Meu Deus, quando é que nos tornamos tão incapazes de entender um mínimo da natureza humana? Já sei: desde que criamos essa noção autoritária de "lutar por um mundo melhor". (..) Sexo e amor sempre custam dinheiro, além de outras coisas. Aliás, a garota de programa é a mulher menos cara do mundo, custa só dinheiro. Outras relações custam vínculos, jantarzinhos, longas conversas, "DRs", incertezas quanto à retribuição do investimento de desejo, tempo e dinheiro.
Por Luiz Felipe Pondé (Folha de SP)
A repressão ao sexo mudou de lugar, agora ela está ali
onde se situa o discurso "por um mundo melhor". As antigas
"freiras" e senhoras protestantes de preto, que falavam de pecado e
babavam de ódio das mais gostosas, agora propõem a extinção do sexo pago em
nome da "justiça social". Ou seja, a puta, a garota de programa, deve
deixar de existir. Antes era o pecado, agora é a "exploração do
corpo".
O conceito de pecado implica em desejo reprimido (o que dá
tesão), o de "exploração" não pressupõe o desejo, mas sim o
papo-furado do "capital malvado". Gente chata essa que fala de
"controle político do corpo".
Meu Deus, quando é que nos tornamos tão incapazes de
entender um mínimo da natureza humana? Já sei: desde que criamos essa noção
autoritária de "lutar por um mundo melhor".
Se um dia não existir mais mulheres que cobram por sexo (de modo direto e sem rodeios), a violência no mundo será ainda maior. Sexo e amor sempre custam dinheiro, além de outras coisas. Aliás, a garota de programa é a mulher menos cara do mundo, custa só dinheiro.
Se um dia não existir mais mulheres que cobram por sexo (de modo direto e sem rodeios), a violência no mundo será ainda maior. Sexo e amor sempre custam dinheiro, além de outras coisas. Aliás, a garota de programa é a mulher menos cara do mundo, custa só dinheiro.
Outras relações custam vínculos, jantarzinhos, longas
conversas, "DRs", incertezas quanto à retribuição do investimento de
desejo, tempo e dinheiro. Entre essas meninas que trocam dinheiro por sexo, as
melhores são aquelas que o fazem porque gostam do que fazem. Aliás, como em
toda profissão.
Na Antiguidade, em muitos lugares, essas mulheres
generosas faziam parte do processo de transformar um menino num homem. Mesmo em
rotinas religiosas e espirituais. Na Bíblia, o numero de personagens
prostitutas importantes é razoável. Dirão algumas pessoas mais nervosas que
isso é "machismo", mas elas não entendem nada de sexo nem de mulher.
Nelson Rodrigues falava de "uma vocação
ancestral". Diria eu, um arquétipo. O mundo fica mais pobre cada vez que
esta vocação se torna muda. Tranque-a num quarto e seu perfume atravessará as
paredes. Seu desejo escorrerá por debaixo da porta. Esconda-a sob véus, ela
ressurgirá nos olhos, nos lábios, nos fios de cabelo. Seja nas roupas, na
maquiagem, no modo de andar, de se sentar, de cruzar as pernas, de pensar, de
sonhar, as melhores mulheres exalam cheiro de sexo como um dos modos de se
relacionar com o mundo. Na filosofia se chama isso de erotismo.
A psicologia evolucionista considera a mulher que troca
sexo por dinheiro um salto adaptativo. Elas mantêm o poligenismo masculino sob
controle porque não exigem investimento afetivo em troca. Antes uma delas do
que uma colega de trabalho. Não se pode falar isso, mas todo mundo sabe disso.
Com a colega vem o risco da semelhança de interesses, da convergência de
gostos, e o pior, a possível sensibilidade compartilhada.
Mas, eis que o Monsieur Normal, leia-se, o chato do
François Hollande, presidente da França, resolveu multar quem for pego com uma
dessas mulheres generosas. Não vai adiantar, só vai aumentar a violência, o
crime, a distancia geográfica entre o homem e a mulher que querem fazer sexo
sem complicações.
Mas, seguramente, vai aumentar a arrecadação do Estado,
única coisa que socialista entende de economia. No resto, são analfabetos que
só atrapalham o mundo. O que alimenta o socialismo como visão de mundo é a
inveja dos que não conseguem ganhar dinheiro contra os que conseguem. De novo,
o pecado (a inveja), ilumina melhor nossa natureza do que o blá-blá-blá da
política como redenção do mundo.
Os "corretos" falam em "profissional do
sexo", porque consideram a expressão puta ou garota de programa um
desrespeito com essas mulheres. Pura hipocrisia, como sempre, quando se fala de
pessoas que querem "um mundo melhor". Como dizia o filósofo Emil
Cioran, vizinhos que são indiferentes são melhores do que vizinhos que têm uma
"visão de mundo".
Mas, graças a Deus (que nos entende melhor do que esses
santinhos de pau oco), essa lei não vai adiantar porque quanto mais se castiga
a nudez paga da mulher, mais deliciosa ela fica.
Ao final, a mulher que troca sexo por dinheiro, sempre é
mais desejada quando encontrá-la fica ainda mais caro.
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