Essa entrevista merece ser registrada por aqui. Glaucius Oliva, presidente do CNPq, dá uma lambada nos ideólogos do atraso que tanto se vê dentro das universidades públicas brasileiras.
segunda-feira, 22 de abril de 2013
Glaucius Oliva, presidente do CNPQ, dá uma lambada nos ideólogos do atraso em entrevista para @VEJA
"Certo grupos da academia ainda desconfiam do setor privado e repetem o velho bordão: As verbas publicas acabarão a serviço do capital. Historicamente, esses centros de resistência nos afastaram do topo"
quarta-feira, 17 de abril de 2013
Ensine seu filho sobre como funciona o estado de uma maneira fácil
"Você pode ensinar seu filho sobre como funciona o estado de uma maneira fácil. Ofereça a ele $10 para lavar o carro. Quando ele tiver terminado dê-lhe apenas $5 e diga que os outros $5 ficaram como impostos. Dê $1 para o irmão mais novo e diga a seu filho que isso é "justiça social". E diga que você, o governo, precisa dos $4 restantes para cobrir os custos desse "trabalho" de redistribuir o dinheiro. Quando ele chorar e disser que isso é injusto, diga-lhe que ele está sendo "egoísta" e "ganancioso". - Joseph Sobran, jornalista e escritor americano
terça-feira, 16 de abril de 2013
Capitalismo envergonhado
O capitalismo de estado e o capitalismo de compadres, que são a própria negação do capitalismo de livre mercado, criaram um ambiente perfeito para o desenvolvimento de uma cultura de dependência e de prosperidade sustentada pelo governo. (..) No lugar de um conflito de classes, uma divisão entre privilegiados e desprivilegiados pelo governo.
Por BrunoGarschagen
O capitalismo de estado e o
capitalismo de compadres, que são a própria negação do capitalismo de livre
mercado, criaram um ambiente perfeito para o desenvolvimento de uma cultura de
dependência e de prosperidade sustentada pelo governo. Em vez
de um conflito de classes sociais, que tanto aquece o coração dos marxistas,
temos uma clivagem muito bem estabelecida entre a elite política e seus
beneficiários diretos e indiretos e a sociedade, que é obrigada a financiá-los
mediante os tributos. No
lugar de um conflito de classes, uma divisão entre privilegiados e
desprivilegiados pelo governo.
Considerando que os indivíduos
agem e reagem diante dos incentivos disponíveis, não impressiona o fato de que
uma parte dos empresários brasileiros queira se aproximar dos poderes políticos
a fim de desenvolver suas atividades, aceitando as regras do jogo (corrupção e
outros tipos de crimes), e uma parcela cada vez mais numerosa da população veja
o serviço público, este oxímoro, como o fim último de sua vida profissional.
No primeiro caso, torna-se mais
fácil e rentável, na perspectiva dessa categoria especial de empresários, ser
um dos privilegiados com contratos públicos e com todas as benesses advindas da
relação íntima com quem está na cadeia de comando do que atuar no mercado
disputando consumidores. Quando
uma empresa decide persuadir políticos e servidores públicos em vez de
convencer consumidores, está mais próxima do Código Penal do que de uma economia
de mercado. Se não
temos no Brasil uma sociedade politizada que faz suas escolhas políticas de
acordo com as ideologias dos partidos, por que será que parte dos empresários
continua a financiar legal e ilegalmente as campanhas dos candidatos, muitos dos
quais notórios críticos do mercado?
Do lado do governo, os incentivos
não deixam dúvidas de quem pretende privilegiar. A
iniciativa privada (das micro às grandes empresas) é constantemente
desestimulada, atacada, violada mediante milhares de burocracias; a obscena
carga tributária; as sistemáticas mudanças nas regras do jogo; as escolhas de
vencedores na concessão de empréstimos e na expansão do crédito pelos bancos
públicos; o subsídio às exportações; os vários incentivos fiscais para setores
favoritos do governo, etc.
