sábado, 9 de março de 2013

"Prosperidade, filha da democracia". Por Sandro Vaia

A prosperidade, a equidade e as sociedades mais justas, são filhas da democracia e não do autoritarismo


Quem conhece os mistérios da alma humana? Quem é capaz de dizer por qual razão os entes políticos tratam as pessoas comuns como um bando de rematados idiotas?

A foto de Hugo Chávez todo coradinho ao lado de suas duas filhas lendo uma edição do Granma, obviamente plantada aí por um photoshop , nao difere em nada da foto do ditador Artur da Costa e Silva , de perfil, ao lado de sua mulher Yolanda, vendendo saúde depois de um derrame, ou da foto de Tancredo Neves como um ectoplasma , cercado por sua equipe médica alguns dias antes de morrer.

Querem nos fazer crer que os políticos são imortais? Uma hora ou outra eles acabam morrendo, como todo mundo, e quem tentou nos enganar sai de fininho como se nunca tivesse estado aí.

Pois aí está. Apesar de a multidisciplinar doutora Dilma ter-nos garantido, do alto de seus conhecimentos médicos, no dia 23 de fevereiro que “o quadro do presidente Chavez não é preocupante”, ele morreu porque imortal não era.

Não é decente nem digno festejar , como alguns fizeram nas redes sociais, a morte de um ser humano, por mais pecados políticos que se possam atribuir a ele. Também não é digno mentir às pessoas tentando esconder-lhes a verdade.

Não chega a ser indigno, mas é apenas patético,senão cômico, tentar atribuir o nascimento, a evolução e o desfecho da doença a fantasmagóricas intervenções externas de supostos inimigos, como se o vírus do câncer fosse uma arma química que um agente secreto pudesse carregar na mochila.

Chavez morreu, novas eleições serão realizadas na Venezuela dentro de 30 dias, e apesar de todas as incertezas o vice-presidente de um voto só, Nicolás Maduro, que conta com o apoio dos militares, deverá vencer sem muitos problemas.

Chavez estava no início de seu quarto mandato consecutivo e sua morte reavivou velhas discussões sem fim sobre se a Venezuela era uma democracia ou não e sobre se ele fez bem ao seu povo ou não.

Caudilhos são caudilhos exatamente porque são amados por seu povo, e são amados porque são carismáticos e distribuem benesses.

A democracia, nesses casos, principalmente na América Latina, passa a ser um enfeite de prateleira, e o desrespeito às formalidades democráticas se justifica, segundo seus defensores, por eventuais “avanços sociais” que venham a ser conseguidos.

O raciocínio “ad absurdum” que passa a vigorar é este: quer dizer que não dá para conseguir “avanços sociais” sem sacrificar a democracia? Estão aí as prósperas democracias do Ocidente para mostrar que essa é uma falácia.

A prosperidade, a equidade e as sociedades mais justas, são filhas da democracia e não do autoritarismo

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