segunda-feira, 22 de abril de 2013

Glaucius Oliva, presidente do CNPQ, dá uma lambada nos ideólogos do atraso em entrevista para @VEJA

"Certo grupos da academia ainda desconfiam do setor privado e repetem o velho bordão: As verbas publicas acabarão a serviço do capital. Historicamente, esses centros de resistência nos afastaram do topo"

Essa entrevista merece ser registrada por aqui. Glaucius Oliva, presidente do CNPq, dá uma lambada nos ideólogos do atraso que tanto se vê dentro das universidades públicas brasileiras.
Vale a pena! Thiago









quarta-feira, 17 de abril de 2013

Ensine seu filho sobre como funciona o estado de uma maneira fácil

"Você pode ensinar seu filho sobre como funciona o estado de uma maneira fácil. Ofereça a ele $10 para lavar o carro. Quando ele tiver terminado dê-lhe apenas $5 e diga que os outros $5 ficaram como impostos. Dê $1 para o irmão mais novo e diga a seu filho que isso é "justiça social". E diga que você, o governo, precisa dos $4 restantes para cobrir os custos desse "trabalho" de redistribuir o dinheiro. Quando ele chorar e disser que isso é injusto, diga-lhe que ele está sendo "egoísta" e "ganancioso". - Joseph Sobran, jornalista e escritor americano

terça-feira, 16 de abril de 2013

Capitalismo envergonhado

O capitalismo de estado e o capitalismo de compadres, que são a própria negação do capitalismo de livre mercado, criaram um ambiente perfeito para o desenvolvimento de uma cultura de dependência e de prosperidade sustentada pelo governo. (..) No lugar de um conflito de classes, uma divisão entre privilegiados e desprivilegiados pelo governo.



O capitalismo de estado e o capitalismo de compadres, que são a própria negação do capitalismo de livre mercado, criaram um ambiente perfeito para o desenvolvimento de uma cultura de dependência e de prosperidade sustentada pelo governo. Em vez de um conflito de classes sociais, que tanto aquece o coração dos marxistas, temos uma clivagem muito bem estabelecida entre a elite política e seus beneficiários diretos e indiretos e a sociedade, que é obrigada a financiá-los mediante os tributos. No lugar de um conflito de classes, uma divisão entre privilegiados e desprivilegiados pelo governo.

Considerando que os indivíduos agem e reagem diante dos incentivos disponíveis, não impressiona o fato de que uma parte dos empresários brasileiros queira se aproximar dos poderes políticos a fim de desenvolver suas atividades, aceitando as regras do jogo (corrupção e outros tipos de crimes), e uma parcela cada vez mais numerosa da população veja o serviço público, este oxímoro, como o fim último de sua vida profissional.

No primeiro caso, torna-se mais fácil e rentável, na perspectiva dessa categoria especial de empresários, ser um dos privilegiados com contratos públicos e com todas as benesses advindas da relação íntima com quem está na cadeia de comando do que atuar no mercado disputando consumidores. Quando uma empresa decide persuadir políticos e servidores públicos em vez de convencer consumidores, está mais próxima do Código Penal do que de uma economia de mercado. Se não temos no Brasil uma sociedade politizada que faz suas escolhas políticas de acordo com as ideologias dos partidos, por que será que parte dos empresários continua a financiar legal e ilegalmente as campanhas dos candidatos, muitos dos quais notórios críticos do mercado?

Do lado do governo, os incentivos não deixam dúvidas de quem pretende privilegiar. A iniciativa privada (das micro às grandes empresas) é constantemente desestimulada, atacada, violada mediante milhares de burocracias; a obscena carga tributária; as sistemáticas mudanças nas regras do jogo; as escolhas de vencedores na concessão de empréstimos e na expansão do crédito pelos bancos públicos; o subsídio às exportações; os vários incentivos fiscais para setores favoritos do governo, etc.

