segunda-feira, 30 de julho de 2012

Superando o Esquerdismo em 10 Etapas

O governo é ineficiente. Se você é um desses esquerdistas que acreditam que o governo deve criar mais e mais impostos para tomar conta da sociedade, você precisa se concentrar nessa etapa. Se você precisar refrescar sua memória quanto à ineficiência do governo, vá até um guichê de alguma repartição pública e tente obter alguma informação ou documento.

Fonte: Percival Puggina (Facebook)
Cure-se agora mesmo! Superando o Esquerdismo em 10 Etapas

Há alguns meses atrás, Michael Savage, conhecido pelo seu popular programa de rádio nos Estados Unidos, se referiu ao esquerdismo como uma doença mental. Embora essa não seja uma idéia comum, eu concordo com ela. Eu tenho visto o esquerdismo transformar algumas das pessoas mais inteligentes em meros robôs que repetem uma propaganda política e não conseguem detectar as incoerências e inverdades em sua mensagem. Suas emoções bloqueiam a lógica e os impedem de ver o óbvio.

Dada a dificuldade de tirar os esquerdistas da caverna e levá-los para a luz, eu achei que seria útil traçar um programa de 10 etapas para uma bem sucedida transição do esquerdismo para a realidade. Nós conservadores e liberais devemos lembrar que os esquerdistas precisam do nosso apoio porque não conseguem caminhar sozinhos.

Programa:

Etapa 1: Admitir que você é um esquerdista Essa é a primeira etapa para qualquer esquerdista à caminho da recuperação. É importante compreender que você não é "a favor do progresso social", "moderado" ou "esclarecido", muito menos "iluminado". Você é apenas um esquerdista, e precisa encarar a sua situação de forma honesta, sem ilusões.

Etapa 2: Dar a sua palavra de que daqui por diante vai passar a sustentar suas crenças com fatos. Reconheça que a verdade é mais importante do que a superioridade moral que você se atribui. Essa é a única maneira de você chegar à realidade. Você deve começar a enxergar além da propaganda ideológica do tipo Greenpeace, Frei Betto, Viva Rio, Caros Amigos e passar a entender as coisas como elas existem no mundo real. Você não pode mais contestar as idéias baseando-se nas suas emoções e sensações, muito menos suas "revoltinhas" e chiliques. Você vai ter que sustentar seus argumentos com informações verdadeiras. Esse é um passo difícil, porque significa que você deve deixar de ser mentalmente preguiçoso.

Etapa 3: Reconhecer que o governo dos militares foi melhor do que o que os esquerdistas pretendiam impor no Brasil.Essa pode ser a etapa mais difícil para os esquerdinhas pacifistas hippies e metidos a alternativos. Ao admitir que os milicos que você odeia na verdade lutaram para salvar o Brasil da tirania comunista, você pode até sentir um mal estar. Você deve relembrar que vários militares deram suas vidas para que o povo brasileiro não ficasse na mesma situação do povo cubano e que graças aos militares, você hoje pode vomitar seu ódio livremente sem censura e sem "paredón". Se não fosse a contra-revolução de 1964, você estaria hoje vivendo sob um estado policial que jamais o deixaria acessar a internet e o faria viver com medo, tal qual é em Cuba.

Etapa 4: Aprender economia. Eu sempre defini um esquerdista como alguém que nunca aprendeu nada de economia. A maioria dos esquerdistas com quem eu conversei não conseguiriam controlar o saldo de sua conta bancária e muito menos explicar um conceito simples como o de demanda e oferta. Já é hora de dar descarga nessa sua completa ignorância do que é economia e aprender como o mundo real funciona. Esse conceito é muito importante para as próximas etapas que envolvem o comunismo, fatos sobre as empresas e a ineficiência do governo.

Etapa 5: Diga "NÃO" ao comunismo e ao socialismo. Embora esse conceito seja óbvio para todo mundo que preze sua liberdade, é um passo importante na sua recuperação. Se você tiver dificuldade com essa etapa, tente viver e trabalhar durante um ano em Cuba.

Etapa 6: Empresas não são malignas. Se você estiver lendo esse texto conectado à internet ou através de email, é graças às empresas. Se você recebe algum contra-cheque, é graças às empresas. Se você trabalha para alguma entidade sem fins lucrativos ou para o governo, você ainda deve agradecer às empresas. O setor estatal e o setor sem fins lucrativos não teriam nenhum dinheiro para exercerem suas atividades e pagar o seu salário se não fossem as empresas privadas. Também é importante que você entenda que obter lucro não é igual à "ganância" ou "exploração". O capitalismo tem criado as sociedades de melhor nível de vida na história. Até mesmo países comunistas precisam das empresas para sobreviver, então comece a encarar a realidade.

Etapa 7: O governo é ineficiente. Se você é um desses esquerdistas que acreditam que o governo deve criar mais e mais impostos para tomar conta da sociedade, você precisa se concentrar nessa etapa. Você precisa reconhecer que a burocracia do governo vai desperdiçar a maioria do que é pago em impostos, enquanto que o setor privado vai empregar muito melhor o dinheiro que obtém de seus consumidores. Até mesmo os políticos esquerdistas entendem isso até certo ponto, e é por isso que o PT está rechaçando a maioria das idéias esdrúxulas que tentou passar quando ainda era oposição. Se você precisar refrescar sua memória quanto à ineficiência do governo, vá até um guichê de alguma repartição pública e tente obter alguma informação ou documento.

Etapa 8: A natureza não é sua "mãe" e não vai acabar.Já chegou a hora de parar de dar dinheiro para o Greenpeace ou qualquer outra dessas organizações econazistas que você apóia. Encare a realidade de que o planeta, a sociedade e o ambiente está melhor hoje do que em toda a história e que está continuando a melhorar. Eu sei que muitos de vocês ecofanáticos abraçadores de árvores comedores de granola vão ter muita dificuldade em abandonar o pânico ambientalista. Eu sugiro a leitura do livro "The Skeptical Environmentalist" do autor Bjorn Lomborg. O Lomborg é um ex-membro do Greenpeace e é um professor de estatística em uma universidade da Dinamarca. Ele tentou provar que a natureza estava acabando mas se surpreendeu ao ver que estava acontecendo exatamente o contrário.

Etapa 9: Pare de fumar maconha ou de se entorpecer com o que quer que seja. Agora, alguns de vocês vão ter que arrumar um programa de 10 etapas para parar de se drogarem. A maconha distorce seu senso de realidade e você deve parar de consumí-la. Além disso, você não vai sentir tanta fome.

