domingo, 29 de janeiro de 2012

A VIA DA LIBERDADE

Se o socialismo de Estado naufragou e o capitalismo de mercado enfrenta sucessivas turbulências, que se continue buscando uma terceira via capaz de conduzir homens e mulheres a um futuro mais digno, justo e solidário. Mas é imprescindível que todos sejamos livres para pensar, para expressar nossas opiniões, para questionar nossos governantes e para escolher nosso próprio destino.

Editorial ZH dia 29.01.2012

Governantes, empresários, economistas, sociólogos, cientistas políticos e lideranças planetárias de diversos segmentos sociais reuniram-se esta semana na Europa e na América do Sul para debater soluções para a crise econômica global e para apontar novos rumos para a sociedade humana. Em Davos, na Suíça, 40 chefes de Estado e de governo, ou seus representantes, debruçaram-se sobre o desafio de propor novas opções econômicas e sociais para o atual modelo de capitalismo – observados à distância por manifestantes indignados. Em Porto Alegre e em outras três cidades gaúchas, ativistas políticos, ambientalistas, representantes de organizações não governamentais e simpatizantes de modelos socialistas voltaram a demonizar o neoliberalismo – sem, no entanto, oferecer alternativas viáveis para tornar realmente possível o sonhado novo mundo.

Ainda assim, tanto o Fórum Econômico Mundial, que chegou a sua 39ª edição, quanto o Fórum Social Temático, uma subdivisão do Fórum Social Mundial, trouxeram à luz visões e propostas merecedoras de atenção para que a humanidade continue perseguindo a terceira via entre o socialismo fracassado e o capitalismo claudicante. Só não pode haver dúvida de que a democracia e a liberdade individual são conquistas irrenunciáveis, que não podem ser sacrificadas no embate de ideias.

As crises periódicas da economia de mercado, como bem explica o ex-ministro Delfim Netto, resultam muito mais de deformações pontuais do que propriamente do sistema capitalista, ainda hegemônico porque oferece ao ser humano métodos eficientes para suprir as suas necessidades e que são compatíveis com sua liberdade de iniciativa. O economista cita como exemplos de desvios capitalistas a permissividade do sistema financeiro, registrada entre 2007 e 2009 nos Estados Unidos, e as trapaças do setor público, verificadas nos últimos meses em alguns países da Europa. Para evitá-las, sugere mais regulação, ainda que isso signifique maior presença do Estado na economia. Porém, deixa claro que o capitalismo se reconstrói a cada crise, saindo delas renovado na busca de maior eficiência produtiva e de ampliação da liberdade individual.

É um respeitável ponto de vista, mas certamente não é o único. E nem deve ser, pois é a diversidade de pensamentos que faz o mundo avançar. Porém, tanto o debate de ideias evidenciado em proporções globais nos dois fóruns mencionados quanto as manifestações de contrariedade aos eventos e a seus conteúdos só são possíveis porque vivemos, na América e na Europa, com raras exceções, em regimes de plena liberdade.

Se o socialismo de Estado naufragou e o capitalismo de mercado enfrenta sucessivas turbulências, que se continue buscando uma terceira via capaz de conduzir homens e mulheres a um futuro mais digno, justo e solidário. Mas é imprescindível que todos sejamos livres para pensar, para expressar nossas opiniões, para questionar nossos governantes e para escolher nosso próprio destino.

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