Por Joao Luiz Mauad (Portal Midia@mais)O momento atual, por melhores que sejam as próprias intenções, é um momento de fazer oposição, não de beijar a mão do príncipe.
Acordei semana passada com o estômago revirado. Na primeira página do jornal, uma foto do recém nomeado ministro, Guilherme Afif Domingos, num literal “beija-mão” da presidenta (como ele mesmo, de forma subserviente, passou a chamar a chefe). Aquela imagem era a síntese da relação entre os políticos brasileiros e o poder: para eles, sempre com a desculpa esfarrapada do pragmatismo, não importam as ideias, as ideologias, as convicções, só o que importa é fazer parte do poder.
Aquele mesmo Guilherme Afif, em quem um dia eu havia votado para presidente, na esperança de que alguém com um mínimo de cultura liberal pudesse melhorar a História do Brasil, estava ali, quase de joelhos, diante do que existe de mais retrógrado em política. Na mesma hora, pensei na ex-primeira ministra Margareth Thatcher, que morrera semanas antes e a quem eu ainda devia uma homenagem, especialmente porque ela incorporou um modelo de político que há muito tempo o Brasil não tem.
Talvez nenhum outro líder contemporâneo tenha despertado, ao mesmo tempo, tanto amor e ódio quanto Margareth Thatcher. Convicções fortes e disposição sem igual para a luta faziam-na temida pelos inimigos e admirada pelos demais. Governou a Grã Bretanha por mais de uma década, durante a qual operou uma verdadeira revolução no país, algo que não deixa de ser um tanto paradoxal, pois era oriunda de um partido conservador.
Suas convicções eram fruto de vasto conhecimento e profundas reflexões. Não por acaso, costumava bater impiedosamente em seus opositores trabalhistas, nos sempre acalorados debates no Parlamento. Segundo ela mesma, “um dos grandes problemas de nosso tempo é que somos governados por pessoas que se importam mais com sentimentos do que com pensamentos e ideias.”
Thatcher acreditava principalmente no poder da liberdade como fonte de progresso e bem estar. Como muito bem definiu a revista inglesa The Economist em seu obituário, "A essência do “thatcherismo” foi opor-se ao status quo e apostar na liberdade... Ela sabia que as nações só prosperam se os indivíduos forem livres. Uma ideia permeava todas as suas lutas: o direito dos indivíduos de gerir suas próprias vidas, tão livre quanto possível da interferência do Estado”. Até mesmo o presidente Obama, que sem dúvida encontra-se muito à sua esquerda, referiu-se a ela como “uma das grandes campeãs da liberdade”.
Como era de se esperar, as reformas econômicas introduzidas por ela sofreram oposição feroz. Havia legiões de empresários que viviam sob as asas do Estado provedor e pretendiam conservar os subsídios fáceis, no lugar de reduzir os custos, aumentar a eficiência e tornarem-se competitivos. Outros desejavam manter os consumidores sempre reféns – algo que só os monopólios podem fazer – ou o emprego seguro numa empresa governamental, ao invés do trabalho árduo e incerto numa empresa privada.
Num artigo escrito para a revista Reason em 2006, a Dama de Ferro explicou os fundamentos de sua política de privatizações. Inspirada pelas ideias de Hayek, ela arguiu que “frequentemente o Estado se vê tentado a exercer atividades para as quais se encontra mal adaptado ou que estão além de suas capacidades. Talvez a maior dessas tentações seja o desejo de concentrar o poder econômico nas mãos. Então, ele começa a acreditar que sabe como gerir os negócios. Mas, deixe-me dizer-lhes, não sabe!”.
A ex-primeira ministra era contra o intervencionismo tanto por razões de eficiência quanto morais. “Um sistema econômico controlado pelo Estado”, ensinava ela, “não se torna bom só porque é dirigido por pessoas ‘inteligentes’ que pensam, de forma arrogante, saber mais que todo mundo, ou porque estão servindo ao ‘interesse público’ – interesse este, obviamente, determinado por elas . O controle do Estado é fundamentalmente ruim porque nega às pessoas o poder de escolha e a oportunidade de assumir a responsabilidade por suas próprias ações.”
