terça-feira, 27 de maio de 2014

Aumenta a desigualdade

O Estado empobrece os pobres e mantém opção preferencial pelo aumento da desigualdade. “O Brasil não parece tão desigual quando se olha apenas para o impacto da tributação direta sobre a renda”, diz Afonso. “O problema é o peso da tributação indireta (do tipo PIS/Cofins), que recai principalmente sobre o consumo.”
Por José Casado (O Globo
Se planejam ‘combater a pobreza’, é melhor os candidatos se apressarem. Porque, como dizia Sérgio Porto, ‘a continuar essa carestia, pobre tende a desaparecer’
‘País rico é país sem pobreza”, sugere a publicidade governamental. Natural, pois sofisma e redundância são elementos-chave na propaganda e na política.
Na vida real, há um paradoxo: os brasileiros pobres estão cada vez mais empobrecidos pelo mesmo Estado que anuncia protegê-los.
É efeito da armadilha em que o país entrou e na qual se mantém prisioneiro.
Uma medida dessa alienação está na velocidade de expansão da teia da burocracia tributária. Ela avançou ao ritmo de 780 novas normas por dia durante o último quarto de século, desde a promulgação da Constituição em 1988 — informa o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação.
Somadas, as 4,7 milhões de regras baixadas de 1988 até dezembro passado comporiam um livro de 112 milhões de páginas impressas (em papel A4 e com letra Arial 12). Enfileiradas, as páginas cobririam o país em linha reta do Oiapoque, no Amapá, ao Chuí, no Rio Grande do Sul.
As consequências vão muito além de infernizar a vida das pessoas e empresas. A opção política por manter intocada essa estrutura fiscal e tributária produziu uma perversidade: aumentou a desigualdade social no Brasil nas últimas duas décadas, advertem pesquisadores como o economista José Roberto Afonso, do Ipea.
O sistema atual privilegia tributos indiretos e sobre o consumo. Com ele, até 1996, o Estado se apropriava de 28% da renda mensal das famílias pobres, com até dois salários mínimos (cerca de R$ 1.400). Em 2008 o Estado já tomava 54% do rendimento familiar dos mais pobres. No ritmo atual, prevê-se que no fim da década o peso dessa carga tributária esteja em 60%.
No longo prazo, praticamente anula a expansão dos gastos governamentais com programas sociais destinados às famílias mais pobres, como aconteceu nas últimas duas décadas.
Em meados dos anos 90 o gasto social com recursos do orçamento federal equivalia a 0,5% do Produto Interno Bruto. No ano passado esse tipo de despesa representou 2,2% do PIB — segundo cálculos do economista Mansueto de Almeida, que se ateve ao dispêndio com iniciativas de promoção de renda mínima, excluindo Previdência Social, Educação e Saúde.
O Estado empobrece os pobres e mantém opção preferencial pelo aumento da desigualdade. “O Brasil não parece tão desigual quando se olha apenas para o impacto da tributação direta sobre a renda”, diz Afonso. “O problema é o peso da tributação indireta (do tipo PIS/Cofins), que recai principalmente sobre o consumo.”
O impacto é grande nas famílias pobres, cuja maior parte do rendimento é destinada ao consumo. De forma indireta, e compulsória, essas famílias acabam entregando ao Estado mais de 54% de sua renda mensal de dois salários mínimos (R$ 756 do ganho mensal de R$ 1.400). Para as mais ricas, com renda familiar mensal superior a 30 salários, o impacto é proporcionalmente muito menor — corresponde a 29% (R$ 6.200 do rendimento de R$ 21.700).
O agravamento da desigualdade social brasileira é real, mas ainda é tema à margem da agenda dos candidatos à Presidência da República. Eles se limitam a repetir velhos e vagos slogans. Se planejam “combater a pobreza”, é melhor se apressarem. Porque, como dizia o humorista Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta) diante da alta do custo de vida, “a continuar essa carestia, pobre tende a desaparecer”.


segunda-feira, 26 de maio de 2014

Brasil é o pior em retorno de imposto à população, aponta estudo

Veja essa tabela que preparei pra você. Relacionei o índice de retorno (IDH versus arrecadação) com os índices de liberdade econômica. 

Perceba que os países mais liberais (economicamente falando) do mundo estão entre os que mais retornam em qualidade de vida aos seus cidadãos. E você ai ainda achando que a solução passa por mais Estado. 

O que tem que acontecer para você mudar de ideia? O Brasil virar um Argentina, com inflação de 40%? Se você continuar acreditando nas bravatas do LULA, que isso é coisa de burgues neoliberal e blá blá blá, continuaremos no caminho do buraco. Aprenda de uma vez por todas, o que ajuda pobre a não ser tão pobre é o governo sair da frente. É alinhar educação de qualidade (essa poderia ser uma das poucas funções do governo, mas ele quer cuidar de tudo) com concorrência entre empresas, ambiente favorável ao negócios e não bolsa disso ou daquilo. Ambiente de concorrencia é que baixa preço e não marretada Estatal. Pegue como exemplo a energia e os juros que a dona Dilma foi na televisão fazer proseletismo barato e baixar os preços na marra. Estão tudo de volta aos mesmo índices. Não adianta, o mercado (oferta e demanda) não aceita desaforo.