Etapa 10: Pare de deturpar a história. Admita que Comandante Marcos, FARC, Kim Il, Saddam Hussein, Fidel, Che Guevara e os demais líderes anti-americanos e comunistas são tiranos genocidas e facínoras sem escrúpulos. Admita que G. W. Bush venceu as eleições americanas de forma limpa e que graças à Ronald Reagan a Guerra Fria finalmente acabou e o império soviético foi derrotado.

Depois de ter completado todas essas etapas e ter superado o esquerdismo, compartilhe seu despertar com as outras pessoas que ainda não tiveram a sorte de se libertarem dele. Vá até onde o rebanho esquerdista mais próximo se reúne e espalhe a boa nova de que você se libertou dos grilhões da ignorância que ainda os prende. Parabéns!

Seja um missionário e seja bem vindo à realidade! - baseado em texto de Jeremy Robb
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ELAS QUEREM UM MARIDO RICO - A maioria das mulheres não almeja a independência financeira. A utopia feminina moderna é ser uma dona de casa à toa

"A maioria das mulheres não almeja a independência financeira. A utopia feminina moderna é ser uma dona de casa à toa”


A socióloga inglesa Catherine Hakim diz que Não há igualdade entre os sexos e incentiva as mulheres a usar todos os seus atributos para ascender na carreira


"A maioria das mulheres não almeja a independência financeira. A utopia feminina moderna é ser uma dona de casa à toa”


Pesquisadora da London School of Economics por duas décadas e uma das mais respeitadas estudiosas da inserção feminina no mercado de trabalho, a socióloga inglesa Catherine Hakim, de 64 anos, tomou-se uma das principais expoentes do novo feminismo europeu - uma espécie de feminismo às avessas. As ídeias defendidas por ela e por suas colegas  a maioria intelectuais francesas e alemãs  chocam por sua simplicidade e incorreção política. Igualdade entre os sexos? Bobagem. Marido? De preferência. rico. Barriga de aluguel? Um fluxo de receita inexplorado.


Autora de dezesseis livros, com uma respeitável carreira no governo inglês no currículo (atuou como pesquisadora e foi consultora de vários ministros), Hakim compilou suas teses excêntricas no recém-lançado Capital Erótico (Ed. Best Business; 336 páginas; 49,90 reais). O tema central do livro é a importância da beleza na ascensão profissional das mulheres. Justifica a autora: "O feminismo radical deprecia o encanto feminino. Por que não encorajar as mulheres a aproveitar-se dos homens sempre que puderem?".


BELEZA E CARREIRA “Aristóteles já dizia que a beleza é melhor do que qualquer carta de apresentação. As vantagens de uma boa aparência podem ser percebidas desde a infância. Pesquisas revelam que 75% das crianças que se encaixam nos padrões de beleza aceitos universalmente, como um rosto simétrico. são julgadas como corretas e cativantes. enquanto só 25% das que não têm essas características são vistas dessa forma, Presume-se que os belos são mais competentes e eles são tratados como tal. Atratividade e beleza são fundamentais para a ascensão profissional das mulheres nas sociedades modernas."


OS MAIS BELOS DEVEM GANHAR MAIS "Inteligência e beleza são duas habilidades necessárias para o sucesso e muito semelhantes entre si: metade é hereditária, metade é resultado de investimentos de tempo e esforço. Não existe diferença moral entre a aparência e a inteligência. Acho justo que os mais belos ganhem mais. É frequente presumir que quaisquer benefícios concedidos a pessoas atraentes são desmerecidos e injustos. Quando se fala em sucesso. ninguém duvida do mérito dos inteligentes nem questiona a -exclusão dos ignorantes. Por que não recompensar também quem se destaca pela aparência. sendo ela natural ou conquistada?"


AS FEIAS QUE ME PERDOEM "Beleza extrema é algo raro. um item de luxo. Nem todo mundo nasce Elizabeth Taylor. Quem não tirou a sorte grande deve aprimorar o seu poder de atração. Na França. é comum o conceito de Belle Laide, a mulher feia que se toma atraente graças à forma como se apresenta à sociedade e ao seu estilo.
Christine Lagarde, a diretora do Fundo Monetário Internacional, o FMI, é um exemplo de mulher que não ostenta a beleza clássica, mas é extremamente atraente. Tem personalidade, carisma, charme e boas maneiras. Se você não é bonito, por favor, vá à luta. Cultive um belo corpo, aprenda a dançar. desenvolva habilidades. E distribua sorrisos. Como Mari1yn Monroe sempre soube, o mundo sorri de volta para quem sabe sorrir. O sorriso é um sinal universal de acolhimento, aceitação e contentamento em relação aos demais. Torna a todos mais atraentes."


OS TIPOS DE FEMINISMO "O feminismo é uma ideologia abrangente, contém muitos elementos adversos. Há escritoras radicais que adotam o feminismo-vítima, no qual as mulheres sempre saem perdendo. Outras, como Camille Paglia, insistem que o feminismo impõe responsabilidades às mulheres, de forma que elas não podem culpar os homens todas as vezes que algo der errado em sua vida pessoal ou em sua carreira. Tenho ao meu lado as intelectuais francesas e as alemãs. De maneira geral, elas reconhecem e valorizam o capital erótico das mulheres. As anglo-saxãs repudiam esse conceito. Elas rejeitam tudo o que está relacionado ao sexo e ao prazer e têm aversão à beleza.”


IGUAlDADE ENTRE OS SEXOS "O mito feminista da igualdade dos sexos é tão infundado quanto a afirmação de que todas as mulheres almejam a total simetria nos papéis familiares, emprego e salário. As feministas insistem que a independência financeira é necessária para a igualdade em casa. Argumentam ainda que a maior parte das mulheres é carreirista, como os homens, e detesta ficar em casa para criar os filhos. Diversos estudos indicam o contrário. A maioria das mulheres prefere ficar em casa em tempo integral quando as crianças são pequenas, pelo menos até elas começarem a frequentar a escola. Um parceiro bem-sucedido toma essa opção mais viável."


O MARIDO IDEAL 'Tornar-se uma dona de casa 'à toa', em tempo integral. é uma utopia moderna para a maioria das mulheres. Em estudos realizados em todo o mundo, quando questionadas sobre as características mais valorizadas em um parceiro, as mulheres afirmam preferir homens com recursos, condição que viabiliza a permanência delas no lar."


TER OU NÃO FILHOS "Dizer que a mulher é pouco feminina ou não verdadeiramente realizada se ela não tem filhos é difundir um mito patriarcal. Os homens sem filhos raramente são criticados desse modo. Não há nada de errado com a mulher que não quer ser mãe. É cada vez maior o número de europeias que abdicam da maternidade, principalmente na Alemanha e na Inglaterra."




DÉFICIT SEXUAL MASCULINO "Desejo sexual é uma questão de gênero. As mulheres têm um nível mais baixo de desejo sexual, de forma que os homens passam a maior parte da vida sexualmente frustrados em vários graus. Existe um sistemático - e, ao que parece, universal - déficit sexual masculino. Os homens geralmente querem muito mais sexo do que conseguem, em todas as idades. Assim, a capacidade de atração sexual feminina perante os hormônios deles pode ser uma ferramenta valiosa de que as mulheres se beneficiem. Os homens sempre exploraram as mulheres. razão pela qual o feminismo foi necessário. Nós, mulheres, deveríamos explorar qualquer vantagem que temos sobre os homens, sempre que possível."


BARRIGA DE ALUGUEL "Se os homens pudessem produzir bebês, essa seria uma das maiores ocupações pagas do mundo. As leis foram inventadas pelos homens para o interesse deles próprios, e não incluem os interesses femininos. Muitas vezes, a legislação impede que as mulheres recebam integralmente os lucros de seus talentos, com valor comercial adequado. A barriga de aluguel, por exemplo, é um fluxo de receita inexplorado e do qual nós, mulheres, poderíamos nos beneficiar."


PELO FIM DA HIPOCRISIA "Sou uma feminista convicta. Sempre busquei o melhor para as mulheres. Dediquei mais de duas décadas de minha carreira a responder a uma questão: por que as mulheres raramente são as heroínas? Há quem não me entenda, mas o que ofereço é uma nova perspectiva feminista, sem hipocrisia Muitos dos escritos feministas modernos conspiram a favor das perspectivas chauvinistas masculinas ao perpetuar o desprezo pela beleza e pelo sex appeal das mulheres. O feminismo radical deprecia o encanto feminino. Por que não estimular a feminilidade em vez de aboli-la?



Salário nivelado pode engessar qualidade universitária no país


O formato de contratação dos professores, por meio de concursos, por exemplo, é muito bom para o professor; já do ponto de vista da competitividade é péssimo

Por SABINE RIGHETTI – Folha

O Brasil precisa ter mais flexibilidade nas suas universidades de elite, como a USP, para conseguir ser competitivo internacionalmente.

A opinião é de Phil Baty, editor do THE (Times Higher Education), considerado hoje o principal ranking universitário internacional.

Para Baty, o sistema de contratação das universidades públicas brasileiras, que padroniza salários e impede o recrutamento de grandes nomes estrangeiros, engessa o ensino superior do país.

"As universidades fazem parte de um processo de inovação que impulsiona o desenvolvimento econômico. O Brasil tem de entender isso."

O THE avalia anualmente dados de 700 universidades do mundo e classifica as 200 primeiras. Entre essas, a USP hoje figura como única representante da América Latina, em 178º lugar.

Baty esteve no Brasil a convite do Ministério da Educação para falar sobre rankings universitários internacionais. Eles são usados para auxiliar a gestão da pós-graduação (por exemplo, na seleção de universidades de fora para as quais enviar alunos).

Ele também passou pela Unicamp para participar de um evento sobre ensino superior. Lá, conversou com a Folha com exclusividade.



Folha - Você esteve no MEC e na Unicamp, a segunda maior universidade do país de acordo com o THE. Qual é a sua percepção sobre o Brasil?
Phil Baty - O Brasil está crescendo, já é a sexta maior economia do mundo. Por isso, está cada vez mais interessado nos rankings universitários internacionais. O país quer ter certeza de que tem universidades competitivas internacionalmente. Entender a elaboração dos rankings faz parte desse processo.

Há países que concorrem com o Brasil que estão se dando muito bem nos rankings. É o caso da China, que já tem uma universidade entre as 50 melhores do mundo na lista do THE [Universidade de Hong Kong, em 34º lugar]. O que acontece no ensino superior da China? É uma questão apenas de injetar muito dinheiro nas universidades?
O governo chinês está com uma posição muito clara e agressiva de investimento no ensino superior. A China tem cerca de dez universidades que quer transformar em "world class" [competitivas mundialmente].
Além disso, o governo chinês entendeu que as universidades fazem parte de um processo de inovação que impulsiona o desenvolvimento econômico. É isso que deve ser feito pelo Brasil.
O país tem de escolher um pequeno número de universidades para serem competitivas em todo o mundo e deve investir nessas instituições.
Essas universidades devem ter os melhores professores, talvez até professores com premiações como o Prêmio Nobel.
Além disso, a China também tem investido em publicar artigos científicos em inglês, o que aumenta o impacto desses trabalhos, e até em ter aulas em inglês.
Essa talvez seja uma área na qual o Brasil deveria investir mais: publicar e dar aulas em inglês.

Estamos longe disso.
Sim, e isso é muito ruim. A língua inglesa é uma espécie de língua franca da educação. O Brasil tem pesquisas fantásticas em ciências agrícolas e doenças tropicais, por exemplo. Faz sentido que as universidades publiquem e que tenham aulas em inglês.
As universidades brasileiras têm condições de competir. Elas são muito novas -a Unicamp, por exemplo, tem menos de 50 anos e já está competindo com universidades europeias que são medievais, centenárias.
O Brasil tem investido em ensino superior recentemente. O país expandiu fortemente a quantidade de universidades federais. Agora é preciso desburocratizar o sistema.
As universidades precisam de mais liberdade, autonomia e flexibilidade. A USP é a universidade mais autônoma do país e é a instituição brasileira melhor posicionada no ranking THE. Mas ainda assim a universidade precisa de muito mais autonomia para gerir seu dinheiro, fazer negócios, contratar professores com salários competitivos internacionalmente.
É preciso criar um mecanismo para atrair os melhores professores do mundo. Se você quer ter os melhores, precisa pagá-los de acordo.
Já podemos ver algumas iniciativas nesse sentido. O programa "Ciência sem Fronteiras", por exemplo, mostra um comprometimento do governo brasileiro para enviar estudantes para países como EUA, Reino Unido, Alemanha e França.
Mas existem alguns problemas. O formato de contratação dos professores, por meio de concursos, por exemplo, é muito bom para o professor; já do ponto de vista da competitividade é péssimo.

Isso é um problema comum no países economicamente parecidos com o Brasil?
Há algumas diferenças. A Rússia, por exemplo, também sofre com falta de flexibilidade. O país tem instituições de ensino superior fantásticas, como a Universidade do Estado de Moscou. Mas parte dos talentos foram perdidos com a queda do regime soviético. As universidades da China também têm pouca liberdade, mas devido às características do governo chinês.

Imagino que algumas universidades não gostem dos resultados do THE. Na última listagem, por exemplo, o Caltech passou Harvard e ficou em primeiro lugar. Como essas coisas repercutem?
Bom, o ranking THE é feito pela nossa revista, que tem 14 anos e uma certa credibilidade no mercado. Nós temos um grupo de cerca de 50 consultores ao redor do mundo.
Além disso, nós trabalhamos com um processo muito aberto, publicamos vários artigos sobre metodologia de rankings, o problema dessas listagens etc. Mas claro que nunca vamos agradar a todas as universidades.
Tem gente que diz que nossa metodologia só beneficia os países ricos. Justamente por isso, a partir de 2010 nós decidimos mandar nosso questionário em várias línguas, como português, chinês e árabe [um dos critérios de avaliação do THE é o indicador de reputação da universidades, que vale 30% da "nota" final].
Mas não existe um ranking perfeito, não existe uma metodologia perfeita. As universidades do topo, como Caltech, Harvard e Stanford, têm notas muito parecidas e estão próximas.
O Caltech teve vantagens porque é uma universidade muito focada em algumas áreas, como a física. Já Harvard é uma universidade imensa, forte em diversas áreas. A maioria das listagens, como o THE e o ranking de Xangai [feito desde 2003 pela China] tende a valorizar indicadores de produção científica de alto impacto.
O ranking de Xangai, por exemplo, dá mais pontos para as universidades que têm mais artigos científicos publicados especificamente nas revistas "Nature" e "Science". Nesse caso, universidades como Harvard, que são muito fortes em humanidades, tendem a perder pontos.

Qual é a sua opinião sobre rankings nacionais?
As listagens nacionais são mais difíceis. Se você fizer um ranking do Brasil, por exemplo, vai comparar universidades de elite, como a USP, com universidades pequenas e novas. Já o ranking internacional compara universidades de elite que são mais parecidas. No entanto, os rankings nacionais funcionam muito bem para fazer um retrato do ensino superior nacional e para orientar políticas públicas locais.

O sr. pode apontar alguns destaques da próxima listagem do THE que sairá em outubro?
Estamos terminando de processar as informações. Mas posso dizer que haverá mudanças nas universidades do topo. Haverá instituições novas entre as melhores do mundo porque as americanas perderam muito dinheiro com a crise. Também acredito que a Unicamp fique mais perto da USP na próxima listagem. Mas não haverá grandes mudanças de posições das universidades.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

A nova classe média agora quer ser dona da própria empresa

Mais do que carteira assinada, empreender é o principal objetivo da nova classe C brasileira, mostra pesquisa 

POR GISELE TAMAMAR, ESTADÃO PME 

Muito tem se falado sobre o poder de compra da nova classe média. Esses consumidores, que ajudaram a movimentar a economia brasileira nos últimos anos, agora têm um novo sonho: abrir o próprio negócio.

Estudo do Instituto Data Popular mostra que dos 19,7 milhões de brasileiros interessados em iniciar uma empresa este ano, 58,3% – cerca de 11,5 milhões – são da classe C. “O motor de crescimento da classe média foi o emprego, mas será o empreendedorismo que vai levar essa classe adiante. Com o próprio negócio, eles não têm limites e podem crescer cada vez mais sem a hierarquia de um emprego tradicional”, destaca o sócio-diretor do Data Popular, Renato Meirelles.

O cenário é de mudança. De prioridades e aspirações. A geração passada vislumbrava o emprego com carteira assinada como sinônimo de segurança. Mas a atual classe C, com renda familiar de R$ 2.295 em média, quer crescer profissionalmente e financeiramente.

O estudo elaborado pelo instituto de pesquisa Data Popular mostra ainda que há diferenças importantes, entre as classes sociais, em relação aos motivos para empreender no País.

Ao contrário do jovem universitário, que busca no negócio próprio principalmente sucesso e também reconhecimento, o empreendedor da classe média pensa na empresa como uma forma de dar boas condições para a família e até, se possível, agregar todos os parentes no estabelecimento.

Outra constatação da pesquisa mostra que 44% das pessoas que compõem hoje as classes A e B atingiram esse status pela primeira vez entre seus familiares – ou seja, os pais não eram considerados da elite. “Eles são os empreendedores, que começaram seu negócio e foram crescendo”, acredita Meirelles.

O que motivou os amigos publicitários Fabio Henrique Maganha Pereira, 32 anos, e André Cesário da Silva, 40 anos, a empreender foi justamente a união da necessidade com a vontade de ter a própria empresa.

Criados em famílias de classe média, os sócios não reclamam da situação atual. A Ponto4 Digital, uma fábrica de CDs e DVDs instalada em São Paulo, registrou faturamento de R$ 7 milhões em 2011 e a expectativa é fechar este ano com pelo menos R$ 12 milhões em caixa.

Mas nem sempre foi assim. A história dos amigos no mundo dos negócios começou com um site dedicado ao estilo musical hip-hop, que recebeu aporte financeiro de uma instituição holandesa. O dinheiro motivou Silva a deixar o emprego de bancário e Pereira a sair da área de comunicação da Bolsa de Valores.

Seis meses depois, a dupla estava sem dinheiro. E sem emprego. A ideia do novo negócio, então, veio de um amigo. Pereira vendeu um notebook para o próprio pai e conseguiu R$ 2 mil para comprar a máquina de copiar CDs e DVDs. O pai de Silva cedeu o imóvel – um antigo boteco da família. Surgia dessa maneira, na raça e no improviso, a Ponto4 Digital.

O amigo que sugeriu o negócio havia prometido indicar clientes para a nova empresa. Mas isso não ocorreu. Diante da (nova) dificuldade, os empreendedores passaram a copiar CDs de bandas de conhecidos, sempre com baixa tiragem. A alavancagem da empresa ocorreria em 2006, quando uma montadora encomendou 68 mil cópias de um projeto em DVD.

Desde então, a Ponto4 não parou de crescer e o foco mudou. Antes, grande fatia do lucro vinha de materiais promocionais. Agora, 70% dos serviços são voltados para o mercado educacional, principalmente as editoras que vendem livros multimídia. “Conseguimos crescer porque reinvestíamos o dinheiro que entrava na empresa. Teve época que o vendedor ganhava mais que os sócios”, lembra Fabio Pereira.

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quinta-feira, 26 de julho de 2012

A falácia da utopia - Poucas coisas são tão perigosas para a liberdade como uma mentalidade utópica


Rodrigo Constantino, para a revista VOTO

Poucas coisas são tão perigosas para a liberdade como uma mentalidade utópica. Os utópicos não se caracterizam simplesmente por erros pontuais de raciocínio lógico; eles adotam todo um método mental que de uma forma misteriosa é indiferente à verdade. De certa forma, a utopia pode ser um substituto laico da religião para aqueles inconformados e incapazes de lidar com as limitações da vida imperfeita.

Em seu livro The Uses of Pessimism, Roger Scruton dedica um capítulo para derrubar a falácia da utopia e mostrar como ela está a um passo do totalitarismo. Parte da explicação para movimentos utópicos seria, segundo o autor, um resíduo de heresia religiosa em um mundo sem religião, ou seja, a expectativa de criar um paraíso terrestre, colocando um fim nas imperfeições do mundo.

Os utópicos podem ignorar a aprendizagem com experiências passadas e até o bom senso, abraçando um projeto absurdo e impraticável. Nada pode refutar uma utopia, e nisso reside seu fascínio. As milhões de vidas perdidas ou escravizadas nas tentativas de tornar a utopia realidade não negam a utopia; apenas provam que maquinações perversas ficaram no caminho como obstáculos indesejados. É preciso redobrar o esforço.

É exatamente com esta postura que socialistas podem ignorar todas as desgraças causadas em nome de sua utopia. A União Soviética nunca foi comunista, eles alegam. Era um “socialismo real”, ou pior, um “capitalismo de estado” (assim conseguem jogar a culpa para o lado do capitalismo). O fim, sendo inviável, jamais chega. A utopia está, desta maneira, totalmente imune a qualquer tipo de refutação.

Utopias são visões de um futuro em que todos os conflitos e problemas da vida humana são resolvidos completamente. As pessoas viverão em harmonia, felizes. O desejo dos utópicos é por uma “solução final”, não para alguns problemas, mas para todos os problemas. Tudo aquilo que cria conflitos e tensões será eliminado. A raça será pura, não haverá mais classes ou hierarquia, o mundo será um lugar de “liberdade, igualdade e fraternidade”. Cada utopia tem sua versão.

Mas o ponto importante das utopias, como frisa Scruton, é o fato de que elas não podem se concretizar. No fundo, talvez de forma subliminar, os utópicos sabem disso, e por isso se negam a descrever em maiores detalhes e de forma crítica o que exatamente eles têm em mente. As utopias acabam empacotadas de forma vaga, ainda que com a embalagem “científica”.

Karl Marx, que criticava o socialismo utópico e considerava o seu científico, jamais foi capaz de entrar em detalhes sobre o funcionamento de seu modelo. Todos poderiam atender a seus múltiplos desejos, caçar pela manhã, pescar na parte da tarde e até virar crítico literário de noite, pois não haveria mais divisão de trabalho nem propriedade privada. Como exatamente fazer isso sem tais mecanismos não vem ao caso. Quem produz as ferramentas necessárias para a caça e a pesca? Marx não responde. Talvez elas brotassem do solo.

Esta meta inalcançável serve como poderosa arma para negar tudo aquilo que é real. Se eu defendo algo que não pode existir, que jamais existiu e que sequer pode ser refutado, então coloco-me em uma Torre de Marfim e, do alto de minha utopia, passo a atirar em todos os modelos atuais. Qualquer defeito, qualquer problema existente passa a ser indício de que o modelo vigente fracassou. A utopia serve como uma condenação abstrata de tudo que nos cerca, e justifica a postura intransigente e violenta do utópico.

O ideal dos utópicos jamais é refutado, jamais é testado. Ele permanece para sempre como um horizonte distante, imaculado, oferecendo um julgamento rigoroso de tudo que existe, como um sol que não pode ser observado mas que cria uma sombra em tudo aquilo que ele lança seu brilho. E as sombras são os inimigos da pureza do sol, que precisam ser eliminados do caminho para que venha a luz.

Utópicos costumam aderir facilmente às teorias conspiratórias e simplistas, que dividem de forma maniqueísta o mundo entre bom e mau. Todos aqueles que recusam a utopia são seus inimigos. Eles não podem discordar por convicção; devem ser traidores, opressores ou, na melhor das hipóteses, alienados.

Foi assim que os jacobinos encararam todos que criticavam a Revolução Francesa, como “inimigos do povo”. Hugo Chávez, em busca de seu “socialismo do século 21”, adota a mesma tática.

Os inimigos variam de acordo com a utopia. Para os nazistas eram os judeus; para os comunistas, os burgueses; para os anarquistas, os políticos. O importante é ter um bode expiatório, de preferência bem definido, aquele que impede a realização da utopia. O crime, a violência e a destruição são justificáveis como meios para um sonho tão puro e lindo como o utópico.

A revolta e o desejo de vingança contra a realidade alimentam a utopia revolucionária. Esta sede destrutiva costuma derivar de um profundo ressentimento direcionado àqueles que, de alguma forma, conseguem contemporizar com as restrições da vida. O caminho do totalitarismo está aberto se os utópicos conseguem chegar ao poder. 

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Ainda sobre cotas... Falando com as paredes


Por Marcel van Hattem*


A UFRGS decidiu em 2007 adotar cotas no vestibular. O problema do acesso ao nível superior não está, porém, ali, mas no vexaminoso ensino público brasileiro de base, retardatário nos índices mundiais. Não é novidade: desde muito antes das cotas e até hoje, a educação não deu sinal de melhoras. Além disso, como fazem cotas raciais, diferenciar uma pessoa pela cor da pele é discriminação em qualquer dicionário.

Muitos defensores das cotas na UFRGS, porém, sempre foram fãs de métodos pouco ortodoxos, quase nunca civilizados. Estudantes contrários, quando tinham a chance de falar, eram obstruídos. Argumentar era falar com as paredes. Até um corredor polonês foi feito por militantes do DCE no dia da votação do Conselho Universitário. Os “manifestantes” gritavam palavras de ordem nos ouvidos dos conselheiros que tentavam passar, fossem alunos, professores ou servidores. Com direito a pressão política de senador e ministro presentes, as cotas passaram.

A decisão definia que ocorreria uma avaliação em cinco anos. Agora, portanto. O que se nota no debate em 2012, porém, é o mesmo não debate de 2007: urros, corredores poloneses, bandeiras comunistas e até Che Guevara e Zumbi dos Palmares invocados na defesa da manutenção e também da ampliação das cotas. Ignoremos, por ora, a contradição com o argumento anterior de que seriam uma mera medida paliativa, temporária, limitada. O que choca mais é a impossibilidade de qualquer debate racional em tal circunstância.

Quando chegava à reunião do Consun para debater o tema, na manhã de sexta-feira, Renan Artur Pretto postou no Facebook: “Comecei bem a manhã: tomando chutes de manifestantes antidemocráticos que fazem corredor polonês na porta de acesso à reitoria”. Renan é um estudante não ligado ao DCE; já os “manifestantes” não só o são como postaram orgulhosamente fotos da ação. Por que essa reação truculenta se Renan queria, como representante de estudantes de oposição ao DCE, apenas expressar seu pensamento com palavras?

Intolerância, infelizmente, pode matar. E não leva a lugar nenhum em tempos de democracia e liberdade de expressão – mas se acompanhada de violência deveria levar ao menos à delegacia. Em um ambiente tumultuado, em que chutes e pontapés passam por “manifestação de estudantes”, como esperar que se chegue a uma decisão democrática e racional? Que ao menos nos ouçam as paredes.

*Mestrando em Ciência Política (Leiden, Holanda) e ex-membro do Conselho Universitário (Consun) da UFRGS, onde se formou em Relações Internacionais

terça-feira, 24 de julho de 2012

Cinco coisas que preciso fazer antes dos 40 anos


Quem cumpre objetivos é neurótico. (..) Felicidade não se planeja, felicidade se descobre.

Por Fabricio Carpinejar
Cinco coisas que preciso fazer antes dos 40 anos
Por um golpe do acaso, reencontrei minha agenda de estudante da 8ª série. Estava dentro da caixa dos troféus e medalhas de futebol, na garagem.

Cometi o erro de abri-la. Não se mexe em arquivos impunemente. Não dá para passar os olhos e deixar por isso mesmo. Somos absorvidos, tragados pela curiosidade da comparação. Os cinco minutinhos destinados ao assunto se transformam em dez horas. Nem notamos o dia migrar para a noite. Interrompemos uma encomenda urgente, apagamos reuniões, desaparecemos para a família, seduzidos pela nossa caligrafia desgovernada e antiga.

O que me espantou é que havia uma cartinha presa com clipe nas costas do volume: Cinco coisas que desejo fazer antes dos 40 anos.

(Em tempo, completo 40 anos em outubro. Não duvido que não tenha programado meu corpo a procurar a agenda perto do aniversário. Foi um alarme posto na memória para soar num prazo de vinte e sete anos.)

Mas por que 40, e não 30? Juntei as pontas e identifiquei que era a idade de meus pais na época.

Eu gargalhei quando li o que esperava de mim em 2012:

1) Saltar de paraquedas.

2) Não casar.

3) Conhecer Tóquio.

4) Aprender francês e italiano.

5) Ser milionário com a indústria de cinema.

Tive 100% de fracasso. Não cumpri nenhuma das alternativas. Assinei o atestado de incompetência perante aquele adolescente disposto a ganhar o mundo.

E me deu orgulho. Fiquei orgulhoso da decepção. Ri emocionado de minha invalidez estratégica, da minha nulidade profética.

Foi um sinal de saúde. Quem cumpre objetivos é neurótico.

É bobagem elaborar metas para atingir em determinada idade. Felicidade não se planeja, felicidade se descobre.

Ingenuidade congelar lista de intenções como se a vida não nos transformasse dia a dia.

O que vale alcançar objetivos como uma maratona turística? Para quê?

Nosso legado é o que falamos aos outros, não o que aparentamos ser. Todos os desejos terminam, no fundo, iguais porque não temos a coragem da simplicidade.

Amigos não admitem morrer sem visitar as pirâmides, por exemplo. Eu não quero morrer sem visitar meu pai ou minha mãe.

Ainda que eu tivesse apenas uma semana de vida não mudaria meu temperamento. Felicidade é improvisar, é estar disposto não sabendo o que vai acontecer.

Não troco em nada o inventário do que realizei nestas quatro décadas.

(X) Dois filhos

(X) Casado

(X) Vinte livros

(X) Lê espanhol e desenha inglês

(X) Apartamento financiado.

Não é mais verdadeiro?


Cotas sim, mas para quem? - Professor e cientista político quer cota de 85% na universidade


Professor e cientista político não está contente com o desastre da educação pública básica brasileira e quer levar essa realidade também à nossa universidade pública. Olhem o que esse arauto da solidariedade diz: "Por que 30% de vagas para estudantes oriundos de escolas públicas? Por que não reservar 15% para estudantes provenientes de instituições privadas?"
Esse senhor acha que quem estuda em escola privada já tem privilégio demais. A estes (ou aos pais destes) resta apenas pagar a conta. Gente boa na universidade é coisa de imperialista, estadunidense, neoliberal, legal mesmo é criar uma legião de analfabetos de 3º grau. O desastre mesmo é saber que esse tipo de pensamento se faz maioria nas universidades públicas.


Por José Carlos Strurza de Moraes*

As muitas polêmicas sobre as cotas sociais, raciais, de inclusão etc. estão servindo para que a sociedade possa discutir mais amplamente a questão da educação no Brasil. É uma possibilidade de aprofundarmos uma de nossas mais consensuais mazelas, mas que atinge desigualmente a população e, em regra, faz mal ao desenvolvimento de nosso país.

Segundo informações oficiais da Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul, com base no Censo Escolar da Educação Básica 2010 (MEC/Inep), 411.485 estudantes estavam matriculados em 2010 para o Ensino Médio no Estado. Destes 43.912 (11,95%) em escolas privadas e 367.573 (88,05%) em escolas públicas, predominantemente estaduais.

Com essa informação, e tendo em vista que a UFRGS está em processo de reavaliação da política de cotas, após coincidente decisão do Supremo Tribunal Federal, de que tal política é constitucional (não fere direitos assegurados), gostaria que ponderássemos sobre a possibilidade de um erro histórico cometido pela política de cotas. Um erro basilar. Qual seja: a quem se destina tal política e a quais propósitos diz responder.

Sim, porque, na verdade, falamos de cotas (reserva de vagas a ser ocupada por determinado público, mediante determinas condições) que, no caso da UFRGS, significa reservar 30% das vagas a estudantes oriundos de escolas públicas.

Por que 30% de vagas para estudantes oriundos de escolas públicas? Por que não reservar 15% para estudantes provenientes de instituições privadas?

Sim, seria mais lógico, justo e possibilitador de oportunidades de ascensão social, uma proporção adequada com o número percentual de disputantes. Afinal, se menos de 15% de estudantes oriundos de escolas privadas têm assegurada a possibilidade de disputa de 70% das vagas, estamos, apenas e novamente, reproduzindo e mantendo o status quo. Uma injustiça!

No sistema atual, embora um avanço frente aos mais de 90% antes destinados aos egressos do ensino privado, ou de escolas públicas autorizadas a fazer seu ‘pré-vestibular’ de ingresso (selecionando os ‘mais aptos’ a manter a ‘excelência’ da instituição), ainda se dá privilégio a uma minoria da sociedade. Uma minoria, que por inúmeras razões, não precisa de privilégios, pois já os têm. Não necessita ser ainda mais apoiada pelo dinheiro público, mas também não pode ser discriminada e impedida de entrar na universidade pública!

Assim, uma possibilidade para a UFRGS poderia ser reservar um percentual de vagas, avaliável a cada período, para estudantes oriundos do ensino privado. Claro, até termos uma sociedade em que tais distinções não signifiquem privilégios desmedidos. Inclusive porque, muitos estudantes oriundos de escolas públicas que não conseguem entrar na UFRGS também não conseguem pagar uma faculdade particular. O inverso é, no mínimo, raro.

*CIENTISTA SOCIAL E PROFESSOR

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Clichês da violência


Não foi o militarismo que matou o empresário paulista, nem a cultura das armas que massacrou no Colorado. Foram indivíduos, plenamente responsáveis pelo que fizeram.

Por Vinicius Mota na Folha

Um homem de 24 anos pratica um massacre num cinema dos Estados Unidos. Começam as explicações: “É a cultura das armas na sociedade americana”; “É a estética do justiçamento em Hollywood”.
Tiras perseguem e matam um empresário na capital paulista porque, alegam, pensaram que ele sacava uma arma. Era seu telefone celular. Começam as explicações: “É a militarização da polícia”; “É a sociedade cada vez mais violenta”.
O crime é alvo dileto das explicações universais. Não que estejam sempre erradas -como um relógio parado, têm sua taxa de acerto.
Quando a economia piora, o desemprego cresce e a desigualdade aumenta, reza o axioma, a violência sobe. Se as armas estão à disposição e o cinema valoriza a brutalidade, compõe-se então o caldo do capeta.
Todos esses fatores atuam de 2008 para cá nos Estados Unidos, que atravessam uma das piores agruras econômicas de sua história. No entanto a criminalidade atingiu, nesse período recente de desemprego, o mais baixo patamar em 40 anos.
No Estado de São Paulo, a taxa de homicídios caiu fortemente, enquanto os indicadores do emprego e da renda progrediram. Mas o fenômeno não se repetiu nos roubos e furtos. Outras regiões do país, que passaram por boom da renda até mais expressivo, nem sequer na taxa de assassinatos melhoraram.

Eficácia de prisões, polícia e Justiça e certos traços da população -como a proporção de jovens, mulheres e migrantes- melhoram a explicação das tendências mais gerais, coletivas. Fatores culturais influem, embora seja difícil objetivá-los.

Mas a receita do fracasso, e às vezes da picaretagem, é tomar barbaridades específicas como determinadas por vetores estruturais. Não foi o militarismo que matou o empresário paulista, nem a cultura das armas que massacrou no Colorado. Foram indivíduos, plenamente responsáveis pelo que fizeram.

domingo, 22 de julho de 2012

Contra o consumidor


Esse viés está espalhado dentro e fora do governo. Vai muito além das teles. Reparem a demora do governo em avançar nas concessões, mesmo depois de colocá-las como meta, e observem os termos e exigências dos editais. É como se dissessem aos concessionários: OK, vamos privatizar, não tem outro jeito, mas vocês vão ver só...

Carlos Alberto Sardenberg, O GLOBO

Quase todo mundo tem uma bronca com companhia telefônica. Celular que não pega, conta alta e ininteligível, instalação demorada e errada de internet - a lista é infinita.

É o fracasso da privatização, anima-se muita gente por aí. Desse ponto de vista, seria natural que brotasse um movimento pela reestatização das teles, mas não é o que se vê. A atitude dominante é reclamar, infernizar a vida das empresas com burocracias e impor prejuízos a elas.

Acham com isso que estão punindo as empresas, mas acertam no consumidor.

Considerem o caso recente de Porto Alegre, onde o Procon suspendeu a venda de novas linhas de celulares, por falhas no serviço atual. Os celulares não funcionam em certas áreas. Enquanto isso não for resolvido, as teles amargam a perda de vendas. Quem precisa de um celular, fica na fila.

Ora, celulares dependem de antenas e, pois, de torres. Quanto mais, melhor o sinal. Logo, parece lógico, as teles não podem mesmo vender linhas se não têm as torres.

Mas, no outro lado da história, os executivos das teles notam que as sete licenças necessárias para levantar uma torre em Porto Alegre não são concedidas em menos de seis meses, isso se a burocracia funcionar perfeitamente. Ou seja, leva muito mais. Além disso, mesmo quando saem as licenças, fica proibido colocar torres e antenas em tal número de locais que não há como evitar as "zonas de sombra".

Acrescente-se ao quadro que as empresas, ao vencerem licitações e receberem outorgas de frequência, são obrigadas a cumprir prazo para oferecer as linhas.

Resumo da ópera: o poder público concede, depois impõe regras que limitam a instalação de antenas e pune as teles por não entregar o serviço adequado.

