segunda-feira, 26 de agosto de 2013
Ineptocracia
Ineptocracia: um sistema de governo onde os menos capazes de liderar são eleitos pelos menos capazes de produzir, e onde os membros da sociedade com menos chance de se sustentar ou ser bem-sucedidos são recompensados com bens e serviços pagos pela riqueza confiscada de um número cada vez menor de produtores.
domingo, 25 de agosto de 2013
Formigas na rapadura
Isso se expressa no comportamento de nossos governantes, que não disputam nada pensando no país, mas em abocanhar ou manter o poder, aqui tão hipertrofiado, abarrotado de privilégios e odiosamente infenso ao controle dos governados.
Por JOÃO UBALDO RIBEIRO
Acho que todo mundo lembra o que disse num discurso o
presidente Kennedy: “Não pergunte o que seu país pode fazer por você, pergunte
o que você pode fazer por seu país.” Eu estava lendo os jornais e aí me
ocorreu, como já deve ter ocorrido a muitos de vocês, que nossa prática
política se orienta por uma atitude oposta a essa exortação. Ou seja, queremos
saber o que o Brasil pode fazer por nós, mas não alimentamos muita curiosidade
sobre o que podemos fazer pelo Brasil. Isso se expressa no comportamento de
nossos governantes, que não disputam nada pensando no país, mas em abocanhar ou
manter o poder, aqui tão hipertrofiado, abarrotado de privilégios e odiosamente
infenso ao controle dos governados.
Para que mais, a não ser desfrutar desses privilégios, não
se sabe, porque não existe projeto, além da cantilena sobre justiça social,
saúde para todos, educação de qualidade e outras generalidades com as quais
todos concordam. Que modelo de estrutura socioeconômica queremos, que Estado
queremos, que país queremos, como chegaremos lá? Que propostas concretas são
oferecidas? Ninguém diz — e os programas partidários, como os próprios
partidos, causam constrangimento, pela ausência de ideias e compromissos
sérios. O negócio é se eleger e se abancar, depois se vê o que se pode fazer,
conforme a necessidade e a serventia para a permanência no poder. Na pátria,
como se falava antigamente, ninguém se mostra muito interessado.
Tudo o que se faz hoje é visando às eleições, ou seja, a
continuação no poder ou ascensão a ele. Descobriram agora essa lambança das
concorrências em São Paulo, que não é propriamente inédita na história
nacional, e grande parte da reação parece do tipo “viu, viu? nós rouba, mas cês
também rouba!” Todo mundo na vida pública rouba, o que pode não ser uma
afirmação justa, mas já virou axioma na descrição de nossa realidade e um dado
importante em qualquer equação política. Invoca-se o princípio da falcatrua
consuetudinária. Ou seja, se é ilegal, mas costumeiro, prevalece o costume e é
considerado sacanagem e falta de coleguismo fazer denúncias ou querer punições.
Que outras novidades têm para nos segredar? Quem não aposta que nada vai dar em
nada?
O Estado às vezes parece ter as pernas bambas. Recomeçou o
dramalhão do julgamento do mensalão e muita gente não entende mais nada, a
começar por esse singular minueto processual, através do qual o Supremo
Tribunal Federal vira penúltima instância, dia sim, dia não. Todo mundo quer
saber se as sentenças emanadas do Supremo eram à vera ou não eram, devia ser
simples de responder. Essa novela vai por aí, se arrastando já há não se sabe
quanto tempo, todo dia aparece uma notícia inesperada e creio que nenhum de nós
se surpreenderá se, esta semana, for noticiado que a decisão final do Supremo
estará condicionada à resposta a uma consulta feita pela Câmara de Deputados,
ou coisa assim, o que, com a gripe que atacou um ministro, o impedimento de
outro, e o atraso de outro, leva o caso, para que tenhamos certeza de uma
decisão justa, para depois do recesso do Judiciário, no próximo ano.
Vimos também a cena envaidecedora em que nosso ministro
das Relações Exteriores se manifestou, conforme ouvi num noticiário, “com
dureza”, sobre a espionagem cibernética americana, numa fala dirigida em pessoa
ao secretário de Estado John Kerry. Disse umas verdades na cara do gringo, que
o escutou com atenção, cortesia e respeito, para logo após retrucar que nos
devotava desmesurado amor e descomedida amizade, mas continuaria a espionar e,
acreditássemos, era para o nosso próprio bem. Se não gostarmos, claro, temos
todo o direito de nos queixar ao bispo, ele compreende.
Esse mesmo ministério, aliás, deve estar às voltas com o
perdão de dívidas milionárias que alguns países africanos têm com o Brasil.
Comenta-se que isso é por causa do esquerdismo do atual governo, notadamente em
sua política externa. Comenta-se também que o perdão dessas dívidas possibilita
que os governos beneficiados fechem novos contratos com empreiteiras
brasileiras. É o que dá o envolvimento com setores notoriamente de esquerda,
como nossas empreiteiras, essa linha avançada do socialismo. Há apenas um
ligeiro embaraço na coisa, pois se sabe que as empreiteiras, com toda a
certeza, vão receber o dela, mas os financiadores, ou seja, nós, vamos
contribuir mais uma vez para os crimes e as contas bancárias de déspotas,
genocidas e saqueadores de riquezas nacionais
No cada vez mais fugidio setor de grandes realizações, a
complexa coreografia governamental se tem exibido em torno do trem-bala, que o
pessoal lá do boteco deu para chamar “trem-bala perdida”. O trem-bala é um
exemplo notável de aumento de custos recordista, talvez sem precedentes em todo
o mundo, porque já perdemos a conta de quantas vezes esses custos foram
revisados para cima. E agora li não sei onde, maravilhado com os nossos
mecanismos de distribuição de renda, que, mesmo que se venha a desistir do
trem-bala, o custo dele já terá sido mais ou menos um bilhão de reais. Não
entendi direito, mas não se pode deixar de manifestar admiração.
Diante dessa sarabanda agitada e da luta para não largar o
osso, lembro-me de quando eu era menino em Itaparica, punha um pedaço de
rapadura no chão e ficava esperando formigas brotarem do nada, várias espécies
que só tinham em comum gostar de açúcar. Umas ruças, grandalhonas, eram minhas
favoritas, porque ficavam frenéticas e não paravam um segundo, para lá e para
cá, em cima da rapadura, apesar de que, volta e meia, uma parecia se saciar e
caía imóvel — dura para trás, dir-se-ia. Eu não sabia, mas estava vendo o
Brasil, só que as formigas não se saciam e quem cai para trás somos nós.
