sábado, 30 de junho de 2012

Amar a humanindade é fácil, difícil é amar o seu vizinho




A alma hooligan e o crepúsculo do macho


Os hooligans são uma resposta fácil, barata, ingênua e bruta dirigida à esfinge que pergunta ao homem o que ele é.


POR MÁRIO CORSO*

A questão da violência ligada ao futebol é complexa e multifacetada, mas talvez possa ser entendida a partir dos deslocamentos da identidade masculina no século 20


Existe uma personagem oculta na Eurocopa 2012: a polícia. De uns anos para cá, ela tanto se sofisticou em prevenir os conflitos entre torcedores fanáticos que eles estão minimizados. Não foram os hooligans que perderam a força, é a repressão que os mantêm na linha. Quase todos os países europeus têm problemas com eles, mas foram trocando experiências e criando políticas coercitivas até que se chegou a um equilíbrio de controle.

O Estado os combate, mas nunca entendeu seus motivos. Creio que tampouco a intelectualidade europeia se debruçou o suficiente sobre eles para saber qual é a bússola que usam (se é que a tem), as razões da sua fúria besta, seu amor desmesurado por uma bandeira clubística e, ocasionalmente, por sua seleção. Afinal, quem são esses brigões da pequena causa? O que querem esses rebeldes de uma causa tão rebaixada? Por que jovens trabalhadores europeus, vários com empregos razoáveis, remuneração idem, preenchem sua vida com futebol, brigas e álcool? Por que essa violência gratuita e sem sentido os cativa?

A questão é complexa, multifacetada, mas creio que uma das chaves para entendê-los passa por pensar nos deslocamentos da identidade masculina do século 20. E, é claro, simetricamente, no novo papel da mulher. O mundo industrial já fez do trabalhador peça de uma engrenagem que o transcende. Há uma alienação básica, mas ao menos ele era homem, entre outras coisas, porque ia para rua trabalhar, cabia-lhe trazer o pão para casa. Ser homem estava ligado a esse lugar social e familiar, a mulher estava em casa nos seus afazeres domésticos e subordinada ao marido. Socialmente o homem tinha o papel principal, mesmo que algum indivíduo fosse sem valor, ele seguia superior à metade da humanidade. Por sorte, isso mudou drasticamente: a mulher conquistou um lugar no espaço público, saiu da tutela do homem e hoje ganha para seu sustento. Dentro do casamento, outrora berço da tirania masculina, ocorreu o mesmo, não existe mais a assimetria onde a mulher era submissa, não autorizada a pensar e ter opiniões. Enfim, o trabalho já não ajuda a definir o que é ser homem. Ganhar dinheiro tampouco, mandar na mulher também não, o que é ser homem então?

O século 20 foi, infelizmente, pródigo em guerras. As guerras convocam o homem para um dos arquétipos da condição masculina, o guerreiro. A I e a II Guerra, depois a Guerra Fria e as lutas anti-coloniais, apesar do cataclismo humano, forneciam um lenitivo para a identidade masculina. O varão seguia nesse ponto útil, indispensável, um peça valiosa da engrenagem bélica. A economia e os valores da modernidade esvaziavam a representação da figura clássica masculina, como provedor e mestre, mas a guerra lhe contrabalançava o prestígio como soldado. O que fazer agora que a Europa se pacificou?

Observamos no século passado o declínio de todas as formas de filiação, daquilo que nos faz pertencer a um grupo. Todas tornaram-se mais frágeis, elas já não amarram uma identificação como antes. Ser inglês, francês ou alemão numa Europa que usa a mesma moeda e tem fronteiras abertas já não define claramente alguém. A cultura de massas avançou sobre as culturas locais e tradicionais, dando vida a novas personagens de identificação para sonhar, a globalização da cultura dilui fronteiras, vários povos cultivam os mesmos heróis e vilões. Os ofícios tampouco lembram as antigas guildas e corporações, com seus códigos e costumes, além disso os homens trocam de profissão, e mesmo as diferenças entre os ofícios não são claras. O que vale é ter dinheiro e não como se o obtém. Poucas profissões ainda devolvem uma imagem que sirva como âncora identificatória.

Da parte das religiões o quadro não é diferente, o mundo desencantou, e o papel das crenças ficou secundário, pouco definidor, apenas funciona para os poucos que se tornam radicais em tentar fazer valer o mundo antigo da religiosidade perdida. Ser católico, anglicano, ou protestante tanto faz, talvez o judaísmo e o islamismo ainda costurem um sentido peculiar, que não se confunda com o establishment convencional. Os grandes partidos políticos também são uma sombra do que foram, especialmente no sentido de uma escolha política definir uma identidade que dê sentido a uma vida. Não existem mais brigas por causas, talvez a ecologia seja a exceção, mas essa é, ou deveria ser, de todos. Enfim, vivemos a falência das formas tradicionais de identificação, das ideologias e das filiações, portanto cada vez é mais difícil saber quem se é e a que grupo pertencemos.

O homem de hoje segue trabalhando, com mais exigências de desempenho, e sem as regalias antigas, ainda que ilusórias, de seu gênero. Vê a mulher seguir seus passos e muitas vezes o ultrapassar; não sabe como ser amado e admirado por elas, antes bastava ser homem, hoje ele não sabe o que elas querem. O homem está solto, avulso no plano das ideias. Sem nada em volta que lhe devolva uma imagem do que ele é como cidadão e tampouco uma consistência viril, outrora refúgio das certezas. Resta-lhe o futebol, a paixão por um time, a violência da rua, essa inequivocamente, um lugar de machos. O hooligan é o homem que não conta com uma guerra, então a inventa; não tem mais uma nação, uma causa, porém achou um clube para incondicionalmente e irracionalmente amar. O totem clubístico vem no lugar do pai decaído, da nação diluída, o time é a única tribo que consegue amar. O time não lhe pede nada e lhe diz atrás de que cores ele poderá vibrar para se sentir parte de algo.

Outro fato intrigante dessa questão é que os valores do individualismo cruzaram o século em alta e a tendência é seguir nessa direção, por que então um comportamento de massa, onde o indivíduo se funde no anonimato, consegue adeptos tão entusiastas? Talvez o hooligan seja também uma denúncia de mal-estar na individualidade, um protesto em ato. Ali alguém deixa de ser ele mesmo para pertencer a uma multidão, imerge no mar do não ser, aceita a vontade coletiva, quer estar num rebanho que economiza a reflexão.

O comportamento hooligan é a subversão das demandas por ser em nome próprio, de carregar o peso de ser original e ímpar, é a vontade de ser massa e descansar a cabeça das exigências abstratas, intangíveis, que são colocadas ao homem de hoje. Os hooligans são uma resposta fácil, barata, ingênua e bruta dirigida à esfinge que pergunta ao homem o que ele é. Ao invés de olhar para frente, ele olha para trás, junta os farrapos dos uniformes dos avós e faz uma bandeira anacrônica e sem sentido, que já não honra ninguém, uma caricatura de soldado num simulacro de guerra. Só extrai sentido social nessa cruzada patética contra a polícia e contra outros, tão perdidos como ele. Bebe a última gota de uma imagem masculina que já não se sustenta. É a imagem do ocaso do macho tradicional.

*Psicanalista, membro da Associação Psicanalítica de Porto Alegre, autor de Psicanálise na Terra do Nunca: Ensaios sobre a Fantasia”, entre outros

O desafio do vazio


Esse é o século de incredulidade diante da desintegração da política, da economia desgovernada, numa velocidade alucinante. Estamos globalizados e fragmentados, à procura de um norte inexistente. É no meio dessa falta de rumos que as depressões crescem. Aliás, o deprimido é um guardião de seu próprio cemitério, “guarda aí sua ilusão perdida”, escreveu Pontalis.