Veja o artigo abaixo, vale a pena!


Pela quinta vez consecutiva, o Brasil é o país que proporciona o pior retorno de valores arrecadados com tributos em qualidade de vida para a sua população.
A conclusão consta de estudo do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação) que compara 30 países com maior carga tributária em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) e verifica se o que é arrecadado por essas nações volta aos contribuintes em serviços de qualidade.
Estados Unidos, Austrália e Coreia do Sul ocupam respectivamente as primeiras posições do ranking. O Brasil está em 30º lugar, atrás da Argentina (24º) e do Uruguai (13º), quando se analisa o retorno de tributos em qualidade de vida para a sociedade.
O indicador de retorno é resultado da soma de dois outros parâmetros usados pelo IBPT: a carga tributária em relação ao PIB (soma das riquezas de um país), com ponderação de 15% na composição do índice, e o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), calculado com base em dados sobre educação, renda e saúde e que serve para medir o grau de desenvolvimento econômico. Esse indicador tem peso de 85% na composição do Irbes.Para medir esse retorno, o instituto criou em 2009 o Irbes (Índice de Retorno de Bem-Estar à Sociedade). No Brasil, ele é de 135,34 pontos; nos EUA, 165,78.
Para a carga tributária, o estudo considera as informações da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). Os dados de IDH usados são da ONU (Organização das Nações Unidas). Ambos são de 2012, último dado disponível.
No Brasil, a carga fiscal em 2012 foi de 36,27%, segundo mostra o levantamento do instituto, que atua no setor.
FISCO
A Receita Federal informou que não comentaria o assunto. Para o Fisco, a carga tributária do Brasil em 2012 foi de 35,85%. O resultado de 2013 ainda não foi divulgado.
Os percentuais do IBPT e da Receita são diferentes porque o instituto considera no cálculo os valores pagos com multas, juros e correção, contribuições e custas judiciais.
Para o presidente do IBPT, João Eloi Olenike, o estudo reforça e mostra a necessidade de cobrar dos governos de todas as esferas -federal, estadual e municipal- a melhor aplicação dos recursos pagos pelos contribuintes.
"Os brasileiros foram às ruas recentemente em protestos em que as faixas também mostravam a insatisfação com a elevada carga tributária e o pouco retorno em qualidade de vida", diz.
RANKING
Na edição anterior do levantamento, o Japão ocupava a quarta posição. Neste ano, passou para sexta. Já a Bélgica estava em 25º lugar e passou para a 8ª colocação.

Fonte: Folha de SP

sexta-feira, 23 de maio de 2014

A dama não dá voltas

Thatcher era uma espécie de anti-Lula. Lula baseou as ações do seu governo na gastança do dinheiro público. Recheou os quadros do funcionalismo com mais de 40 mil contratações amigas e distribuiu reais à mancheia para programas, doações, aquisições, o escambau

Por DAVID COIMBRA

“A dama não dá voltas!”, rugiu Margaret Thatcher para os respeitosos parlamentares que a ouviam em um discurso do começo dos anos 80, na Velha Álbion.

A dama não dá voltas. Falava dela própria, a “Dama de Ferro”. Queria dizer que não voltaria atrás em sua política de moralidade pública implacável e feroz enxugamento dos gastos do Estado, como defendiam inclusive vários de seus correligionários.

Thatcher continua sendo discutida com paixão. Quando morreu, no ano passado, alguns ainda a vilipendiavam. Pudera. Thatcher era uma espécie de anti-Lula. Lula baseou as ações do seu governo na gastança do dinheiro público. Recheou os quadros do funcionalismo com mais de 40 mil contratações amigas e distribuiu reais à mancheia para programas, doações, aquisições, o escambau.

Lula repetiu Juscelino, autor daquela excrescência de pedra chamada Brasília. Imagine você, leitor que se espanta com os custos da Copa, que o Brasil levantou uma cidade no meio do nada do Planalto Central e para lá transferiu toda a máquina do governo federal, mais ou menos como Constantino fez nos anos 300, transformando Bizâncio em Constantinopla e tornando-a capital do império romano. Juscelino foi o nosso Queóps, que ergueu das areias do deserto a Grande Pirâmide. E Lula é o nosso Luís XIV, que sustentava os luxos da sua corte com o dinheiro dos impostos.

Luís XIV foi chamado de Rei Sol. Não por acaso. O governante que é pródigo com o dinheiro do Estado em geral se torna popular. Lula, obviamente, é popular. Médici, a seu tempo, tempo do Brasil Grande, também era. Igualmente o já citado Juscelino. Já economizar é chato. O cara tem que dizer não, não, não, e o bom é dizer sim, sim, sim.