Democracia e liberalismo
Nos países bolivarianos a "democracia" está sendo instrumentalizada para a implementação de seu projeto socialista, destroçando as liberdades, destruindo as instituições, tornando as oposições inviáveis, calando os meios de comunicação e implantando a dominação do "líder máximo" e de seu partido. (..)Eis o contexto ideológico em que se move a diplomacia brasileira, acatando todas as medidas liberticidas dos países bolivarianos e islâmicos, conivente com seus desmandos de subversão da democracia por meios democráticos.
Por DENIS LERRER ROSENFIELD
O uso equivocado ou dúbio de palavras não só dificulta a compreensão,
como é potente fator de desorientação da ação humana. Quanto pior
conceitualizamos um evento, tanto menos somos capazes de entender o que está
acontecendo. Os juízos moral e político ficam sem parâmetros, ziguezagueando ao
sabor das conveniências ideológicas.
Um caso particularmente relevante concerne ao modo como o dito "golpe" egípcio é avaliado e, para além dele, como a diplomacia brasileira "compreende" o que vêm a ser os "progressos" da América Latina em sua vertente socialista, bolivariana. Ainda recentemente o Brasil sediou o Foro de São Paulo, entidade esquerdista latino-americana que se caracteriza por seu apreço a toda política liberticida, em nome - pasmem! - de uma nova "democracia". Eles gostam mesmo é de uma "boa" ditadura. Os representantes ideológicos do passado procuram travestir-se com um manto politicamente aceitável, para enganar os incautos.
A propósito do juízo político sobre os eventos no Egito, alguns analistas fizeram um uso muito curioso dos conceitos de "democracia" e "liberalismo", como se lá tivesse ocorrido uma colisão entre ambos. Mais comezinhamente, deveríamos dizer que lá ocorreu um divórcio entre um resultado eleitoral e os que defendem direitos e liberdades, que vinham sendo usurpados por um governo islamista. Este foi sufocando as liberdades, impondo sua particular interpretação dos valores islâmicos, os defendidos pela Irmandade Muçulmana. Convém não esquecer que essa mesma organização religiosa foi a responsável pelo assassinato do presidente egípcio Anuar Sadat, participou da fundação da Al-Qaeda e apoia o terrorismo do Hamas na Faixa de Gaza. Aliás, o atual líder da Al-Qaeda é egresso da mesma Irmandade Muçulmana. As credenciais "democratas" desse "partido" são, portanto, de difícil aceitação!
Há um problema conceitual de monta aqui envolvido. A democracia, assim entendida, viria a significar exclusivamente a realização de eleições e a adesão incondicional aos eleitos, como se daí em diante tivessem eles o "direito" de tudo fazer, ficando a sociedade submetida ao seu arbítrio. A democracia seria mero instrumento de conquista do poder, que uma vez garantido asseguraria a seus detentores a prerrogativa de tudo decidir, sendo soberanos no sentido ilimitado do termo. Nenhuma lei os limitaria, salvo a de fachada que eles mesmos se outorgam. O próprio Poder Judiciário torna-se um mero joguete em suas mãos, nada decidindo verdadeiramente, devendo subordinar-se aos ditames do Executivo.
Logo, os direitos individuais são abolidos - valores burgueses, no dizer bolivariano; valores ocidentais, para os islamistas. As liberdades são progressivamente sufocadas em nome desses "outros" valores socialistas/islamistas, conforme o caso, com o Estado vedando todos os poros por onde uma sociedade respira. Normalmente seus alvos mais diretos são os grupos de mídia e imprensa, porque quem procura impor seus valores e ideias tem como objetivo eliminar toda liberdade de expressão. Não espanta, pois, que advoguem por uma "democratização dos meios de comunicação", forma velada de controlar a mente das pessoas e, por intermédio delas, a sociedade em geral. Ainda no Foro de São Paulo o presidente da Bolívia, Evo Morales, julgou - na ausência de juízo que o caracteriza - que "sobra" liberdade de imprensa na América Latina. Ou seja, o que "sobra" é o que ainda não conseguiram eliminar. Teve a adesão dos "companheiros".
Se a democracia é definida apenas em termos eleitorais, ela é reduzida a uma de suas condições, eliminando todas as outras. E a alternância no poder termina por não se concretizar, porque os que detêm as rédeas de comando da máquina do Estado eliminam tal possibilidade. Medidas arbitrárias são tomadas contra os opositores, tratados como se criminosos fossem. São comuns os processos contra os que se rebelam contra essa situação, pois tidos como inimigos a serem aniquilados.
A liberdade de imprensa, condição fundamental de toda sociedade livre, vê-se afrontada por restrições crescentes, como na Venezuela, onde empresas são fechadas ou vendidas a "empresários" amigos. Observe-se, nesse sentido, a nova lei de controle da imprensa e dos meios de comunicação, recém-aprovada no Equador: doravante eles serão submetidos ao governo, que passará a agir por intermédio de "censores legais".
Nos países bolivarianos a "democracia" está sendo instrumentalizada para a implementação de seu projeto socialista, destroçando as liberdades, destruindo as instituições, tornando as oposições inviáveis, calando os meios de comunicação e implantando a dominação do "líder máximo" e de seu partido. Embora ditos não religiosos, sua ideologia se caracteriza por concepções teológico-políticas. No caso do presidente Nicolás Maduro não lhe falta nem sua comunicação espiritual com o ex-protoditador Hugo Chávez, que "fala" com ele através de uma "pomba". É um homem abençoado, particularmente bem-aventurado!
Acrescentem-se as restrições infligidas pelos que buscam impor normas religiosas ao conjunto da população, pelo controle absoluto dos costumes, atingindo mulheres e homossexuais, para que se tenha uma melhor visão de como a democracia é, dessa forma, pervertida. Ou seja, os que dissociam democracia de liberalismo, dizendo defender aquela, têm forte pendor liberticida. Mascaram-no, porém, ao atribuírem ao liberalismo um viés não democrático.
Eis o contexto ideológico em que se move a diplomacia brasileira, acatando todas as medidas liberticidas dos países bolivarianos e islâmicos, conivente com seus desmandos de subversão da democracia por meios democráticos. O País acaba se alinhando à escória mundial em nome da democracia - e os mais afoitos, em nome da luta contra o neoliberalismo. O Foro de São Paulo é a sua celebração!
