sexta-feira, 31 de maio de 2013

Bolsa família - 30 segundos que resumem o Brasil

Sim, é possível que haja alguns milhões de brasileiros que precisam efetivamente de um Bolsa Família, mas serão mesmo 40 milhões, 45 milhões talvez, divididos em mais de 13 milhões de família? Não é só dona Diane dos Santos que prova que não. Vocês certamente se lembram desta senhora, que, diz, “só ganha R$ 134 há oito anos”, o que, segundo ela, não dá nem comprar uma calça para a filha, “uma jovem de 16 anos”, porque, afinal, uma calça para essa faixa etária custaria R$ 300…

Por Reinaldo Azevedo

Quero que vocês vejam este vídeo, bem curtinho. Esta senhora que fala aí é uma assistida do Bolsa Família lá de Fortaleza. São só 30 segundos. Mas eles resumem o Brasil que aí está e também apontam para um futuro — não muito promissor. Assistam. Volto em seguida.



Voltei
Escrevi ontem à noite um post sobre a irresponsabilidade dupla da Caixa Econômica Federal — que alterou o sistema de pagamento do Bolsa Família sem avisar ninguém e depois negou que o tivesse feito, sendo desmentida por reportagem da Folha — e das autoridades do governo federal, que saíram a acusar ou as oposições, caso de Maria do Rosário (a ministra dos Direitos Humanos, de inumana compreensão), ou um complô conspiracionista, sugerindo que, no fundo, seriam mesmo as oposições: José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça e aspirante a disputar o governo de São Paulo pelo PT, e Dilma Rousseff. A governanta classificou a boataria sobre o Bolsa Família de “desumana e criminosa”. Tudo não passou de uma trapalhada da Caixa Econômica Federal, pela qual se desculpou Jorge Hereda, presidente da instituição. Só desculpas?

Pois é… O que antes era “desumano e criminoso” não merecerá da soberana, pelo visto, nem mesmo um puxão de orelha. Cardozo continua em busca de um bode expiatório. Quem sabe apareça alguém para confessar, não é?, e se descubra, então, que ele é vizinho da tia da cabeleireira que vem a ser prima da cunhada da faxineira do secretário-geral do PSDB de Arapiraca… É ridículo! Mais do que o boato do fim do Bolsa Família, o que se espalhou como rastilho de pólvora foi a informação de que havia uma graninha a mais na CEF, um bônus. As pessoas que lá iam constatavam: havia mesmo! Aí, meus caros, foi o que se viu… Como pergunta Silvio Santos — numa indagação que, suponho, toca universalmente o coração e o intelecto: “Quem quer dinheirooo?”. No post em questão, destaquei também o ar robusto, primaveril mesmo em alguns casos, dos assistidos do Bolsa Família. O valor médio do benefício pago a cada família está aí na casa dos R$ 150. Muita gente recebe menos, mas há quem receba mais: nunca menos de R$ 32, nunca mais de R$ 306 — é o que informa o governo. Muito bem. Agora volto à assistida do vídeo que está lá no alto. A entrevista foi concedida ao Jornal Nacional de sábado. Reproduzo a sua fala, uma das maiores contribuições jamais prestadas à compreensão sociológica destes dias.

“Eu fui na lotérica, como vou de costume, fazer um depósito na poupança do meu esposo. Fui depositar o dinheiro. Como eu já estava lá, eu tinha de ir fazer isso, eu aproveitei, levei o cartão e tirei o meu Bolsa Família. Quando eu tirei, saiu (sic) os dois meses”.