Não sei se Margaret Thatcher estava certa ou errada. Analistas econômicos britânicos ainda debatem isso. Mas sei que a Inglaterra é o que é hoje graças a ela. Ou por causa dela, se você prefere. Ela tinha convicções e foi em frente. A dama não dava voltas.

Achei que Dilma seria uma espécie de Thatcher, quando foi eleita. Não que esperasse dela algum tipo de política de austeridade. Não. Dilma é uma desenvolvimentista aos moldes do que foram os militares nos anos 70. O PAC de Dilma é o PND de Reis Velloso. O que achei é que ela governaria com firmeza, e não, o governo não tem firmeza, dança ao sabor dos acontecimentos, cede a quaisquer pressões, vindas de onde vierem e é, mais do que tolerante, leniente. O resultado é um país em que nada é garantido e tudo é permitido. Um país em que ninguém está feliz e todos se rebelam, alguns com causa clara, outros com causa obscura e muitos sem causa alguma, apenas para experimentar o inefável gosto da rebelião pela rebelião. Com a provável exceção dos grandes banqueiros, que não queimam ônibus nem fecham rua, não há uma única categoria satisfeita no Brasil. Não há quem não se revolte. Porque, no Brasil, as damas e os cavalheiros do governo dão voltas.

david.coimbra@zerohora.com.br

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Populismo, luta de classes e liberdade

A inflação ronda 6%, mas, não fossem as manobras protelatórias, seria 7% a 8%

Sob o manto teórico de que ao governo cabe defender o cidadão contra os abusos do mercado, o governo federal vem intervindo na formação de preços. Interfere nas tarifas de serviços públicos, no preço da gasolina e até nos chamados “preços livres” via alterações de impostos. Para incentivar o consumo, mexeu nos IPIs; para reduzir importações, mexeu nas tarifas de importações; para reduzir a entrada de capitais, mexeu no IOF.

Também interferiu no mercado de crédito ao produzir uma avalanche de empréstimos subsidiados, mascarando política fiscal com política creditícia. E no mercado de trabalho, ao reduzir as contribuições do INSS, estimulou a demanda por um recurso que, à altura da medida, se afigurava escasso.

Quem estudou as economias centralmente planejadas sabe que a supressão do sistema de preços produz investimentos ineficientes e desajustes entre oferta e demanda que terão que ser resolvidos adiante.

Essa é uma história econômica com repercussões políticas. O governo passou a mensagem de que “ele manda”. Ora, se ele manda, tem que entregar. E vai entregar a quem tiver mais poder de barganha, quem gritar mais alto. Esse ambiente incita os grupos de interesse a reivindicar mais para os seus associados. Isso vale para empresários, políticos e sindicatos de servidores privados e públicos. Ao impedir o funcionamento do mercado de bens e serviços, o governo realça o mercado político.

Acrescente-se um fator circunstancial, as eleições, e temos um contexto favorável para as trocas entre o governo, que manda, e os grupos organizados, que reivindicam. Não por outra razão, o governo, que começou o ano dizendo que ia ser mais moderado nas áreas fiscal e creditícia, já mudou de ideia e, nas últimas semanas, voltou ao regime de provimento de benesses. Trata-se de populismo em estado puro.

A barganha exacerbada pode produzir uma espiral em que os grupos reivindicam e o governo, acuado, tem que entregar. Mas esse processo tem um limite.

A inflação ronda 6%, mas, não fossem as manobras protelatórias, seria 7% a 8%. O superávit primário ronda 1,5%, mas, não fossem as artimanhas contábeis, estaria em zero. A pilhagem fiscal fez o governo chegar ao limite, assim como as represas que nos levarão ao racionamento de energia.

A crítica à viabilidade do modelo tem provocado uma furiosa reação do PT, para quem se trata de uma visão da elite que deseja a volta do arrocho salarial e do desemprego. Esse clima de luta de classes terá dois legados. Primeiro, com o tempo, o governo se tornará refém dos grupos organizados na sanha por mais benefícios. Segundo, a folga fiscal se extinguirá e, no momento da verdade, haverá grande frustração de expectativas. Já estamos assistindo a um pouco dos dois.

Que os governos erram — como errou o governo do PT — há centenas de exemplos na História. O insucesso deve servir de combustível para o aperfeiçoamento através da pesquisa, das reformas e da ação essencial dos atores políticos em um ambiente democrático. Que o governo defenda seus métodos e produza uma alegoria baseada na luta de classes também é aceitável.

Mas usar o argumento do oligopólio da comunicação como mote de campanha e ameaçar com a censura à imprensa é permitir que a política partidária venha a suprimir o oxigênio do organismo social, que é a liberdade de expressão. Porque é da livre expressão dos indivíduos que se faz a convivência humana, senão criativa e virtuosa, pelo menos suportável.