No que se refere ao interesse crescente pelo serviço público, além de atacar direta e indiretamente a iniciativa privada, o governo (considerando aqui os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário) se apresenta ao mesmo tempo como o melhor empregador: o que oferece remunerações iniciais mais altas, estabilidade, aposentadoria integral, crédito com juros especiais para compra da casa própria, enfim, milhares de escandalosos benefícios e garantias sem qualquer risco e maiores exigências para o servidor. Considerando que se trabalhar o servidor recebe seus vencimentos, e se não trabalhar, também recebe, qual é o incentivo que aquele servidor competente terá para melhorar o seu desempenho? Quem o faz por conta própria, já tem um lugar garantido no céu.

Para quem estuda o assunto, não impressiona o fato de que ao longo da história, e especialmente a partir da segunda metade do século XX, o governo tenha ampliado as suas atribuições, os seus poderes e a sua dimensão e que o estado tenha crescido proporcionalmente. Quanto mais poder concentra, sobra menos espaço na sociedade civil para que os privados, que são a maioria da população, possam viver suas vidas sem serem incomodados, atacados e espoliados legalmente.

Sendo este o ambiente cultural, político e econômico ordinário, não causa espanto que os empresários privilegiados pelo governo queiram manter as coisas como estão e que a maioria dos empresários desprivilegiados tenha receio de qualquer tipo de confronto ou mesmo de defender a liberdade de mercado ou o capitalismo de livre mercado (considerando que eles saibam o que ambos significam). É tragicamente natural que, diante desse quadro, os desprivilegiados tenham receio ou vergonha de serem o que são e de fazerem o que fazem e que contribuam para o desenvolvimento do capitalismo envergonhado.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

De volta do futuro

Após o susto inicial, eu quis saber quem pagava por tanta esmola, e se isso não gerava uma nefasta dependência do Estado. O rapaz parece não ter compreendido minha pergunta. Disse que estava com pressa para entrar na fila do pão, e que seu cartão de racionamento ainda dava direito a uns bons cem gramas.


Rodrigo Constantino, O GLOBO
  

O ano é 2030. Cheguei aqui com minha DeLorean, na esperança de encontrar um país mais próspero e livre. Qual não foi minha surpresa quando dei logo de cara com uma enorme estátua de Lula!

Curioso, perguntei a um transeunte do que se tratava. Um tanto incrédulo com minha ignorância, o rapaz explicou que era a homenagem ao São Lula, ex-presidente e “pai dos pobres”. Havia uma estátua dessas em cada cidade grande do país. Afinal, tínhamos a obrigação de celebrar os 150 milhões de brasileiros incluídos no Bolsa Família.

Após o susto inicial, eu quis saber quem pagava por tanta esmola, e se isso não gerava uma nefasta dependência do Estado. O rapaz parece não ter compreendido minha pergunta. Disse que estava com pressa para entrar na fila do pão, e que seu cartão de racionamento ainda dava direito a uns bons cem gramas.

Em seguida, vi na televisão de uma loja um rosto conhecido, ainda que envelhecido. Era o ministro Guido Mantega! E pelo visto ele ainda era o ministro. Ele estava explicando o motivo pelo qual sua previsão de crescimento de 5% não se concretizou. A queda de 3% do PIB havia sido culpa da crise em Madagascar. Mas tudo iria melhorar no próximo ano.

Notei então o preço do aparelho de TV: 100 mil bolívares. Assustado, perguntei ao vendedor do que se tratava, explicando que eu era de fora. O homem disse que, em 2022, após a inflação chegar em 20% ao mês, o governo cortou três zeros da moeda. Pensei logo no bigodudo. Como isso não funcionou, o governo decidiu adotar o bolívar, moeda comum do Mercosul.

Descobri que os países “bolivarianos” chegaram a adotar o escambo, depois que suas respectivas moedas perderam quase todo o valor frente ao dólar. A moeda comum foi uma medida urgente, pois estava difícil efetuar as trocas. O criador de gado argentino precisava encontrar um produtor de soja brasileiro disposto a trocar o mesmo valor de gado por soja. Era um caos!

Levantei ainda alguns dados no jornal “Granma Brasil” (parece que o “controle democrático” da imprensa havia finalmente passado, e o governo se tornou o dono do único jornal no país). A inflação oficial era de “apenas” 30%, mas todos sabiam nas ruas que ela era ao menos o triplo disso. Um centenário Delfim Netto desqualificava os críticos do Banco Central como “ortodoxos fanáticos”.

