Ao ser indagado acerca da injustiça que ele (juiz do trabalho) cometia ao obrigá-las a pagar por um gasto que não fizeram, o juiz soltou a pérola de costume: "As senhoras são ricas, podem pagar por isso". (..) só ingênuo e mal informado dá emprego no Brasil.
Por Luiz Felipe Pondé (Folha de SP)
Hoje vou
contar uns casos para você. Aproximam-se o Natal e o Ano-Novo, e sempre
pensamos o que poderia ser diferente no Brasil. Eu, diferentemente daqueles que
creem em modas como "consciência política" (para mim isso é uma coisa
tão real quanto carma), espero que um dia o Brasil se livre de sua inhaca de
ser um país no qual quem dá emprego é visto como bandido. Porque, ao contrário
do que diz a moçada da "justiça social" (carma...), quem dá emprego é
quem faz verdadeira justiça social.
Imaginem
uma jovem empresária cheia de vida e fé no seu negócio. Isso aconteceu alguns
anos atrás, hoje ela se transformou numa cética com relação ao valor da
atividade do pequeno e médio empresário brasileiro, porque acha que só ingênuo
e mal informado dá emprego no Brasil.
Um dia sua
loja de produtos finos foi assaltada em plena luz do dia. Ela e sua sócia
tiveram suas vidas ameaçadas. Vários talões de cheques da empresa roubados do
cofre. Não tinha muito dinheiro em "cash", por sorte.
Na
sequência, se inicia a via crúcis para cancelar os talões e fazer o BO. Horas
em delegacias com funcionários que complicavam as coisas com clara intenção de,
quem sabe, garantir um "extra".
Alguns
dias depois, a dona de um pequeno restaurante fora de São Paulo liga para elas
dizendo que um grupo grande de homens havia passado um cheque de sua empresa
como pagamento de uma festa que eles tinham dado no restaurante dela. Nossa
jovem empresária, prontamente, informa à mulher que a loja tinha sido assaltada,
que esses talões estavam cancelados e que tinha a documentação necessária para
comprovar o relato, e, portanto, sentia muito, mas o cheque não tinha qualquer
valor.
Claro que
a dona do pequeno restaurante não quis saber e "pôs elas no pau".
Foram obrigadas a depositar em juízo. Quando da audiência, após apresentar toda
a documentação, o juiz decidiu que sim, elas deveriam pagar o cheque.
Quando
questionado em sua decisão (já que elas tinham sido vítimas de um assalto!), o
juiz as ameaçou dizendo que, caso não aceitassem a decisão, o processo se
alongaria e sairia mais caro para elas. Ao ser indagado acerca da injustiça que
ele cometia ao obrigá-las a pagar por um gasto que não fizeram, o juiz soltou a
pérola de costume: "As senhoras são ricas, podem pagar por isso".
Eis o juiz
fazendo caridade com a grana alheia. Comunista gosta de distribuir o dinheiro
dos outros. No Brasil, muitos juízes acham que devem fazer (in)justiça social
com as próprias mãos.
Moral da história: as empresárias foram roubadas duas vezes, uma pelos ladrões, outra pelo Estado.
Moral da história: as empresárias foram roubadas duas vezes, uma pelos ladrões, outra pelo Estado.
Outro
caso. Funcionário rouba o patrão. Ele demite o funcionário por justa causa.
Abre processo na Justiça comum contra o funcionário. O juiz do trabalho decide
que o patrão deve pagar "todos os direitos trabalhistas" do
funcionário sob alegação de que uma coisa é roubar, outra é ser demitido.
Risadas? Claro, o juiz do trabalho argumentou que as duas Justiças "não se
comunicam" e que os direitos trabalhistas são inquestionáveis.
A questão
é: afinal, roubar não seria causa suficiente para você demitir alguém? O
problema é que cá nestas terras demitir é crime. O Brasil é mesmo o fim da
picada.
Moral da história: o empresário foi roubado duas vezes, uma pelo funcionário ladrão, outra pelo Estado.
Moral da história: o empresário foi roubado duas vezes, uma pelo funcionário ladrão, outra pelo Estado.
Mais um.
Jovem empresário de uma cidade em outro Estado faz uma reforma na fachada de
sua loja. Fica muito bonita. Dias depois, roubam quase tudo dessa fachada.
No Brasil,
tudo é roubável. A fachada fica destruída. Passados poucos dias, aparece aquele
cara chamado "fiscal da prefeitura". O "amigo" avisa ao
empresário que vai lhe passar uma bela multa, a não ser que ele seja razoável.
O jovem empresário, munido da fé comum daqueles que creem que escândalos com
fiscais é coisa rara, argumenta e apresenta documentação provando a destruição
criminosa e o roubo. Não adianta, o "representante do bem público",
leia-se, o fiscal, lhe apresenta uma multa enorme.
Moral da
história: o jovem empresário foi roubado duas vezes, uma pelo ladrão, outra
pelo Estado.
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