Edward Amadeo é economista

Fonte: O Globo

Uma empresa não pode mudar sempre, a toda hora, mas também não pode não mudar nunca

"É preciso ter boas ideias, mas antes de mais nada precisa muita transpiração" Décio da Silva, Presidente do Conselho de Administração da WEG conta sua história no CEO Summit 2013 do Paraná. Descubra os conselhos de quem cresceu junto do seu negócio e os desafios encontrados ao longo do caminho.

Fonte: ENDEAVOR

 

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Lanchonete australiana usa paraquedas para entregar sanduíches

Eles lançam o sanduíche do alto do prédio com um paraquedas

Um grupo de empreendedores australianos decidiu abrir uma lanchonete apostando em um jeito novo de atender o público. O Jafflechutes, localizado em um apartamento no quinto andar de um edifício na cidade de Melbourne, entrega sanduíches de queijo grelhado em um pequeno paraquedas, que é lançado em direção aos clientes que esperam na frente do prédio, próximos a um 'x' marcado na calçada.

A lanchonete oferece duas opções de sanduíches de queijo: um acompanhado de tomate e outro de presunto.

Após efetuarem o pagamento por meio do serviço PayPal, os clientes vão para a rua aguardar a chegada do pedido no lugar indicado.

Os donos do Jafflechutes não pensavam nos sanduíches quando começaram a pensar no negócio. Segundo o site Springwise, no início, o pequeno paraquedas serviria para ajudar as pessoas que costumam esquecer a chave do apartamento, mas os empreendedores logo abandonaram a ideia.

Agora, o objetivo é levar a lanchonete para a América do Norte. Até o momento, os empreendedores já arrecadaram mais de 4,5 mil dólares australianos, doados por 109 pessoas, graças a um crowdfunding divulgado no site Pozible. Eles têm mais quatro dias para conseguir atingir a meta de 5 mil dólares australianos, cerca de R$ 10 mil.



 


Fonte: Estadão PME




É possível aprender a empreender?

Apesar de empreendedores serem mais intuitivos e aprenderem muito com a prática, não há dúvidas do impacto da educação na viabilidade e crescimento dos negócios. (..) Costumamos usar uma máxima que diz: “o negócio é tão bom quanto o empreendedor que está por trás”. 

Por Renata Chilvarquer (Exame.com)

Pode parecer clichê, mas ouço muito essa pergunta quando participo de eventos ou palestras: é possível aprender a empreender? A verdade é que tomar a decisão de construir seu próprio negócio é visto pelas pessoas em geral como algo muito positivo e até cool.

E, nessa onda crescente de assumir riscos, poucos empreendedores se perguntam sobre o que é necessário saber antes de começar. Na maioria das vezes, o empreendedor acha que tudo o que ele precisa para ter sucesso é de uma boa ideia e uma boa dose de sorte. Esse mito é ainda mais alardeado quando se ouvem histórias de grandes empreendedores internacionais que largaram a faculdade e se deram bem, como Steve Jobs e Bill Gates.

Lançamos uma pesquisa* no ano passado que reforça a percepção de que há muita vontade, mas pouco esforço. No estudo, três em cada quatro brasileiros dizem ter vontade de empreender. Essa é a segunda maior taxa do mundo, atrás apenas da Turquia.

Por outro lado, outra pesquisa internacional, o Global Entrepreneurship Monitor, de 2010, mostrou que apenas 9% da população adulta brasileira se capacita para iniciar um negócio, uma das piores taxas do mundo. Para termos uma base de comparação, no Chile essa proporção é de 43%, e na Argentina, de 20%.

Além disso, existem dados* que comprovam a relação direta entre preparo e o crescimento dos negócios. Apenas 4% das quatro milhões de CNPJ’s no país são de empreendedores brasileiros que têm funcionários, sendo que a maioria desses negócios são de empreendedores com maior nível de escolaridade.

Esse gap de conhecimento fica ainda mais evidente quando entendemos quais são os maiores desafios do cotidiano dos empreendedores. Entre os quatro maiores problemas apontados por eles na pesquisa, três estão ligados à falta de conhecimento em: gestão de pessoas, fluxo de caixa e como administrar um negócio.

Apesar de empreendedores serem mais intuitivos e aprenderem muito com a prática, não há dúvidas do impacto da educação na viabilidade e crescimento dos negócios. Um exemplo disso é o Alencar, fundador da Gera, empresa que fornece soluções de TI para negócios de vendas diretas. Ele é um dos empreendedores apoiados pela Endeavor que buscou ajuda para criar um negócio de alto impacto.

Quando ele observou a oportunidade de negócio que gerou a empresa, Alencar buscou capacitação em um curso de pós graduação em negócios. Além de planejar com cuidado a abertura da sua empresa, ele acabou conhecendo o Fabio, que se tornou seu sócio logo em seguida. A maturidade e o conhecimento que Alencar adquiriu durante o curso foram essenciais para que o negócio desse certo.