Por ABRÃO SLAVUTZKY*

O século 21 pode ser definido como o século do vazio. Há um sentimento de vazio expresso nas perdas, nas angústias, no desamparo. Cada um busca preencher esse vazio como pode: uns criam, já outros correm atrás das drogas, dos alimentos e dos objetos que nunca satisfazem seus desejos. Encher seu vazio é uma obsessão nos dias de hoje. Sempre algo faz falta, como dizia uma amiga que perdera sua irmã, e por anos a fio repetia: “Que falta ela me faz”. A falta é o vazio, e sempre falta algo, pois somos incompletos e frágeis. Ora, se sempre foi assim, por que então o século 21 seria o século do vazio?

Os tempos são de desconstrução das verdades totalizantes. O século passado viu o fim da religião como todo-poderosa, bem como os sonhos de profundas transformações sociais, gerando uma nova sociedade. Há ainda um processo de luto pela perda das ilusões de um homem novo. A humanidade parece abatida diante de seus fracassos. Talvez haja descrença na realidade desse mundo que mudou de rosto. Há um desconcerto dos pensadores diante de um futuro em constante mutação. Daí o aumento do vazio, como se fosse tudo um pouco estranho. Há grandes transformações e conquistas na genética, na biotecnologia e nanotecnologia. São constantes as inovações nas ciências e nas técnicas de toda ordem. E, diante de tudo, boa parte da população se mantém desconcertada e meio anestesiada.

Esse é o século de incredulidade diante da desintegração da política, da economia desgovernada, numa velocidade alucinante. Estamos globalizados e fragmentados, à procura de um norte inexistente. É no meio dessa falta de rumos que as depressões crescem. Aliás, o deprimido é um guardião de seu próprio cemitério, “guarda aí sua ilusão perdida”, escreveu Pontalis. Tempos de ilusões perdidas, de perda de rumo diante da falta de caminhos para uns e de caminhos desconhecidos para outros. Nessa situação, é indispensável a poesia que propõe: criar é não se adaptar à vida como ela é. Importante é gerar uma rebelião que desafie o destino. É desse entusiasmo criativo que devemos nos alimentar para enfrentar o tédio.

Entretanto, impressionam os caminhos destrutivos, que vêm assolando mais os jovens. Estes sentem a dificuldade de encontrar espaços num mundo cada vez mais competitivo. A juventude vive a angustiante luta de inserção na economia. Muitos terminam dispondo só de seu corpo e de sua força física. Mesmo assim, há os que encontram seus rumos, ao se sentirem amparados em suas famílias. Indispensáveis também são os professores de raro talento, os humoristas que aliviam, e a arte. Essencial é a arte das parcerias, a contrapartida da exaltação do egoísmo. Logo, busquem-se caminhos para se reconciliar com a fragilidade da condição humana. Viver não só atrás dos objetos e das certezas, mas aprender a poesia das incertezas. Perceber, por exemplo, o entusiasmo com que a natureza se renova. E, assim, sonhar com novas forças para enfrentar o desafio do vazio.

*PSICANALISTA

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Enriquecer é glorioso (David Coimbra)


Depois que Mao morreu, no fim dos anos 70, seu sucessor, Deng Xiaoping, pronunciou uma frase que mudaria o mundo:

“Enriquecer é glorioso”.

Essa sentença foi mais do que a liberação dos chineses para o capitalismo. Trata-se de um conceito comportamental. Uma filosofia. Uma ideia próxima da lógica calvinista, que prega que o rico é rico porque merece, porque recebeu as bênçãos do Senhor devido à sua bondade. No caso chinês, o Senhor é substituído pelo Estado, e o melhor: um Estado comunista.

Se enriquecer é glorioso, não existe culpa no enriquecimento. Exatamente o contrário do que se pensa aqui, do lado de baixo do Equador. Para a América católica em peso, enriquecer é quase vergonhoso. Em vez do princípio calvinista, exalta-se a advertência de Jesus de que “é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus”.

O rico, para a América católica, é sempre suspeito de algum ilícito. Porque a civilização de origem ideológica judaico-cristã, ao contrário da chinesa, ceva-se na culpa. O que leva ao Reino dos Céus é o jejum, o sacrifício e a dor, nunca a alegria e a fortuna. O homem sofre agora para obter a recompensa mais tarde, no Além.

Assim, as soluções da América católica para atenuar o padecimento deste mundo em geral são de subtração, não de soma. Os culpados pela vida precária dos que não têm, obviamente, são os que têm. Lugo caiu, no Paraguai, porque queria tirar dos brasiguaios o que eles têm. Lugo identificou nos brasiguaios as razões dos males dos paraguaios. Estive no Paraguai, em algumas coberturas jornalísticas. Conheci alguns desses brasiguaios. São pessoas que foram para o Paraguai há décadas, que lá tiveram filhos, que lá moram, trabalham e consomem. Não são estrangeiros usurpadores.

Não sei se a derrubada de Lugo será boa ou ruim para o Paraguai, não tenho certeza de ter sido legítima, mas sei que sua verdadeira causa, o assaque aos brasiguaios, vem precisamente desse conceito latino-americano de que existe culpa na fortuna. Onde está o Mal? Está nos grandes, nos poderosos, nos ricos. A solução, portanto, está em tirar deles. Você não cria riqueza, você divide a riqueza.

Para o governante da América católica, o que há é o que existe. Está posto. Pronto. É impossível fazer algo maior a partir do que já foi realizado. A riqueza das nações não pode ser aumentada. Muito menos a dos indivíduos. Afinal, tornar as pessoas ricas seria uma demasia. Seria suspeito, e jamais, jamais!, glorioso.

A nova política - Lula representa o que há de mais imoral na vida pública brasileira

Rodrigo Constantino, O GLOBO

Eu queria escrever sobre Rousseau. Nesta quinta completam-se três séculos de seu nascimento. Atacaria o coletivismo do filósofo, que jurava falar em nome da “vontade geral”, na prática, a tirania de poucos. Condenaria ainda o seu romantismo ingênuo, com a visão idílica do “bom selvagem”, que transforma em vítima a escória da humanidade.

Mas os acontecimentos da política nacional atropelaram minha intenção. As novas peripécias de Lula, melhor dizendo. Aquela foto do ex-presidente sorrindo enquanto aperta a mão de Paulo Maluf é tão sintomática que não pode passar em branco. Rousseau pode esperar. 

Ao contrário de alguns, eu não padeço de romantismo. Política é a “arte do possível”. Concessões serão inevitáveis. Quem almeja pureza moral deve se ater ao campo das idéias. Meter as mãos no jogo sujo da política e sair totalmente limpo é utopia.

Concordo com tudo isso. Mas não posso conceber que exista somente esta forma de se fazer política! Se é ingenuidade cobrar pureza dos políticos, também é abjeto pensar que todos estarão sempre dispostos a tudo pelo poder. É fundamental separar o joio do trigo. Não podemos aceitar bovinamente que tudo isso é parte inevitável da política, e ponto final.

O melhor argumento de defesa dos petistas é que seu partido é “apenas” tão ruim quanto os outros. Mesmo se isso fosse verdade, seria patético para quem já tentou monopolizar a bandeira da ética no passado. Mas é mentira: o PT é pior!

Nunca antes na história deste país vimos um partido com tanta sede pelo poder, disposto aos mais nefastos meios para tanto. Aloprados, “mensalão”, dinheiro na cueca, amizade com os piores ditadores, isso é o PT. Quem acompanhou sua trajetória não pode ficar surpreso com a aliança entre Lula e Maluf. Este já tinha até apoiado Marta Suplicy em 2008. 

O único “princípio” de Lula é o vale-tudo pelo poder. Todos os seus velhos desafetos da política, antes atacados com virulência, tornaram-se aliados. Jader Barbalho teve direito até a um beija-mão, uma “aula” de política, segundo o próprio Lula. Sarney, o eterno, virou um dos mais fiéis aliados. Collor foi outro que mereceu a aproximação de Lula.

