Permitir-se fracassar e corrigir o
rumo quando necessário é fundamental para o sucesso.
Meus parabéns, você fracassou. Sem
ironias, é exatamente isso que eu quero dizer. Se a sua ideia não vingou, mesmo
com criatividade, originalidade, ineditismo e várias outras características
positivas, parabéns. Essa experiência mostra que você experimentou e resolveu
testar um caminho novo. Você saiu do modo de segurança que travava suas ideias
para mergulhar no mundo da inovação. Resumindo: você aprendeu. Como não te dar
os parabéns?
No Brasil, o fracasso é uma palavra
pesada, pois representa incapacidade, incompetência, amadorismo. É uma palavra
pesada: “Fulano fracassou”. Isso gera medo e, quando você tem medo de tentar
algo, pois não quer fracassar, você entra num estado defensivo. Você deixa de
pensar no estratégico e passa a pensar só no tático, e o tático é o instinto de
sobrevivência, o agora em detrimento do futuro. Conclusão: você não inova, não
experimenta, não descobre novas oportunidades.
Nos EUA, por exemplo, é muito comum
compartilhar os fracassos com os outros. As pessoas contam os fracassos como se
fossem glórias. E de fato são – afinal, eles arriscaram e tentaram. Por isso, é
muito importante que as empresas criem um espaço para que as pessoas possam
testar e falhar. Não adianta tirar conclusões, realizar estudos variados se
vocês, de fato, não tentar na prática.
Já falei em uma entrevista para a
revista Exame sobre a “Cultura do Fracasso”, que é algo que fazemos dentro do
Buscapé. Sempre tento provocar essas experiências com meus colaboradores. Uma
vez, pedi para um gerente de produto: “Quero que o botão de compra fique
piscando na tela, em vermelho”. Ele achou um absurdo, não concordou, não era a
linguagem do Buscapé. A única coisa que pedi para ele foi: “me prove que estou
errado”. A gente consegue medir se o botão vai ajudar a vender mais ou vai ser
um total fracasso e vai fazer a gente perder vendas. Mas, a ideia de testar
precisa vir de alguém. Em um negócio como o Buscapé, no qual o processo é 100%
intelectual, você precisa inovar para crescer. E para inovar, é preciso estar
disposto a fracassar.
Nós, empreendedores e gestores, é
que precisamos entender que esse colaborador é que precisa ser valorizado e
incentivado, e não aquele que fica estático por causa do medo de errar.
Precisamos entender que a dor de fazer uma decisão ruim nunca deve ser maior do
que o prazer de tomar uma boa escolha. Precisamos cultivar a Cultura do
Fracasso.
Para dar tranquilidade para seu time
arriscar, é preciso criar um ambiente propício a isso. Desde a cultura
corporativa até os controles e medições são cruciais para isso. São esses
controles serão usados para a medição do resultado e para mitigar que o
fracasso cause um grande prejuízo. (vou falar mais disso em outro post).
Essa é a grande dica, não só para
gestores, mas também para quem está prestes a começar um negócio novo, mas
ainda está inseguro de se lançar. É natural que isso aconteça. Nesse momento,
passam pela cabeça diversas preocupações e infinitas possibilidades para uma
tragédia mercadológica. E por consequência vem o pavor com as incertezas do
futuro e você vai pendendo cada vez mais para o lado da segurança.
Por isso, permita-se fracassar.
Fracasse até acertar. Fracasse rumo ao sucesso!
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