Costumamos usar uma máxima que diz: “o negócio é tão bom quanto o empreendedor que está por trás”. Em suma, uma empresa é resultado do trabalho de pessoas. No início, a grande pessoa por detrás de tudo é seu fundador, o empreendedor. Dessa forma, o empreendedor que sonha grande e quer criar um negócio muito bom, precisa se esforçar ser muito antes de tudo. É o primeiro investimento. Um bom empreendedor investe em si mesmo como alavanca para o crescimento de seu negócio.

*Pesquisa “Empreendedores Brasileiros: Perfis e Percepções”, Endeavor, 2013. 
 **Renata Chilvarquer é diretora de Educação Empreendedora na Endeavor Brasil.





segunda-feira, 19 de maio de 2014

Safatle contra os pobres

Intelectuais costumam reservar para si um lugar mais elevado que o de comerciantes na sociedade. É difícil terem generosidade para admitir que uma de suas causas mais nobres depende de negociantes mundanos. Por isso, o filósofo prefere ficar do lado da ideologia, e não do lado dos pobres, o que me faz acreditar que ele é movido por um ressentimento contra os ricos, talvez um desejo puritano de conter seus excessos. E não uma vontade genuína de reduzir a pobreza.
Por Leandro Narloch (Folha de SP)
Por que intelectuais como Vladimir Safatle desprezam a receita mais eficaz, testada e aprovada para a redução de pobreza? Falo do crescimento econômico. Qualquer país que vive uma ou duas décadas de altas consecutivas do PIB vê massas humanas deixarem a miséria.
China: 680 milhões de miseráveis a menos desde que as fábricas capitalistas apareceram, há 35 anos. Indonésia: redução de pobreza de 54% para 16% em 18 anos. Coreia do Sul: tão pobre quanto a Índia em 1940, virou um dos países mais ricos do mundo depois de crescer em média 8% ao ano entre 1960 e 1980.
Essa receita deu tão certo que levou o mundo a superar, cinco anos antes do previsto, a meta estabelecida pela ONU, em 2000, de cortar pela metade o número de pessoas que viviam com menos de US$ 1,25 por dia. Quase tudo isso aconteceu sem cotas sociais, sem Bolsa Família, sem alta de impostos. Só com geração de riqueza.
É uma excelente notícia, que deveríamos comemorar –mas por que Safatle não participaria da festa conosco? No artigo "Demagogia"(29/4), na Folha, ele reclama de quem prefere discutir o crescimento econômico em vez de se concentrar no "caráter insuportável" dos arcaísmos brasileiros (mas a expansão da economia é melhor arma contra esses arcaísmos!). Noutro artigo, diz que a atividade econômica só faz produzir desigualdade.
Dá pra entender o desprezo. Admitir a importância da alta do PIB na redução da pobreza implica em reconhecer verdades dolorosas. A primeira é que quem atrapalha o crescimento da economia atrapalha os pobres. Afugentar investidores resulta em menos negócios, menos vagas, menores salários.
Outra é que os interesses das classes nem sempre divergem. PIB em alta faz bem para pobres, remediados e magnatas. Os anos recentes do Brasil são um exemplo disso. Entre 2007 e 2012, vivemos uma impressionante redução da miséria. Enquanto isso, o número de milionários subiu de 120 mil para 165 mil. Não há motivo para fomentar conflito entre motoboys e donos de jatinhos.
Mas o fato mais difícil de reconhecer é que os filósofos de palanque e os bons mocinhos tiveram um papel irrelevante na redução da pobreza. Se crescimento da economia ajuda os pobres, isso se deve a seus protagonistas, ou seja, os homens de negócio, alguns deles ricos, quase todos interessados somente em botar dinheiro no bolso.
Pior ainda, Safatle teria que admitir que os negociantes aliviaram a condição dos pobres fazendo justamente aquilo que mais incomoda os intelectuais ressentidos: lucrar explorando mão de obra barata. Capitalistas costumam atrair competidores, criando uma concorrência por empregados, elevando salários.
Intelectuais costumam reservar para si um lugar mais elevado que o de comerciantes na sociedade. É difícil terem generosidade para admitir que uma de suas causas mais nobres depende de negociantes mundanos. Por isso, o filósofo prefere ficar do lado da ideologia, e não do lado dos pobres, o que me faz acreditar que ele é movido por um ressentimento contra os ricos, talvez um desejo puritano de conter seus excessos. E não uma vontade genuína de reduzir a pobreza.


Empresa produz pastilha para revestimento com garrafa PET reciclada

Fonte: Estadão PME

Incomodado com a quantidade de garrafas PET boiando no rio Tietê, o empresário Rafael Sorano resolveu colocar em prática a ideia de fazer um produto industrial envolvendo reciclagem e voltado para a arquitetura. Foram três anos de pesquisa e desenvolvimento até o lançamento no mês passado da pastilha para revestimento feita com garrafas PET recicladas.