Um caso particularmente relevante concerne ao modo como o dito "golpe" egípcio é avaliado e, para além dele, como a diplomacia brasileira "compreende" o que vêm a ser os "progressos" da América Latina em sua vertente socialista, bolivariana. Ainda recentemente o Brasil sediou o Foro de São Paulo, entidade esquerdista latino-americana que se caracteriza por seu apreço a toda política liberticida, em nome - pasmem! - de uma nova "democracia". Eles gostam mesmo é de uma "boa" ditadura. Os representantes ideológicos do passado procuram travestir-se com um manto politicamente aceitável, para enganar os incautos.
A propósito do juízo político sobre os eventos no Egito, alguns analistas fizeram um uso muito curioso dos conceitos de "democracia" e "liberalismo", como se lá tivesse ocorrido uma colisão entre ambos. Mais comezinhamente, deveríamos dizer que lá ocorreu um divórcio entre um resultado eleitoral e os que defendem direitos e liberdades, que vinham sendo usurpados por um governo islamista. Este foi sufocando as liberdades, impondo sua particular interpretação dos valores islâmicos, os defendidos pela Irmandade Muçulmana. Convém não esquecer que essa mesma organização religiosa foi a responsável pelo assassinato do presidente egípcio Anuar Sadat, participou da fundação da Al-Qaeda e apoia o terrorismo do Hamas na Faixa de Gaza. Aliás, o atual líder da Al-Qaeda é egresso da mesma Irmandade Muçulmana. As credenciais "democratas" desse "partido" são, portanto, de difícil aceitação!
Há um problema conceitual de monta aqui envolvido. A democracia, assim entendida, viria a significar exclusivamente a realização de eleições e a adesão incondicional aos eleitos, como se daí em diante tivessem eles o "direito" de tudo fazer, ficando a sociedade submetida ao seu arbítrio. A democracia seria mero instrumento de conquista do poder, que uma vez garantido asseguraria a seus detentores a prerrogativa de tudo decidir, sendo soberanos no sentido ilimitado do termo. Nenhuma lei os limitaria, salvo a de fachada que eles mesmos se outorgam. O próprio Poder Judiciário torna-se um mero joguete em suas mãos, nada decidindo verdadeiramente, devendo subordinar-se aos ditames do Executivo.
Logo, os direitos individuais são abolidos - valores burgueses, no dizer bolivariano; valores ocidentais, para os islamistas. As liberdades são progressivamente sufocadas em nome desses "outros" valores socialistas/islamistas, conforme o caso, com o Estado vedando todos os poros por onde uma sociedade respira. Normalmente seus alvos mais diretos são os grupos de mídia e imprensa, porque quem procura impor seus valores e ideias tem como objetivo eliminar toda liberdade de expressão. Não espanta, pois, que advoguem por uma "democratização dos meios de comunicação", forma velada de controlar a mente das pessoas e, por intermédio delas, a sociedade em geral. Ainda no Foro de São Paulo o presidente da Bolívia, Evo Morales, julgou - na ausência de juízo que o caracteriza - que "sobra" liberdade de imprensa na América Latina. Ou seja, o que "sobra" é o que ainda não conseguiram eliminar. Teve a adesão dos "companheiros".
Se a democracia é definida apenas em termos eleitorais, ela é reduzida a uma de suas condições, eliminando todas as outras. E a alternância no poder termina por não se concretizar, porque os que detêm as rédeas de comando da máquina do Estado eliminam tal possibilidade. Medidas arbitrárias são tomadas contra os opositores, tratados como se criminosos fossem. São comuns os processos contra os que se rebelam contra essa situação, pois tidos como inimigos a serem aniquilados.
A liberdade de imprensa, condição fundamental de toda sociedade livre, vê-se afrontada por restrições crescentes, como na Venezuela, onde empresas são fechadas ou vendidas a "empresários" amigos. Observe-se, nesse sentido, a nova lei de controle da imprensa e dos meios de comunicação, recém-aprovada no Equador: doravante eles serão submetidos ao governo, que passará a agir por intermédio de "censores legais".
Nos países bolivarianos a "democracia" está sendo instrumentalizada para a implementação de seu projeto socialista, destroçando as liberdades, destruindo as instituições, tornando as oposições inviáveis, calando os meios de comunicação e implantando a dominação do "líder máximo" e de seu partido. Embora ditos não religiosos, sua ideologia se caracteriza por concepções teológico-políticas. No caso do presidente Nicolás Maduro não lhe falta nem sua comunicação espiritual com o ex-protoditador Hugo Chávez, que "fala" com ele através de uma "pomba". É um homem abençoado, particularmente bem-aventurado!
Acrescentem-se as restrições infligidas pelos que buscam impor normas religiosas ao conjunto da população, pelo controle absoluto dos costumes, atingindo mulheres e homossexuais, para que se tenha uma melhor visão de como a democracia é, dessa forma, pervertida. Ou seja, os que dissociam democracia de liberalismo, dizendo defender aquela, têm forte pendor liberticida. Mascaram-no, porém, ao atribuírem ao liberalismo um viés não democrático.
Eis o contexto ideológico em que se move a diplomacia brasileira, acatando todas as medidas liberticidas dos países bolivarianos e islâmicos, conivente com seus desmandos de subversão da democracia por meios democráticos. O País acaba se alinhando à escória mundial em nome da democracia - e os mais afoitos, em nome da luta contra o neoliberalismo. O Foro de São Paulo é a sua celebração!
Cego em tiroteio
Mas o governo Dilma desconfia do mercado, desdenha desse poderoso mecanismo “caótico”, sem um controlador no leme, direcionando cada parte importante do todo. Por isso ele pensa ser viável controlar esses preços, com base em decretos estatais. Por isso tanta intervenção na taxa de juros e de câmbio, no preço da energia, no retorno das concessões. (..) Essa “arrogância fatal”, para usar expressão cunhada por Hayek, está no cerne de nossos problemas.
Nunca antes na história deste país se viu tantas medidas
de governo serem desfeitas em tão pouco tempo. O governo Dilma está perdido,
sem rumo, sem saber como reagir ao desabamento de sua popularidade, ao risco
inflacionário, ao pífio crescimento. Falta um plano de voo, um mapa correto do
território. E falta, naturalmente, conhecimento básico de economia.