Podemos não esperar a moralidade plena na política. Mas Lula vai muito além: ele representa o que há de mais imoral na vida pública brasileira. Para conseguir mais um minuto de TV na campanha pela prefeitura paulista, sua obsessão do momento, Lula seria capaz até de beijar Carlinhos Cachoeira. Ou alguém duvida disso?

Quando se trata de Lula, não há limites morais, não há um freio que diz “basta”. Fosse ele somente mais um político na cena nacional, isso mereceria uma atenção menor. O problema é que Lula não é apenas mais um, e sim o ex-presidente da República, com grande popularidade. Sua conduta deplorável tem efeitos secundários em toda a política. O fato de ele ter sido reeleito mesmo com o “mensalão” representou um duro golpe nas frágeis instituições republicanas. Foi aberta a caixa de Pandora.

Uma das conseqüências disso é o desprezo cada vez maior pela política das pessoas decentes. O círculo vicioso vai tomando proporções assustadoras, e boa parte da população já aceita de forma negligente que as coisas são assim mesmo. Só que, como alertava Platão, a punição que os bons sofrem, quando se recusam a agir, é viver sob o governo dos maus.

Longe de mim responsabilizar um único indivíduo por toda a podridão em nossa política. O modelo é ruim, as instituições são capengas, a mentalidade predominante é autoritária e antiliberal, dezenas de partidos não passam de legendas de aluguel, e a enorme concentração de poder e recursos no governo federal cria incentivos para esta pouca vergonha.

Mas é inegável que a postura de Lula serve para piorar o que já era ruim, para jogar mais lenha na fogueira da imoralidade de nossa política. Para agravar o quadro, temos uma oposição medíocre, acovardada, sem um programa alternativo de governo.

Luiz Felipe D’Ávila, em “Os Virtuosos”, mostra como o nascimento de nossa República dependeu de estadistas, indivíduos que entraram na vida pública “por uma questão de princípio, por um senso de missão e por um sentimento de dever”. Será que ainda somos capazes de produzir estadistas como Prudente de Moraes? Ou estaria nossa política condenada a abrigar tipos como Lula e Maluf, este procurado pela Interpol?

Volto a Rousseau para fechar. Ele dizia amar a Humanidade, esta linda abstração, mas abandonou todos os cinco filhos no orfanato. Voltaire o considerava um “poço de vileza”. O que ele diria sobre Lula?

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Saúde Pública

Penso que o Estado deveria ter poucas funções e uma delas é a saúde, mas a reflexão é maravilhosa!


terça-feira, 26 de junho de 2012

A ciência triste


Essa gente acha que o mundo inteiro pode ser a Dinamarca e seus mil habitantes. Eu concordo mais com os setores que buscam soluções tecnológicas e de mercado para enfrentar esta contradição entre demanda humana infinita e recursos naturais finitos.

Luiz Felipe Pondé, Folha de SP

Proponho que a próxima conferência para economia sustentável seja em alguma reserva dos povos da floresta. Deixem que eles organizem o evento e paguem por ele, já que são sacerdotes da sustentabilidade.

Todos os chefes de Estado dormindo em tendas, comendo comida da floresta, logo, muito mais sagrada e saudável. Além do fato que esses povos são imaculados e não desejam em hipótese alguma ganhar dinheiro com sua condição de "vítima social", por isso podemos confiar neles mais do que na Hillary Clinton.

Os que mais atrapalham são os gurus da ecologia profunda ou contracultura verde. Gente que afirma que o que precisamos é de uma "inovação social e psicológica" e não apenas de uma economia que assimile o fato de que os recursos naturais são limitados e que as demandas humanas de bem-estar e conforto são infinitas.

Não levar essa contradição estrutural a sério cria a insustentabilidade a médio e longo prazo.

Essa gente acha que o mundo inteiro pode ser a Dinamarca e seus mil habitantes. Eu concordo mais com os setores que buscam soluções tecnológicas e de mercado para enfrentar esta contradição entre demanda humana infinita e recursos naturais finitos.

Claro que isso implica educação e um trabalho gigantesco, mas nada disso virá de mudarmos nosso estilo de vida para o paradigma dos povos da floresta que viviam até ontem no neolítico. Ou reprimir o consumo via um estilo misto de "gestão" entre Stálin e hippies velhos.

Gente assim, os defensores de "inovações sociais", crê em "soluções" como as elencadas no relatório da UNEP 2011 da ONU "Visions for Change - Recommandations for Effective Policies on Sustainable Lifestyles".

Soluções no mínimo complicadas se pensarmos em sociedades complexas como as nossas com populações crescentes. Imagine nós vivermos num mundo em que cultivássemos nossa horta e criássemos nossas cabeças de gado (comer carne já é uma concessão ao "pecado da carne dos carnívoros", gente que deve desaparecer ao longo do tempo)... Se você quiser uma geladeira ou um iPad, faça em casa...

É fácil pensar na Noruega assim (estou exagerando...), mas e a Somália? Claro, estes já vivem no neolítico mesmo...

Outra marca da ecologia profunda que atrapalha a discussão séria sobre a contradição de nossa condição insustentável é a mistura entre sustentabilidade e demanda por erradicação da pobreza e justiça social (seja lá o que isso queira dizer...) como parte de uma economia sustentável.

O problema é que a ideia da erradicação da pobreza é em si insustentável, se pensarmos para além do horizonte intelectual "teenager". Isso pode ser triste, mas é por isso que a economia é conhecida por ser uma ciência triste ("dismal science", como dizia o historiador britânico do século 19 Thomas Carlyle).

Vejamos. Para erradicar a pobreza numa população crescente e ansiosa por uma vida confortável deve-se produzir riqueza contínua. Para isso, deve-se explorar recursos continuamente (o que é chamado de economia não sustentável) e aumentar o consumo, porque se as pessoas param de comprar o dinheiro para de circular.

Mas os gurus da economia "teenager" falam de diminuir o consumo como quem fala "as pessoas deveriam ser mais generosas", quando eles mesmos estão prontos a brigar com os irmãos por um apê minúsculo na Praia Grande.

A única solução para esses gurus (mas eles não confessam porque ficariam mal na fita) seria um regime totalitário global, o que chamo de fascismo verde, criar economias planejadas à la Lênin. O óbvio é que isso geraria pobreza em larga escala, como gerou antes.

Outra solução é erradicar o crescimento populacional matando 2/3 da população ou proibir a reprodução por alguns séculos. Ou matar idosos. Puro horror, não?

Enfim, problemas reais existem, mas as soluções não existem à mão de uma "cúpula dos povos".

Por isso, a angústia ambiental resvala na espiritualidade verde, sempre infantil e autoritária, que acha que comendo comida orgânica os seres humanos deixarão de ser o que são: seres que buscam diminuir a dor e otimizar o bem-estar a qualquer custo.

domingo, 24 de junho de 2012

O PIB de 2012 e a piada de Mantega

Por Maílson da Nóbrega

O ministro da Fazenda se aborreceu com a estimativa dos economistas do Credit Suisse para o crescimento do PIB em 2012: 1,5%. Instado por jornalistas, o ministro reagiu com descortesia. “É uma piada. Vai ser muito mais”. Mantega começou o ano estimando crescimento de 4,5%. Depois falou em 4%. Agora diz que será maior do que o de 2011, isto é, os raquíticos 2,7%.

A descortesia do ministro é reflexo da cultura stalinista de segmentos do PT. Stalin não admitia ser contrariado. Em vez de argumentos, desmoralizava quem o contestasse (não raramente o infeliz sumia, literalmente). Stalinismo é, pois, desqualificar o interlocutor, em lugar de contrapor argumentos contrários.

Mantega poderia ter dito que discordava da projeção do Credit Suisse. Algo assim: “O Credit Suisse tem o direito de fazer exercícios econômicos, mas o governo discorda de sua projeção de crescimento do PIB para 2012. Nossos cálculos apontam um desempenho melhor do que 1,5%”.
Acontece que a projeção do Credit Suisse pode se confirmar. Nós da Tendências Consultoria estimamos 1,9% para este ano. As projeções têm sido revistas por muitos, continuadamente. Os mais otimistas falam em 2,5%, mas a maioria projeta um número em torno de 2%.
A economia tem perdido dinamismo. O potencial de crescimento está diminuindo. Dificilmente será possível crescer mais do que 4% em futuro próximo. É a consequência dos anos sem reforma , neste ano, dos efeitos da crise mundial. A produtividade, chave para o crescimento, vem caindo.
Suponha que o resultado final do PIB ser aproxime da previsão do Credit Suisse. Quem seria uma piada?

Arcaicas, ideias de Safatle deveriam estar em um museu

(..) quantas vezes uma ideia precisa fracassar para poder se realizar? Não é fácil ler a pergunta e imaginar os 100 milhões de seres humanos (estimativa conservadora) que o comunismo destruiu nas suas "experiências" de criação do "homem novo".
João Pereira Coutinho, Folha de SP

Vladimir Safatle deveria estar num museu. Digo isso com todo o respeito.

Lendo "A Esquerda que Não Teme Dizer Seu Nome", lembrei de imediato a peça "O Percevejo", de Maiakóvski, história de um antigo bolchevique, Prissípkin, que, depois de um acidente, acorda para o mundo futuro vindo diretamente de um passado irreconhecível.

Safatle é uma espécie de Prissípkin intelectual: o século 20 pode ter sido o grande cemitério de cada uma das suas ideias coletivistas. Mas Safatle, como o anti-herói de Maiakóvski, esteve mergulhado numa tina de água gelada em hibernação ideológica. Não viu nada, não aprendeu nada. E não esqueceu nada.

Ser de esquerda é, para Safatle, estar com aqueles que mais sofrem. É o primeiro clichê. Mas depois vêm outros: a defesa radical do igualitarismo é um valor inegociável para os camaradas.

Infelizmente, ele não explica em que consiste esse igualitarismo, para além das piedades habituais sobre a importância de redistribuir riqueza. Nenhuma palavra sobre a necessidade de a criar.

Criar? Para Safatle, o mundo divide-se em ricos e pobres; os ricos roubam os pobres; a função do Estado é roubar os ricos. "The end".

Igualitarismo é parte da história. Mas a esquerda que não teme dizer seu nome também é, para Vladimir Safatle, "indiferente às diferenças". Não sei se isso significa que o autor, com apreciável coragem intelectual, se opõe às cotas raciais instituídas por universidades brasileiras.

Sei apenas que, para Safatle, cultivar as diferenças (e, por arrastamento, demonizar o outro) é vício judaico-cristão, praticado pela Europa branca e xenófoba.

Curiosamente, não passa pela cabeça do filósofo que esse "culto da diferença" é também prerrogativa de comunidades imigrantes, leia-se "muçulmanas", que habitam a Europa, mas repudiam os seus valores multiculturais e resistem a integrar-se.

SOBERANIA POPULAR

De resto, as melhores páginas deste curto ensaio estão na apaixonada defesa do conceito arcaico de "soberania popular".

Na minha inocência, eu julgava que esta herança rousseauniana, uma metáfora para a total rendição do indivíduo aos ditames da comunidade, tinha ficado enterrada com as "democracias populares" do século 20.

Ilusão minha: as utopias revolucionárias da última centúria foram apenas uma ideia que não deu certo, diz Vladimir Safatle.

E acrescenta: "quantas vezes uma ideia precisa fracassar para poder se realizar?".

Não é fácil ler a pergunta e imaginar os 100 milhões de seres humanos (estimativa conservadora) que o comunismo destruiu nas suas "experiências" de criação do "homem novo".

E volto a Maiakósvki, porque são dele as palavras que abrem o livro de Safatle: "Melhor morrer de vodca que de tédio". Admito que sim.

Mas alguém deveria informar Safatle de que não foi a vodca (nem o tédio) que matou o seu herói. Ironicamente, foi o clima de repressão e intolerância do regime soviético que o conduziu à aniquilação pessoal.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

O fim de uma era (David Coimbra)


Mas Maluf continua sendo tudo o que foi. E está junto com Lula e o PT, junto com o operário-presidente e o partido que cresceu com a aura de pureza. Claro, o PT foi mudando de lá para cá. Vimos, inclusive, Lula comovido ao pé da cama de Sarney. Mas agora é diferente. Agora o ciclo se encerrou.

Lembro do Brizola, em um dos primeiros debates eleitorais de 1989, altercando com Maluf.

– Filhote da ditadura! – esbravejava. E, apontando para a plateia, que fazia claque para o adversário: – Malufistas! Engordaram com a ditadura! Malufistas!

Esse “malufistas”, bom esclarecer, era xingamento.

Apesar de tamanha veemência, na época os petistas criticavam Brizola porque ele “fazia aliança com qualquer um” a fim de alçar-se ao poder. De fato, em 1986 Brizola levou seu partido a uma união eleitoral com Nelson Marchezan, que havia sido o principal líder político do general-presidente João Figueiredo. Depois, para construir os Cieps no Rio, Brizola postou-se ao lado do então presidente Collor, que começava a cair em desgraça, como caiu.

Os petistas não o perdoaram. Diziam que suas práticas eram antigas, populistas, demagogas. Na verdade, para os petistas, todos os outros partidos e candidatos de 89, se não eram sucedâneos da ditadura, estavam carcomidos por velhos defeitos: Ulysses era conservador, Covas não passava de um reformador, Roberto Freire, imagine, militava no ultrapassado Partido Comunista. Já, do PT, emanava pureza. Podia não ter projeto para o país, podia ser sectário, podia ser até antidemocrático, mas era puro.

Corta.

Agora, passados 23 anos, Lula e Maluf se abraçam e se aliam, sorridentes. Trata-se de um momento histórico. É como se o círculo político brasileiro, aberto em 1989, se fechasse. Como se as pontas se unissem. É o encerramento de uma era.

É preciso compreender o que simboliza essa união. Não estamos testemunhando uma aliança de conveniência convencional. Não. Já naquela época, Maluf significava tudo de que o Brasil queria se livrar no novo tempo. Maluf era o arenista típico, o representante civil do regime militar. Maluf era uma espécie de novo Adhemar de Barros, que se orgulhava de “roubar, mas fazer”. Maluf era o oligarca paulista genuíno, o subproduto da política de “deixar crescer o bolo para depois repartir”. Maluf era, enfim, o “filhote da ditadura”, como bem acusava Brizola.

As pessoas se esqueceram um pouco de tudo isso. Restou, sobre Maluf, “apenas” as acusações de corrupção que o tornaram, inclusive, um homem procurado pela Interpol. Mas Maluf continua sendo tudo o que foi. E está junto com Lula e o PT, junto com o operário-presidente e o partido que cresceu com a aura de pureza. Claro, o PT foi mudando de lá para cá. Vimos, inclusive, Lula comovido ao pé da cama de Sarney. Mas agora é diferente. Agora o ciclo se encerrou.

Esse casamento diz muito a todos nós. Diz que as coisas são assim mesmo. Que, não adianta o que se faça, nada vai mudar. Diz que temos de nos conformar. Que, mesmo que alguém seja bem-intencionado, terá de ceder, se quiser vencer. Esse casamento, mais do que dizer, grita que Maluf venceu. E que Adhemar estava certo: o melhor que podemos esperar é que roubem, mas pelo menos façam.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Alarmismo Sustentável

O homem sempre transformou a natureza, e assim deve continuar fazendo. Produzir mais usando menos insumos é a marca registrada do capitalismo. É disso que o planeta precisa! 


