Pequenos e médios empresários e profissionais liberais é que fundam a riqueza de um país e enquanto os caçarmos, inclusive considerando-os bandidos, o Brasil não sairá da miséria. Adam Smith, e não Marx, deveria estar em nossas cartilhas.
Por Luiz Felipe Pondé (Folha de S.Paulo)
Só duas
coisas são certas na vida, "morte e impostos". Estamos nos últimos
dias para você declarar seu IR. Imagino que esteja super feliz por ter essa
chance de cumprir sua cidadania. Risadas?
O Estado
brasileiro se arma até os dentes em tecnologias de arrecadação, mas continua a
não entregar serviços. Avançamos pouco desde as capitanias hereditárias.
O Bolsa Família
(coronelismo de esquerda) é um pouquinho melhor do que o prato de farinha que o
"coroné" dava no Nordeste no dia da eleição.
Mas, se o
governo é um leão em TI, um sócio sanguessuga, e nada nos dá em troca, o
problema aqui é antes de tudo uma mentalidade miserável tanto do Estado
brasileiro quanto duma cultura jeca que diz não gostar de dinheiro e abominar o
lucro.
Com a
advento do terrorismo de quintal em Boston, muita gente volta a ladainha de que
os americanos são caipiras paranoicos. Errado!
Os
americanos inventaram o país mais rico do mundo, no espaço de tempo mais curto
da história, para uma população gigantesca e na maior liberdade política
conhecida. E isso tudo porque é rico. Isso mesmo: o que faz os EUA não são os
"obaminhas", mas sim a cultura de trabalho e empreendedorismo da
América profunda, dos americanos pequenos e invisíveis.
Nos EUA,
"justiça social" é uma oferta gigantesca de empregos. Aqui nos
afogamos num misto de inhaca coronelista de esquerda, travestida de menina
virgem de dez anos, e ódio "fake" ao lucro e ao dinheiro.
Lamento
que a guerrilha no Brasil, no tempo da ditadura, não tenha saído vitoriosa.
Assim, eles teriam revelado o que de fato queriam, fazer do Brasil uma (outra)
ditadura de pobres.
Agora
estaríamos livres da palhaçada contínua que ainda reina entre nós: a esquerda
se dizendo vítima e fingindo que é democrática. Teríamos falido, como todo país
comunista faliu, eles teriam matado milhares de pessoas, como todo país
comunista matou, e agora, como nos países do Leste Europeu, ninguém ficaria
brincando de ser de esquerda.
E a
direita? No Brasil não há a direita que interessa, a liberal de mercado, que
defende que as pessoas devem ser responsáveis pelo que fazem. Aquela dos
"americanos pequenos e invisíveis".
Engana-se
quem acredita que defender a sociedade de mercado seja defender grandes grupos
capitalistas.
O
"grande capital" nada tem a ver com a ideia de sociedade de mercado
de Adam Smith, pois este "grande capital" convive muito bem com
regimes autoritários e, pasme você, adora países sem sociedade de mercado,
basta ver como qualquer grande banco vive bem com nossa inhaca coronelista de
esquerda. O "grande capital" odeia competição e meritocracia.
Não, o
que falta entre nós é uma visão de mundo que não seja pautada pelo culto da
incapacidade das pessoas cuidarem de si mesmas. A sociedade de mercado é uma
sociedade de pequenos e médios empresários e profissionais liberais que lutam
corajosamente para dar emprego e pagar impostos imorais.
O governo
brasileiro persegue esta classe de empresários e profissionais liberais a
pauladas, cobrindo-os de obrigações tributárias impagáveis para que sejam
obrigados a corromper o próprio governo. Um fascismo fiscal.
Por
exemplo: por que alguém deve pagar 40% de multa do FGTS quando demite um
funcionário? Qual a infração que mereceria esta multa de 40%? Eu digo qual:
para a mentalidade jeca brasileira, dar emprego é crime, empregador é bandido
que deve ser punido. Eis um exemplo de pauladas.
No Brasil
só bobo e quem não tem jeito dá emprego. Uma saída é exigir pessoa jurídica de
todo mundo e enterrar todo mundo em centenas de tributos. Eis o fascismo
fiscal.
Quero ver
os bonzinhos, bonitinhos e melosos continuarem bonzinhos, bonitinhos e melosos
quando tiverem que pagar a multa de 40% do FGTS (depois de 10 anos) quando
quiserem demitir uma empregada que maltrata seu filho.
Pequenos
e médios empresários e profissionais liberais é que fundam a riqueza de um país
e enquanto os caçarmos, inclusive considerando-os bandidos, o Brasil não sairá
da miséria. Adam Smith, e não Marx, deveria estar em nossas cartilhas.
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