Se conhecesse um pouco melhor a história da Dama de Ferro, o senhor Afif saberia que o momento atual, por melhores que sejam as suas intenções, é um momento de fazer oposição, não de beijar a mão do príncipe.
Aquele mesmo Guilherme Afif, em quem um dia eu havia votado para presidente, na esperança de que alguém com um mínimo de cultura liberal pudesse melhorar a História do Brasil, estava ali, quase de joelhos, diante do que existe de mais retrógrado em política. Na mesma hora, pensei na ex-primeira ministra Margareth Thatcher, que morrera semanas antes e a quem eu ainda devia uma homenagem, especialmente porque ela incorporou um modelo de político que há muito tempo o Brasil não tem.
Talvez nenhum outro líder contemporâneo tenha despertado, ao mesmo tempo, tanto amor e ódio quanto Margareth Thatcher. Convicções fortes e disposição sem igual para a luta faziam-na temida pelos inimigos e admirada pelos demais. Governou a Grã Bretanha por mais de uma década, durante a qual operou uma verdadeira revolução no país, algo que não deixa de ser um tanto paradoxal, pois era oriunda de um partido conservador.
Suas convicções eram fruto de vasto conhecimento e profundas reflexões. Não por acaso, costumava bater impiedosamente em seus opositores trabalhistas, nos sempre acalorados debates no Parlamento. Segundo ela mesma, “um dos grandes problemas de nosso tempo é que somos governados por pessoas que se importam mais com sentimentos do que com pensamentos e ideias.”
Thatcher acreditava principalmente no poder da liberdade como fonte de progresso e bem estar. Como muito bem definiu a revista inglesa The Economist em seu obituário, "A essência do “thatcherismo” foi opor-se ao status quo e apostar na liberdade... Ela sabia que as nações só prosperam se os indivíduos forem livres. Uma ideia permeava todas as suas lutas: o direito dos indivíduos de gerir suas próprias vidas, tão livre quanto possível da interferência do Estado”. Até mesmo o presidente Obama, que sem dúvida encontra-se muito à sua esquerda, referiu-se a ela como “uma das grandes campeãs da liberdade”.
Como era de se esperar, as reformas econômicas introduzidas por ela sofreram oposição feroz. Havia legiões de empresários que viviam sob as asas do Estado provedor e pretendiam conservar os subsídios fáceis, no lugar de reduzir os custos, aumentar a eficiência e tornarem-se competitivos. Outros desejavam manter os consumidores sempre reféns – algo que só os monopólios podem fazer – ou o emprego seguro numa empresa governamental, ao invés do trabalho árduo e incerto numa empresa privada.
Num artigo escrito para a revista Reason em 2006, a Dama de Ferro explicou os fundamentos de sua política de privatizações. Inspirada pelas ideias de Hayek, ela arguiu que “frequentemente o Estado se vê tentado a exercer atividades para as quais se encontra mal adaptado ou que estão além de suas capacidades. Talvez a maior dessas tentações seja o desejo de concentrar o poder econômico nas mãos. Então, ele começa a acreditar que sabe como gerir os negócios. Mas, deixe-me dizer-lhes, não sabe!”.
A ex-primeira ministra era contra o intervencionismo tanto por razões de eficiência quanto morais. “Um sistema econômico controlado pelo Estado”, ensinava ela, “não se torna bom só porque é dirigido por pessoas ‘inteligentes’ que pensam, de forma arrogante, saber mais que todo mundo, ou porque estão servindo ao ‘interesse público’ – interesse este, obviamente, determinado por elas . O controle do Estado é fundamentalmente ruim porque nega às pessoas o poder de escolha e a oportunidade de assumir a responsabilidade por suas próprias ações.”
Se conhecesse um pouco melhor a história da Dama de Ferro, o senhor Afif saberia que o momento atual, por melhores que sejam as suas intenções, é um momento de fazer oposição, não de beijar a mão do príncipe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário