segunda-feira, 9 de abril de 2018

As pessoas de esquerda são muito mais chatas do que as de direita


 E o que me irrita nelas nem são suas ideias, até porque não sou dogmático nessa disputa entre Estado e mercado. Tudo depende da circunstância.(..) O problema é que elas acreditam ser moralmente superiores. Quem não concorda com elas é canalha. Ponto.

As pessoas de esquerda são muito mais chatas do que as de direita. Muito, muito mais chatas. Elas despertam os meus mais bolsonaros sentimentos. E o que me irrita nelas nem são suas ideias, até porque não sou dogmático nessa disputa entre Estado e mercado. Tudo depende da circunstância. Às vezes é preciso ter mais liberdade de mercado, às vezes é preciso dar mais controle ao Estado. Quanto às questões sociais, em geral as esquerdas são mesmo mais arejadas. Mas nem sempre. Prefiro analisar cada caso em separado.

Só que não é esse o problema das pessoas de esquerda. O problema é que elas acreditam ser moralmente superiores. Quem não concorda com elas é canalha. Ponto.
Esse sentimento se origina do conceito de luta de classes. O raciocínio é o seguinte: se o rico tem muito é porque o pobre tem pouco. Você só ganha aqui se alguém perder lá. A riqueza seria como um bloco mineral, que jamais cresce. Dessa forma, se uma parcela da população tem grande parte desse bloco, sobra pequena parte para a outra parcela. Tudo o que o Estado teria de fazer é assegurar a divisão equânime do bloco.

O capitalismo evoluiu, se adaptou e, ao equilibrar liberdade com responsabilidade, tem sido a melhor garantia de bem-estar já registrada na História
É até verdade que a fortuna de alguns foi construída com o sangue, o suor e as lágrimas de muitos, mas isso não se deu apenas no capitalismo. Ao contrário, o capitalismo evoluiu, se adaptou e, ao equilibrar liberdade com responsabilidade, tem sido a melhor garantia de bem-estar já registrada na História. Os seres humanos, os bichos e a natureza são mais respeitados e têm mais direitos exatamente nos países de fato capitalistas e de fato democráticos – vide Europa Ocidental, Estados Unidos, Canadá, Japão, Coreia do Sul, Israel.

Para as pessoas de esquerda, no entanto, isso não faz a menor diferença. A intenção delas não é resolver o problema. A intenção delas é que ELAS tentem resolver o problema do jeito DELAS. Não existe ponderação, não existe chance de que outra fórmula esteja correta. Elas estão certas e os outros não estão nem sequer errados: os outros são mal-intencionados. São cafajestes.

Essa forma de encarar o mundo, além de ser profundamente irritante, gera comportamentos irracionais, como os que ora são verificados no Brasil, no caso Lula. A defesa incondicional de Lula, exercida até por gente razoavelmente inteligente, se transformou numa espécie de demência coletiva da esquerda.

Não é possível que pessoas de bom senso não vejam o que aconteceu no Brasil. Para justificar a esdrúxula tese da perseguição do herói dos pobres, lançam mão inclusive daquele Mark Weisbrot, um tonto bem conhecido, que tem ligação histórica com a ditadura da Venezuela. Só para você ter ideia de quem se trata, tempos atrás o cara publicou um artigo na Folha de S. Paulo afirmando que os Estados Unidos têm medo da democracia no Haiti. Sério!
Meu Deus, não há uma prova, há TONELADAS de provas do que Lula cometeu, do seu relacionamento promíscuo com empreiteiros, da dilapidação criminosa da Petrobras para financiamento do projeto de poder, da rapinagem consentida em TODOS os setores do governo. O patrimônio de Lula aumentou 27 vezes em seu período na Presidência. Seus filhos enriqueceram. O triplex e o sítio são só mimos de empresários agradecidos. Mas isso não é o principal. O principal é que, para essas pessoas da esquerda, não é possível construir nada que não seja por elas e pela fórmula delas. Para elas, Lula simboliza esse anseio e, assim, todo o resto merece desprezo, boicote e desmoralização.

Há muitas pessoas boas, nesta esquerda. Há muitas pessoas bem-intencionadas. Eu diria que a maioria é. Por que, então, sua postura arrogante? Por que elas não se envergonham nem de atacar as instituições da democracia brasileira na tarefa de defender um único homem? Por que reduzem até o próprio partido nessa campanha amalucada, transformando o PT, composto por tanta gente séria, em mero relho de caudilho?

Resposta: porque elas não toleram a possibilidade de que estavam erradas. Isso abalaria mais do que as suas crenças: abalaria a ideia que fazem de si mesmas. De que elas são moralmente superiores.

É mais fácil suportar a incoerência do que a desilusão.

Fonte: David Coimbra ZERO HORA 

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Uma elite medíocre

O Brasil cansa. É muita ignorância, uma mentalidade totalmente distorcida, um ódio irracional ao capitalismo e uma idolatria absurda ao Estado. As pessoas parecem incapazes de aprender com a história. E não pense que falo do “povão”; a culpa principal é da elite mesmo, uma elite míope, oportunista e sem escrúpulos. Quem ajudou a colocar o PT no poder? A elite. Professores, funcionários públicos, “intelectuais”, artistas, banqueiros! O Brasil tem salvação? Talvez. Mas só quando essa elite mudar.