No que se refere ao interesse
crescente pelo serviço público, além de atacar direta e indiretamente a
iniciativa privada, o governo (considerando aqui os poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário) se apresenta ao mesmo tempo como o melhor empregador:
o que oferece remunerações iniciais mais altas, estabilidade, aposentadoria
integral, crédito com juros especiais para compra da casa própria, enfim,
milhares de escandalosos benefícios e garantias sem qualquer risco e maiores
exigências para o servidor. Considerando que se trabalhar o
servidor recebe seus vencimentos, e se não trabalhar, também recebe, qual é o
incentivo que aquele servidor competente terá para melhorar o seu desempenho? Quem o
faz por conta própria, já tem um lugar garantido no céu.
Para quem estuda o assunto, não
impressiona o fato de que ao longo da história, e especialmente a partir da
segunda metade do século XX, o governo tenha ampliado as suas atribuições, os
seus poderes e a sua dimensão e que o estado tenha crescido proporcionalmente. Quanto
mais poder concentra, sobra menos espaço na sociedade civil para que os
privados, que são a maioria da população, possam viver suas vidas sem serem
incomodados, atacados e espoliados legalmente.
Sendo este o ambiente cultural,
político e econômico ordinário, não causa espanto que os empresários
privilegiados pelo governo queiram manter as coisas como estão e que a maioria
dos empresários desprivilegiados tenha receio de qualquer tipo de confronto ou
mesmo de defender a liberdade de mercado ou o capitalismo de livre mercado
(considerando que eles saibam o que ambos significam). É
tragicamente natural que, diante desse quadro, os desprivilegiados tenham
receio ou vergonha de serem o que são e de fazerem o que fazem e que contribuam
para o desenvolvimento do capitalismo envergonhado.
segunda-feira, 15 de abril de 2013
De volta do futuro
Após o susto inicial, eu quis saber quem pagava por tanta esmola, e se isso não gerava uma nefasta dependência do Estado. O rapaz parece não ter compreendido minha pergunta. Disse que estava com pressa para entrar na fila do pão, e que seu cartão de racionamento ainda dava direito a uns bons cem gramas.
Rodrigo Constantino, O GLOBO
O ano é 2030. Cheguei aqui com minha DeLorean, na esperança de encontrar
um país mais próspero e livre. Qual não foi minha surpresa quando dei logo de
cara com uma enorme estátua de Lula!
Curioso, perguntei a um transeunte do que se tratava. Um tanto incrédulo
com minha ignorância, o rapaz explicou que era a homenagem ao São Lula,
ex-presidente e “pai dos pobres”. Havia uma estátua dessas em cada cidade
grande do país. Afinal, tínhamos a obrigação de celebrar os 150 milhões de
brasileiros incluídos no Bolsa Família.
Após o susto inicial, eu quis saber quem pagava por tanta esmola, e se
isso não gerava uma nefasta dependência do Estado. O rapaz parece não ter
compreendido minha pergunta. Disse que estava com pressa para entrar na fila do
pão, e que seu cartão de racionamento ainda dava direito a uns bons cem gramas.
Em seguida, vi na televisão de uma loja um rosto conhecido, ainda que
envelhecido. Era o ministro Guido Mantega! E pelo visto ele ainda era o
ministro. Ele estava explicando o motivo pelo qual sua previsão de crescimento
de 5% não se concretizou. A queda de 3% do PIB havia sido culpa da crise em
Madagascar. Mas tudo iria melhorar no próximo ano.
Notei então o preço do aparelho de TV: 100 mil bolívares. Assustado,
perguntei ao vendedor do que se tratava, explicando que eu era de fora. O homem
disse que, em 2022, após a inflação chegar em 20% ao mês, o governo cortou três
zeros da moeda. Pensei logo no bigodudo. Como isso não funcionou, o governo
decidiu adotar o bolívar, moeda comum do Mercosul.
Descobri que os países “bolivarianos” chegaram a adotar o escambo,
depois que suas respectivas moedas perderam quase todo o valor frente ao dólar.
A moeda comum foi uma medida urgente, pois estava difícil efetuar as trocas. O
criador de gado argentino precisava encontrar um produtor de soja brasileiro
disposto a trocar o mesmo valor de gado por soja. Era um caos!
Levantei ainda alguns dados no jornal “Granma Brasil” (parece que o
“controle democrático” da imprensa havia finalmente passado, e o governo se
tornou o dono do único jornal no país). A inflação oficial era de “apenas” 30%,
mas todos sabiam nas ruas que ela era ao menos o triplo disso. Um centenário
Delfim Netto desqualificava os críticos do Banco Central como “ortodoxos
fanáticos”.