Por Rodrigo Constantino

Os ambientalistas estão em polvorosa com o evento Rio+20, que consumiu milhões em gastos públicos e mobilizou inúmeras ONGs, além da grande imprensa. Seu tema ganhou a ordem do dia, e o foco de quase todos se voltou na direção dos mais alarmistas. O linguajar escatológico e as profecias apocalípticas viraram destaque no mundo todo. É o auge do ecoterrorismo.

O pânico vende bem. Oportunistas sempre souberam explorar a “pulsão de morte” presente em todos nós, segundo Freud. O livro sobre o Apocalipse na Bíblia sempre conquistou milhões de pessoas, todos aguardando ansiosamente pelo “juízo final”. Profetas sempre encontraram demanda para suas profecias catastróficas. Nostradamus fez sucesso em sua época e até hoje faz. Malthus virou praticamente guru de seita, com diversos seguidores prevendo a próxima desgraça iminente. O fim do mundo assusta, mas fascina.

Claro que o assunto ambientalismo não ficaria de fora disso. Ao contrário: ele é um prato cheio para tais oportunistas. Afinal, o clima é um fenômeno complexo, sob a influência de infinitas variáveis e, portanto, imprevisível em certo ponto. Além disso, os leigos são totalmente ignorantes sobre o seu funcionamento. Nada melhor para embalar com a roupagem científica as previsões sem base alguma. O alarmismo seduz.

Para adicionar insulto à injúria, os socialistas ficaram órfãos após a queda do Muro de Berlim e do império soviético, sem uma ideologia para atacar o capitalismo. Encontraram o refúgio perfeito no ecoterrorismo. Podem culpar o capitalismo por seu sucesso, por criar riqueza demais, colocando o planeta em risco. Alegam que o padrão de consumo dos americanos necessitaria de outros cinco planetas Terra. Muitos ambientalistas viraram “melancias”: verdes por fora, mas vermelhos por dentro.

A palavra do momento passou a ser sustentabilidade. Um termo lindo, sem dúvida, mas que teve seu sentido completamente obliterado pelos oportunistas, assim como vários outros, como liberdade, cidadania, progresso ou justiça. Ninguém pode ser contra um desenvolvimento sustentável. A questão é saber como obter esta meta. Os ambientalistas, tais como os esquerdistas em geral, simplesmente monopolizaram o fim nobre, evadindo-se do debate sobre o melhor meio para alcançá-lo.

A afirmação de que os recursos naturais são finitos e estão se esgotando, por exemplo, ignora os avanços tecnológicos que permitem o uso bem mais eficiente destes recursos. Edwin Drake fez a primeira perfuração bem sucedida na Pensilvânia em 1859, achando petróleo. Poucos anos depois, já existiam especialistas alertando que a capacidade do “ouro negro” estava chegando perto do fim. O Clube de Roma, o mesmo que hoje faz alertas catastróficos, previu na década de 1970 que havia poucos anos de sobrevida para os principais recursos naturais.

A sorte dos alarmistas é que as pessoas têm memória curta. Aprendemos com a história que poucos aprendem com a história. As revistas especializadas da década de 1970 estampavam nas capas alertas sobre o esfriamento global iminente. Uma nova era do gelo estaria logo ali na frente. Depois, o aquecimento global passou a ser o maior risco de todos, com direito a muita histeria e paranoia. Hoje já falam em “mudanças climáticas”, termo vago que serve em qualquer ocasião.

Mas voltando ao ponto crucial da sustentabilidade, faz-se necessário debater os mecanismos mais adequados para garantir o futuro do progresso. E estes mecanismos passam longe das propostas pregadas pelos ambientalistas típicos. Não é abraçando a pobreza que vamos preservar o planeta, que, aliás, está aí para nos servir, ao contrário do que pensam os mais radicais que transformaram a natureza em uma deusa e o ambientalismo em seita religiosa. Para estes, o homem é a praga que deve ser eliminada pelo bem da “mãe” natureza (se tivessem que enfrentar o “inferno verde” de verdade, chamariam de madrasta natureza).

Tampouco é incutindo pânico nas crianças e ensinando a fechar o chuveiro durante o banho que vamos atacar o problema. O uso de sacolas ecologicamente corretas e das bicicletas pode até causar a sensação de superioridade moral nos ecochatos, assim como os alimentos orgânicos, mas não vão resolver nada de concreto.

E como obter então a desejada sustentabilidade? Ora, com mais capitalismo! O direito de propriedade privada é o melhor mecanismo de incentivo ao uso racional dos recursos. Vide as empresas privadas investindo para preservar sua lucratividade e seus ativos no longo prazo, enquanto estatais acabam utilizadas para fins eleitoreiros de curto prazo. O avanço tecnológico, fruto do capitalismo, pode fazer milagres também. O carvão queimado na China é bem mais poluente que as fontes de energia de países mais ricos.

O homem sempre transformou a natureza, e assim deve continuar fazendo. Produzir mais usando menos insumos é a marca registrada do capitalismo. É disso que o planeta precisa! Os recursos são finitos desde sempre e, no entanto, hoje eles são suficientes para preservar a vida de 7 bilhões de seres humanos, enquanto na Idade Média este número não chegava a décima parte. O que mudou? O advento do capitalismo e seu choque de produtividade. Se dependesse dos malthusianos da época, literalmente bilhões de pessoas não existiriam hoje (talvez isso seja visto com bons olhos pelos misantropos que preferem as árvores aos homens).

A retórica ambientalista, repleta de alarmismo infundado, precisa ser rechaçada em prol do progresso e da vida de bilhões de pessoas. Isso não quer dizer que devemos simplesmente ignorar questões como poluição ou sustentabilidade, mas sim que o caminho para estes objetivos são muitas vezes contrários ao que pregam os “verdes”. O ambientalismo cada vez mais assume cores autoritárias, de planejamento central com excesso de poder concentrado no estado em nome do “bem geral”. É a nova cor do totalitarismo.

O capitalismo liberal é o grande vilão deste movimento. Se o ecoterrorismo vencer esta batalha de ideias – e esse tem sido o caso até agora –, então a verdadeira sustentabilidade estará em perigo. Infelizmente, profetas do apocalipse sempre conseguiram amplas plateias para suas previsões, por mais erradas que tenham se mostrado no passado. Se há uma coisa que é realmente sustentável, é o alarmismo dos oportunistas. Como é difícil combater esta praga usando somente a razão!

Lula e seu companheiro Maluf

Não serei repetitivo, as redes sociais já mandaram a mensagem. A imagem é autoexplicativa!


A velinha de 87 anos virou assassina e o ladrão a vítima. O bonde do foucault está pegando geral


Leia o artigo abaixo, caro leitor. É sobre o mantra desse pensamento esquerdista tolo que vivemos dias inglórios. Com a justificativa da falta de acesso a educação, de uma família organizada, de boas condições de vida estamos transformando vítimas em vilãs e vagabundos em coitadinhos.

O bonde do foucault está pegando geral
Imagina se o caso da senhora de 87 anos que matou o ladrão que invadiu sua casa (ele só fez isso porque é pobre, entendeu?), caísse na mão desta juíza. O que teríamos? Idosa na cadeia certamente!

Digo sempre por aqui. Pobreza não tira de ninguém o senso de justiça. Invadiu a casa porque quis e sabia muito bem o que estava fazendo. O que esperar de uma pessoa que tem sua casa invadida? Oferecer bolinho e cafezinho preto ao coitado que não teve oportunidade de trabalho?

Lamentável senhora Jocelaine Teixeira!