Não havia mais miserável no Brasil, pois a linha de pobreza era calculada com base no mesmo valor nominal de 2010. Mas havia mendigos para todo lado. Um desses mendigos me pareceu familiar. Eu poderia jurar que era o Mr. X! Mas não poderia ser. Afinal, ele era um dos homens mais ricos do país, e tinha ótimo relacionamento com o governo. O BNDES era um grande parceiro seu.

Foi quando decidi ver que fim tinha levado o banco estatal. Soube que, após o décimo aumento de capital na Petrobras (que agora importava toda a gasolina vendida), e vários calotes dos “campeões nacionais”, o BNDES tinha se unido ao Banco do Brasil e à Caixa, esta falida nos escombros do Minha Casa Minha Vida, para formar o Banco do Povo. O símbolo era uma estrela vermelha.

O Tesouro já tinha injetado mais de US$ 2 trilhões no banco, para tampar os rombos criados na época da farra creditícia. Especialistas gregos foram chamados para prestar consultoria.

Com fome, procurei um restaurante. Todos eram muito parecidos, e tinham a mesma estrela vermelha na entrada. Soube então que era o resultado de um decreto do governo Mercadante em 2018. Em nome da igualdade, todos os restaurantes teriam que fornecer o mesmo cardápio pelo mesmo preço. Frango era item de luxo, e custava muito caro. Continuei faminto.

Veio em minha direção uma multidão de mulheres desesperadas protestando. Quis saber o que era aquilo, e me explicaram que, em 2014, quase todas as empregadas domésticas perderam seus empregos por causa de mudanças nas leis. Havia ficado proibitivo contratá-las. Desde então, elas vagam pelas ruas protestando e mendigando, sem oportunidades de emprego. “O inferno está cheio de boas intenções”, pensei.

Um rebuliço começou perto de mim, e uma tropa de choque surgiu do nada e arrastou um sujeito até a cadeia. Descobri que ele foi acusado de homofobia e enquadrado na Lei Jean Willys, pegando 10 anos de prisão por ter dito abertamente que preferia um filho heterossexual a um filho gay. A pena foi acrescida de 2 anos pelo uso do termo gay, em vez de “homoafetivo”.

Desesperado com tudo, eu ajustei minha máquina de volta para 2013, decidido a fazer o que estivesse ao meu limitado alcance para impedir um futuro tão maldito do meu país.

domingo, 14 de abril de 2013

O Custo da Burocracia


“O propósito da política não é solucionar problemas, mas achar problemas para justificar a expansão do poder do governo e um aumento nos impostos.” (Thomas Sowell)
  

Rodrigo Constantino, O Globo


A “função” precípua da burocracia brasileira é criar dificuldades legais para vender facilidades ilegais depois. Com uma parafernália espantosa de regras e normas, o custo da formalidade chega a ser proibitivo por aqui. O resultado é um enorme contingente de pessoas e empresas atuando na informalidade, sem benefícios legais e sem a devida proteção do aparato jurídico. 

O que permite esta situação caótica, em essência, é o ambiente ideológico que predomina na sociedade. Empresários são sempre vistos com extrema desconfiança, enquanto o governo é encarado como uma espécie de deus que vai nos proteger. Uns são egoístas que só querem lucrar à custa de todos; os outros são altruístas que labutam de forma abnegada em prol do “bem-comum”. 

Entretanto, como disse Hoelderlin, “o que sempre fez do Estado um verdadeiro inferno foram justamente as tentativas de torná-lo um paraíso”. O excesso de poder delegado aos burocratas transformou o Brasil numa verdadeira “República cartorial”, com graves conseqüências para a produtividade das empresas. Além disso, a corrupção é um efeito direto do aumento da burocracia.

Os países com menor grau de liberdade econômica, ou seja, com mais intervenção burocrática, são também os países com maior índice de corrupção percebida. Não é difícil compreender o motivo: quando o sucesso das empresas depende do carimbo poderoso de um burocrata, o natural será seu suborno ganhar valor vis-à-vis outros destinos para os recursos, tais como investimentos produtivos. Mais burocracia significa menos progresso.