Não havia mais miserável no Brasil, pois a linha de pobreza era
calculada com base no mesmo valor nominal de 2010. Mas havia mendigos para todo
lado. Um desses mendigos me pareceu familiar. Eu poderia jurar que era o Mr. X!
Mas não poderia ser. Afinal, ele era um dos homens mais ricos do país, e tinha
ótimo relacionamento com o governo. O BNDES era um grande parceiro seu.
Foi quando decidi ver que fim tinha levado o banco estatal. Soube que,
após o décimo aumento de capital na Petrobras (que agora importava toda a
gasolina vendida), e vários calotes dos “campeões nacionais”, o BNDES tinha se
unido ao Banco do Brasil e à Caixa, esta falida nos escombros do Minha Casa
Minha Vida, para formar o Banco do Povo. O símbolo era uma estrela vermelha.
O Tesouro já tinha injetado mais de US$ 2 trilhões no banco, para tampar
os rombos criados na época da farra creditícia. Especialistas gregos foram
chamados para prestar consultoria.
Com fome, procurei um restaurante. Todos eram muito parecidos, e tinham
a mesma estrela vermelha na entrada. Soube então que era o resultado de um
decreto do governo Mercadante em 2018. Em nome da igualdade, todos os
restaurantes teriam que fornecer o mesmo cardápio pelo mesmo preço. Frango era
item de luxo, e custava muito caro. Continuei faminto.
Veio em minha direção uma multidão de mulheres desesperadas protestando.
Quis saber o que era aquilo, e me explicaram que, em 2014, quase todas as
empregadas domésticas perderam seus empregos por causa de mudanças nas leis.
Havia ficado proibitivo contratá-las. Desde então, elas vagam pelas ruas
protestando e mendigando, sem oportunidades de emprego. “O inferno está cheio
de boas intenções”, pensei.
Um rebuliço começou perto de mim, e uma tropa de choque surgiu do nada e
arrastou um sujeito até a cadeia. Descobri que ele foi acusado de homofobia e
enquadrado na Lei Jean Willys, pegando 10 anos de prisão por ter dito abertamente
que preferia um filho heterossexual a um filho gay. A pena foi acrescida de 2
anos pelo uso do termo gay, em vez de “homoafetivo”.
Desesperado com tudo, eu ajustei minha máquina de volta para 2013,
decidido a fazer o que estivesse ao meu limitado alcance para impedir um futuro
tão maldito do meu país.
domingo, 14 de abril de 2013
O Custo da Burocracia
“O propósito da política não é solucionar problemas, mas achar problemas para justificar a expansão do poder do governo e um aumento nos impostos.” (Thomas Sowell)
Rodrigo Constantino, O Globo
A “função” precípua da burocracia brasileira é criar dificuldades legais
para vender facilidades ilegais depois. Com uma parafernália espantosa de
regras e normas, o custo da formalidade chega a ser proibitivo por aqui. O
resultado é um enorme contingente de pessoas e empresas atuando na
informalidade, sem benefícios legais e sem a devida proteção do aparato
jurídico.
O que permite esta situação caótica, em essência, é o ambiente
ideológico que predomina na sociedade. Empresários são sempre vistos com extrema
desconfiança, enquanto o governo é encarado como uma espécie de deus que vai
nos proteger. Uns são egoístas que só querem lucrar à custa de todos; os outros
são altruístas que labutam de forma abnegada em prol do “bem-comum”.
Entretanto, como disse Hoelderlin, “o que sempre fez do Estado um
verdadeiro inferno foram justamente as tentativas de torná-lo um paraíso”. O
excesso de poder delegado aos burocratas transformou o Brasil numa verdadeira
“República cartorial”, com graves conseqüências para a produtividade das
empresas. Além disso, a corrupção é um efeito direto do aumento da burocracia.
Os países com menor grau de liberdade econômica, ou seja, com mais
intervenção burocrática, são também os países com maior índice de corrupção
percebida. Não é difícil compreender o motivo: quando o sucesso das empresas
depende do carimbo poderoso de um burocrata, o natural será seu suborno ganhar
valor vis-à-vis outros destinos para os recursos, tais como investimentos
produtivos. Mais burocracia significa menos progresso.