Sorano investiu R$ 5,5 milhões para criar a empresa Rivesti com a sócia Miriam Braga. A expectativa é faturar R$ 20 milhões em 2015. "Entendo que esses trabalhos envolvendo reciclagem só vão surtir efeito prático se você conseguir agregar valor a esse material", pontua Sorano. E para isso, o empresário desenvolveu uma pastilha ecológica feita com uma mistura de PET reciclado e aditivos minerais reaproveitados.

"Foi mais difícil do que imaginei. Achei que em seis meses teria condições de colocar o produto no mercado, mas demorei mais de três anos com pesquisa e desenvolvimento", conta Sorano. As pastilhas pesam um terço de uma placa tradicional e o processo de instalação é até seis vezes mais rápido que o processo tradicional (Confira o vídeo abaixo).

Para solucionar o problema de alinhamento das pastilhas na hora da aplicação, o empresário criou encaixes laterais para facilitar a instalação. Outro diferencial da Rivesti é a variedade de cores. Atualmente a empresa trabalha com uma coleção permanente de 33 cores, mas pode produzir qualquer cor da escala Pantone.

Lançado em abril, o produto custa a partir de R$ 225 o metro quadrado e atualmente está à venda em 50 lojas de 20 estados. O foco são as butiques de revestimento. O plano de negócios ainda prevê um faturamento de R$ 200 milhões em cinco anos. Para atingir esse número, os sócios buscam investidores interessados na empresa.


sábado, 17 de maio de 2014

Socialismo para milionários

A principal tensão do mundo contemporâneo não advém do conflito distributivo entre capital e trabalho. O cabo de guerra é entre empreendedores e burocratas, seja na forma da grossa camada de gestores cujo intuito é a autopreservação ou nas inúmeras esferas estatais que esclerosam o dinamismo econômico.

Por Marcos Troyjo (Folha de SP)

Pego emprestado título de um livro de Bernard Shaw para esta coluna. A frase é perfeita para descrever o atual frenesi em torno da dualidade "crescimento-desigualdade".

Duas investidas recentes acirram o debate. A primeira é o Índice de Progresso Social (IPS), que busca aferir o desenvolvimento relativo dos países sem utilizar o referencial do PIB. A segunda, a acalorada recepção ao "Capital no Século 21", de Thomas Piketty.

A repercussão de ambos é multiplicada, na Europa e nos EUA, pelos traumas não curados da Grande Recessão –sobretudo as elevadas taxas de desemprego.

Tanto o IPS quanto o "Capital" de Piketty apontam para a prevalência do investimento social "para além do crescimento da economia". Convidam a retomar a questão da moralidade do capitalismo. Repisam (sobretudo em Piketty) a desproporção nas remunerações a capital e trabalho como principal obstáculo ao bem-estar social.

De acordo com esses apontamentos, a desigualdade, mal maior do capitalismo, poderia remediar-se com maior carga tributária e mais investimentos "no social".

Sem entrar demais nos altos e baixos do IPS ou de Piketty, minha percepção é que ambos devem interessar mais a países avançados do que a nações em desenvolvimento. É papo para ricos.

Dos países que ocupam as 20 primeiras posições do IPS (em que supostamente o PIB não conta), todos apresentam renda per capita anual superior a US$ 30 mil. Ainda assim, mesmo para os que já se desgarraram da armadilha da renda média, como sustentar amplo acesso a educação e saúde pública sem crescimento ao longo do tempo?

Nesse contexto, o atual debate sobre desigualdade reflete a binária consideração de "crescimento" ou "austeridade" como alternativas para países em crise de dívida soberana, caso da Europa mediterrânea em 2011.
Há mérito na crítica à inércia patrimonialista no Ocidente. As soluções tributário-distributivistas apontadas por Piketty, contudo, não tratam de questão –importante o suficiente para os ricos– e absolutamente essencial para países em desenvolvimento. Que padrão de economia política adotar para, ao final do dia, gerar excedentes que custeiem os trampolins sociais?

Decepciona, em Piketty, não ver referência a "empreendedorismo", "competitividade", "start-ups", "papel da inovação", ou à "destruição criativa" de Schumpeter.

A principal tensão do mundo contemporâneo não advém do conflito distributivo entre capital e trabalho. O cabo de guerra é entre empreendedores e burocratas, seja na forma da grossa camada de gestores cujo intuito é a autopreservação ou nas inúmeras esferas estatais que esclerosam o dinamismo econômico.

Para países como o Brasil, o grande desafio é encontrar seu próprio modelo de capitalismo competitivo que o permita pagar o preço da civilização.

Deixemos para amanhã manuais de instalação de um "Welfare State 2.0", como o IPS ou o tijolo de Piketty. Concentremo-nos, agora, nas lições de Acemoglu e Robinson em "Por que as Nações Fracassam".

quinta-feira, 8 de maio de 2014

"Impressora 3D gigante" pode construir casas em apenas um dia


Dando seguimento a série "Tenho pena de ambientalistas que sugerem salvar o mundo andando de bicicleta" "a inteligência humana me fascina" segue mais um prova sobre progresso que se pode alcançar baseado na liberdade e no empreendedorismo.

