"Quando falo com os eleitores, duvido da
democracia" Winston Churchill
Por Luiz Felipe Pondé (Folha de SP)
Diante da questão de Hamlet,
"ser ou não ser, eis a questão", a resposta talvez seja "não ser". Deprimir-se ou resistir?
Dias assim, melhor dormir. Mas,
como a vida continua, insistimos. Um tratado de
"Crítica da Razão Deprimida" deveria começar pela descrença na
democracia.
Como crer na democracia quando
sabemos que a popularidade de nossa presidente é alta? Se o pastor Feliciano não tem o perfil para o
cargo, tampouco ela o tem. Lembramos então do que dizia o líder inglês
durante a Segunda Guerra, Winston Churchill: "Quando falo com os
eleitores, duvido da democracia".
Por quê? Como "o povo"
pode continuar crendo na economia quando ela já dá sinais de queda há algum
tempo?
Claro, quem entre aqueles que
vivem graças a bolsas famílias pode entender que uma mentalidade entre o
varguismo e o comunismo (como a da nossa presidente e a do restante do PT, que
continua na sua marcha para transformar o país num país comunista) não pode
fazer nada pela economia do país? E, mais, que,
se a economia vai para o saco, as bolsas também vão?
Claro, o problema é que na
democracia dependemos da maioria, e esta é quase sempre estúpida. Sei que muitos não concordam com essa ideia e,
mais do que isso, entendem que há algo de "sagrado" na sabedoria do
povo.
Mas, sei também que quem afirma
isso, conhecendo um pouco de história, o faz por má-fé, ou simplesmente, por
mais má-fé ainda. Temo que esteja sendo redundante, mas a
redundância é uma vantagem evolutiva em meio às obviedades contemporâneas.
Outra coisa que me faz suspeitar
de que os deprimidos têm razão me ocorre quando ouvimos gente supostamente
inteligente falar coisas como "a comunidade internacional decidiu X". O que vem a ser isso mesmo? Onde ela se encontra? Na ONU? Esta estatal
internacional mais corrupta do que a república da banana? A ONU é uma mistura de circo com mensalão. Um
cabide de emprego para países de Terceiro Mundo.
Como crer em quem crê numa
"comunidade internacional"? A
"comunidade internacional" só funciona quando tem interesses
comerciais em jogo. E olhe lá.
Qualquer decisão da
"comunidade internacional" no âmbito moral (como, por exemplo, a
partir de hoje estão proibidas a fome, a tortura, a violência contra os mais
fracos) é tão séria quanto a declaração de que Papai Noel deve existir porque,
do contrário, estamos indo contra o direito à fantasia infantil.
Imagino que os neandertais que
são contrários à publicidade infantil concordariam com uma ideia boba como essa.
Mas, é claro, toda vez que alguém
diz acreditar na "comunidade internacional" não o faz por
ingenuidade, mas, sim, porque este alguém ganha algo com isso, mesmo que seja
apenas fama de bonzinho.
E a decisão britânica de criar um
órgão do governo para censurar a mídia? Claro, dirão
os mesmos que acreditam na "comunidade internacional" que a mídia
deve ser "impedida" de circular ideias preconceituosas e
ideologicamente perversas.
O caso britânico -resultado da
baixaria de alguns "funcionários excessivos" determinados de um
jornal específico- não justifica a criação deste órgão fascista para controlar
a mídia.
Deduzir a necessidade de controle
da mídia do fato de alguns jornalistas terem colocado escutas na vida de
cidadãos é como decidir colocar câmeras em todas as salas de aula porque existe
risco de abusos por parte de professores e alunos.
O grande erro histórico foi não
perceber que a vocação fascista não era um traço só de Mussolini e Hitler, mas
sim de todas as propostas de que a política e a educação sejam irmãs gêmeas,
ou, dito de outra forma, de que a "política deva fazer moral".
Esta ideia é típica da tradição
política contemporânea baseada na premissa de que a política deve
"construir um homem melhor". Neste
sentido, a esquerda é absolutamente fascista e, como ela venceu na cultura, na
educação e nas ciências humanas como um todo, não há esperanças.
É impressionante como "os
bonzinhos" de uns dias para cá foram tomados por um amor meloso pelas suas
empregadas domésticas. Seria isso uma forma de atestar pureza racial
(desculpe, moral) para a burocracia fascista de nossos dias?
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