quarta-feira, 30 de julho de 2014

Tiranias democráticas

folha.uol.com.br | 7 de Janeiro

Por João Pereira Coutinho

A convite da Liberty Fund —uma associação americana que promove dezenas de colóquios por ano pelo mundo inteiro e publica as grandes obras do pensamento político "liberal"— passei os últimos dias relendo Alexis de Tocqueville (1805-1859), autor do clássico "Da Democracia na América" (e do igualmente magistral "O Antigo Regime e a Revolução").

Da primeira vez que viajei com ele pelos Estados Unidos, ainda estudante, devo ter entendido metade da obra (estimativa otimista). Hoje, confesso que consegui uns 75% —e simpatizei com a essencial inquietação do aristocrata francês.

A "era democrática" nascia desse lado do Atlântico. Acabaria por se espalhar pelo mundo. Mas Tocqueville, apesar de admirações mil pelo novo país, detectou na "era da igualdade" o seu problema mais marcante: como escapar às "tiranias da maioria", que poderiam ser ainda mais brutais do que as tiranias do passado?

No Antigo Regime, a tirania tinha solução: as cabeças decepadas de Charles 1º (na Inglaterra) ou de Luís 16 (na França) eram uma resposta possível. E eficaz.

Mas como fugir, na era democrática, a essas tiranias majoritárias, silenciosas, muitas vezes ignaras, que subvertem as liberdades básicas em nome de uma difusa "vontade geral" —que, por ser geral, têm sempre prioridade sobre as vozes dissonantes?

Conheço as respostas clássicas para aliviar os potenciais prejuízos: separação de poderes; eleições regulares; liberdade de expressão; fortalecimento da sociedade civil. Tocqueville tocou todos esses instrumentos.
Mas o que perturba é verificar que, para Tocqueville, nenhum desses mecanismos pode ser suficiente para evitar o dilúvio da tirania majoritária. A história do século 20 é o retrato dessa melancolia profética: será preciso recordar os ditadores que usaram a democracia para liquidar a democracia?

Só que o problema das democracias não se limita às "tiranias da maioria". Também é preciso ter em conta as "tiranias da minoria" —uma observação sagaz introduzida na discussão do colóquio por John O'Sullivan, um conhecido colunista britânico para quem um dos problemas das democracias modernas está na forma como alegadas "elites" (políticas, intelectuais, acadêmicas etc.) capturam a liberdade das maiorias.

Pode ser sob a forma de um "paternalismo soft" (o que devemos comer, beber, fumar etc.). E pode ser sob a forma de um "paternalismo hard" (o que devemos ler, pensar, que expressões usar, que sensibilidades de minorias respeitar etc.).

Escusado será dizer que as nossas democracias estão hoje dominadas por esses dois tipos de tiranias: por um lado, a tirania de populistas autoritários que conquistam facilmente a ignorância e a pobreza das massas com suas promessas ilusórias de redenção.

Por outro lado, encontramos também a tirania de uma suposta "intelligentsia" vanguardista que gosta de tratar os cidadãos como crianças —crianças que não sabem pensar, nem comportar-se, nem viver sem a tutela de um Estado "babysitter", que as embala do berço até a cova. Haverá solução para isso?

Curiosamente, Tocqueville achava que sim. E mais: considerava que essas soluções deveriam nascer no interior das democracias —e não pelo retorno reacionário a uma idade de ouro aristocrática que, na verdade, nunca verdadeiramente existiu.

Algumas dessas soluções já foram referidas: separação de poderes; liberdade de expressão; pluralismo religioso; reforço da independência da sociedade civil (a "arte de associação", como lhe chamava Tocqueville e que ele presenciou com agrado nos Estados Unidos).

Mas a mensagem fundamental de Tocqueville é que a única forma de preservar a liberdade perante a tirania passa por cultivar nos indivíduos o gosto por essa liberdade.

Ou, como o próprio escreveu num dos momentos mais sublimes da sua "Da Democracia na América", o principal objetivo de um governo virtuoso é permitir que os cidadãos possam viver sem a sua ajuda. E acrescenta Tocqueville: "Isso é mais útil do que a ajuda alguma vez será."