Um ano. Lembro-me como se fosse ontem. Dia 26 de outubro de 2014, um clima de esperança, a contagem dos votos avançada e muitos dando como certa a derrota de Dilma. Finalmente, o país acordava. Como foi possível manter uma gente tão populista, cínica, incompetente e corrupta no poder por tanto tempo? Mas isso agora chegaria ao fim, e uma nova fase de ajustes teria começo. A decepção foi diretamente proporcional à esperança.
O sentimento era de incredulidade: então a maioria dos eleitores quer mesmo mais dessa porcaria? Então o abuso da máquina estatal ficará impune? Então o maior estelionato eleitoral da história seria recompensado? Aquela campanha sórdida, baixa, a compra escancarada de votos, tudo isso seria tolerado por nossa democracia? Que país era aquele, que insistia num erro tão evidente?
Os esquerdistas celebraram: os “reacionários” tinham perdido para aqueles que se importam com os mais pobres. Como essa narrativa tão idiota podia brotar da boca de gente até com mestrado? Os professores, com broches do PT, tentavam fazer lavagem cerebral nas crianças com o mesmo discurso ridículo.
O PT tinha conseguido segregar o povo com base no “nós contra eles” com um monte de gente acreditando que eram almas sensíveis e preocupadas com os mais pobres só por terem digitado 13 nas urnas. O ambiente intelectual estava muito pobre. Tem jeito um país desses, com uma elite tão medíocre? A dúvida era grande, mas havia uma certeza: eu precisava sair para respirar melhor.
Ali mesmo, naquele fatídico 26 de outubro, a decisão foi tomada. Não só o Brasil vai mergulhar numa grave crise econômica, disse, como essa reeleição demonstra toda a podridão de nossos valores morais, de nossas instituições. Que povo é esse que caiu nessa ladainha toda, e que elite é essa que foi negligente, cúmplice? Preciso passar uma temporada com o Tio Sam, pensei.
A esquerda caviar “adora” o socialismo, mas do conforto do capitalismo. Nossos artistas engajados defendem o PT, a Venezuela e até a ditadura cubana, mas não saem do Leblon ou de Paris. Nós, os “coxinhas” também preferimos o capitalismo, mas não somos hipócritas. E quando é hora de “votar com os pés” isso fica claro. Você nunca verá um desses ricos artistas escolhendo viver em Cuba. Mas a direita é coerente com seu discurso, e prefere migrar para países mais capitalistas.
Neles, em vez de as crianças aprenderem sobre o “herói” Che Guevara, um porco assassino, estudam a vida de gente como Thomas Jefferson, um dos “pais fundadores” da nação mais livre e próspera que o mundo já teve. O direito básico de ir e vir não é uma enorme aventura arriscada como nas ruas do Rio, com assaltos constantes e marginais ousados tratados como “vítimas da sociedade” pela esquerda. Ruas limpas, leis que são respeitadas, praias sem arrastão: que “horror” esse malvado capitalismo!
“Pode ser bom para os ricos, mas quero ver como vivem os pobres” poderia dizer um típico petista. É mesmo? A faxineira nos Estados Unidos dirige um carro de luxo para padrões brasileiros. O jardineiro idem. E o lixeiro recolhe o lixo num caminhão com ar condicionado, sozinho, pois basta apertar um botão que a máquina faz o resto. O xerife não vive na favela, perto dos bandidos, mas é seu vizinho, em casas decentes.
O trabalhador humilde vive com dignidade, ao contrário do que acontece no Brasil, onde sofre por horas no transporte público caótico, morre nas filas dos hospitais públicos, é vítima de bandidos o tempo todo e precisa colocar seus filhos numa escola inspirada no comunista Paulo Freire, em que só tem doutrinação ideológica. Mas os “intelectuais” de esquerda enaltecem o socialismo, que só produziu miséria e escravidão no mundo todo!
O Brasil cansa. É muita ignorância, uma mentalidade totalmente distorcida, um ódio irracional ao capitalismo e uma idolatria absurda ao Estado. As pessoas parecem incapazes de aprender com a história. E não pense que falo do “povão”; a culpa principal é da elite mesmo, uma elite míope, oportunista e sem escrúpulos. Quem ajudou a colocar o PT no poder? A elite. Professores, funcionários públicos, “intelectuais”, artistas, banqueiros! O Brasil tem salvação? Talvez. Mas só quando essa elite mudar.
Enquanto isso, a luta daqueles que desejam viver num país com mais liberdade e prosperidade será árdua. Eles não precisam enfrentar apenas a barreira da ignorância em geral; precisam romper os grilhões ideológicos, enraizados naqueles que são formadores de opinião. Ou melhor, deformadores de opinião. Haja esperança!