Matar não é um ato de heroísmo

Por Jocelaine Teixeira (Juiza de Direito)

As notícias de que uma idosa de 87 anos baleou e matou um ladrão despertaram aplausos. O indiciamento dela pela Polícia Civil gerou reclamações inflamadas contra os órgãos do Estado e tantas outras manifestações de prestígio à conduta da anciã.
Não pretendo avaliar juridicamente o caso. O que me instiga é o lado humano posto em debate. Imagino o quão mal a idosa sinta-se com o ocorrido e sou solidária a ela. Chocam-me, no entanto, as avaliações de que matar um ladrão é uma bravura. Intrigam-me também as motivações das inflamadas críticas à apuração dos fatos.
Isso porque, no Estado social de direito ou em qualquer comunidade humana, matar alguém pode ser uma atitude de desespero, mas não é um ato heroico, e deve ser apurado. Cabe, pois, ao Estado dispensar ao caso adequado tratamento jurídico, de modo fundamentado, como é próprio das conclusões do inquérito policial, da avaliação do promotor de Justiça e das decisões judiciais.
Retorno, no entanto, aos questionamentos pela visão humanística. A falta de segurança que nos aflige; contudo, o coletivo regozijo com a morte de um ladrão, como se assim estivéssemos reduzindo a violência, pavimentando um futuro melhor para as próximas gerações, ou fazendo uma limpeza dos maus para o triunfo dos bons, a exemplo do que fez Hitler, é tão mais grave e perigoso, é antidemocrático e descivilizado.
O ladrão era uma pessoa (sim, um ser humano) possivelmente privada de acesso à formação sociocultural e de amparo familiar, com vários registros policiais e usuário de crack. É um daqueles que nos faz fechar os vidros dos carros, de quem, todos, inclusive o Estado, se afastou. Digo isso, não por saber quem foi o morto, mas apenas com base na experiência da jurisdição criminal, porque esse é o perfil prevalente dos réus em ações penais e na população carcerária do Estado.

Seria, na minha avaliação, salutar, a partir do desventurado episódio, questionar-se sobre o valor da vida e sobre a importância do acesso à educação de razoável qualidade, à alimentação, a oportunidades de trabalho, à cultura, ao lazer, do desenvolvimento da criança e do adolescente em ambiente familiar permeado pelo afeto, e de o Estado ser capaz (financeiramente e no âmbito de sua gestão) de, em parceria com o setor privado, suprir essas demandas sociais. Ao contrário disso, sobressaltam-se as comemorações da morte de um pobre ladrão, como se matá-lo fosse uma vingança coletiva e quem materializou esse desejo tivesse cometido um ato de heroísmo.


segunda-feira, 18 de junho de 2012

Rio+20 = 0

Ninguém segura a patrulha da bondade e seu alegre circo do apocalipse. No picadeiro da salvação sempre cabe mais um (..) E aí está a patrulha da bondade em mais uma conferência planetária, reunindo os melhores especialistas internacionais em sustentabilidade e sexo dos anjos. Eles dirão que o mundo vai acabar e a culpa é sua. Mandarão você deixar seu carro na garagem e tomar banho rápido. 


Por Guilherme Fiuza

Às vésperas da conferência Rio-92, 20 anos atrás, o secretário-geral da Cúpula da Terra, Maurice Strong, afirmou: “Esta é a nossa última chance de salvar o planeta”. Agora, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, avisa que a Rio+20 é a “única oportunidade” de garantir um futuro sustentável. Do jeito como as coisas vão, a Rio+40 será a última oportunidade de salvar o mundo dos ecoburocratas, que estão cada vez mais contagiosos e letais.

Os negociadores dos mais de 130 países que estarão representados na conferência estão preocupados. Vários deles já disseram que a grande questão a decidir na Rio+20 é quem financiará o desenvolvimento sustentável, com quanto dinheiro. E que não há acordo à vista sobre isso. Talvez seja necessário responder a outra questão antes dessa: quem nos salvará dessas festas ecológicas milionárias que não decidem nada? Quem dará um basta nesses banquetes insustentáveis que discutem sustentabilidade?

Enquanto a feira de lugares-comuns e o show de autoajuda planetária evoluem na avenida, o mundo piora. A crise nascida na Europa veio mostrar que a farra estatal é boa, mas um dia a conta chega. Com a licença dos ecologistas: pode ser a última chance de descobrir que não é o Estado que sustenta a sociedade, mas o contrário. E que não existe Estado forte com sociedade fraca. Pois é nesse momento de alerta contra os governos perdulários que se monta o colossal almoço grátis da Rio+20. Um banquete para discutir o desperdício. Haja sustentabilidade.

Ninguém segura a patrulha da bondade e seu alegre circo do apocalipse. No picadeiro da salvação sempre cabe mais um. É aquela oportunidade valiosa para os ativistas de si mesmos descolaremmais um flash por um mundo melhor. O oportunismo é verde. Cientistas políticos gritam que o tempo está se esgotando, artistas buscam sofregamente algum bordão conceitual, mesmo que se atrapalhem um pouquinho – como na célebre frase de uma cantora de MPB em momento ético: “O problema do Brasil é a falta de impunidade”.

O que quer a faminta burocracia verde, com seus sábios fashion de bolinha vermelha na testa e seus relatórios sobre o fim do mundo? Quer a Bolsa Ecologia. Quer mais dinheiro do contribuinte para mais relatórios, mais comissões, mais mesadas para ONGs, mais conferências coloridas e animadas. Enquanto isso, a vida real vai muito bem, obrigado, para monstros como a usina hidrelétrica de Belo Monte – uma estupidez ecológica, uma aberração econômica e um monumento ao desperdício estatal. O custo cada vez mais insustentável da energia nuclear também não é problema para os abastados anfitriões da Rio+20, como prova a construção de Angra 3 – cujo lixo radioativo tem garantia até a Rio+2020. Passaporte para o futuro é isso aí.

Duas décadas de sustentabilidade conceitual não chatearam os vilões reais. Na Rio 92, foram assinadas as convenções de Biodiversidade e do Clima. A primeira instituiu o direito das populações tradicionais sobre o patrimônio genético de suas terras. Enquanto a biotecnologia progride, os povos da maior floresta tropical da Terra continuam a ver navios no Rio Amazonas. Os royalties que conhecem vêm do contrabando de madeira – porque infelizmente não podem se alimentar de convenções. A Convenção do Clima gerou o que se sabe: uma sucessão de protocolos sobre redução das emissões de gás carbônico. Cada um é mais severo que o anterior, devidamente descumprido. Com novos prazos de carência, as metas vão ficando mais ambiciosas, numa espécie de pacto com o nunca.

E aí está a patrulha da bondade em mais uma conferência planetária, reunindo os melhores especialistas internacionais em sustentabilidade e sexo dos anjos. Eles dirão que o mundo vai acabar e a culpa é sua. Mandarão você deixar seu carro na garagem e tomar banho rápido. Não falarão em controle populacional, porque isso é de direita. Eles são progressistas, sociais, amam cada um dos 7 bilhões de habitantes da Terra, que serão 10 bilhões até o fimd este século, todos muito bem-vindos.

O problema, claro, é do capitalismo individualista, cheio de egoístas que demoram no banho. Serão necessários muitos banquetes ecológicos para mudar essa mentalidade.

Fonte: revista Época

Ler - Um ato de fé e proteção


sábado, 16 de junho de 2012

Inflação dá risada (Paulo Santana)

"Só dando risada para esta previsão do governo de que a inflação este ano não passará dos 5%. Só se é a inflação no bolso da Dilma e do Guido Mantega. No meu bolso e no bolso dos meus leitores, a inflação atinge fácil os 20%."

Antes do excelente artigo de Paulo Santana, algumas considerações.
No post anterior, coloquei um vídeo de Marcelo Madureira falando sobre LULA. Posicionei-me dizendo o seguinte: Demorará muito tempo para superarmos a política nefasta de LULA. Por quê? Já falei bastante por aqui e repito brevemente. Na minha concepção, as pessoas precisam apenas de educação de qualidade, baixos impostos e de inflação controlada. 