Além das normas nacionais, há mais de 250 legislações estaduais e municipais, criando uma teia de entraves.

Tanto é problema que o Comitê Organizador da Copa fixou procedimento especial para as 12 cidades-sede. As licenças para instalação de torres têm de sair em no máximo 60 dias. Isso porque as teles estão obrigadas a instalar as redes de quarta geração (4G) até abril de 2013. E essa frequência exige um número maior de antenas. Porto Alegre é sede. Seu prefeito, José Fortunati, assinou o protocolo, mas a legislação restritiva continua em vigor. Resultado, estão todos lá tentando desfazer o embrulho.

No país, e mundo afora, as restrições baseiam-se em dois pontos. Um é urbanístico: as torres, obviamente, afetam o visual. Alguns dirão: estragam o cenário. Outros entenderão que armações com arquitetura avançada podem ser um ganho para a paisagem urbana. O outro ponto é ambiental e de saúde: uma preocupação com as consequências da emissão de raios. O que restringe, por exemplo, a colocação de antenas em áreas populosas, ali onde são mais necessárias.

Mas a Organização Mundial de Saúde já disse não haver evidências de que as antenas de celulares e os próprios causem danos às pessoas. Quanto à paisagem urbana, é decisão das populações.

Nada, portanto, que não se possa resolver com leis e regras simples e claras. Por que temos o contrário?

Pelo viés anticapitalista. Vamos reparar: a privatização das telecomunicações é um êxito espetacular. Em poucos anos, saímos da idade da pedra para o quinto mercado mundial de telefonia, com mais de 250 milhões de linhas.

Parte dos problemas vem dessa rapidez. Em um mercado muito competitivo e sob pressão para cumprir prazos da concessão, as teles mandaram ver. Parece claro que, não raro, faltaram equipamentos e mão de obra.

Mas está aí instalado e funcionando, de novo, o quinto sistema mundial de telefonia e internet, em constante processo de modernização. Por isso mesmo, nem os mais anticapitalistas pedem a reestatização. Mas sustentam o viés contra a empresa privada, especialmente a grande. É vista como predadora, ávida de lucros, para o que não hesita em esmagar os consumidores.

Logo, tem de ser regulada, controlada e taxada com impostos pesados, para que seus lucros sejam divididos com a sociedade, como dizem.

Tudo que conseguem é mandar a conta para o consumidor, de duas maneiras. Ou há barreiras à ampliação dos serviços, gerando ineficiência econômica, um custo para todos, ou o preço fica mais caro. Impostos, taxas e contribuições já formam a maior parte da conta.

Esse viés está espalhado dentro e fora do governo. Vai muito além das teles. Reparem a demora do governo em avançar nas concessões, mesmo depois de colocá-las como meta, e observem os termos e exigências dos editais. É como se dissessem aos concessionários: OK, vamos privatizar, não tem outro jeito, mas vocês vão ver só...

O socialismo e sua geração de miséria infinita - Já que tu não entende, dessa vez eu desenhei


Uma galinha achou alguns grãos de trigo e disse aos vizinhos:

- Se plantarmos este trigo, teremos pão para comer. Alguém me quer ajudar a plantá-lo?
- Eu não! - disse a vaca.
- Nem eu, tenho mais que fazer! - emendou o pato.
- Eu também não - retorquiu o porco.
- Eu muito menos - completou o bode.
- Então, eu mesma planto - disse a galinha.

E assim o fez. O trigo cresceu alto e amadureceu, com grãos dourados.

- Quem vai me ajudar a colher o trigo? - quis saber a galinha.
- Eu não - disse o pato.
- Não faz parte das minhas funções - disse o porco.
- Não, depois de tantos anos de serviço - exclamou a vaca.
- Eu me arriscaria a perder o seguro-desemprego - disse o bode.
- Então, eu mesma colho - disse a galinha, e colheu o trigo, ela própria.
Finalmente, chegara a hora de preparar o pão.

- Quem me vai ajudar a cozer o pão? - indagou a galinha.
- Eu fugi da escola e nunca aprendi a fazer pão - disse o porco.
- Eu não posso por em risco meu auxílio-doença - continuou o pato.
- Caso só eu ajude, é discriminação - resmungou o bode.
- Só se me pagarem hora extra - exclamou a vaca.
- Então, eu mesma faço - exclamou a pequena galinha. Ela assou cinco pães, e pôs todos numa cesta para que os vizinhos pudessem ver.

De repente, todo mundo queria pão, e exigiu um pedaço. A galinha simplesmente disse:

- Não! Vou comer os cinco pães sozinha.
- Lucros excessivos, sua agiota burguesa! - gritou a vaca.
- Sanguessuga capitalista! - exclamou o pato.
- Eu exijo direitos iguais! - bradou o bode.
O porco grunhiu: - A Paz, o Pão e a Educação são para todos! Direitos do Povo!

Pintaram faixas e cartazes dizendo “Injustiça Social” e marcharam em protesto contra a galinha, gritando palavras de ordem: “Fascista”, “O pão é nosso!”, “País rico é país com pães para todos!”, “Exijo a minha cota de pães!”, “Morte aos padeiros que lucram com a fome!”.

Chamado um fiscal do governo, disse à pobre galinha: 

- Você, galinha, não pode ser assim tão egoísta. Você ganhou pão a mais, tem de pagar muito imposto.
- Mas dona Raposa, eu ganhei esse pão com meu próprio trabalho e suor - defendeu-se a galinha. Os outros não quiseram trabalhar! - retorquiu sentida.
- Exatamente - disse o funcionário do governo - essa é a vantagem da livre iniciativa. Qualquer pessoa, numa empresa, pode ganhar o que quiser. Pode trabalhar ou não trabalhar. Mas, de acordo com a nossa moderna legislação, a mais avançada do Mundo, os trabalhadores mais produtivos têm que dividir o produto do trabalho com os que não fazem nada. Além disso, existe a mais-valia, o Imposto de Renda, o IPTU, o IPVA, o IPI, o ICMS, o mensalão, as Organizações NÃO Governamentais que vivem às custas de dinheiro público, etc., etc., que têm de ser pagos para garantir a nossa Saúde, a nossa Educação e a nossa Justiça! Todas elas as melhores do Mundo!

E todos viveram felizes para sempre, inclusive a pequena galinha, que sorriu e cacarejou: "eu estou grata", "eu estou grata".

Mas os vizinhos sempre se perguntavam por que a galinha nunca mais fez um pão.