O principal problema, creio eu, está
na visão equivocada que a presidente e sua equipe têm acerca do funcionamento
da economia. Eles são reféns de uma ideologia desenvolvimentista que
simplesmente não funciona. Eles erram o diagnóstico dos males que assolam o
país, não tendo como acertar na receita. Ficam, assim, ao sabor do vento, do
marqueteiro, tateando no escuro, tratando o país como um rato de laboratório.
E qual seria essa visão equivocada?
Em resumo, é a crença arrogante de que o governo pode, de cima, controlar os
dados econômicos nos mínimos detalhes. Esse tipo de mentalidade denota incrível
soberba, pois nem o mais sábio dos sábios seria capaz de substituir milhões de
agentes autônomos tomando decisões independentes no livre mercado.
Prêmio Nobel de Economia, o austríaco
Hayek mostrou como as informações relevantes para as tomadas de decisão estão
dispersas. Cada um, exercendo seu poder de escolha em sua determinada área,
acaba levando uma minúscula parcela de informação que irá influenciar os demais.
E o mecanismo de transmissão dessa informação toda são os preços.
Mas o governo Dilma desconfia do
mercado, desdenha desse poderoso mecanismo “caótico”, sem um controlador no
leme, direcionando cada parte importante do todo. Por isso ele pensa ser viável
controlar esses preços, com base em decretos estatais. Por isso tanta
intervenção na taxa de juros e de câmbio, no preço da energia, no retorno das
concessões.
Nada disso é novo, naturalmente. A
União Soviética contava com um órgão, a Gosplan, cuja missão hercúlea — e
impossível — era justamente administrar milhares de preços da economia. O
resultado, como sabemos, foi o lançamento do Sputinik, enquanto faltava papel
higiênico para a população. Fantástico!
Essa “arrogância fatal”, para usar
expressão cunhada por Hayek, está no cerne de nossos problemas. O governo
distribuiu crédito público sem se dar conta da falta de lastro na poupança,
mexeu na taxa de juros sem calcular seu impacto na inflação, congelou a
gasolina, usou o BNDES para selecionar os “campeões nacionais” (entre eles a
EBX, de Eike Batista) etc. O governo seria o mestre do universo!
Só que não, isso não funciona. Mesmo
assumindo uma premissa um tanto agressiva, de que Dilma é de fato uma
excepcional gestora e que Guido Mantega é o mais inteligente dos economistas, o
modelo não entregaria o resultado desejado. Agora vamos relaxar essa hipótese e
aceitar premissas mais, digamos, realistas, de que Dilma não foi capaz nem de
sustentar uma pequena loja na iniciativa privada e que Mantega é somente um
economista medíocre, e teremos a gravidade do quadro.
Foi poder demais concentrado em gente
de menos. Não tem como dar certo. E, agora, os mesmos que plantaram as sementes
podres olham aturdidos para a colheita maldita. Coçam suas cabeças, buscam
bodes expiatórios em todo lugar, e nada. Partem, então, para malabarismos
medonhos, no afã de enganar o público, ou para medidas desesperadas e
erráticas, gerando enorme insegurança no mercado.
Sem credibilidade alguma, o governo
ainda sonha em atrair as dezenas de bilhões que o país precisa para
investimento em infraestrutura, um dos nossos maiores gargalos de
produtividade. Mas como, meu Deus!, esses investidores vão alocar seus recursos
se o governo mexe nas regras do jogo o tempo todo, quer determinar a taxa de
retorno abaixo do mercado, altera as tarifas e tudo mais?
A farra toda durou porque leva tempo
até o problema emergir. O modelo, que começou ainda na gestão de Lula, foi
baseado nos três Cs: Consumo, Crédito e Commodities. Estas pararam de subir,
pois a China não tem mais a mesma pujança. E aqueles bateram no limite de
crescimento artificial, pois as famílias já se encontram bastante endividadas.
O que fazer? Como reagir? Revertendo
essa absurda concentração de poder no Estado. Parando de manipular preços.
Cortando gastos públicos. Fazendo as reformas trabalhista, previdenciária e
tributária. Adotando, enfim, uma agenda liberal. E esse governo vai seguir
nessa direção? Nem nos meus sonhos! Logo, só nos resta torcer que o cego no
meio do tiroteio não leve uma bala perdida. Somos dependentes, hoje, da sorte.
sexta-feira, 23 de agosto de 2013
Detonautas - Quem é você?
A gente gasta são 6 meses de salário dando tudo pro governo e não tem quase nada em troca / E o governo vai tomando e gastando a parte dele eles são o parafuso e você é a a porca
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
Partidos políticos ou sabonetes?
As legendas, salvo raras iniciativas, abdicaram de pensar. Abriram mão de suas ideias. Desistiram de formar opinião. (..) Não importa tanto o que dizer, mas dizer o que a média quer ouvir. A biruta tomou lugar da bússola: o vento dita o rumo. A moda é ser querido, leve, palatável, simpático e não comprar qualquer briga com corporações, grupos de interesse ou famosos do politicamente correto.
Por Cleber Benvegnú (Zero Hora 21.08.13)
O
marketing emprestou inestimáveis contribuições para a política. Migramos de uma
linguagem rebuscada e burocrática para uma comunicação moderna, simbólica e
emotiva assim como é a própria vida. Porém, essa evolução trouxe consigo
diversas contradições, especialmente quando a política subjugou-se à lógica da
propaganda como se fosse reles objeto à venda na prateleira do supermercado.
Os partidos brasileiros, adotando um viés consumista por cargos, dinheiro e espaços de poder, assumiram a estratégia do sabonete – inclusive no sentido de que deslizam com facilidade. Isto é: viraram mero subproduto do marketing, marionetes adaptáveis a qualquer situação. Confundiram-se. Igualaram-se. Coisificaram-se. E, faz muito tempo, deixaram de inspirar e de liderar. Formaram uma grande geleia geral.
Isso não quer dizer que as ideologias acabaram. Ainda é possível identificar raciocínios com matriz ideológica. Porém, na medida em que trocam as ideias por mero jogo de curto prazo, os partidos caminham para um gradual esgotamento – se não como instituição, certamente como significação. E eis que, na perspectiva da coerência, só sobram os extremistas – coerentes com suas próprias maluquices e, benza Deus, aceitos por ínfima parcela da população.