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Precisamos falar sobre capitalismo

Hierarquias e privilégios parecem mais naturais no Brasil que a igualdade diante da lei e a impessoalidade

Por Gustavo Franco ( O Globo
No Brasil, pouca gente sabe definir o que é, mas muitos odeiam o capitalismo.
O Instituto Millenium (ONG dedicada a promover os valores da liberdade, democracia e economia de mercado), um dia desses, colocou uma pessoa na Cinelândia, Centro do Rio de Janeiro, perguntando aos transeuntes o que pensavam sobre o assunto. Três de cada quatro entrevistados ficaram nervosos com a pergunta, recuavam temerosos do microfone, ou resmungavam desconfortos variados como “aqui no Brasil não tem isso não”, “sei não senhora” e que tais.
O restante das respostas, inclusive de uma professora do ensino médio, refletiu o que se esperaria obter de uma região outrora conhecida como a “Brizolândia”.
Em um belo livro recentemente lançado (“Capitalismo: modo de usar”), Fábio Giambiagi concentra esta mesma mensagem na sua epígrafe, uma fala de Fernando Henrique Cardoso dirigida a Arminio Fraga antes de sua sabatina no Senado como parte de sua nomeação para a presidência do Banco Central. Sem pretender precedência, registro apenas que ouvi este conselho igualzinho nas duas ocasiões em que fui sabatinado. Eis a sabedoria: “o Brasil não gosta do sistema capitalista. Os congressistas não gostam do capitalismo, os jornalistas não gostam do capitalismo, os universitários não gostam do capitalismo”
Como explicar essa estranha hostilidade ao sistema econômico que prevalece em todo o planeta, excetuadas algumas comunidades primitivas isoladas no Caribe e na Ásia, e cujo indiscutível e extraordinário sucesso aniquilou qualquer concorrência?
Afinal, o capitalismo é o sistema econômico baseado na propriedade privada, na liberdade de empreender, na letra da lei, e na centralidade do mercado para estabelecer os preços. Que há de tão errado com isso?
O fato é que são reveladoras as respostas ouvidas na Brizolândia.
Em primeiro lugar, destaque-se a apatia, muito provavelmente incentivada por valores nossos, mal cultivados. Hierarquias e privilégios parecem mais naturais no Brasil que a igualdade diante da lei e a impessoalidade. Valores “maiores” parecem prevalecer sobre os da contabilidade ou da sustentabilidade: os balanços fecham no Palácio, os patrimônios “não têm preço”, prejuízos “não importam”, e a criatividade permeia partidas dobradas. E por fim, o mercado, a meritocracia e a competição, são coisas para nossos inimigos, pois é o que se passa na “rua” e não na “casa”, como ensina Roberto DaMatta.
Em segundo lugar, trata-se do sucesso do capitalismo como se houvesse dúvida sobre isso. O próprio Marx, em seu famoso manifesto, em 1848, as eliminou ao afirmar que “a burguesia, em seu reinado de apenas um século, gerou um poder de produção mais massivo e colossal do que todas as gerações anteriores reunidas”. O erro estava em prever o colapso do sistema, ou exagerar nos efeitos colaterais.
Sobre desigualdade, é preciso cuidado com um sofisma muito comum. O progresso material não é igual em diferentes regiões do planeta, ou mesmo dentro de um país. Muitas regiões do continente africano vivem hoje do mesmo jeito que viviam há 500 anos, e nessa ocasião os nativos da região hoje conhecida como a Califórnia estavam nesta mesma faixa de renda. Em nossos dias, diante da brutal diferença de bem-estar entre essas regiões pode-se distinguir ao menos dois tipos de reações: de um lado, os que se encantam com o desenvolvimento californiano e procuram emular seus valores, e, de outro, os que afirmam que esses 500 anos de capitalismo aprofundaram a desigualdade (fato estatístico indiscutível, eis que uma das regiões simplesmente ficou estacionada) ou que, um tanto mais canhestramente, os californianos ficaram ricos explorando os africanos, ou os mexicanos. Ou seja, o vilão é quem deu certo, e o sucesso é sempre pecaminoso, segundo a Brizolândia.
O fato é que, contrariamente aos países onde as virtudes burguesas — empreendedorismo, parcimônia, iniciativa e integridade — são louvadas, nosso capitalismo meio patrimonialista sempre foi visto como um jogo de cartas marcadas, onde os valores a cultivar eram outros: conexões com o governo, imprevidência, reservas de mercado e malandragem.
Um “capitalismo pela metade” pode produzir um sucesso pela metade (ou um “meio fracasso”, um país eternamente do futuro), com distorções imensas, como ocorreu no Brasil dos anos 1980, e mesmo um retrocesso, como na Argentina. As nações podem simplesmente fracassar.
Em um famoso discurso no Senado em junho de 1989, o senador Mário Covas, um homem de centro-esquerda e inatacáveis credenciais nacionalistas, proclamou que o Brasil precisava de um “choque de capitalismo”. Era um desabafo a propósito da democracia que ele tanto lutara para reconstruir, e que vivia, naquele mês, uma inflação de 28,6%. A democracia não deveria levar o país à insensatez econômica. Covas disputava a presidência, e no primeiro turno obteve apenas 11,5% dos votos, ficando em quarto lugar. Em dezembro, quando ocorreu o segundo turno, a inflação rompeu oficialmente a barreira da hiperinflação: 51,5% naquele mês.
Covas estava correto em que havia algo de muito errado nesse nosso “anticapitalismo” patológico e fora de época, mas o paciente não estava convencido do tratamento. Ainda era forte a demanda por mágica.
Diversos choques se seguiram, mas o de capitalismo só avançou mesmo com o “não choque” representado pelo Plano Real e suas reformas: privatização, responsabilidade fiscal, abertura e as outras que, em seu conjunto, trouxeram a inflação brasileira para níveis de primeiro mundo. Quem poderia imaginar que o sucesso do Plano Real seria o resultado de reformas com o intuito declarado de fazer do Brasil uma economia de mercado por inteiro?
Não obstante, as reformas enfrentaram enorme resistência, esta é a maldição da Brizolândia: uma minoria de perdedores do processo de modernização é sempre capaz de bloquear o que é novo, pois a maioria beneficiada permanece mergulhada na apatia. Os ganhos são dispersos, e os custos concentrados em minorias despojadas de seus privilégios, o velho problema das reformas, e a razão pela qual elas são implementadas por estadistas e não por “gerentonas” ou líderes populistas.
É caprichosa a História, que organiza uma volta ao passado pela ascensão de um líder operário, a quem coube interromper o avanço do capitalismo no Brasil antes que começasse a modernizar demais as coisas. O Brasil mergulha num conservadorismo metido a progressista, cuidadoso e inercial no início, mas que adquire uma feição mais concreta já mais perto de 2008, quando entramos para valer num capitalismo companheiro, ou de quadrilhas e boquinhas.
Não é a inflação que explode, mas a corrupção, uma outra expressão para o fracasso desse capitalismo “pela metade” sobre o qual não vale a pena gastar nem dois tostões de sociologia. Que o digam Joaquim Barbosa e Sergio Moro. Bobos fomos nós em levar a sério a “nova matriz” e outras ridículas vestimentas heterodoxas de que se serviu o cronismo caudilhesco que aqui se implantou. Não era keynesianismo, nem estruturalismo, mas apenas desonestidade, inclusive intelectual.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Liberdade ainda que tardia

O estado nada produz. É moroso e corrupto. O cidadão não suporta mais trabalhar para sustentar a adiposa, anacrônica e ineficiente máquina pública. É preciso desconstruir a cultura, muito enraizada na cabeça dos brasileiros, de que o Estado deve resolver todos os problemas.

Por Débora Roichman (Instituto Liberal)

Mais ou menos engajados, brancos ou negros, patrão ou empregado, participantes ou não de manifestações e panelaços, a sensação de mal estar é generalizada.

Estamos todos fartos, entojados do combo de ineficiência, mentira, omissão, corrupção, inflação, recessão e desemprego.

A que ponto precisaremos chegar?

O Brasil parece estar preso ao estigma do país do futuro.

Em um passado não muito distante, pensou-se que decolaríamos, como na imagem do Cristo estampada na capa da The Economist, e de fato, houve crescimento e desenvolvimento social.

Crescemos sim, com crédito farto e barato, incentivo ao consumo e surfamos noboom das commodities. Investimentos em infraestrutura e reformas ficaram em segundo plano.

No melhor estilo “Pão e Circo”, as boas notícias e o clima favorável foram utilizados de maneira inescrupulosa e eleitoreira, de forma a garantir a perpetuação no poder.

A ambição de transformar as conquistas de curto prazo em vantagens nas urnas, aliadas à intervenção e ao viés ideológico, resultaram no péssimo momento econômico  e político que estamos vivendo hoje.

Mas porque a decolagem falhou? Afinal, o que impede o Brasil de avançar?

O peso do Estado que esmaga o cidadão e a arrogância populista de nossos líderes!

Em todo o mundo, observa-se uma correlação direta entre liberdade econômica e prosperidade.

Não há maior promotor de desenvolvimento do que o capitalismo.

O caminho para a prosperidade passa, pelo empreendedorismo.

Trabalhadores, patrões e empregados, livres para criar e investir, gerando riqueza, emprego e usufruindo do fruto de seu trabalho.

O estado nada produz. É moroso e corrupto. O cidadão não suporta mais trabalhar para sustentar a adiposa, anacrônica e ineficiente máquina pública.

É preciso desconstruir a cultura, muito enraizada na cabeça dos brasileiros, de que o Estado deve resolver todos os problemas.

Fundamentalmente, é preciso conscientizar o indivíduo sobre seu poder como agente de transformação da sociedade. Quanto mais pessoas com espírito empreendedor, melhor.

A Liberdade, além de um princípio constitucional, é uma aspiração humana universal. Não se engane, caro leitor: quanto maior for o Estado, menos livre será o cidadão.





quinta-feira, 4 de junho de 2015

Quatro trabalhadores brasileiros são necessários para atingir a mesma produtividade de um norte-americano

A distância, que vem se acentuando e está próxima da do nível dos anos 1950, reflete o baixo nível educacional no Brasil, a falta de qualificação da mão de obra, os gargalos na infraestrutura e os poucos investimentos em inovação e tecnologia no país.
Fatores apontados por empresários e por quem estuda o assunto como os principais entraves para a produtividade crescer no país –e que também ajudam a explicar o desempenho fraco do PIB brasileiro nos últimos anos.


A comparação entre Brasil e EUA considera como indicador a produtividade do trabalho, uma medida de eficiência que significa quanto cada trabalhador contribui para o PIB de seu país.
O dado é do Conference Board, organização americana que reúne cerca de 1.200 empresas públicas e privadas de 60 países e pesquisadores.
Ele é importante porque mostra a força de fatores como educação e investimento em setores de ponta, que tornam mais eficiente o uso de recursos. A produtividade costuma ser menor nas empresas de trabalho intensivo.
O baixo nível educacional no Brasil é destacado pelo pesquisador Fernando Veloso, da FGV/Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), como um dos mais graves problemas para uma economia que precisa crescer e aumentar o padrão de vida da população.
"O brasileiro estuda em média sete anos, nem completa o ensino fundamental. Nos EUA, são de 12 a 13 anos, o que inclui uma etapa do ensino superior, sem mencionar a qualidade do ensino."
A média de treinamento (qualificação) que um americano recebe varia de 120 a 140 horas ao ano. No Brasil, são 30 horas por ano, destaca Hugo Braga Tadeu, professor da Fundação Dom Cabral.
A produtividade brasileira deve cair neste ano ao menor nível desde 2006 na comparação com a do americano e se aproxima do nível da década de 1950, quando o estudo se iniciou. Em 1980, um brasileiro tinha produtividade equivalente a 40% da de um americano. Hoje, ela está em 24%.
"Voltamos ao patamar dos anos 1950, mesmo com os avanços tecnológicos que ocorreram em 65 anos", afirma José Ricardo Roriz Coelho, diretor do departamento de competitividade da Fiesp.
A dificuldade de competir se acentua com a carga tributária maior, o juro alto para empréstimos, os riscos cambiais, os custos trabalhistas e os gargalos que encarecem a produção, diz o empresário.
A queda na produtividade é consequência do PIB fraco e de condições desfavoráveis, como maior inflação, que levam o setor produtivo a cancelar ou adiar investimentos.
A retração generalizada no consumo das famílias e na demanda de empresas e governos, além da piora na situação da indústria e dos serviços, foi mostrada na queda de 0,2% no PIB de janeiro a março, e a previsão é que o segundo trimestre seja pior.
MAIS DISTANTE
"O país vive uma crise de isolamento que só o distancia dos países e só se acentua", afirma o economista Cláudio Frischtak, estudioso do tema produtividade.
O isolamento se traduz não só pelo ritmo lento de avanços dentro das fábricas, como processos de inovação, diz o economista, mas também no número baixo de acordos de livre-comércio com outros países (o que dificulta o acesso a bens e serviços, inclusive os de maior tecnologia).
Outro indicador desse distanciamento é a participação de estrangeiros no mercado de trabalho. "São professores, pesquisadores, técnicos e cientistas que enfrentam dificuldades burocráticas para exercer suas atividades no país. Com isso, o conhecimento deixa de circular."


sexta-feira, 15 de maio de 2015

Nenhum outro modelo econômico foi capaz de tirar tantos pobres da miséria quanto o capitalismo e o livre mercado

Abaixo o vídeo do painel "Livre Mercado" do Fórum da liberdade de 2015 em Porto Alegre.

Sugiro especialmente a palestra de Diogo Costa, que se inicia no minuto 47 do vídeo.

 

sábado, 9 de maio de 2015

10 coisas que aprendi com os petistas na internet

Por alguma razão inexplicável, quem não é petista não gosta de pobre viajando de avião. Não me pergunte por quê, mas alguém que não apoia o atual governo só pode assumir essa posição porque perdeu sua escrava doméstica; não consegue alugar seus apartamentos graças ao sucesso do “Minha Casa, Minha Vida“; (..) Não há outra razão possível – quem ataca o PT é rico e não gosta de pobres. Simples assim.

petistas

Por Rodrigo da Silva (Editor do Spotniks. Escreve também para o Brasil Post. rodrigo@spotniks.com)

A grande web é uma arena de gladiadores e um tratado sociológico sobre a vergonha alheia. Aqui aprendemos, como em nenhum outro lugar, como se comportam os partidários das mais diferentes tribos e escolas de pensamento. Uma, em especial, se destaca nesses tempos de crise – a dos petistas. Eis uma classe entregue a desconstruir adversários e críticos, abraçando o governo da maneira mais desavergonhada possível, reinventando-se através das desculpas mais esfarrapadas do mundo.
Abaixo, 10 coisas que aprendi com eles nos últimos meses (as imagens são meramente ilustrativas!).

1) Quem não é petista, é tucano

tucanalhas
Não importa quem você é ou o que você defende: se você não é petista, você étucano. Não há outra opção disponível. Ataque um descaso do Partido dos Trabalhadores e espere: será apenas uma questão de tempo para que um ataque ao PSDB apareça na sua frente como se esse fosse um argumento. E aqui não importa se você reside num estado ou numa cidade governada por tucanos. Quem ataca Lula e Dilma automaticamente defende Geraldo Alckmin, Aécio Neves e Fernando Henrique Cardoso. É uma determinação implícita nos debates, um contrato que você assinou se responsabilizando sem saber.