Quando as regras regulatórias são excessivas, as grandes empresas
conseguem arcar com o custo extra da “captura” dos reguladores, criando
barreiras à entrada de novos concorrentes menores. Um modelo que concentra
demasiado poder nos governantes acaba inibindo a livre concorrência, locomotiva
do crescimento econômico sustentável. Os lobistas das grandes empresas optam
pela troca de “favores” com políticos e burocratas, em vez de focar na sua
competitividade e na satisfação dos clientes.
Outro problema que surge com a burocracia diz respeito aos seus
incentivos inadequados. Os erros dos burocratas acabam premiados com mais
verbas e pessoal, pois sempre se argumenta que sua causa foi a falta de
recursos, e não a incompetência dos funcionários. No setor privado isso não
ocorre, pois a empresa que não punir a ineficiência terá seus dias contados:
sua falência será inevitável.
Mesmo aceitando a premissa altamente questionável de que os burocratas
escolheram esta profissão por puro altruísmo, existem outros problemas. O
conhecimento, como já sabia Hayek, está disperso em toda a sociedade, e o
mecanismo de livre mercado é o melhor que existe para transmitir informações
importantes acerca da oferta e demanda dos bens e produtos. Quando há muita
intervenção estatal neste processo, torna-se inviável o funcionamento eficiente
desta “ordem espontânea”. Não há burocrata clarividente que possa substituir
milhões de agentes do mercado. O fracasso do planejamento central soviético
demonstrou bem isso.
O Banco Mundial divulga todo ano um índice de facilidade para os
negócios, e o Brasil se encontra na rabeira do ranking. Abrir e fechar
negócios, registrar propriedade, conseguir crédito, proteger investidores,
pagar impostos, tudo isso é tarefa hercúlea em nosso país. Fica mais claro o
motivo pelo qual a economia brasileira ainda apresenta tanta ineficiência e
corrupção tão elevada. Entrementes, o BNDES libera dezenas de bilhões
subsidiados numa só tacada para poucas empresas de “amigos do rei”.
Seria um estudo fantástico, a despeito de sua dificuldade prática,
calcular quanto custa ao país esta burocracia insana. A Fiesp já realizou
alguns estudos preliminares, e concluiu que ela pode custar até quase 3% do
PIB. Mas este número pode ser bem maior, sem falar do custo de oportunidade das
empresas, que perdem milhares de horas por ano apenas atendendo as exigências
burocráticas.
Naturalmente, ninguém defende de forma direta essa burocracia
asfixiante. Mas o que poucos se dão conta é que ela é um reflexo da ideologia
predominante, um sintoma do paternalismo estatal. Enquanto muitos desconfiarem
das empresas e do livre mercado, e demandarem a supervisão minuciosa do governo
para tudo, o poder arbitrário estará com os burocratas. Seus efeitos nefastos
serão inevitáveis.
A revolução da empregada. O conto de fadas do oprimido continua
É típico das sociedades culturalmente débeis acharem que legislar
sobre tudo é passaporte civilizatório. É um país que não acredita nos seus
acordos, no que é instituído a partir da responsabilidade individual, do bom
senso e dos bons costumes. (..) Se o prezado leitor escravocrata enjoou da
comida de sua empregada, melhor consultar seu advogado. O socialismo chegou à
cozinha — e o tempero agora é assunto de Estado.
Por Guilherme Fiúza
O conto de fadas do oprimido continua. Agora,
as empregadas domésticas foram libertadas da escravidão. Mas
esse capítulo ainda promete fortes emoções. Uma legião de advogados espertos já
está de prontidão para o primeiro bote trabalhista num desses “senhores
feudais” de Ipanema ou Leblon. Aí a burguesia vai ver o que é bom.
Patrões perderão as calças para cozinheiras demitidas sem justa causa. E o
Brasil progressista irá ao delírio. Babás levarão uma baba ao provar — com seus
advogados — que naquela sexta-feira chuvosa estouraram o período da jornada sem
ganhar hora extra. Com a
PEC das domésticas, cada lar brasileiro assistirá à revanche do povo contra as
elites.