1. Educação de qualidade para se virar nesse mundão sem precisar de penico de ninguém. 
2. Baixos impostos para cada pessoa decida gastar naquilo o que é melhor pra si e para sua família. O dinheiro não foge da economia, não vejo porque grande parte dele tenha que passar na mão do Governo. Como diria Millor Fernandes: "A Linha reta só é o caminho mais curto entre dois pontos quando o poder está distraído"
3. Inflação controlada para que o dinheiro gerado com tanto esforço não seja corroído pelos aumentos de preços.

Pois bem, voltemos a LULA e a política da turma. 

1. A educação é um desastre. Não preciso nem trazer números para que você acredite nisso, não é mesmo? Culpa só de LULA? Não. Mas nunca antes na história desse país se teve tanto dinheiro para fazer a diferença nessa área e nada se fez.
2. Os impostos são um esculacho. Por que não reduz? Por dois motivos básicos além da ineficiência na gestão dos recursos públicos. Quem tem o poder de decidir isso não quer perder essa boquinha. Segundo, sobre o mantra de que as pessoas são uns mentecaptos e não sabem tomar decisão, o Estado arrecada para ter dinheiro para te salvar de ti mesmo, entendeu?
3. A inflação se combate com produtividade, competitividade e redução de gastos públicos. A turma do poder prefere lançar mão do seu "arsenal de medidas anti ciclicas", todas elas paliativas, do que desonerar todas as empresas (sem privilégios), construir estradas, portos, aeroportos, etc., estimular a competitividade. Quando temos opções variadas de consumo, as empresas brigam entre elas para nos entregar produtos e serviços melhores com preços cada vez mais baixos. A competitividade é que segura os preços, simples quanto isso!
Conhece a política do remendão? É só olhar pro Brasil.

FHC entregou o Brasil a Lula com todas as reformas necessárias para o apedeuta apenas levar os créditos. Tenho medo do que o lulo-petismo entregará para gente quando estes saírem, se um dia saírem, do poder.




Inflação dá risada


Segundo o Diário Gaúcho, os legumes tiveram aumento de preço de 62%. O sopão dos pobres e da classe D em ascensão, portanto, está muito mais caro.

A vida está difícil. Meu médico é um sádico profissional. Sabendo ele que a alta do dólar vai decretar o aumento do preço dos medicamentos, receita-me oito comprimidos diários para o diabetes e a tontura incapacitante.

E, na saída, ainda me recomenda: “Come bastante legumes”. Eu não entendo como a alta do dólar pode influir no aumento em 62% no preço dos legumes, raciocino e não entendo, será que os legumes viraram commodities?

Então eu não tenho escape: tombo nos remédios e tropeço nos legumes.

*

Só o pão, filho legítimo dos trigos, estes, sim, são commodities, teve neste ano o aumento de 28%.

Eu não sei como é que o pobre está vivendo, eu não sou pobre e me encontro em dificuldades, o que deve acontecer com a maioria dos meus leitores, que pertence a uma classe parecida com a minha.

Aumentou o preço do vinho, do arroz e dos eletrônicos, segundo Zero Hora botou na manchete de ontem.

E atrás desses aumentos vão vir os aumentos do aluguel, do transporte, do escambau.

Pobre povo brasileiro.

E isto que a inflação, segundo dizem as fontes ligadas ao governo, está contida.

O que prova que tudo é falso em matéria de estatísticas: só dando risada para esta previsão do governo de que a inflação este ano não passará dos 5%. Só se é a inflação no bolso da Dilma e do Guido Mantega. No meu bolso e no bolso dos meus leitores, a inflação atinge fácil os 20%.

*

Vão olhar a inflação no preço das frutas, deem uma olhada no preço do feijão, das farinhas, dos itens de um mocotó, por exemplo, e vocês quase infartarão.

Vejam quanto custa para as pessoas terem em casa televisão por assinatura, o preço está pelos olhos da cara!

Vejam quanto custa uma arrumadeira, uma faxineira, uma empregada doméstica. Só rico atualmente pode se dar a esse luxo!

*

Quando não é a inflação maquiada pelo governo, é a alta do dólar, que no fundo é também manejada pelo governo.

Está certo que de tudo pomos a culpa no governo, mas minha não é a culpa de que só neste mês eu tenha tido 10% de aumento, em média, no meu consumo. Se estou na faixa de 10% ao mês, no fim do ano, terei, no mínimo, uma inflação de 100% em tudo que consumo.

Tem que dar risada das previsões do ministro da Fazenda, seu Mantega.

Convido-o a pernoitar cinco dias em minha casa e ele vai ver quanto dói uma saudade.

Cada vez nós esprememos mais nossos orçamentos

Dom Sebastião voltou

Luiz Inácio Lula da Silva tem como princípio não ter princípio, tanto moral, ético ou político. O importante, para ele, é obter algum tipo de vantagem.