Quando as regras regulatórias são excessivas, as grandes empresas conseguem arcar com o custo extra da “captura” dos reguladores, criando barreiras à entrada de novos concorrentes menores. Um modelo que concentra demasiado poder nos governantes acaba inibindo a livre concorrência, locomotiva do crescimento econômico sustentável. Os lobistas das grandes empresas optam pela troca de “favores” com políticos e burocratas, em vez de focar na sua competitividade e na satisfação dos clientes.

Outro problema que surge com a burocracia diz respeito aos seus incentivos inadequados. Os erros dos burocratas acabam premiados com mais verbas e pessoal, pois sempre se argumenta que sua causa foi a falta de recursos, e não a incompetência dos funcionários. No setor privado isso não ocorre, pois a empresa que não punir a ineficiência terá seus dias contados: sua falência será inevitável. 

Mesmo aceitando a premissa altamente questionável de que os burocratas escolheram esta profissão por puro altruísmo, existem outros problemas. O conhecimento, como já sabia Hayek, está disperso em toda a sociedade, e o mecanismo de livre mercado é o melhor que existe para transmitir informações importantes acerca da oferta e demanda dos bens e produtos. Quando há muita intervenção estatal neste processo, torna-se inviável o funcionamento eficiente desta “ordem espontânea”. Não há burocrata clarividente que possa substituir milhões de agentes do mercado. O fracasso do planejamento central soviético demonstrou bem isso.

O Banco Mundial divulga todo ano um índice de facilidade para os negócios, e o Brasil se encontra na rabeira do ranking. Abrir e fechar negócios, registrar propriedade, conseguir crédito, proteger investidores, pagar impostos, tudo isso é tarefa hercúlea em nosso país. Fica mais claro o motivo pelo qual a economia brasileira ainda apresenta tanta ineficiência e corrupção tão elevada. Entrementes, o BNDES libera dezenas de bilhões subsidiados numa só tacada para poucas empresas de “amigos do rei”. 

Seria um estudo fantástico, a despeito de sua dificuldade prática, calcular quanto custa ao país esta burocracia insana. A Fiesp já realizou alguns estudos preliminares, e concluiu que ela pode custar até quase 3% do PIB. Mas este número pode ser bem maior, sem falar do custo de oportunidade das empresas, que perdem milhares de horas por ano apenas atendendo as exigências burocráticas. 

Naturalmente, ninguém defende de forma direta essa burocracia asfixiante. Mas o que poucos se dão conta é que ela é um reflexo da ideologia predominante, um sintoma do paternalismo estatal. Enquanto muitos desconfiarem das empresas e do livre mercado, e demandarem a supervisão minuciosa do governo para tudo, o poder arbitrário estará com os burocratas. Seus efeitos nefastos serão inevitáveis.

A revolução da empregada. O conto de fadas do oprimido continua


É típico das sociedades culturalmente débeis acharem que legislar sobre tudo é passaporte civilizatório. É um país que não acredita nos seus acordos, no que é instituído a partir da responsabilidade individual, do bom senso e dos bons costumes. (..) Se o prezado leitor escravocrata enjoou da comida de sua empregada, melhor consultar seu advogado. O socialismo chegou à cozinha — e o tempero agora é assunto de Estado.



O conto de fadas do oprimido continua. Agora, as empregadas domésticas foram libertadas da escravidão. Mas esse capítulo ainda promete fortes emoções. Uma legião de advogados espertos já está de prontidão para o primeiro bote trabalhista num desses “senhores feudais” de Ipanema ou Leblon. Aí a burguesia vai ver o que é bom. Patrões perderão as calças para cozinheiras demitidas sem justa causa. E o Brasil progressista irá ao delírio. Babás levarão uma baba ao provar — com seus advogados — que naquela sexta-feira chuvosa estouraram o período da jornada sem ganhar hora extra. Com a PEC das domésticas, cada lar brasileiro assistirá à revanche do povo contra as elites.

A apoteose cívica em torno da empregada lembra o clima da Constituinte em 1987. A Carta promulgada por Ulisses Guimarães com “ódio e nojo à ditadura” removia o entulho autoritário, e trazia o entulho progressista. Até limite de taxa de juros enfiaram na Constituição — entre outras bondades autoritárias e/ou lunáticas. A partir dali, deu-se no Brasil o milagre da multiplicação de municípios, com a interminável criação de prefeituras e câmaras de vereadores sangrando os cofres públicos. Tudo em nome da descentralização democrática.

Agora o país comemora a Lei Áurea das domésticas, com ódio e nojo aos patrões.Eles tiveram sorte, porque não apareceu nenhum revolucionário propondo guilhotina em caso de atraso do 13º.

Os escravocratas do século 21 — como os patrões foram chamados pelos libertadores das empregadas — garantiram nos últimos anos à classe das domésticas aumentos salariais bem acima da inflação (e de todas as outras categorias). Mas não interessa. Os progressistas querem direitos civis, querem que os patrões paguem encargos. A consequência será simples: para pagar os encargos, os patrões não darão mais reajustes acima da inflação. Através do FGTS, por exemplo, o dinheiro se desviará das mãos da empregada para as mãos do governo — onde será corrigido abaixo da inflação, a julgar pelas médias recentes.

O fim da escravidão aboliu o bom senso, e conseguirá trazer perdas para patrões e empregados, democraticamente. Mas os populistas serão felizes para sempre.

Já se pode antever a excitação no Primeiro de Maio, com a “presidenta” mulher e faxineira indo às lágrimas em cadeia obrigatória de rádio e TV. Mais uma pantomima social que a nação engolirá sorridente e orgulhosa. Na vida real, evidentemente, a nova Lei Áurea vai dar um tranco no mercado, com patrões temerosos de contratar mensalistas — não só pelos custos inflados, como pelos altos riscos de indenizações pesadas (as casuais e as tramadas). Muitos recorrerão a diaristas e outros improvisos para fazer frente aos serviços da casa.E o enorme contingente das empregadas domésticas que só sabem ser empregadas domésticas, diante da crescente dificuldade de se fixar no emprego “seguro” que a Constituição progressista lhe trouxe, terá que perguntar a Dilma e aos humanistas como ganhar a vida.

O governo popular não está preocupado com isso. Se o contingente das alforriadas sem-teto crescer muito rápido, isso se resolve com uma injeçãozinha a mais no Bolsa Família (o Bolsa Casa de Família). País rico é país que dá dinheiro de graça. Enquanto a Europa acorda dolorosamente desse sonho dourado, com saudades de Margaret Thatcher, o Brasil fabrica um pleno emprego pendurando parte da população numa mesada estatal. São os filhos profissionais do Brasil, que não precisam se emancipar nem procurar trabalho. É claro que isso vai explodir um dia, mas a próxima eleição (pelo menos) está garantida.

A festa da propaganda populista não tem hora para acabar. O Ministério da Educação, por exemplo, está bancando uma grande campanha nas principais mídias nacionais sobre o sistema de cotas para negros no ensino público. A peça traz a encenação de um jovem humilde, que conta ter conseguido vaga na universidade por ser afro-descendente. É o governo popular torrando o dinheiro do contribuinte para apregoar a sua própria bondade. Só um país apoplético pode consumir numa boa essa propaganda política travestida de utilidade pública.

É esse país que baba de orgulho diante da PEC das domésticas, jurando que está assistindo a uma revolução trabalhista. É típico das sociedades culturalmente débeis acharem que legislar sobre tudo é passaporte civilizatório. É um país que não acredita nos seus acordos, no que é instituído a partir da responsabilidade individual, do bom senso e dos bons costumes. É preciso cutucar Getúlio Vargas no túmulo, para empreender uma formidável marcha à ré progressista — que servirá para entulhar de vez a Justiça, porque as crianças só confiam no que está nos livros guardados por mamãe Dilma. Pobres órfãos.

Se o prezado leitor escravocrata enjoou da comida de sua empregada, melhor consultar seu advogado. O socialismo chegou à cozinha — e o tempero agora é assunto de Estado.