2) Quem não é petista não gosta de pobre viajando de avião

pobre-aviao
Por alguma razão inexplicável, quem não é petista não gosta de pobre viajando de avião. Não me pergunte por quê, mas alguém que não apoia o atual governo só pode assumir essa posição porque perdeu sua escrava doméstica; não consegue alugar seus apartamentos graças ao sucesso do “Minha Casa, Minha Vida“; não gosta de negros cursando o ensino superior (mesmo que você seja negro); e se irrita porque é obrigado a ficar mais tempo preso no trânsito com seu carro, engarrafado no meio de um monte de veículos popularesguiados por domésticas, cabeleireiras, pedreiros e porteiros (o que lembra a velha máxima “congestionamento é progresso”, dita por Paulo Maluf em certa ocasião). Como disse Rui Costa, o atual governador petista da Bahia, “o antipetismo é a insatisfação da classe média”. Para ele, “o Brasil está vivendo umsegundo período de fim da escravidão“, com a derrota de “pessoas [que] veem como um absurdo o porteiro chegar de carro ao trabalho e se incomodam ao ficar atrás de um agricultor ou uma empregada doméstica em uma fila de aeroporto; acham que pobre não pode ter carro, não pode andar de avião, não pode entrar em uma universidade”. Não há outra razão possível – quem ataca o PT é rico e não gosta de pobres. Simples assim.

3) Você protesta contra o governo porque nunca leu um livro de história na vida

história
Você não votou na Dilma porque nunca leu um livro de história na vida(certamente não os do Mario Schmidt). É duro ter que dizer isso, mas você certamente é um iletrado que ignora o fato irrefutável de que por 500 anos o Brasil foi governado pela direita (somos um país tão conservador que já eramos de direita antes mesmo da direita nascer). Na última campanha presidencial, conforme apontado por diversas pesquisas de opinião, a candidata petista liderou com folga entre aqueles com escolaridade até a 4ª série, mas viu um cenário radicalmente oposto entre aqueles com ensino superior, que apoiaram em massa o candidato da oposição. Na dúvida, os mais escolarizados fugiram dos livros de história.

4) Quem não é petista, nem tucano, defende a Ditadura Militar

ditadura
Se você não é petista, só há um caminho possível além de ser tucano – você é um defesor da Ditadura Militar. Não, não há outra razão. Dilma combateu os militares, se você não gosta dela, logo os defende. O caminho é muito claro: você não gosta do PT porque provavelmente é um fascista. E nem adianta olhar pro lado, tô falando com você mesmo, que esconde pôsteres do Mussolini no quarto. Você que quer a instauração de um regime racial, que toma as ruas com as cores do país para protestar contra o governo. Você é um radical de ultradireita que se cumprimenta dizendo “anauê” para sua trupe.

5) Você não pode reclamar dos bilhões desviados pela corrupção porque fura fila na padaria

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Você não tem o direito de reclamar dos casos de corrupção cometidos pelo governo. Por duas razões. A primeira porque o PT não criou a corrupção, logo não faz sentido acusar o partido de nada – além disso, o PT é o único partido quemanda investigar. A segunda, porque você fura a fila da padaria, já buzinou perto de um hospital e já estacionou em local proibido. E nem adianta dizer que você nunca fez nada disso, porque o jeitinho está na alma do brasileiro. Antes de reclamar dos bilhões de reais desviados pelo PT, pense naquele dia em quevocê colou fazendo uma prova de geografia na oitava série. Além disso, lembre-se do primeiro argumento dessa lista: o PSDB já esteve envolvido em casos de corrupção. Todos os seus argumentos contra o PT são inválidos, tucanalha!

6) O processo constitucional de impeachment é golpe

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Se você toma as ruas reclamando de um governo envolvido em esquemas de corrupção – do zagueiro ao ponta-direita – pedindo a investigação da presidente, se ousa pronunciar a palavra impeachment, só o faz porque é automaticamente um golpista. Isso mesmo. O impeachment é um processo regulado no Brasil pela lei 1.079/50, um artifício democrático e constitucional, não presente em regimes ditatoriais (você já viu algum ditador saindo do cargo porque sofreu um processo de impeachment?). Ainda assim, caso você ouse pronunciá-lo, pedindo apuração dos fatos, você é um defensor da ditadura. Ok o governo se aproximar de regimes ditatoriais (como Cuba e Venezuela), oferecendo ajuda econômica e política. Ok os petistas terem pedido a saída de quase todos os presidentes eleitos no país desde a redemocratização. O culpado é você, que exige a independência do Judiciário e do Legislativo, que pede por investigações e o cumprimento da lei.