A apoteose cívica em torno da
empregada lembra o clima da Constituinte em 1987. A Carta
promulgada por Ulisses Guimarães com “ódio e nojo à ditadura” removia o entulho
autoritário, e trazia o entulho progressista. Até limite de taxa de juros enfiaram
na Constituição — entre outras bondades autoritárias e/ou lunáticas. A
partir dali, deu-se no Brasil o milagre da multiplicação de municípios, com a
interminável criação de prefeituras e câmaras de vereadores sangrando os cofres
públicos. Tudo em
nome da descentralização democrática.
Agora o país comemora a Lei Áurea
das domésticas, com ódio e nojo aos patrões.Eles tiveram sorte,
porque não apareceu nenhum revolucionário propondo guilhotina em caso de atraso
do 13º.
Os escravocratas do século 21 —
como os patrões foram chamados pelos libertadores das empregadas — garantiram
nos últimos anos à classe das domésticas aumentos salariais bem acima da
inflação (e de todas as outras categorias). Mas não interessa. Os progressistas
querem direitos civis, querem que os patrões paguem encargos. A
consequência será simples: para pagar os encargos, os patrões não darão mais
reajustes acima da inflação. Através do FGTS, por exemplo, o
dinheiro se desviará das mãos da empregada para as mãos do governo — onde será
corrigido abaixo da inflação, a julgar pelas médias recentes.
O fim da escravidão aboliu o bom
senso, e conseguirá trazer perdas para patrões e empregados, democraticamente. Mas os
populistas serão felizes para sempre.
Já se pode antever a excitação no
Primeiro de Maio, com a “presidenta” mulher e faxineira indo às lágrimas em
cadeia obrigatória de rádio e TV. Mais uma pantomima social que a nação
engolirá sorridente e orgulhosa. Na vida real, evidentemente, a nova
Lei Áurea vai dar um tranco no mercado, com patrões temerosos de contratar
mensalistas — não só pelos custos inflados, como pelos altos riscos de
indenizações pesadas (as casuais e as tramadas). Muitos
recorrerão a diaristas e outros improvisos para fazer frente aos serviços da
casa.E o enorme contingente das empregadas domésticas que
só sabem ser empregadas domésticas, diante da crescente dificuldade de se fixar
no emprego “seguro” que a Constituição progressista lhe trouxe, terá que
perguntar a Dilma e aos humanistas como ganhar a vida.
O governo popular não está
preocupado com isso. Se o
contingente das alforriadas sem-teto crescer muito rápido, isso se resolve com
uma injeçãozinha a mais no Bolsa Família (o Bolsa Casa de Família). País
rico é país que dá dinheiro de graça. Enquanto a Europa acorda dolorosamente
desse sonho dourado, com saudades de Margaret Thatcher, o Brasil fabrica um
pleno emprego pendurando parte da população numa mesada estatal. São os
filhos profissionais do Brasil, que não precisam se emancipar nem procurar
trabalho. É claro
que isso vai explodir um dia, mas a próxima eleição (pelo menos) está garantida.
A festa da propaganda populista
não tem hora para acabar. O
Ministério da Educação, por exemplo, está bancando uma grande campanha nas principais
mídias nacionais sobre o sistema de cotas para negros no ensino público. A peça
traz a encenação de um jovem humilde, que conta ter conseguido vaga na
universidade por ser afro-descendente. É o governo popular torrando o
dinheiro do contribuinte para apregoar a sua própria bondade. Só um
país apoplético pode consumir numa boa essa propaganda política travestida de
utilidade pública.
É esse país que baba de orgulho
diante da PEC das domésticas, jurando que está assistindo a uma revolução
trabalhista. É
típico das sociedades culturalmente débeis acharem que legislar sobre tudo é
passaporte civilizatório. É um
país que não acredita nos seus acordos, no que é instituído a partir da
responsabilidade individual, do bom senso e dos bons costumes. É
preciso cutucar Getúlio Vargas no túmulo, para empreender uma formidável marcha
à ré progressista — que servirá para entulhar de vez a Justiça, porque as
crianças só confiam no que está nos livros guardados por mamãe Dilma. Pobres
órfãos.
Se o prezado leitor escravocrata
enjoou da comida de sua empregada, melhor consultar seu advogado. O
socialismo chegou à cozinha — e o tempero agora é assunto de Estado.
