quinta-feira, 19 de maio de 2011

Os 10 pilares que baseiam a educação que dou as minha filhas

Agora que tenho duas filhas pra criar tenho refletido muito sobre a educação que quero dar a elas. E cheguei as seguintes conclusões após sair escrevendo tudo que eu tinha em mente (minha esposa não leu esse artigo ainda, mas tenho certeza que é consensual).


Organizei as ideias em 10 pontos (dos 10 pontos consigo praticar 9):


1. Experiência. Acredito demais na experiência. Acho que quanto maior for as vivências das pessoas sobre todos os âmbitos, melhores preparadas estarão para lidar com os problemas do dia-dia. Por isso, acredito muito que minhas filhas devam experimentar, experimentar, experimentar. Devem sim subir, correr, brincar muito, jogar, cair, levantar, correr riscos, etc.


2. Resolução de problemas. Falando em problemas, tudo criado nesse mundo até hoje foi iniciativa de alguém ou de um grupo de pessoas destinados a resolver algum problema. Por isso nada mais importante do que gerar problemas aos nossos filhos ou, pelo menos, incentivar que resolvam os seus. Tipo: Caiu? levanta. Não consegue abrir? tenta mais um pouco. Não consegue descer? Se achou um jeito de subir, achará um jeito de descer. E por ai vai.


3. Criatividade. O ponto 2 tem muito a ver com este ponto. Ou seja, cada vez que damos aos nossos filhos soluções prontas aos problemas deles, tolimos sua criatividade em achar soluções próprias.


4. Empreendedorismo. Costumo dizer o seguinte: Em todas as áreas é possível empreender. A essência de empreender é resolver problemas de um grupo, de uma comunidade, de uma geração ou até do mundo. Por isso eu realmente tentarei dar essa formação para as minhas filhas e não estarei preocupado se elas serão médicas, advogadas, professoras de geografia ou artistas. Gostaria sim de ver as minhas filhas olhando pra frente e lutando para avançar naquelas áreas que escolherem se dedicar, e isso passa por um sentimento empreendedor. Apenas isso.


5. Educação Financeira. Se tem dois assuntos que me parecem ser tabus em nossa sociedade e que as pessoas não costumam discutir, esses assuntos são dinheiro e sexo. Quanto ao dinheiro, quero muito que minhas filhas saibam exatamente o valor das coisas que elas têm. Quero muito dar tudo de melhor pra elas, mas não sem antes elas conhecerem o esforço que fizemos para tal. Além disso, vivemos numa sociedade do consumo e não do investimento e poupança. Quero tentar mostrar a elas esses dois lados (porque conheço os dois) para que elas possam tomar suas decisões. Simples assim. Costumo dizer que se alguém tivesse me ensinado o que eu pretendo ensinar a elas, tinha economizado quantias considerareis de $$. Quem sabe elas não compram essa idéia?


6. Exemplo. Não tem ferramenta melhor para educação dos nossos filhos do que essa. Portanto, cuido muito para que minhas ações estejam coerentes com aquilo que digo e recomendo a elas. E nesse sentido que tento manter minha formação, prezando pela honestidade, integridade, ética, senso coletivo, respeito ao próximo, etc. Veja ai um vídeo porrada que trata desse assunto (Filhos são a cópia dos pais)


7. Exercício físico e esporte. Vejo que a escola não valoriza isso. Até mesmo na pré escola vejo que pouca coisa é feito nesse sentido. A escola formal valoriza coisas tipo números primos, objeto indireto, ciclo de alimentação da ameba, mas não valoriza o esporte. E para piorar, quando as crianças estão na educação física não temos professores habilitados a fomentar o gosto das crianças pelo esporte. O resultado disso é uma sociedade sedentária, estressada e doente, onde quase 50% da população têm sobrepeso. Quem gosta desse quadro são os planos de saúde, mais ninguém. Voltando ao assunto, pretendo através do exemplo e da informação, tornar minhas filhas ativas o suficiente para se livrarem desse mal.


8. Frustrações. Quem não as teve ou tem? A vida real se dá por uma série de frustrações. Pais que hoje colocam seus filhos numa redoma, evitando ao máximo que seus filhos se frustem, não estão preparando-os para a vida adulta. Certa vez presenciei na turma da minha filha mais velha, que teve que mudar de professora de repente, pais bastantes preocupados com os seus filhos, argumentando a diretora da escola que não poderiam ter feito isso com as crianças, solicitando a retomada da antiga profissional porque, afinal de contas, elas iriam demorar para se acostumar com a professora nova. Entendo perfeitamente o sentimento e o posicionamento desses pais, mas puxa vida, quantas vezes isso vai acontecer em nossas vidas. Muitas imagino.