7) Dilma não pode sair porque seu vice, eleito pelos petistas, não presta

temer
Além de golpista, aprendemos com os petistas que você também não temconsciência política - afinal, se sai a Dilma entra o Michel Temer no lugar, e quem em sã consciência gostaria disso? Todo mundo que votou na Dilma votou no Temer também (afinal de contas, não existe um candidato único à presidência, mas uma chapa-presidencial), mas você não tem consciência aqui por querer que seu vice tome o poder. Quem elegeu Michel Temer vice-presidente de um país onde os vices assumiram o poder em 1/3 das ocasiões desde a redemocratização, ignorando o fato de que ele poderia assumir o poder a qualquer momento, podem lhe ensinar agora como ser um eleitor mais consciente.

8) Quem vaia Dilma é machista

Dilma-machistas
Se você vaia a presidente, se bate panelas quando ela aparece na televisão, se por algum motivo não gosta dela, só o faz porque é um machista (mesmo que você seja uma mulher). Não adianta ignorar a realidade. O machismo é um sentimento inconsciente que expressamos muitas vezes sem querer, homens e mulheres. Faz parte da nossa cultura. Se você não gosta de uma presidente mulher é porque têm ódio de mulheres - provavelmente não se sente tão à vontade vendo mulheres alcançando posições de destaque na sociedade. Toda oposição à Dilma é uma apologia ao machismo. Esqueça o noticiário, esqueça os casos de corrupção, esqueça a economia, busque um psicólogo.

9) Todos os problemas do país serão resolvidos com uma reforma política

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Todas as soluções para o país estão na Reforma Política proposta pelos movimentos sociais e sindicais de esquerda – afinal, eles representam a sociedade, não é mesmo? É ela quem irá estabelecer a paz mundial, curar todas as doenças, devolver o poder ao povo brasileiro. Quer combater a corrupção? Os petistas têm a solução: acabem com o financiamento privado de campanha. Depois da proibição, segundo os simpatizantes do partido que mais recebe doações de empresas privadas no país, não mais haverá caixa 2 (um crime que remete a um dinheiro que já não é contabilizado de forma legal, mas tudo bem), não mais obras superfaturadas no país, não mais escândalos em ministérios e nas estatais. Sem dinheiro privado de campanha, como num passe de mágica, os políticos brasileiros não terão mais incentivos para o roubo e as aproximações com empresários corruptos. A verba de dinheiro público aos partidos irá aumentar substancialmente – com o dinheiro dos pagadores de impostos, claro – mas esse é o preço que se paga para combater uma chaga tão dura na sociedade brasileira. Ok, não há qualquer indício que a corrupção diminua no país com a medida, mas pelo menos o partido que manda investigar está mandando investigar.

10) 2 milhões de pessoas tomaram as ruas no dia 15/03 porque a Globo ordenou

globo-golpista
Por fim, aprendi com os petistas na internet que dois milhões de pessoas tomaram as ruas do país em protesto contra o governo porque a Globo convocou. Sim, caros leitores: se a maior emissora do país registra em sua programação o maior protesto da história do Brasil é porque ela claramente está se opondo ao governo e convocando as pessoas para o ato. E o brasileiro é como um zumbi: ele viu os protestos sendo noticiados na televisão no domingo de manhã, vestiu sua camisa verde e amarela e tomou conta das ruas sedento por carne humana. Grave bem, tudo que acontece de errado nesse país é culpa da Globo. Não há razões para descontentamento. O brasileiro é um povo alienado porque a Globo o coloca contra o governo. As milhões de pessoas que tomaram as ruas provam isso. O fato do PT ter ganho as últimas quatro eleições presidenciais, num período em que a Globo permaneceu líder de audiência, é um mero acaso, um acidente. Nos últimos treze anos ela não teve força suficiente para mudar a vontade de um povo soberano que não é bobo e que grita “abaixo a Rede Globo”. Agora, como mágica, tudo é diferente. Esse é o Brasil.


sábado, 2 de maio de 2015

A tragédia petista


O PT é hoje uma neo-Arena que promove, sobretudo, o clientelismo nos grotões. Não aqueles definidos geograficamente, mas os existentes nos interstícios sociais, confundindo as pessoas por meio da mentira, do bolsismo e das mistificações de toda ordem. (..) Por todas essas razões, incluindo o benéfico aperfeiçoamento que, fora do poder, sofrerá o próprio PT, é preciso mudar. E com urgência, pois o Brasil se esfarinhará sob outros quatro anos dessa gigantesca manipulação política, o desprezo pela democracia, o primado da lealdade partidária sobre a meritocracia e a fulgurante incompetência técnico-administrativa do campo petista no poder.

Por ZANDER NAVARRO (O Estado de S.Paulo)

Peço licença, inicialmente, para um breve relato pessoal. Nos anos 1980 contribuí mensalmente com parte do meu salário para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Os depósitos duraram de dois a três anos, quando a campanha foi encerrada, por falta de adesão. Com sacrifício, cheguei a oferecer até 10% do meu ganho e ainda guardo os recibos. Por que fiz isso? Naqueles anos, saindo do ciclo militar e ansioso pela democracia, ingenuamente entendi ser o MST uma força que renovaria a oligárquica política rural. Como os seus militantes passaram a ameaçar as famílias em assentamentos, o sonho desmoronou e retornei à vida universitária.

