez de
convencer as padarias.
"A taxa de rejeição [nas padarias] foi
praticamente zero, todo mundo queria ganhar sacos de pão sem ter de pagar por
isso, elas não se importavam que o saco tivesse propaganda."
Meses depois, em junho de 2010, Rover abriu as
portas de sua agência, especializada, inicialmente, em sacos de papel pardo.
"É uma mídia muito boa, o cliente pega na mão e carrega até em casa, em
algum momento ele vai prestar atenção no que tem na embalagem."
Mas logo o publicitário percebeu outras
oportunidades de mídia pouco exploradas, como o cabide de lavanderia, a caixa
de pizza e a embalagem de hashi (os pauzinhos de restaurantes japoneses e
chineses), e batizou de AZ Direct a agência de mídias alternativas que no ano passado
faturou R$ 1 milhão.
Ainda em 2010, a empresa conquistou a Claro e a
Coca-Cola, que acabaram por atestar a qualidade da inovadora ideia de Rover.
"A partir desses contratos, as empresas
menores que tinham dúvidas deixaram de ter e o volume de negócios subiu
imediatamente."
Em seguida, o Shopping São José, em São José dos
Pinhais (PR), contratou a agência, que produziu 10 mil sacos de pão para suas comemorações
de aniversário.
Cada saco tem 32 espaços disponíveis para
publicidade. A AZ Direct fechou o ano com 350 mil sacos de papel pardo vendidos
e espera faturar R$ 2 milhões neste ano.
Não foi fácil para o publicitário materializar a
ideia. Estudou o mercado e descobriu que poucas gráficas imprimiam cor em papel
pardo.
Para completar, a mulher engravidou pela segunda
vez, e o salário que recebia no emprego anterior, como gerente de tecnologia
educacional em uma fábrica de computadores, tornou-se fundamental.
Comprou a briga em casa, encontrou uma gráfica para
firmar parceria, pediu demissão do emprego estável e montou em uma sala de três
metros quadrados o seu primeiro escritório.
INÍCIO
Antes do primeiro milhão faturado com mídia
alternativa, Rover trabalhou em diversas áreas. Começou aos 17 anos revendendo
produtos de limpeza de uma marca argentina para fugir dos estudos.
Com os salários, comprou prancha de surfe, fez
consórcio de carro e conseguiu poupar R$ 15 mil, destinados a uma marca própria
de surfe que criou quando a empresa argentina faliu.
A Santover Surfweare foi, por dois anos, uma opção
de grife de surfe mais em conta. "Olhava o que tinha nas lojas, copiava os
modelos e saia vendendo. Mas, como não queria vender para qualquer loja e só
vendia sob encomenda, não deu certo."
Antes de cursar publicidade, Rover fez supletivo
para concluir o ensino médio que abandonara na adolescência. Enquanto isso,
tocou a Santover. Quando entrou na faculdade, desistiu da marca.
Depois foi estagiário, assistente de marketing,
analista e gerente da mesma empresa antes até de se formar.
FRANQUIA
Com as campanhas em saco de pão correndo o país,
Rover decidiu, em agosto de 2011, que era hora de expandir o negócio e criou o
DivulgaPão, uma espécie de franquia da marca que está hoje em quase todos os
Estados.
"Os principais anunciantes são pequenos, estão
nos bairros. O franqueado passa por um treinamento, capta os clientes e envia a
demanda à matriz, que cria o layout."
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