As legendas, salvo raras iniciativas, abdicaram de pensar. Abriram mão de suas ideias. Desistiram de formar opinião. Pesquisas quantitativas e qualitativas, para medir o que o povo quer, tomaram lugar dos cursos de preparação de líderes. Em vez de convencer, navegam no que convencido está. Não importa tanto o que dizer, mas dizer o que a média quer ouvir. A biruta tomou lugar da bússola: o vento dita o rumo. A moda é ser querido, leve, palatável, simpático e não comprar qualquer briga com corporações, grupos de interesse ou famosos do politicamente correto.
Nessa expectativa de agradar a todos, muitas siglas acabam descuidando de seus potenciais públicos cativos. Basta ver que, enquanto grande parte dos brasileiros se identifica com ideias conservadoras (de base judaico-cristã), as agremiações com essa origem fogem desse viés direitista. Covardemente, aceitam a própria pejoração.
Mudar esse cenário passa por assumir identidades. Ter lado, ter cara, ter posição, ter bandeira – por mais que desagrade a parte do eleitorado. A descrença do ambiente partidário, portanto, não é apenas de representação. É também, e acima de tudo, uma crise de inspiração e de liderança. O povo cansou de sabonetes na política. Está na hora de políticos e partidos de verdade.
Os partidos brasileiros, adotando um viés consumista por cargos, dinheiro e espaços de poder, assumiram a estratégia do sabonete – inclusive no sentido de que deslizam com facilidade. Isto é: viraram mero subproduto do marketing, marionetes adaptáveis a qualquer situação. Confundiram-se. Igualaram-se. Coisificaram-se. E, faz muito tempo, deixaram de inspirar e de liderar. Formaram uma grande geleia geral.
Isso não quer dizer que as ideologias acabaram. Ainda é possível identificar raciocínios com matriz ideológica. Porém, na medida em que trocam as ideias por mero jogo de curto prazo, os partidos caminham para um gradual esgotamento – se não como instituição, certamente como significação. E eis que, na perspectiva da coerência, só sobram os extremistas – coerentes com suas próprias maluquices e, benza Deus, aceitos por ínfima parcela da população.
As legendas, salvo raras iniciativas, abdicaram de pensar. Abriram mão de suas ideias. Desistiram de formar opinião. Pesquisas quantitativas e qualitativas, para medir o que o povo quer, tomaram lugar dos cursos de preparação de líderes. Em vez de convencer, navegam no que convencido está. Não importa tanto o que dizer, mas dizer o que a média quer ouvir. A biruta tomou lugar da bússola: o vento dita o rumo. A moda é ser querido, leve, palatável, simpático e não comprar qualquer briga com corporações, grupos de interesse ou famosos do politicamente correto.
Nessa expectativa de agradar a todos, muitas siglas acabam descuidando de seus potenciais públicos cativos. Basta ver que, enquanto grande parte dos brasileiros se identifica com ideias conservadoras (de base judaico-cristã), as agremiações com essa origem fogem desse viés direitista. Covardemente, aceitam a própria pejoração.
Mudar esse cenário passa por assumir identidades. Ter lado, ter cara, ter posição, ter bandeira – por mais que desagrade a parte do eleitorado. A descrença do ambiente partidário, portanto, não é apenas de representação. É também, e acima de tudo, uma crise de inspiração e de liderança. O povo cansou de sabonetes na política. Está na hora de políticos e partidos de verdade.
*JORNALISTA E CONSULTOR POLÍTICO
sexta-feira, 16 de agosto de 2013
Como vender Valor? Conte histórias!
Tem cliente que sabe o preço de tudo e o valor de nada. Se não puder
educá-lo, caia fora!
O consumidor NUNCA usou a Ferrari mas ACREDITA que a Ferrari é melhor do que o fusquinha que ele usa. Como a turma da Ferrari conseguiu construir esse tipo de percepção?
Por Ricardo Jordão (BizRevolution)
O que leva um marmanjo que nunca dirigiu um carro da Ferrari, que nunca
entrou em um carro da Ferrari, que nunca sentou na frente de um volante de um
carro da Ferrari, e muitas vezes nunca sequer tocou em um carro da Ferrari,
acreditar de pé junto que um carro da Ferrari vale 1 milhão de reais?
Afinal, o carro da Ferrari tem as mesmas quatro rodas, cadeiras,
limpadores de para-brisas, vidros traseiros e dianteiros que um Golzinho da
Volkswagem, certo?; na verdade, o Golzinho tem várias coisas que o carro da
Ferrari inclusive não tem, como possibilidade de levar os filhos no banco de
trás em cadeirinha apropriada, porta-malas espaçoso e uma rede de mecânicas
autorizadas instaladas em todo o país.
O consumidor NUNCA usou a Ferrari mas ACREDITA que a Ferrari é melhor do
que o fusquinha que ele usa. Como a turma da Ferrari conseguiu
construir esse tipo de percepção?
A primeira resposta da galera é sempre "A Ferrari usou
propaganda!".
Mas será verdade???
Quantas propagandas sobre a Ferrari você já viu no intervalo da novela
das oito, ou nas páginas da revista Veja, ou em um encarte na Folha de São
Paulo, ou em um spot de rádio na Jovem Pan?
A Ferrari NUNCA fez propaganda dela mesmo em lugar algum.
Propaganda não cria esse tipo de percepção.
O tiozinho acredita que a Ferrari vale 1 milhão de reais porque ele
ouviu centenas de HISTÓRIAS sobre a Ferrari contadas por diferentes pessoas.
Marketing boca-a-boca?
Sim, mas vai além.
O marketing boca-a-boca ROLA quando existe alguma história a ser contada
sobre um produto.
Histórias vendem!
Histórias emocionam.
Histórias humanizam os produtos, serviços e empresas.
Ninguém faz marketing boca-a-boca sobre características e benefícios de
um produto.
"Amiga, deixa eu te falar uma coisa. O fogão X é excelente; ele tem
seis bocas, produz um fogo de 500 graus, tem um aço inox importado blá blá
blá".
As pessoas espalham histórias!
Por exemplo:
"Semana passada eu fiz um doce X que assou de uma maneira Y no
fogão Z. O doce ficou fantástico, toda a família adorou."
Ou seja, se o seu cliente ainda não VALORIZA os produtos que você vende,
é porque você ainda não contou histórias suficientes sobre você.
Geralmente as empresas tem apenas DOIS materiais de marketing e vendas
sobre si mesmas: a apresentação da empresa e a proposta comercial, ponto final.
Mas isso é muito pouco.
Você não pode jogar uma proposta na mão do cliente depois de uma única
reunião.