Na época, quase todos nós apoiávamos o PT, mesmo não sendo filiados. Imaginávamos que o partido também forçaria transformações em alguma direção positiva. Ou a reforma social ou, ao menos, a democratização da sociedade. Vivíamos então um período febril de debates plurais e de experiências práticas. Lembram-se do "modo petista de governar"? Era simbolizado pelo orçamento participativo, que prometia a livre participação dos cidadãos em decisões públicas sobre os orçamentos municipais. Na campanha de 2002, contudo, o candidato petista mal falou do assunto e, no poder, o tema se esfumaçou.

O assombroso escândalo da Petrobrás, que nos deixa estupefatos, é apenas o efeito inevitável da história do Partido dos Trabalhadores. A causa original é um mecanismo que o diferencia das demais agremiações partidárias. Trata-se de um processo de mobilidade social ascendente, inédito em sua magnitude. Movimento que poderia ser virtuoso, se aberto a todos, pois seria a consequência do desenvolvimento social. Mas, na prática, vem sendo uma odiosa discriminação, pois é processo atado à filiação partidária.

O núcleo pioneiro do PT recrutou segmentos das classes baixas e mais pobres, mobilizados pelo campo sindical, pelos setores radicalizados das classes médias, incluindo parte da intelectualidade, e pela esquerda católica, ampliando nacionalmente o grupo petista inicial. À medida que o partido, já nos anos 90, foi conquistando nacos do aparato estatal, vieram os cargos para os militantes e, assim, a chance arrebatadora de ascender às vias do dinheiro, do poder, das influências e do mando pessoal. Esse foi o degenerativo fogo fundador que deu origem a tudo o que aconteceu posteriormente.

Inebriados, cada vez mais, pelo irresistível prazer do novo mundo aberto a essas camadas, até mesmo impensáveis formas de consumo, todos os sonhos fundacionais de mudança foram sendo estilhaçados ao longo do caminho, incluídos a razoabilidade e os limites éticos. O PT gerou dentro de si uma incontrolável ânsia de mobilidade, uma voragem autodestruidora inspirada na monstruosa desigualdade que sempre nos caracterizou. Conquistado o Planalto, não houve nem revolução nem reforma e o fato serviu, particularmente, para saciar a fome histórica dos que vieram de baixo.

Instalou-se, em consequência, o arrivismo e a selva do vale-tudo: foi morrendo o padrão Suplicy e entrou o modelo Delúbio-Erenice. Logo a seguir, ante a inépcia da ação governamental, também foi necessário impor a mentira como forma de governo. Por fim, o PT mudou de cabeça para baixo o seu próprio financiamento. Abandonou o apoio miúdo e generoso dos milhões que o sustentaram na primeira metade de sua história, pois se tornara mais cômodo usar o atacado para ancorar-se no poder. Primeiro, o mensalão e, agora, os cofres da Petrobrás.

Nessa espiral doentia de mudanças, a partir de meados dos anos 1990 o partido enterrou o seu passado. Sua capacidade de reflexão, por exemplo, deixou de existir e o imediatismo passou a prevalecer. Assim, um projeto de nação ou uma estratégia de futuro não interessavam mais. O pragmatismo tornou-se a máxima dessa nova elite e sob esse caminho o subgrupo sindical e seus militantes vêm pilhando o que for possível dentro do Estado. Examinados tantos escândalos, invariavelmente a maioria veio do campo sindical. E foi assim porque da tríade original dos anos 80, a classe média radicalizada e os religiosos abandonaram o partido. Deixaram de reconhecê-lo como o vetor que faria a reforma, sobretudo moral, da política brasileira.

Entrando neste século, o PT não tinha nada mais para oferecer de distintivo em relação aos demais partidos. A aliança com o PMDB ou Lula abraçando Maluf foram decorrências naturais. Também por tudo isso, o campo petista reivindicar o monopólio da virtude é o mesmo que fazer de idiotas todos os cidadãos. No primeiro turno, a fúria das urnas demonstrou a reação indignada dos eleitores à falsidade.

O que vemos atualmente é a soma dessa descrição com as nossas incapacidades políticas de construção democrática em favor do bem comum. O PT é hoje uma neo-Arena que promove, sobretudo, o clientelismo nos grotões. Não aqueles definidos geograficamente, mas os existentes nos interstícios sociais, confundindo as pessoas por meio da mentira, do bolsismo e das mistificações de toda ordem. É uma trajetória vergonhosa para um partido que prometeu a lisura republicana, o aprofundamento democrático, a reforma de nossas muitas iniquidades e, especialmente, prometeu corrigir a principal deformação de nossa História, que é um padrão de desigualdade que nos infelicita desde sempre. É ação que igualmente vem abastardando o Estado, atualmente tornado disfuncional e semiparalisado em inúmeros setores.

Por todas essas razões, incluindo o benéfico aperfeiçoamento que, fora do poder, sofrerá o próprio PT, é preciso mudar. E com urgência, pois o Brasil se esfarinhará sob outros quatro anos dessa gigantesca manipulação política, o desprezo pela democracia, o primado da lealdade partidária sobre a meritocracia e a fulgurante incompetência técnico-administrativa do campo petista no poder.