Passaram quase 200 anos sobre essas palavras. Curiosamente, não envelheceram uma ruga.

terça-feira, 22 de julho de 2014

O verdadeiro crime das elites capitalistas


A principal vantagem do capitalismo é precisamente a de que ele realmente funciona, se não idealmente bem, pelo menos melhor do que todas as demais formas de organização econômica e social, justamente porque as pessoas estão liberadas para perseguir os seus próprios interesses, enquanto todos os demais estão apoiados nas inconstantes virtudes humanas, como a solidariedade, a “responsabilidade social”, ou o “bem comum”.
 Eis aqui, portanto, a grande beleza do capitalismo, que muitos não conseguem enxergar: ainda que visem exclusivamente aos próprios interesses, os indivíduos somente serão recompensados quando satisfizerem as demandas dos outros. Meu ganho, meu lucro ou minha remuneração estão diretamente ligados à satisfação do meu semelhante. O livre mercado, embora não pretenda extinguir o auto-interesse inerente à condição humana, nos obriga a pensar nas demandas do próximo, se quisermos ser bem sucedidos.

Por José Luiz Mauad

A história do Século XX provou, de forma dramática, que o sistema capitalista gera enorme prosperidade e que todas as formas de socialismo levam à pobreza e ao colapso.

O progresso econômico e social das nações capitalistas, principalmente dos Estados Unidos, do Japão e da Europa Ocidental, é inegável.  Por outro lado, há exemplos marcantes de como as sociedades socialistas regridem com o tempo.

Quem visita a outrora belíssima Havana tem a exata impressão de que voltou aos anos cinqüenta do século passado.  O que se vê é uma cidade em ruínas, onde a marca mais aparente é a estagnação e a decrepitude, seja na arquitetura, nos veículos e até nas pessoas.

Pegue-se a Coréia do Norte.  Neste caso, uma imagem vale mais do que mil palavras.  Basta olhar as fotos noturnas de satélite da Península da Coréia para ter certeza, comparando-se a luminosidade do norte e do sul, de que há algo de muito errado acontecendo no norte, onde prevalece a total escuridão, em pleno Século XXI.

Mas certamente o maior teste empírico da superioridade do capitalismo sobre o socialismo é Berlin: ali conviveram lado a lado, durante quarenta e cinco anos, a pujança capitalista do oeste e os dramáticos resultados do comunismo no leste.  De um lado uma cidade moderna, um próspero centro comercial e financeiro, com o conforto e os benefícios que só o capitalismo produz, e de outro o desamparo e a miséria.  Uma diferença gritante, principalmente se levarmos em consideração o fato de que havia ali a mesma geografia, o mesmo povo, a mesma cultura, a mesma educação, a mesma história, enfim, os mesmos recursos humanos e naturais.

Como se vê, é incontestável a superioridade do capitalismo, comparado com quaisquer das formas de socialismo.  Infelizmente, poucos estão conscientes dos argumentos econômicos que suportam o capitalismo, e menos ainda dos fundamentos morais e filosóficos que o sustentam.  Essa é a razão por que a maioria das pessoas é incapaz de reconhecer as virtudes desse incomparável sistema.  Por outro lado, a doutrina socialista é disseminada ao redor do mundo através de pungentes elegias igualitaristas, principalmente na forma do insidioso sofisma segundo o qual a riqueza de uns é o resultado da miséria de muitos.

A principal vantagem do capitalismo é precisamente a de que ele realmente funciona, se não idealmente bem, pelo menos melhor do que todas as demais formas de organização econômica e social, justamente porque as pessoas estão liberadas para perseguir os seus próprios interesses, enquanto todos os demais estão apoiados nas inconstantes virtudes humanas, como a solidariedade, a “responsabilidade social”, ou o “bem comum”.

Eis aqui, portanto, a grande beleza do capitalismo, que muitos não conseguem enxergar: ainda que visem exclusivamente aos próprios interesses, os indivíduos somente serão recompensados quando satisfizerem as demandas dos outros. Meu ganho, meu lucro ou minha remuneração estão diretamente ligados à satisfação do meu semelhante. O livre mercado, embora não pretenda extinguir o auto-interesse inerente à condição humana, nos obriga a pensar nas demandas do próximo, se quisermos ser bem sucedidos.

Acima de tudo, o capitalismo não foi um modelo projetado, nem é resultado da criação de nenhuma mente privilegiada, mas trata-se de uma ordem espontânea, desenvolvida ao longo dos séculos através da interação humana.

O capitalismo não é perfeito, assim como nenhum sistema humano é ou jamais será perfeito. Mas os benefícios da sociedade da livre iniciativa são inegáveis – basta comparar a China de apenas 50 anos atrás com a China atual.

É muito fácil – e não raro politicamente conveniente – desdenhar do único modelo que, até hoje, nos permitiu escapar da pobreza e do desconforto que atormentaram o homem em grande parte de sua existência.  A esses eu diria que o maior crime das elites capitalistas não está nas famigeradas desigualdades, no egoísmo ou na ganância intrínsecos à condição humana, mas sim na recusa sistemática de apoiar, divulgar e defender o único modelo que proporcionou à humanidade sair de seu estado natural de miséria, preferindo, ao contrário, fazer apologia de um modelo que, onde quer que já tenha sido testado, só trouxe penúria e miséria.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Governista ou canalha?