Uma única reunião com um cliente - por melhor que a reunião tenha sido -
não é o suficiente para vender o VALOR da sua empresa para um cliente.
Você não pode de jeito nenhum pular da fase de apresentação de quem você
é para a fase de proposta comercial.
Antes de mostrar o seu preço você precisa provar o seu valor.
Mas quais histórias produzir?
Tem MUITAS HISTÓRIAS que você pode produzir.
Eu fico p da vida quando encontro alguém que me diz que não tem muitas
histórias para contar sobre a empresa em que trabalha ou o produto que vende.
TODO MUNDO TEM TROCENTAS HISTÓRIAS PARA CONTAR SOBRE OS PRODUTOS QUE
VENDE!
O que está faltando é um pouco mais de amor próprio e auto-estima para
as pessoas valorizarem aquilo que tem.
Digamos que você seja um fabricante de pregos de ferro super
comoditizados.
Confere a lista das primeiras vinte histórias que você poderia contar
sobre os pregos que você vende:
1. Como comprar um prego.
2. Como fazer manutenção de um prego.
3. Como escolher um prego para usar com madeira.
4. Como escolher um prego para usar com aço.
5. Como escolher um prego para usar com ferro.
6. O que uma pessoa precisa saber sobre prego antes de comprar um prego.
7. O que um executivo precisa saber sobre pregos.
8. O retorno sobre investimentos que um prego pode trazer para X.
9. As diferenças entre os pregos brasileiros e importados.
10. Como a empresa X fidelizou mais clientes com o prego Y.
11. Como a empresa Z reduziu os custos com o prego ABC.
12. O que um funcionário precisa saber sobre prego.
13. O que as últimas pesquisas de mercado falam sobre prego.
14. As 5 tendências em prego para 2014.
15. 15 maneiras diferentes de usar um prego.
16. O que o Sr. Especialista em Pregos tem a dizer sobre prego preto.
17. 20 livros sobre prego que você tem que ler.
18. Porque uma empresa tipo X precisa de um prego tipo Y.
19. 30 histórias sobre prego para inspirar a sua vida.
20. 10 Resenhas sobre os mais novos modelos de pregos do planeta.
ESCREVA ESSAS HISTÓRIAS!!!
As histórias vão descomoditizar o que você é!
Como vender valor?
Contando histórias consistentemente e frequentemente ao longo de um
certo período de tempo.
Várias histórias.
Crie as suas histórias e envie uma de cada vez para os seus clientes
potenciais ao longo de vinte semanas.
Eu aposto 1 mil reais com você que todos aqueles que não valorizam o seu
trabalho HOJE, vão mudar de opinião sobre você ao conhecer as suas histórias
AMANHÃ.
Conte suas histórias!
Nada menos que isso interessa!
QUEBRA TUDO! Foi para isso que eu vim! E Você?
Dia 22 de Agosto tem Curso de Vendas em São Paulo! "De Vendedor
para Gerente de Clientes", simplesmente o melhor curso de vendas do Brasil.
Ponto! Inscrições
aqui.
Por Ricardo Jordão Magalhães (Dono de uma Ferrari chamada Bicicleta)
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segunda-feira, 12 de agosto de 2013
Dior not war - Keynes é a servidão, Hayek, a liberdade.
Por que muitas nações são pobres, miseráveis, atrasadas, enterradas em crime e fome?Causas geográficas? Culturais? Religiosas? Étnicas? Não. A diferença está num modo de organização política e social específico que cria condições para as pessoas buscarem livremente seus interesses. (..) Numa palavra, sociedade de mercado. Foi isso que derrotou o comunismo, mas muitos já esqueceram.
Por Luiz felipe Pondé (Folha de S.Paulo)
"Dior não guerra." Vi esta frase numa
camiseta. Lembra a clássica dos anos 60: "faça amor, não faça
guerra". Melhor do que a bobagem com o rosto do assassino mais chique da
América Latina, o Che.
O que me encantou na frase é que a Dior representa
--ou qualquer outra marca-- a capacidade humana de produzir riqueza como forma
de civilização, em vez de nos matarmos. Todo mundo sabe que riqueza material
não é apenas riqueza material.
O que aborrece no Brasil é que ainda não entendemos
que a riqueza da qual falam autores como Adam Smith (filósofo moral, e não um
guru do egoísmo como alguns pensam por aqui) não é apenas material, mas moral e
existencial.
Outro dia vi numa dessas cidades históricas
mineiras maravilhosas um grupo de jovens, como cara de anos 60 extemporâneos,
que falavam barbaridades contra o capitalismo, todos munidos de iPhones e
iPads, registrando tudo a sua volta. Ignorantes, parecem pensar que toda esta
tecnologia, que vai de celulares a cirurgias cardíacas, caem do céu. Não, tudo
custa, e muito.
Recentemente li na revista "The
Economist" duas matérias muito interessantes. Uma primeira falava de como
o crime comum (roubos, assassinatos e similares) tem caído significativamente
em países ricos, como EUA, Reino Unido e Alemanha, mesmo em cidades grandes
como Nova York e Londres.
Não se trata apenas de mais punição, mas sim de um
conjunto de elementos que passam por polícia mais equipada e treinada (o que
não quer dizer mais violenta), tanto preventiva quanto científica. Crianças em
boas escolas e ocupadas principalmente quando as famílias são mononucleares (só
um dos pais), ruas limpas, estradas bem feitas, hospitais eficientes,
transporte público operacional, vizinhos ativos no cuidado com seu bairro (quem
não come nem dorme não pode ser um vizinho assim). Enfim, tudo que custa muito
dinheiro.
Noutra, sobre Cuba, falava-se da luta das pessoas
para poderem comprar e vender coisas e terras sem ter apenas o Estado como
"parceiro" de negócios. E como isso é visto como um milagre dos céus.
E ainda tem gente chique no Brasil que acha Cuba um "experimento" a
ser levado a sério. Que horror!
E aí passo a um livro que recomendo a leitura para
quem quiser pensar no mundo livre do neolítico --o socialismo, levado a sério
por muitos de nós, é puro neolítico. "Why Nations Fail, The Origins of
Power, Prosperity, and Poverty", de Daron Acemoglu, professor de economia
do MIT e James A. Robinson, cientista político e economista, professor de
Harvard.
Por que muitas nações são pobres, miseráveis,
atrasadas, enterradas em crime e fome? Causas geográficas? Culturais?