Algumas razões para se deprimir


"Quando falo com os eleitores, duvido da democracia" Winston Churchill

 Por Luiz Felipe Pondé (Folha de SP)

Diante da questão de Hamlet, "ser ou não ser, eis a questão", a resposta talvez seja "não ser". Deprimir-se ou resistir?

Dias assim, melhor dormir. Mas, como a vida continua, insistimos. Um tratado de "Crítica da Razão Deprimida" deveria começar pela descrença na democracia.

Como crer na democracia quando sabemos que a popularidade de nossa presidente é alta? Se o pastor Feliciano não tem o perfil para o cargo, tampouco ela o tem. Lembramos então do que dizia o líder inglês durante a Segunda Guerra, Winston Churchill: "Quando falo com os eleitores, duvido da democracia".

Por quê? Como "o povo" pode continuar crendo na economia quando ela já dá sinais de queda há algum tempo?

Claro, quem entre aqueles que vivem graças a bolsas famílias pode entender que uma mentalidade entre o varguismo e o comunismo (como a da nossa presidente e a do restante do PT, que continua na sua marcha para transformar o país num país comunista) não pode fazer nada pela economia do país? E, mais, que, se a economia vai para o saco, as bolsas também vão?

Claro, o problema é que na democracia dependemos da maioria, e esta é quase sempre estúpida. Sei que muitos não concordam com essa ideia e, mais do que isso, entendem que há algo de "sagrado" na sabedoria do povo.

Mas, sei também que quem afirma isso, conhecendo um pouco de história, o faz por má-fé, ou simplesmente, por mais má-fé ainda. Temo que esteja sendo redundante, mas a redundância é uma vantagem evolutiva em meio às obviedades contemporâneas.

Outra coisa que me faz suspeitar de que os deprimidos têm razão me ocorre quando ouvimos gente supostamente inteligente falar coisas como "a comunidade internacional decidiu X". O que vem a ser isso mesmo? Onde ela se encontra? Na ONU? Esta estatal internacional mais corrupta do que a república da banana? A ONU é uma mistura de circo com mensalão. Um cabide de emprego para países de Terceiro Mundo.

Como crer em quem crê numa "comunidade internacional"? A "comunidade internacional" só funciona quando tem interesses comerciais em jogo. E olhe lá.

Qualquer decisão da "comunidade internacional" no âmbito moral (como, por exemplo, a partir de hoje estão proibidas a fome, a tortura, a violência contra os mais fracos) é tão séria quanto a declaração de que Papai Noel deve existir porque, do contrário, estamos indo contra o direito à fantasia infantil.

Imagino que os neandertais que são contrários à publicidade infantil concordariam com uma ideia boba como essa.

Mas, é claro, toda vez que alguém diz acreditar na "comunidade internacional" não o faz por ingenuidade, mas, sim, porque este alguém ganha algo com isso, mesmo que seja apenas fama de bonzinho.

E a decisão britânica de criar um órgão do governo para censurar a mídia? Claro, dirão os mesmos que acreditam na "comunidade internacional" que a mídia deve ser "impedida" de circular ideias preconceituosas e ideologicamente perversas.

O caso britânico -resultado da baixaria de alguns "funcionários excessivos" determinados de um jornal específico- não justifica a criação deste órgão fascista para controlar a mídia.

Deduzir a necessidade de controle da mídia do fato de alguns jornalistas terem colocado escutas na vida de cidadãos é como decidir colocar câmeras em todas as salas de aula porque existe risco de abusos por parte de professores e alunos.

O grande erro histórico foi não perceber que a vocação fascista não era um traço só de Mussolini e Hitler, mas sim de todas as propostas de que a política e a educação sejam irmãs gêmeas, ou, dito de outra forma, de que a "política deva fazer moral".

Esta ideia é típica da tradição política contemporânea baseada na premissa de que a política deve "construir um homem melhor". Neste sentido, a esquerda é absolutamente fascista e, como ela venceu na cultura, na educação e nas ciências humanas como um todo, não há esperanças.

