Por que muitas nações são pobres, miseráveis, atrasadas, enterradas em crime e fome?Causas geográficas? Culturais? Religiosas? Étnicas? Não. A diferença está num modo de organização política e social específico que cria condições para as pessoas buscarem livremente seus interesses. (..) Numa palavra, sociedade de mercado. Foi isso que derrotou o comunismo, mas muitos já esqueceram.
Por Luiz felipe Pondé (Folha de S.Paulo)
"Dior não guerra." Vi esta frase numa
camiseta. Lembra a clássica dos anos 60: "faça amor, não faça
guerra". Melhor do que a bobagem com o rosto do assassino mais chique da
América Latina, o Che.
O que me encantou na frase é que a Dior representa
--ou qualquer outra marca-- a capacidade humana de produzir riqueza como forma
de civilização, em vez de nos matarmos. Todo mundo sabe que riqueza material
não é apenas riqueza material.
O que aborrece no Brasil é que ainda não entendemos
que a riqueza da qual falam autores como Adam Smith (filósofo moral, e não um
guru do egoísmo como alguns pensam por aqui) não é apenas material, mas moral e
existencial.
Outro dia vi numa dessas cidades históricas
mineiras maravilhosas um grupo de jovens, como cara de anos 60 extemporâneos,
que falavam barbaridades contra o capitalismo, todos munidos de iPhones e
iPads, registrando tudo a sua volta. Ignorantes, parecem pensar que toda esta
tecnologia, que vai de celulares a cirurgias cardíacas, caem do céu. Não, tudo
custa, e muito.
Recentemente li na revista "The
Economist" duas matérias muito interessantes. Uma primeira falava de como
o crime comum (roubos, assassinatos e similares) tem caído significativamente
em países ricos, como EUA, Reino Unido e Alemanha, mesmo em cidades grandes
como Nova York e Londres.
Não se trata apenas de mais punição, mas sim de um
conjunto de elementos que passam por polícia mais equipada e treinada (o que
não quer dizer mais violenta), tanto preventiva quanto científica. Crianças em
boas escolas e ocupadas principalmente quando as famílias são mononucleares (só
um dos pais), ruas limpas, estradas bem feitas, hospitais eficientes,
transporte público operacional, vizinhos ativos no cuidado com seu bairro (quem
não come nem dorme não pode ser um vizinho assim). Enfim, tudo que custa muito
dinheiro.
Noutra, sobre Cuba, falava-se da luta das pessoas
para poderem comprar e vender coisas e terras sem ter apenas o Estado como
"parceiro" de negócios. E como isso é visto como um milagre dos céus.
E ainda tem gente chique no Brasil que acha Cuba um "experimento" a
ser levado a sério. Que horror!
E aí passo a um livro que recomendo a leitura para
quem quiser pensar no mundo livre do neolítico --o socialismo, levado a sério
por muitos de nós, é puro neolítico. "Why Nations Fail, The Origins of
Power, Prosperity, and Poverty", de Daron Acemoglu, professor de economia
do MIT e James A. Robinson, cientista político e economista, professor de
Harvard.
Por que muitas nações são pobres, miseráveis,
atrasadas, enterradas em crime e fome? Causas geográficas? Culturais?
Religiosas? Étnicas? Não.
A diferença está num modo de organização política e
social específico que cria condições para as pessoas buscarem livremente seus
interesses. Democracia liberal, igualdade perante a lei e garantias de que as
pessoas podem agir livremente no mercado de trabalho e de produtos. Numa
palavra, sociedade de mercado. Foi isso que derrotou o comunismo, mas muitos já
esqueceram.
Infelizmente entre nós, ainda se pensa que isso
seja simplesmente um modo cruel de viver, negador da "solidariedade"
e defensor da "ganância". Muito pelo contrário: é só a riqueza que
torna a solidariedade possível, não há solidariedade na pobreza, isso é mito.
Apesar de as indicações históricas serem evidentes,
ainda insistimos em não entender que a sociedade de mercado (longe de ser
perfeita) dá ao ser humano a liberdade necessária para cuidar da sua vida e se
tornar adulto.
Só dessa forma as pessoas entendem uma coisa óbvia
que o economista Friedrich Hayek pensava. Quando perguntarem a você o que é a
economia, a resposta certa é: a economia somos nós! E não algo planejado por
"cabeções" teóricos que controlam a vida dos outros, como pensava
John Maynard Keynes.
Mas, os políticos adoram Keynes porque sua teoria
os faz parecer responsáveis pela riqueza, quando na realidade quem produz
riqueza somos nós em nosso cotidiano, quando nos deixam em paz. Keynes é a
servidão, Hayek, a liberdade.
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