Por MARCO ANTONIO VILLA


Luiz Inácio Lula da Silva tem como princípio não ter princípio, tanto moral, ético ou político. O importante, para ele, é obter algum tipo de vantagem. Construiu a sua carreira sindical e política dessa forma. E, pior, deu certo. Claro que isso só foi possível porque o Brasil não teve - e não tem - uma cultura política democrática. Somente quem não conhece a carreira do ex-presidente pode ter ficado surpreso com suas últimas ações. Ele é, ao longo dos últimos 40 anos, useiro e vezeiro destas formas, vamos dizer, pouco republicanas de fazer política.
Quando apareceu para a vida sindical, em 1975, ao assumir a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, desprezou todo o passado de lutas operárias do ABC. Nos discursos e nas entrevistas, reforçou a falácia de que tudo tinha começado com ele. Antes dele, nada havia. E, se algo existiu, não teve importância. Ignorou (e humilhou) a memória dos operários que corajosamente enfrentaram - só para ficar na Primeira República - os patrões e a violência arbitrária do Estado em 1905, 1906, 1917 e 1919, entre tantas greves, e que tiveram muitos dos seus líderes deportados do País.
No campo propriamente da política, a eleição, em 1947, de Armando Mazzo, comunista, prefeito de Santo André, foi irrelevante. Isso porque teria sido Lula o primeiro dirigente autêntico dos trabalhadores e o seu partido também seria o que genuinamente representava os trabalhadores, sem nenhum predecessor. Transformou a si próprio - com o precioso auxílio de intelectuais que reforçaram a construção e divulgação das bazófias - em elemento divisor da História do Brasil. A nossa história passaria a ser datada tendo como ponto inicial sua posse no sindicato. 1975 seria o ano 1.
Durante décadas isso foi propagado nas universidades, nos debates políticos, na imprensa, e a repetição acabou dando graus de verossimilhança às falácias. Tudo nele era perfeito. Lula via o que nós não víamos, pensava muito à frente do que qualquer cidadão e tinha a solução para os problemas nacionais - graças não à reflexão, ao estudo exaustivo e ao exercício de cargos administrativos, mas à sua história de vida.
Num país marcado pelo sebastianismo, sempre à espera de um salvador, Lula foi a sua mais perfeita criação. Um dos seus "apóstolos", Frei Betto, chegou a escrever, em 2002, uma pequena biografia de Lula. No prólogo, fez uma homenagem à mãe do futuro presidente. Concluiu dizendo que - vejam a semelhança com a Ave Maria - "o Brasil merece este fruto de seu ventre: Luiz Inácio Lula da Silva". Era um bendito fruto, era o Messias! E ele adorou desempenhar durante décadas esse papel.
Como um sebastianista, sempre desprezou a política. Se ele era o salvador, para que política? Seus áulicos - quase todos egressos de pequenos e politicamente inexpressivos grupos de esquerda -, diversamente dele, eram politizados e aproveitaram a carona histórica para chegar ao poder, pois quem detinha os votos populares era Lula. Tiveram de cortejá-lo, adulá-lo, elogiar suas falas desconexas, suas alianças e escolhas políticas. Os mais altivos, para o padrão dos seus seguidores, no máximo ruminaram baixinho suas críticas. E a vida foi seguindo.
Ele cresceu de importância não pelas suas qualidades. Não, absolutamente não. Mas pela decadência da política e do debate. Se aplica a ele o que Euclides da Cunha escreveu sobre Floriano Peixoto: "Subiu, sem se elevar - porque se lhe operara em torno uma depressão profunda. Destacou-se à frente de um país sem avançar - porque era o Brasil quem recuava, abandonando o traçado superior das suas tradições...".
Levou para o seu governo os mesmos - e eficazes - instrumentos de propaganda usados durante um quarto de século. Assim como no sindicalismo e na política partidária, também o seu governo seria o marco inicial de um novo momento da nossa história. E, por incrível que possa parecer, deu certo. Claro que desta vez contando com a preciosa ajuda da oposição, que, medrosa, sem ideias e sem disposição de luta, deixou o campo aberto para o fanfarrão.
Sabedor do seu poder, desqualificou todo o passado recente, considerado pelo salvador, claro, como impuro. Pouco ou nada fez de original. Retrabalhou o passado, negando-o somente no discurso.
Sonhou em permanecer no poder. Namorou o terceiro mandato. Mas o custo político seria alto e ele nunca foi de enfrentar uma disputa acirrada. Buscou um caminho mais fácil. Um terceiro mandato oculto, típica criação macunaímica. Dessa forma teria as mãos livres e longe, muito longe, da odiosa - para ele - rotina administrativa, que estaria atribuída a sua disciplinada discípula. É um tipo de presidência dual, um "milagre" do salvador. Assim, ele poderia dispor de todo o seu tempo para fazer política do seu jeito, sempre usando a primeira pessoa do singular, como manda a tradição sebastianista.
Coagir ministros da Suprema Corte, atacar de forma vil seus adversários, desprezar a legislação eleitoral, tudo isso, como seria dito num botequim de São Bernardo, é "troco de pinga".
Ele continua achando que tudo pode. E vai seguir avançando e pisando na Constituição - que ele e seus companheiros do PT, é bom lembrar, votaram contra. E o delírio sebastianista segue crescendo, alimentado pelos salamaleques do grande capital (de olho sempre nos generosos empréstimos do BNDES), pelos títulos de doutor honoris causa (?) e, agora, até por um museu a ser construído na cracolândia paulistana louvando seus feitos.
E Ele (logo teremos de nos referir a Lula dessa forma) já disse que não admite que a oposição chegue ao poder em 2014. Falou que não vai deixar. Como se o Brasil fosse um brinquedo nas suas mãos. Mas não será?   

Marcelo Madureira sobre LULA

Fecho com Madureira.. Demoraremos anos para nos recuperar da politica nefasta dessa turma.. Como tem muito estrago ainda por vir, nos resta apenas lamentar..


 

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Falta coragem


“Nada é mais temido por um covarde do que a liberdade do pensamento.” (Luiz Felipe Pondé)

Rodrigo Constantino, O GLOBO

Não sei quanto ao leitor, mas eu confesso estar cansado da ditadura velada do politicamente correto. A impressão que fica é que um bando de “almas sensíveis” tomou o poder e deseja impor aos outros seu estilo acovardado de vida.
O reflexo disso é este estado-babá que vemos diariamente avançar sobre nossas liberdades, com os aplausos de uma gente medrosa e insegura.
Exemplos não faltam. A começar pelo ícone máximo desta tirania: Anvisa. Seus burocratas cismaram que têm o direito de cuidar de cada um de nós como se fôssemos mentecaptos indefesos. Os “iluminados” agentes da Anvisa vão impor dieta saudável, eliminar as substâncias perigosas, controlar a exposição ao sol, enfim, serão como nossos pais, e nós seremos as crianças incapazes de decidir por conta própria como viver.
Mas seria injusto culpar apenas a Anvisa por tais evidentes excessos. Não. Estas medidas, cada vez mais autoritárias, recebem aprovação de muitos pais, gente que parece adorar a servidão voluntária, talvez com muito medo do que faria em liberdade.
O que se passa aqui? Será que estes adultos se sentem tão assombrados com a vida que precisam delegar ao governo o controle sobre tudo? Será que perderam a capacidade de assumir riscos e as rédeas de suas vidas? Por que fogem da responsabilidade (habilidade de resposta) como o diabo foge da cruz?
Um caso recente ilustra bem isso. Alguns pais buscaram o governo para proibir uma promoção do McLanche Feliz. Motivo: eles se sentiam “obrigados” a comprar aquela comida gordurosa porque seus filhos desejavam o brinquedo anexo. Como assim, obrigados? Será que estes pais nunca ouviram falar da palavra “não”? Será que não conseguem mais impor limites aos filhos? Que monstrinhos estes pais estão criando para o mundo?
Os sintomas desta doença moderna da covardia generalizada podem ser vistos em vários outros casos. Agora tudo é culpa do “bullying”, por exemplo. Se o psicopata entra na escola atirando a esmo, claro que a causa está no apelido que lhe deram na infância!
Tanta paranoia vai acabar eliminando um processo natural e até necessário de preparação para a vida, muitas vezes hostil e dura. Apelidos “ofensivos”, segregação voluntária (daquele chato que ninguém suporta), piadas engraçadas, nada disso pode mais. Resultado: um mundo de manés acostumados a gritar pelo “papai” estado no primeiro sinal de problema que surgir. Os pais vão ficar orgulhosos. Identificam-se bastante com esta postura.
Como Karl Kraus disse: “A força mais enérgica não chega perto da energia com que alguns defendem suas fraquezas”.
Outro caso claro está no uso abusivo de eufemismos. Favelas viram “comunidades”, pivetes viram “meninos de rua”, negros e mulatos são “afrodescendentes”, deficientes viram “pessoas especiais” e por aí vai. Vejo o dia em que todo anão será chamado de “verticalmente reduzido”.
Os mais jovens ficariam espantados ao ler artigos de polemistas como Paulo Francis ou Nelson Rodrigues. Como assim chamar as coisas pelos seus nomes? Isso era permitido naquela época? E olha que não faz tanto tempo assim, para dar o tom assustador do andar da carruagem...
Por falar nesses dois, que falta fazem! Colocavam os pingos nos is, sem ter que agradar a esta maioria facilmente ofendida. Lula, por exemplo, era chamado por Francis de semianalfabeto (o menor de seus defeitos). “Preconceito!” A patrulha atua em coro organizado, mas não refuta o fato em si. Não seria pós-conceito? As palavras perderam o sentido.
De mãos dadas aos politicamente corretos estão os eco-chatos, essa turma com “consciência ecológica” que vai salvar o planeta pedalando sua bike e fechando o chuveiro durante o banho. Mas ninguém pressiona o governo para resolver as graves falhas de saneamento básico que matam vários pobres todo ano.  Haja hipocrisia!
Muitos são apenas “melancias”: verdes por fora, mas vermelhos por dentro. No fundo, eles querem é atacar o capitalismo, desta vez por seu sucesso, ou seja, por criar riqueza demais.
Por falar em socialistas, a demanda por igualdade de resultados entre humanos diferentes talvez seja o maior indício de covardia que existe. Ignorar que uns são melhores que outros é a marca registrada dos covardes, que anseiam, como formigas, pela igualdade plena para fugir da própria mediocridade.
O historiador Paul Johnson, em “Os Heróis”, destaca a coragem dos independentes como a mais nobre qualidade individual. Como esta coragem está em falta no mundo moderno!