Na China, como você pode ver nessa reportagem, já está sendo feito casas com o preço equivalente a 12 mil reais. A máquina é capaz de fazer 10 casas em 24 horas. Magnifico, não?

Fonte: Olhar Digital 

O mercado de impressão 3D não para de crescer, mas uma nova tecnologia, sendo pesquisada na University of Southern California, nos EUA, promete mudar o mundo usando o mesmo conceito. Trata-se da impressão do "Contour Crafting", que seria capaz de imprimir casas de 230 metros quadrados em apenas um dia.

Para funcionar, ela utiliza um robô gigante, que se move por trilhos colocados nas laterais do que será a casa depois de pronta. Ele substitui as ferramentas manuais e o trabalho braçal. Em seguida, ele cria camadas de concreto para criar paredes vazias e em seguida as preenche com mais concreto. Os humanos ficariam responsáveis por colocar portas e janelas na casa construída.

Os projetos podem ser criados pelo computador em um programa específico de modelagem e a expectativa é que a tecnologia possa criar "bairros inteiros, construídos por uma fração do custo e do tempo, com muito mais segurança e flexibilidade arquitetural sem precedentes". A modelagem permite que cada casa seja diferente.

De acordo com os pesquisadores, as estruturas são ainda mais fortes do que os métodos tradicionais de construção. Nos testes, as paredes resistiram 10 mil libras por polegada quadrada, enquanto a média para uma parede normal é de 3 mil libras por polegada quadrada.

Os pesquisadores dizem que seria possível até mesmo construir grandes escritórios ou até torres, com máquinas com bocais múltiplos ou fazer a estrutra subir a construção.

Atualmente, a Nasa é uma das entidades que bancam a pesquisa, que seria capaz de criar casas de baixo custo para áreas de desabrigados. Behrokh Khoshnevis, responsável pelo robô, também diminui os possíveis problemas sobre os problemas com um possível desemprego para as pessoas que trabalham nas construções, lembrando que no início de 1900 62% dos americanos trabalhavam em fazendas e hoje menos de 1,5% estão no ramo de agricultura.

"Construção é um trabalho perigoso, mais do que mineração e agricultura. Isso mata 10 mil pessoas por ano", lembra ele, apontando que as pessoas deveriam realizar trabalhos que ofereçam menos riscos às suas vidas.

A tecnologia ainda está em fase de desenvolvimento e não há previsão de quando ela poderia chegar ao mercado.


quarta-feira, 7 de maio de 2014

O Brasil está com ódio de si mesmo - Nunca pensei que a incompetência casada com o delírio ideológico promoveria este caos

