Ontem o jornal nacional fez uma longa
matéria (reportagem abaixo) sobre o que os especialistas chamam de "O
Custo Brasil". A turma do poder acha que justiça social é arrecadar muito e depois distribuir bolsas para lá e pra cá (que fique claro que sou a favor da bolsa família).
Eu e outros tantos "reacionários" por ai, achamos que o que realmente
ajudaria o Brasil é emprego sustentável (vindo de um ambiente de
negócios propícios, favorável aos investimentos, com estado menor, mais
eficiente e respeitando contratos) e preços baixos em todos os produtos
(competição genuína entre empresas e não canetadas governamentais). O governo
trabalha na contramão desse negócio. Prefere isentar um imposto ali, outro aqui
conforme lobby. Prefere aumentar os juros e fazer manobras contábeis,
sacrificando BNDES, Petrobras e outros, para "controlar" a inflação.
Prefere acusar os que o criticam de antipatriotas, neoliberais, etc. A única
coisa que eles não fazem é realizar de vez as reformas tão necessárias para o
país.
Os governos, em
especial os do PT, não admite a tese de que muita coisa pode funcionar, e bem,
sem sua presença. Como não
acredita nisso, quer controlar tudo e acaba criando uma burocracia asfixiante,
que emperra os negócios, que custa muito caro pro cidadão e para as empresas,
além de fomentar um caminho livre para a corrupção (coloca dificuldades para
vender facilidades).
E a
inflação? Quem vai ao supermercado sabe que a inflação está no teto do
aceitável. Isso tudo acontecendo quando o agronegócio está no ápice da sua
produtividade. Ou seja, o alimento sai do campo barato, mas dai tem de enfrentar
estradas esburacadas (onde estão as ferrovias?), portos que não funcionam, além
do custo inacreditável da folha de pagamento nos serviços.
Quando o
alimento sai do campo e entra no caminhão, IMPOSTO!
Quando o
alimento sai do caminhão e entra no supermercado, IMPOSTO!
Quando o
alimento sai do supermercado e entra na sua casa, IMPOSTO!
Resultado:
Alimento caro, muito caro, na sua mesa. Simples quanto isso!
E o governo
popular? Cada vez mais popular, ora essa...
Veja a
reportagem, vale a pena! Se não quiser ler, pode ver o vídeo clicando na
imagem.
Vamos que vamos,
com força e honra. Thiago
Fonte: Reportagem Jornal Nacional
Todo o
país monta a sua infraestrutura com o dinheiro que arrecada em impostos. Eles
são fundamentais. No ano passado, o Brasil arrecadou muito. Foram 36,27% da
riqueza representada pelos bens produzidos aqui e pelos serviços realizados. É
um recorde histórico. O problema é que aquilo que o Brasil devolve aos cidadãos
e às empresas não está à altura do que se paga.
Pouco
importa se o produto é supérfluo ou de primeira necessidade. O leão da Receita
Federal vai entrar na empresa, morder e levar um naco na forma de impostos. Uma
fábrica de pães é um bom exemplo. Mesmo tendo algumas isenções de impostos por
produzir alimentos, a mordida é de 13% do que ela fatura. Isso apenas para
fazer o pão, sem contar a matéria-prima que entra na fábrica já carregada de
impostos: óleo, energia elétrica, gás. Até a essencial farinha de trigo vem
tributada. Para chegar à mesa do consumidor, o governo ainda vai cobrar
impostos pelo transporte e pela venda.
No ano
passado, a máquina do estado arrecadou o equivalente a 36,3% de tudo o que foi
produzido no Brasil. De 1947 até hoje, a carga tributária cresceu duas vezes e
meia.
“O
Brasil tem uma carga tributária excessiva em relação ao desenvolvimento e o
nível de renda que ele tem. Talvez devíamos ter em média, hoje, na ordem de 27%
a 28% de carga tributária”, opina Juarez Rizzieri, pesquisador da Fipe.