Ou você é governista, ou é canalha. É assim, no Brasil do século 21 (..) O governo é a favor dos pobres; logo, quem é contra o governo é contra os pobres. Os governistas eram contra a ditadura; logo, quem critica os governistas é a favor da ditadura.
Por David Coimbra (Zero Hora 11/07/14)

Ou você é governista, ou é canalha. É assim, no Brasil do século 21. Antes, um jornalista, por exemplo, se fosse governista, chamavam-no de “chapa-branca”. Hoje, se o jornalista não é governista, chamam-no de chapa-branca.

Como o governo conseguiu essa façanha?

É a aposta no seccionamento da sociedade. Aparta-se alguns para ganhar outros tantos. O governo é a favor dos pobres; logo, quem é contra o governo é contra os pobres. Os governistas eram contra a ditadura; logo, quem critica os governistas é a favor da ditadura. Onde estão os negros, que não são vistos nos estádios da Copa, onde se vaia a presidente? Estão nos mocambos do Brasil, abençoando a mão maternal do governo. Elite branca versus negros pobres, esse é o jogo promovido pelo governo.

Eu, aqui, prefiro ser chamado de canalha a ser governista. Quero poder criticar o governo, qualquer governo, em qualquer tempo. Quero poder reclamar, como jornalista em segundo lugar, como cidadão em primeiro. E elogiar também, se for o caso.

Até porque todos os governos do Brasil tiveram defeitos e qualidades, como sói acontecer com os governos todos. O busílis é que, no Brasil, os governos só deram e só dão atenção a supostas necessidades materiais da população. Isso é fácil. Ou menos difícil.

O Brasil é um país com vocação para o crescimento material. Sempre cresceu materialmente, mesmo nos piores momentos. O pior talvez tenha sido o governo de Sarney, na época da hiperinflação. E mesmo assim o Brasil foi para frente, graças à variedade de seu parque industrial, à pujança da sua agropecuária, à capacidade de trabalho de um povo multiétnico.

Moralmente, porém, o Brasil só submerge. A decadência moral do Brasil é palpável e se aprofunda a cada ano. E, quando o governo aposta na divisão da sociedade, essa desintegração só faz aumentar.

A força do Brasil está na sua variedade, na coabitação das suas diferenças. Existe racismo, discriminação, preconceito? Claro que sim. Onde não há? Mas existe também natural miscigenação e convivência pacífica. Todos somos brasileiros.

O governo vai faturar com a realização desta bela Copa do Mundo? Decerto que sim, e é justo que fature. Vai perder com o vexame da Seleção? Espero que não, não é culpa do governo. Lula foi um visionário ao candidatar o país para sediar a Copa. Lula agiu como estadista, porque foi um estadista. Fernando Henrique também. Dilma, não. Dilma não é uma carismática. É uma técnica, é de executar, não de ideias, não de liderar. Se o governo acertou ao propor a Copa, errou na condução dos negócios da Copa. Houve gastança desnecessária em estádios desnecessários, houve atrasos imperdoáveis, obras inacabadas e improvisos que podem até ter ocasionado acidentes como o desabamento do viaduto em Minas.

A Copa é um sucesso. A maioria das ações do governo na Copa, não. O governo merece seu quinhão de aplausos, e outro tanto de apupos. E podem me chamar de canalha.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Existe alguma sociedade que não seja movida por ganância?"

 "O mundo é movido por indivíduos perseguindo seus interesses distintos."

"É claro que nenhum de nós é ganancioso. Gananciosa é sempre a outra pessoa que é (risos)." Só com está frase Milton Friedman já teria encerrado a conversa, mas ele continua magistralmente. 

"As grandes conquistas da civilização não vieram dos escritórios do governo. Eisntein não construiu sua teoria por ordem de um burocrata. Henry Ford não revolucionou a industria automobilistica dessa forma. Nos únicos casos em que as massas escaparam da pobreza, únicos casos em história documentada, foram onde elas tiveram capitalismo e livre comércio em grande medida. Se você quiser saber onde as massas estão pior, é exatamente nos tipos de sociedade que se afastam disso (livre iniciativa)"

Veja todo o vídeo, são apenas 2 minutinhos e pouco.


sexta-feira, 4 de julho de 2014

O que presidentes de empresas pensam do governo e do futuro

O que? Mais da metade dos presidentes de empresas acham a gestão da Presidente Dilma péssima? Ahh esses "reacionários" (leias-se, geradores de emprego, renda e tributos) que não entendem o Brasil Maravilha do PT. Vamo que vamo!