Religiosas? Étnicas? Não.
A diferença está num modo de organização política e
social específico que cria condições para as pessoas buscarem livremente seus
interesses. Democracia liberal, igualdade perante a lei e garantias de que as
pessoas podem agir livremente no mercado de trabalho e de produtos. Numa
palavra, sociedade de mercado. Foi isso que derrotou o comunismo, mas muitos já
esqueceram.
Infelizmente entre nós, ainda se pensa que isso
seja simplesmente um modo cruel de viver, negador da "solidariedade"
e defensor da "ganância". Muito pelo contrário: é só a riqueza que
torna a solidariedade possível, não há solidariedade na pobreza, isso é mito.
Apesar de as indicações históricas serem evidentes,
ainda insistimos em não entender que a sociedade de mercado (longe de ser
perfeita) dá ao ser humano a liberdade necessária para cuidar da sua vida e se
tornar adulto.
Só dessa forma as pessoas entendem uma coisa óbvia
que o economista Friedrich Hayek pensava. Quando perguntarem a você o que é a
economia, a resposta certa é: a economia somos nós! E não algo planejado por
"cabeções" teóricos que controlam a vida dos outros, como pensava
John Maynard Keynes.
Mas, os políticos adoram Keynes porque sua teoria
os faz parecer responsáveis pela riqueza, quando na realidade quem produz
riqueza somos nós em nosso cotidiano, quando nos deixam em paz. Keynes é a
servidão, Hayek, a liberdade.
segunda-feira, 5 de agosto de 2013
A OVERDOSE DO PETISMO
O povo deu uma olhada no próprio país e percebeu que, por trás da publicidade, dos cenários, das montagens, das invenções e versões, tudo - simplesmente tudo! - vai muito mal. Depois de dois PACs lançados às urtigas, que não valiam a tinta e o papel gastos para redigi-los, a economia arqueja sobre uma infraestrutura carente de tudo que importa - energia, rodovias, ferrovias, armazenagem, portos. Quanto mais PAC, menos PIB. O Rio São Francisco continua no mesmo lugar, levando, dolente, suas águas para o mar de Alagoas. Nas refinarias projetadas, nada se avoluma com maior rapidez do que o preço inicialmente previsto. Aqui no Rio Grande do Sul, de onde escrevo, as ditas "obra da Copa" ficarão para depois da Copa.
Por Percival Puggina
Raras vezes se viu tamanha barafunda num "mar de rosas". Dilma Rousseff já cumpriu dois terços de seu mandato acumulando trapalhadas e fracassos. Demorou duas décadas mas, finalmente, o PT está alcançando seu objetivo de 1994 - acabar com o Plano Real. O sonho dourado das esquerdas nos anos 90, o fim do programa que deu estabilidade à moeda nacional, aquilo que Lula tentou mas não conseguiu em seus oito anos, Dilma, está realizando em menos de quatro, à base de trombada na cristaleira. O petismo espatifou a Economia e tudo mais à sua volta. Nem despejando bilhões no mercado, o Banco Central consegue conter a evasão das verdinhas ianques, que se retiram do país como os ratos abandonavam o Titanic nas impressionantes cenas do filme de James Cameron.
Há poucos meses, quando o PT festejava em São Paulo seus dez anos no governo da União, o tom ufanista dos discursos mostrava que o partido chegara à overdose de poder. "Pode juntar quem quiser", bravateou Lula, convicto de nova vitória do partido em 2014. "Qualquer coisa que eles tentarem fazer nós fazemos mais e melhor", prosseguiu o eufórico ex-presidente, nariz enfiado no pote do poder. Seguiu-lhe a arrevesada sucessora, tratando de mostrar serviço. Arrombou a ostra onde oculta sua sabedoria e extraiu esta pérola: "Não tenho medo de comparações, inclusive sobre corrupção"... Isso tem outro nome, claro. Mas é, também, overdose de poder. Poder sobre a própria imagem, sobre a sociedade, poder sobre os demais poderes, poder sobre a mídia, poder agregado, ano após ano, em sequências exponenciais perante auditórios interesseiros.
Quatro meses depois, foi a vez de o povo evidenciar que também ele tivera sua overdose de petismo. E saiu às ruas para pacíficas e civilizadas demonstrações de inconformidade. O povo deu uma olhada no próprio país e percebeu que, por trás da publicidade, dos cenários, das montagens, das invenções e versões, tudo - simplesmente tudo! - vai muito mal. Depois de dois PACs lançados às urtigas, que não valiam a tinta e o papel gastos para redigi-los, a economia arqueja sobre uma infraestrutura carente de tudo que importa - energia, rodovias, ferrovias, armazenagem, portos. Quanto mais PAC, menos PIB. O Rio São Francisco continua no mesmo lugar, levando, dolente, suas águas para o mar de Alagoas. Nas refinarias projetadas, nada se avoluma com maior rapidez do que o preço inicialmente previsto. Aqui no Rio Grande do Sul, de onde escrevo, as ditas "obra da Copa" ficarão para depois da Copa. O prometido, jurado e sacramentado metrô de Porto Alegre ainda é um risco no papel, em eterna discussão. E a duplicação da travessia do Guaíba resume-se a um trabalho de computação gráfica.
A Educação brasileira é a penúltima entre 40 países estudados pela Economist Intelligence Unit. A Saúde beira à perfeição. Sim, é um perfeitíssimo pandemônio! Nós, os cidadãos, reconhecemos que houve uma inversão nos extratos sociais. Mudamo-nos para o submundo, para a zona de perigo, onde não existe a proteção da lei, onde padecemos nossa desdita sob a implacável violência do andar de cima. Ali, no andar de cima, é tudo ao contrário e o mundo do crime opera ao resguardo do imenso guarda-chuva gentilmente proporcionado pelo aparelho de Estado e suas leis. É isso que se chama, aqui, de Segurança Pública. Tudo por obra e graça do petismo que chegou à overdose de si mesmo e perdeu os próprios controles.
sexta-feira, 2 de agosto de 2013
‘Pai o que é plebiscito?’, por Arnaldo Jabor
Você não acha que querem disfarçar
sua incompetência administrativa? Afinal, quem governou o país nos últimos dez
anos? (..) Você acha, meu filho, que o Lula vai ser candidato de novo? E será
eleito como “pai do povo” , para salvar o país que ele destruiu?