Países
com renda per capita próxima à do Brasil têm carga tributária bem menor. O peso
dos impostos aqui é comparável ao de países ricos com bom serviço público.
“Nós
pagamos realmente carga tributária de país desenvolvido, mas os serviços ficam
em nível de país subdesenvolvido”, critica a tributarista Ives Gandra.
O
técnico em eletroeletrônica Gabriel Texeira, funcionário da fábrica de pães,
reclama do pouco que o estado devolve em troca do que recolhe. Na casa dele,
nós calculamos quanto ele e sua mulher Carla pagam de contribuições e impostos
diretos, como imposto de renda, IPVA, INSS. Deu R$ 873 por mês.
“Ainda
tem os impostos que são incluídos no alimento, no transporte, nos veículos. A
carga tributária é altíssima. Esse é o maior problema. Não é só o salário. Em
tudo que a gente consome tem imposto”, diz Gabriel.
O peso
dos impostos indiretos pagos por Gabriel e sua família pode ser estimado com
base nas tabelas do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário. O exame
dos gastos mensais - prestação de carro, escola, alimentos, luz, água, telefone
e outros - mostra que os impostos indiretos ficam em torno de R$ 1.590. A renda
bruta mensal é boa, R$ 5.969, mas, somando os impostos diretos com os
indiretos, cerca de R$ 2.463 vão para os cofres do governo.
Apesar
disso, Gabriel e Carla têm de pagar escola particular para os filhos e plano de
saúde para a família para terem ensino e atendimento médico eficientes.
“O
maior problema é o retorno desses impostos que a gente não tem. Se tivesse um
serviço público de qualidade, valeria a pena pagar este e até mais impostos,
mas desde que tivesse um retorno satisfatório pela parte do poder público”,
acrescenta Gabriel.
“Era
de se esperar que um país que arrecada muito também investisse muito.
Infelizmente, o Brasil quebra essa regra. Temos uma carga tributária alta, das
maiores do mundo, e estamos na lanterna do mundo em termos de investimento
público. A proporção do nosso orçamento que destinamos para obras, seja de
portos, estradas, seja de escolas ou hospitais, é muito baixa”, reforça o
economista José Roberto Affonso.
Além
do peso dos impostos, é preciso levar em conta também a burocracia para pagar
os impostos. A legislação é complicada. Só um exemplo: o pão francês, por fazer
parte da cesta básica, é isento de PIS, Confins e ICMS. Mas se ele levar um
pouco de gergelim por cima, deixa de ser francês e os impostos voltam. A
isenção é estadual. Esse pãozinho francês, quando é vendido no Nordeste, tem 7%
de ICMS. Nos outros estados, 12%. É um custo que vai parar no preço do
pãozinho.
A
fábrica de pães recolhe 11 impostos e contribuições diferentes e tem de
preencher pelo menos 18 formulários. Cada obrigação é regida por disposições
que mudam a toda hora.
“Você
tem cerca de 3.500 normas, mais ou menos, normas governamentais. E para você
absorver tudo isso, controlar tudo isso, demanda muito tempo, demanda muito
valor”, conta Daniel Nascimento, diretor financeiro da fábrica.
Um
tributarista diz que a constituição de 1988 transferiu receitas da União aos
estados e municípios. Para recuperar o que perdeu e fazer frente a garantias
sociais, como aposentadoria rural e seguro desemprego, o governo federal elevou
alíquotas e criou novas contribuições. A carga aumentou e a legislação ficou
ainda mais emaranhada.
“Desde
1988, desde a nova constituição é que os impostos, especialmente os impostos
estaduais, ICMS, vêm sendo degradados ano após ano, mês após mês. Eu costumo
dizer que a cada edição do Diário Oficial, o sistema tributário piora”, conclui
Clóvis Panzarini, ex-secretário da Fazenda de São Paulo.
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