É impressionante como "os bonzinhos" de uns dias para cá foram tomados por um amor meloso pelas suas empregadas domésticas. Seria isso uma forma de atestar pureza racial (desculpe, moral) para a burocracia fascista de nossos dias?

terça-feira, 9 de abril de 2013

A credibilidade do Brasil está sendo destruída pelo governo perante o investidor estrangeiro


"Só a interferência do governo já fez com que a Petrobras saísse do posto de petrolífera mais valiosa do mundo e já vale menos do que a colombiana Ecopetrol"

Por Leandro Ruschel (Infomoney)

O Ibovespa vai seguindo uma trajetória de queda nas últimas semanas, sem se importar com o movimento altista dos índices norte-americanos, que vão atingindo os patamares mais altos de sua história história. Sem crise sistêmica aparente nos mercados externos, Leandro Ruschel, sócio-fundador da escola de traders Leandro&Stormer, acredita que a culpa de tal movimento recai sobre o governo federal.

"A credibilidade do Brasil está sendo destruída pelo governo perante o investidor estrangeiro", afirma o trader. Uma política mais intervencionista do governo de Dilma Rousseff faz com que as incertezas jurídicas cresçam: e com isso, aumenta a quantidade de investidores dispostos a sair do País e buscar alternativas, como o próprio Estados Unidos e o México.

Ruschel acha válido lembrar que a situação das principais empresas que compõem o índice não é nada positiva: a Vale (VALE3; VALE5) sofre com a possível desaceleração da economia chinesa; a Petrobras (PETR3; PETR4) com as interferências do governo; já a OGX Petróleo (OGXP3) já caiu mais de 90% desde que anunciou uma produção menor que a esperada no ano passado. "Só a interferência do governo já fez com que a Petrobras saísse do posto de petrolífera mais valiosa do mundo e já vale menos do que a colombiana Ecopetrol", ressalta.

Para ele, as medidas do governo não caem bem com os investidores estrangeiros e fazem com que o dinheiro migre para fora do País - vide as interferências vistas em 2012 nos setores elétrico e bancário. Além disso, a sinalização de que o Banco Central pode deixar o problema da inflação em segundo plano para não atrapalhar ainda mais o crescimento do País também tem causado mal estar ao mercado.

Não há bonança no exterior

Assim o mercado brasileiro mal consegue esboçar uma reação positiva, continuando a cair ainda mais, por conta do fluxo de capitais. Ruschel também destaca outro ponto que ajuda a queda: se a situação no exterior melhorou, não foi de maneira tão significativa, o que ainda inspira um pouco de cautela nos investidores. "Quando há maior otimismo, o investidor busca mercados emergentes, de maior risco, e quando há percepção clara de risco, ele volta para o mercado dos EUA. É o que estamos vendo hoje", alerta. 

O cenário melhorou no exterior, sem dúvida, mas ainda não foi reestabelicido um período de bonança - como foi a década passada, por exemplo. Com isso, Ruschel destaca que é difícil saber se a alta dos mercados internacionais é por conta da própria recuperação econômica ou pela política de juros baixos e estímulos dos principais bancos centrais mundiais, como é o caso do Federal Reserve nos EUA e, recentemente, o BoJ (Bank of Japan).

"Isso não é uma situação muito usual, do ponto de vista histórico, e se o governo estivesse fazendo o dever de casa, estaríamos sendo beneficiados, seríamos um dos portos para receber esse dinheiro", avalia o trader. Assim, os investidores estrangeiros não teriam medo de usar os dólares recém-injetados no Brasil, que oferece prospectos de crescimento superior às economias desenvolvidas.

Diferença passada pode explicar descolamento atual

Além disso, Ruschel tem mais um motivo para a diferença de rentabilidade entre os dois mercados: eles estavam muito afastados do ponto de vista de sua relação histórica, depois que o mercado brasileiro se recuperou da crise de 2008 com muito mais agilidade do que os Estados Unidos. "Esse foi o auge do descolamento", avalia.

A situação já havia se intensificado nos últimos anos. A correlação entre o movimento dos dois mercados era, tradicionalmente, 1 para 1. De 2002 até 2008, o Ibovespa apresentou um crescimento de mais de 800% em dólares, enquanto o mercado norte-americano subiu "apenas" 100%. Naquele período, porém, ambas as bolsas apresentaram movimento positivo - mas abriram espaço para que houvesse uma correção histórica nessa proporção.