Por ARNALDO
JABOR
Pai, o que é plebiscito? ─ assim
perguntava o menino, no conto de Artur Azevedo, em 1890. O mesmo aconteceu
comigo.
Estava na sala e de repente meu filho
levanta a cabeça e pergunta:
─ Pai, o que é plebiscito?
Eu fechei os olhos imediatamente para
fingir que dormia. O menino insiste:
─ Papai? O que é?
Não tenho remédio senão abrir os
olhos.
─ Ora essa, rapaz, tens treze anos e
não sabes ainda o que é plebiscito?
─ Se soubesse, não perguntava.
─ Plebiscito, meu filho, é quando o
governo pergunta ao povo o que ele acha de determinado assunto importante para
o país. Voltou à tona depois que houve as manifestações de rua, com mais de um
milhão de pessoas protestando contra o caos brasileiro.
─ Que pergunta é importante para o
Brasil?
─ São muitas perguntas meu filho…
quer exemplos? Muito bem… vamos a isso:
─ Você é contra ou a favor de 15
bilhões para estádios de futebol, dinheiro que dava para fazer 50 hospitais ou
75 quilômetros de metrô em São Paulo? Você é a favor da reforma politica? Você
sabe o que é voto distrital comum ou misto? É contra ou a favor? Aliás, você
sabe o que é isso, filho?
─ Se você explicar…
─ Também não sei, filho… mas, vamos
lá… Você é contra ou a favor de haver 28 mil cargos de confiança no governo, se
a Inglaterra tem apenas 800 e os Estados Unidos, 2 mil? O Brasil tem mais de
5.700 municípios, com prefeitos, vice prefeitos, 513 deputados federais, 39
ministérios. Não dava para cortar tudo pela metade? E o PAC? Que fez o PAC até
hoje? Com a corrupção deslavada, o PAC acabou fazendo pontes para o nada,
viadutos banguelas, estradas leprosas, hospitais cancerosos, esgotos à flor da
pele, tudo proclamado como plano de aceleração do crescimento.
Os melhores economistas do mundo
dizem que temos de abandonar a politica econômica de estimular demanda e
atentar para o crescimento da oferta, pela redução de gastos do Estado, que se
apropria de 36% da renda nacional mas investe menos de 3% e consome grande
parte dos recursos para sua própria operação. Você entendeu o que falei? Um
dia, entenderá.
Você é contra ou a favor de
investigar por que a Petrobrás comprou uma refinaria no Texas por US$ 1 bilhão,
se ela vale apenas US$ 100 milhões? Você é contra ou a favor da ferrovia
Norte-Sul que está sendo construída há 27 anos, com mil roubalheiras e ainda
quer mais 100 milhões para cobrir o que a Valec desviou quando o Juquinha,
afilhado do eterno Sarney, era o chefão?
─ Quem é Sarney?
─ É o comandante do atraso.
─ Ah, legal…
─ Você é contra ou a favor da CPI que
fez o Cachoeira sumir do mapa para não criar problemas para o Executivo e suas
empreiteiras? Você lembra das operações da Policia Federal, com lindos nomes?
Cavalo de Troia, Caixa de Pandora (do Arruda), Anaconda, das mil ambulâncias
dos sanguessugas? E tantas outras. Quantos estão presos hoje? Você é contra ou
a favor de reforma do Código de Processo Penal? Aliás, por que o PT quer tanto
o plebiscito? Ele lucra com isso? Sim ou não?
O Lula sumiu de cena mas já declarou
que as manifestações são ” coisa da direita “. E o PT? É peronista de direita ou
de esquerda? Com a volta da inflação, você é contra ou a favor da correção
monetária para o Bolsa Família? Você não acha que é fundamental a privatização
(ohhh, desculpe, “concessão”) de ferrovias, aeroportos e rodovias?
Por que uma das maiores secas de nossa
história não é analisada pelo governo? Para não criticar os donos da indústria
da seca, por motivos eleitorais? Alias, o que aconteceu com o Rio São
Francisco, que disseram que iam canalizar? Parou? Sim ou não?
Sem dúvida, Sergio Cabral foi quem
mais se queimou nisso tudo. Mas, pergunto, que será do estado do Rio de Janeiro
com o Lindnberg Farias, ex-prefeito de Nova Iguaçu, com o sigilo quebrado pelo
STF, governando o estado até 2018? Será que o Pão de Açúcar fica em pé?
Você acha legal ou não a importação
de médicos cubanos para o país?
Você é contra ou a favor do
“trem-bala” que custará (na avaliação inicial) cerca de 30 bilhões de reais,
que davam para renovar toda a malha ferroviária comum? Aliás, nessa velocidade,
qual a altura que ele vai voar, quando os traficantes do Rio puserem pedras nos
trilhos?
Você acha que os “mensaleiros”
ficaram contentes com o fim da PEC 37 que o Congresso, apavorado, rejeitou?
Você acha normal que o Brasil cobre
R$ 36 de impostos sobre cada R$ 100 produzidos? Você não acha o Palocci muito
melhor que o Mantega? Por que não chamam o Palocci? Quem é? É o melhor cara do
PT, que impediu a destruição do Plano Real durante os quatro anos do primeiro
mandato do Lula.
Você entende, meu filho, o governo do
Brasil tenta com sua ideia de mudança constitucional transformar problemas
administrativos em problemas institucionais. Você não acha que querem disfarçar
sua incompetência administrativa? Afinal, quem governou o país nos últimos dez
anos? Agora, parece que descobriram que o país precisa de reformas, que o PT
não fez nem deixou fazer por 10 anos. Agora, gritam todos: reforma! Por isso,
pergunto: será que os intelectuais não veem que a democracia conquistada há 20
anos está sendo roída pelos ratos da velha política? Você acha que a Dilma está
com ódio do Lula, por ter finalmente descoberto o tamanho da herança maldita
que deixou para ela? Mas Lula não liga. “Ela que se vire…” ─ ele pensa, em seu
egoísmo, secretamente até querendo que ela se dane, para ele voltar em 2014.
Você acha, meu filho, que o Lula vai ser candidato de novo? E será eleito como
“pai do povo” , para salvar o país que ele destruiu?
E que você acha de todas essas
perguntas, filho? Qual a sua opinião?
─ Pai, o povo já respondeu a todas
essas perguntas. Então, para que perguntar de novo?
─ É técnica de marketing, meu filho.
Ideia do Lula, para dar a impressão de que o governo não sabia de nada. Como
ele nunca soube.
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