9. Equilíbrio. Exageros de zelo ou de relaxamento, em minha opinião, levam a frustrações. As pessoas querem ter suas liberdades respeitadas mas ao mesmo tempo querem ser cuidadas. Um exemplo que posso citar com isso é a alimentação infantil. Vejo pais que proíbem totalmente seus filhos de comer doce, tomar refrigerante, mcdonalds, etc. Conheço 2 ou 3 casos desse tipo e reparo que toda vez que essas crianças tem acesso a essas "delicias" elas se fartam e exageram. Por outro lado, tem pais muito permissivos, que para não se incomodar acaba liberando tudo. Minha filosofia com minhas filhas é simples: vamos equilibrar. Quer tomar refri? pode, mas um ou dois no máximo. Quer comer chocolate? come, mas um pouco apenas. Quando elas querem mais, negociamos e oferecemos outras alternativas melhores. Prefiro prezar pelo equilíbrio a retardar o acesso, pois tenho a impressão que o reflexo de toda privação é o exagero.


10 Disciplina. O item 10 é aquele que eu gostaria de seguir, mas definitivamente não sou capaz. Minha esposa também não. Não conseguimos ensinar nada da qual não conhecemos ou praticamos não é mesmo? E nesse sentido, eu e minha esposa somos zeros a esquerda. Não somos disciplinados e, por conseqüência, não conseguimos com que as meninas sejam. Elas acordam, dormem, tomam banho, jantam cada dia num horário. Isso dá um trabalho além da conta. Mas fazer o que? 


Para finalizar, percebo que o mundo moderno evoluiu bastante no âmbito da educação, ciência, pedagogia, etc., e isso nos trás novas informações para tentar criarmos nossos filhos de uma maneira mais adequada do que nossos avós ou pais o fizeram. Mas por outro lado, acho que criou-se uma "frescurada" absurda em torno disso, como se as pessoas, inclusive as crianças, não fossem altamente adaptáveis. Digo isso porque parece que uma janta meia hora mais tarde do comum, um ventinho que entra na janela, um pé descalço, um leite de vaca normal e não um NAN ou uma viagem de carro de mais de uma hora são motivos para alguns pais acharem que seus filhos não sobreviverão. Frescura!


O vídeo abaixo fala sobre alguns desses conceitos. Aborda a questão do mercado de trabalho. Muito bacana, vale a pena!


Aguardarei as críticas do texto!!



3 comentários:

  1. Parabéns pelo texto!!!
    Posso falar por experiência própria que tudo que falas é a mais pura verdade, pois tive e tenho o prazer de conviver com vocês a mais ou menos uns três anos.
    Adorei tudo mas principalmente o 10º item,hahahahahaha.
    Mas tu pode ter certeza que nunca convivi com crianças mais autênticas que suas duas filhas e que com a base que elas estão recebendo se tornarão adultas maravilhosas.
    Abraços Profª Michelle Ferrão.

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  2. palavras muito bonitas!
    Pena que na realidade não seja tão perfeito assim!
    pensamentos colocados em um papel(ou Blog) são calculados e pensados com frieza, atitudes na vida são espontâneas e instantâneas, e filhos com certeza irão copiar as atitudes dos pais, vícios, tom de voz, gesticulação, forma de ver a vida "aparência ou conteúdo", pensemos ou escrevamos o que quisermos nossos filhos irão copiar nossas atitudes, e sempre as mais marcantes, se criamos ou educamos nossos filhos corretamente só descobriremos quando se tornarem adultos ai saberemos se o resultado foi positivo ou não.
    Respeito todos os tipos de educação, e acredito profundamente no exemplo de atitudes, "filhos não ouvem conselhos seguem exemplos".

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  3. Obrigado pelos comentários Michele e Cristiam.. penso que a discussão é valida... Mas Cristian, concordo contigo do exemplo. Mas veja bem, resumi aqui apenas os princípios estruturais. Trato aqui muito mais de valores do que de atitudes. Tenho certeza que minhas atitudes não são sempre exemplares, mas por ter o exemplo como pilar fundamental, sei que estou errando. Falo aqui da caixa de ferramentas que carregamos conosco que balizam nossas atitudes. Em nenhum momento disse que faço tudo isso com perfeição, mas sim que tenho estes 10 pontos como a base para minha decisões. E por se tratar de pontos que acredito ser minha essência, acho que não tem nada a ver com pensamentos calculados ou frieza das palavras escritas.
    Descordo de ti quando diz que saberemos o resultado apenas quando adulto. Tem muita criança de 3 - 4 anos mal educada. Pergunte para alguém que trabalha com isso. A Prof Michele, que comentou acima, pode te dizer.
    Mas escrevi tudo isso para chamar a atenção de quem fosse ler esse texto de que vale a pena essa reflexão e não simplesmente reproduzir padrões de comportamentos enlatados.
    Valeu..

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