(..) a ideia de que a administração pública é mais importante que utopias, de que as reformas do Estado eram fundamentais. Medidas simples, óbvias, indutivas, tentaram nos tirar da eterna “anestesia sem cirurgia.” Foi o Plano Real que tirou 28 milhões de pessoas da pobreza, e não este refrão mentiroso que os petistas repetem sobre o Bolsa Família ou sobre o PAC imaginário. 
(..) Outro sintoma claro é que as instituições democráticas estão sem força, desmoralizando-se, já que o próprio governo as desrespeita. Essa fragilização da democracia traz de volta um desejo de autoritarismo na base do “tem de botar para quebrar!”. Já vi muito chofer de táxi com saudades da ditadura.
(..) O Brasil está sofrendo uma mutação gravíssima, e nossas cabeças também. É preciso tirar do poder esses caras que se julgam os “sujeitos da história”. Até que são mesmo, só que de uma história suja e calamitosa.
Por Arnaldo Jabor (O Globo)
O Brasil está irreconhecível. Nunca pensei que a incompetência casada com o delírio ideológico promoveria este caos. Há uma mutação histórica em andamento. Não é uma fase transitória; nos últimos 12 anos, os donos do poder estão a criar um sinistro “espírito do tempo” que talvez seja irreversível. A velha “esquerda” sempre foi um sarapatel de populismo, getulismo tardio, leninismo de galinheiro e agora um desenvolvimentismo fora de época. A velha “direita”, o atraso feudal de nossos patrimonialistas, sempre loteou o Estado pelos interesses oligárquicos.
A chegada do PT ao governo reuniu em frente única os dois desvios : a aliança das oligarquias com o patrimonialismo do Estado petista. Foi o pior cenário para o retrocesso a que assistimos.
Antes dessa terrível dualidade secular, a mudança de agenda do governo FHC por sorte criou um pensamento mais “presentista”, começando com o fim da inflação, com a ideia de que a administração pública é mais importante que utopias, de que as reformas do Estado eram fundamentais. Medidas simples, óbvias, indutivas, tentaram nos tirar da eterna “anestesia sem cirurgia.” Foi o Plano Real que tirou 28 milhões de pessoas da pobreza, e não este refrão mentiroso que os petistas repetem sobre o Bolsa Família ou sobre o PAC imaginário.
Foi um período renegado pelo PT como “neoliberal” ou besteiras assim, mas deixou, para nossa sorte, algumas migalhas progressistas.
Tudo foi ignorado e substituído pelo pensamento voluntarista de que “sujeitos da história” fariam uma remodelagem da realidade, de modo a fazê-la caber em suas premissas ideológicas. Aí começou o desastre que me lembra a metáfora de Oswald de Andrade, de que “as locomotivas estavam prontas para partir, mas alguém torceu uma alavanca e elas partiram na direção oposta”.
Isso causa não apenas o caos administrativo com a infraestrutura morta como também está provocando uma mutação na psicologia e no comportamento das pessoas. O Brasil está sendo desfigurado dentro de nossas cabeças, o imaginário nacional está se deformando.
Há uma grande neurose no ar. E isso nos alarma como a profecia de Lévi-Strauss de “que chegaríamos à barbárie sem conhecer a civilização.” Cenas como os 30 cadáveres ao sol no pátio do necrotério de Natal, onde os corpos são cortados com peixeiras, fazem nossa pele mais dura e o coração mais frio. Defeitos e doçuras do povo, que eram nossa marca, estão dando lugar a sentimentos inesperados, dores nunca antes sentidas. Quais são os sintomas mais visíveis desse trauma histórico?
Por exemplo, o conceito de solidariedade natural, quase “instintiva”, está acabando. Já há uma grande violência do povo contra si mesmo.
Garotos decapitam outros numa prisão, ônibus são queimados por nada, com os passageiros dentro, meninas em fogo, presos massacrados, crianças assassinadas por pais e mães, uma revolta sem rumo, um rancor geral contra tudo. O Brasil está com ódio de si mesmo. Cria-se um desespero de autodestruição, e o país começa a se atacar.
Outro nítido efeito na cabeça das pessoas é o fatalismo: “É assim mesmo, não tem jeito, não.” O fatalismo é a aceitação da desgraça. E vêm a desesperança e a tristeza. O Brasil está triste e envergonhado.
Outro sintoma claro é que as instituições democráticas estão sem força, desmoralizando-se, já que o próprio governo as desrespeita. Essa fragilização da democracia traz de volta um desejo de autoritarismo na base do “tem de botar para quebrar!”. Já vi muito chofer de táxi com saudades da ditadura.
A influência do petismo também recriou a cultura do maniqueísmo: o mal está sempre no outro. Alguém é culpado disso tudo, ou seja, a “média conservadora” e a oposição.
A ausência de uma política contra a violência e a ligação de muitos políticos com o tráfico estimula a organização do crime, que comanda as cadeias e já demonstra uma busca explícita do horror. A crueldade é uma nova arte incorporada em nossas cabeças, por tudo o que vemos no dia a dia dos jornais e TV. Ninguém mata mais sem tortura. O horror está ficando aceitável, potável.
O desgoverno, os crimes sem solução, a corrupção escancarada deixam de ser desvios da norma e vão criando uma nova cultura: a cultura da marginalidade, a “normalização” do crime.
Uma grande surpresa foi a condenação da Copa. Logo por nós, brasileiros boleiros. Recusaram o “pão e circo” que Dilma/Lula bolaram, gastando mais de R$ 30 bilhões em estádios para “impressionar os imperialistas” e bajular as massas. Pelo menos isso foi um aumento da consciência política.
Artistas e intelectuais não sabem o que pensar — como refletir sem uma ponta de esperança? Temos aí a “contemporaneidade” pessimista.
Cria-se uma indiferença progressiva e vontade de fuga. Nunca vi tanta gente falando em deixar o país e ir morar fora. As mutações mentais são visíveis: nos rostos tristes nos ônibus abarrotados, na rápida cachaça às 6h da manhã dos operários antes de enfrentar mais um dia de inferno, nos feios, nos obesos, no desânimo das pessoas nas ruas, no pessimismo como único assunto em mesas de bar.
Vimos em junho passado manifestações bacanas, mas sem rumo; contra o quê? Um mal-estar generalizado e sem clareza, logo escrachado pelos black blocs, a prova estúpida de nosso infantilismo político.
É difícil botar a pasta de dente para dentro do tubo. Há uma retroalimentação da esculhambação generalizada que vai destruindo as formas de combatê-la. Tecnicamente não estamos equipados para resolver as deformações que se acumulam como enchentes, como um rio sem foz.
E o pior é que, por trás da cultura do crime e da corrupção, consolida-se a cultura da mentira, do bolivarianismo, da preguiça incompetente e da irresponsabilidade pública.
O Brasil está sofrendo uma mutação gravíssima, e nossas cabeças também. É preciso tirar do poder esses caras que se julgam os “sujeitos da história”. Até que são mesmo, só que de uma história suja e calamitosa.