Algumas razões para se deprimir
"Quando falo com os eleitores, duvido da
democracia" Winston Churchill
Por Luiz Felipe Pondé (Folha de SP)
Diante da questão de Hamlet,
"ser ou não ser, eis a questão", a resposta talvez seja "não ser". Deprimir-se ou resistir?
Dias assim, melhor dormir. Mas,
como a vida continua, insistimos. Um tratado de
"Crítica da Razão Deprimida" deveria começar pela descrença na
democracia.
Como crer na democracia quando
sabemos que a popularidade de nossa presidente é alta? Se o pastor Feliciano não tem o perfil para o
cargo, tampouco ela o tem. Lembramos então do que dizia o líder inglês
durante a Segunda Guerra, Winston Churchill: "Quando falo com os
eleitores, duvido da democracia".
Por quê? Como "o povo"
pode continuar crendo na economia quando ela já dá sinais de queda há algum
tempo?
Claro, quem entre aqueles que
vivem graças a bolsas famílias pode entender que uma mentalidade entre o
varguismo e o comunismo (como a da nossa presidente e a do restante do PT, que
continua na sua marcha para transformar o país num país comunista) não pode
fazer nada pela economia do país? E, mais, que,
se a economia vai para o saco, as bolsas também vão?
Claro, o problema é que na
democracia dependemos da maioria, e esta é quase sempre estúpida. Sei que muitos não concordam com essa ideia e,
mais do que isso, entendem que há algo de "sagrado" na sabedoria do
povo.
Mas, sei também que quem afirma
isso, conhecendo um pouco de história, o faz por má-fé, ou simplesmente, por
mais má-fé ainda. Temo que esteja sendo redundante, mas a
redundância é uma vantagem evolutiva em meio às obviedades contemporâneas.
Outra coisa que me faz suspeitar
de que os deprimidos têm razão me ocorre quando ouvimos gente supostamente
inteligente falar coisas como "a comunidade internacional decidiu X". O que vem a ser isso mesmo? Onde ela se encontra? Na ONU? Esta estatal
internacional mais corrupta do que a república da banana? A ONU é uma mistura de circo com mensalão. Um
cabide de emprego para países de Terceiro Mundo.
Como crer em quem crê numa
"comunidade internacional"? A
"comunidade internacional" só funciona quando tem interesses
comerciais em jogo. E olhe lá.
Qualquer decisão da
"comunidade internacional" no âmbito moral (como, por exemplo, a
partir de hoje estão proibidas a fome, a tortura, a violência contra os mais
fracos) é tão séria quanto a declaração de que Papai Noel deve existir porque,
do contrário, estamos indo contra o direito à fantasia infantil.
Imagino que os neandertais que
são contrários à publicidade infantil concordariam com uma ideia boba como essa.
Mas, é claro, toda vez que alguém
diz acreditar na "comunidade internacional" não o faz por
ingenuidade, mas, sim, porque este alguém ganha algo com isso, mesmo que seja
apenas fama de bonzinho.
E a decisão britânica de criar um
órgão do governo para censurar a mídia? Claro, dirão
os mesmos que acreditam na "comunidade internacional" que a mídia
deve ser "impedida" de circular ideias preconceituosas e
ideologicamente perversas.
O caso britânico -resultado da
baixaria de alguns "funcionários excessivos" determinados de um
jornal específico- não justifica a criação deste órgão fascista para controlar
a mídia.
Deduzir a necessidade de controle
da mídia do fato de alguns jornalistas terem colocado escutas na vida de
cidadãos é como decidir colocar câmeras em todas as salas de aula porque existe
risco de abusos por parte de professores e alunos.
O grande erro histórico foi não
perceber que a vocação fascista não era um traço só de Mussolini e Hitler, mas
sim de todas as propostas de que a política e a educação sejam irmãs gêmeas,
ou, dito de outra forma, de que a "política deva fazer moral".
Esta ideia é típica da tradição
política contemporânea baseada na premissa de que a política deve
"construir um homem melhor". Neste
sentido, a esquerda é absolutamente fascista e, como ela venceu na cultura, na
educação e nas ciências humanas como um todo, não há esperanças.
É impressionante como "os
bonzinhos" de uns dias para cá foram tomados por um amor meloso pelas suas
empregadas domésticas. Seria isso uma forma de atestar pureza racial
(desculpe, moral) para a burocracia fascista de nossos dias?
terça-feira, 9 de abril de 2013
A credibilidade do Brasil está sendo destruída pelo governo perante o investidor estrangeiro
"Só a interferência do governo já fez com que a Petrobras saísse do posto de petrolífera mais valiosa do mundo e já vale menos do que a colombiana Ecopetrol"
Por Leandro Ruschel (Infomoney)
O Ibovespa vai seguindo uma trajetória de queda nas últimas semanas, sem se
importar com o movimento altista dos índices norte-americanos, que vão
atingindo os patamares mais altos de sua história história. Sem crise sistêmica
aparente nos mercados externos, Leandro Ruschel, sócio-fundador da escola de
traders Leandro&Stormer, acredita que a culpa de tal movimento recai sobre
o governo federal.
"A credibilidade do Brasil está sendo destruída pelo governo
perante o investidor estrangeiro", afirma o trader. Uma política mais
intervencionista do governo de Dilma Rousseff faz com que as incertezas
jurídicas cresçam: e com isso, aumenta a quantidade de investidores dispostos a
sair do País e buscar alternativas, como o próprio Estados Unidos e o México.
Ruschel acha válido lembrar que a situação das principais empresas que
compõem o índice não é nada positiva: a Vale (VALE3; VALE5) sofre com a possível desaceleração da economia
chinesa; a Petrobras (PETR3; PETR4) com as interferências do governo; já a OGX Petróleo
(OGXP3) já caiu mais de 90% desde que anunciou uma produção
menor que a esperada no ano passado. "Só a interferência do governo já fez
com que a Petrobras saísse do posto de petrolífera mais valiosa do mundo e já
vale menos do que a colombiana Ecopetrol", ressalta.
Para ele, as medidas do governo não caem bem com os investidores
estrangeiros e fazem com que o dinheiro migre para fora do País - vide as
interferências vistas em 2012 nos setores elétrico e bancário. Além disso, a
sinalização de que o Banco Central pode deixar o problema da inflação em
segundo plano para não atrapalhar ainda mais o crescimento do País também tem
causado mal estar ao mercado.
Não há bonança no exterior
Assim o mercado brasileiro mal consegue esboçar uma reação positiva, continuando a cair ainda mais, por conta do fluxo de capitais. Ruschel também destaca outro ponto que ajuda a queda: se a situação no exterior melhorou, não foi de maneira tão significativa, o que ainda inspira um pouco de cautela nos investidores. "Quando há maior otimismo, o investidor busca mercados emergentes, de maior risco, e quando há percepção clara de risco, ele volta para o mercado dos EUA. É o que estamos vendo hoje", alerta.
O cenário melhorou no exterior, sem
dúvida, mas ainda não foi reestabelicido um período de bonança - como foi a
década passada, por exemplo. Com isso, Ruschel destaca que é difícil saber se a
alta dos mercados internacionais é por conta da própria recuperação econômica ou
pela política de juros baixos e estímulos dos principais bancos centrais
mundiais, como é o caso do Federal Reserve nos EUA e, recentemente, o BoJ (Bank of
Japan).
"Isso não é uma situação muito
usual, do ponto de vista histórico, e se o governo estivesse fazendo o dever de
casa, estaríamos sendo beneficiados, seríamos um dos portos para receber esse
dinheiro", avalia o trader. Assim, os investidores estrangeiros não teriam
medo de usar os dólares recém-injetados no Brasil, que oferece prospectos de
crescimento superior às economias desenvolvidas.
Diferença passada pode explicar
descolamento atual
Além disso, Ruschel tem mais um motivo para a diferença de rentabilidade entre os dois mercados: eles estavam muito afastados do ponto de vista de sua relação histórica, depois que o mercado brasileiro se recuperou da crise de 2008 com muito mais agilidade do que os Estados Unidos. "Esse foi o auge do descolamento", avalia.
A situação já havia se intensificado nos últimos anos. A correlação
entre o movimento dos dois mercados era, tradicionalmente, 1 para 1. De 2002
até 2008, o Ibovespa apresentou um crescimento de mais de 800% em dólares,
enquanto o mercado norte-americano subiu "apenas" 100%. Naquele
período, porém, ambas as bolsas apresentaram movimento positivo - mas abriram
espaço para que houvesse uma correção histórica nessa proporção.
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