Entendi. Ela foi depositar, como faz habitualmente, um dinheiro na poupança do marido, certo? Já que estava lá, levou o cartão do Bolsa Família e pimba! Saíram os dois meses de uma vez só. Ai, ai, ai… Longe de mim querer cassar o benefício da distintíssima senhora Diane dos Santos — e espero que ninguém pegue no pé dela. Mas me parece que alguém que tem dinheiro para fazer poupança não precisa do… Bolsa Família, certo? Reitero: acusarei aqui perseguição caso queiram lhe cortar o benefício — porque, é fato, como ela, há uma legião, há milhões hoje em dia. O problema não é ela, mas o programa. Eu até confesso uma certa simpatia por Diane, uma brasileira brejeira, com o cabelo arrumado, brincos, pele boa… Ela desmoraliza os delírios dos bem-pensantes sobre o atavismo da fome no Brasil, que faz o coitadismo que embala as ideias de reparação social da esquerda universitária. Ela não! É, reitero, distinta! Ela nem fala “marido” — deve achar meio grosseiro. Prefere, como Daniela Mercury, mas mudando o gênero, a palavra “esposo”.

“Então Reinaldo Azevedo sustenta que não existem mais a fome, a miséria…” Aquela fome africana, que Lula dizia existir em 2002, que ele curaria com dois pratos de comida, não existe mais no Brasil há décadas, embora haja, é evidente, nichos de famélicos em algumas áreas do sertão e até nas periferias extremamente pobres das grandes cidades. Isso persiste. Da mesma sorte, há, sim, pessoas com renda abaixo de R$ 70 em áreas restritas do Brasil profundo. Mas os pobres — eu sei do que falo — somos duros de morrer, fiquem certos, sobretudo de fome. Sempre se arranja um bico pra fazer, um serviço extra, alguma coisa que garanta o sustento dos filhos. No mais das vezes, essa renda per capita entre R$ 70 e R$ 140 é uma fantasia estatística. Ou será que a distinta dona Diane está “depositando na poupança do marido” o dinheiro do Bolsa Família? Ela nem havia sacado ainda o de abril — e já era dia 17! Certamente, o depósito que fora fazer era uma sobra, não?, depois de satisfeitas as necessidades básicas. Sobra de que renda? Não era do Bolsa Família!

Sim, é possível que haja alguns milhões de brasileiros que precisam efetivamente de um Bolsa Família, mas serão mesmo 40 milhões, 45 milhões talvez, divididos em mais de 13 milhões de família? Não é só dona Diane dos Santos que prova que não. Vocês certamente se lembram desta senhora, que, diz, “só ganha R$ 134 há oito anos”, o que, segundo ela, não dá nem comprar uma calça para a filha, “uma jovem de 16 anos”, porque, afinal, uma calça para essa faixa etária custaria R$ 300…




De fato, ela não tem a menor dúvida de que comprar uma calça para a sua filha é, sim, um problema do governo brasileiro, não dela própria, do marido ou de sua família. “Ah, o Bolsa Família vai custar em 2013 apenas R$ 24,9 bilhões. Perto do que o governo gasta com o Bolsa BNDES ou com o Bolsa Juros… Reinaldo não quer dar grana para os pobres.” Nem para os ricos!!! Eu não acho que governos tenham de dar dinheiro para ninguém. No caso dos pobres, tem é de criar programas sociais que os estimulem a buscar uma saída. E a injeção de recursos na conta do vivente só deve ser feita mesmo em último caso. E já está mais do que claro que o Bolsa Família, para muita gente, virou uma doação… O Nobel da Paz Muhammad Yunus está no Brasil (ver post na home). Ele criou o programa de microcrédito em Bangladesh que deu origem a um banco. Ele critica no Bolsa Família justamente seu caráter assistencialista.

O “andar de cima”, como quer Elio Gaspari, com essa categoria sociológica haurida da construção civil, consome bem mais do que os R$ 25 bilhões do Bolsa Família em subsídios, trapaças, aditamento de contratos etc.? Certamente! Não deixa de ser uma forma de “bolsismo”, não é?, e das mais perversas. Os dois extremos — os ricos cuidadosamente selecionados para as prebendas e os pobres que recebem todo mês um dinheirinho — se tornaram pilares de um modo de fazer política. Uns são gratos ao governo de turno com doações eleitorais e outras que não aparecem nos registros do TSE; os outros expressam a sua gratidão com votos.

O Bolsa Família se tornou, assim, uma formidável máquina eleitoreira, e os que mais se entusiasmam com o governo nem são, suponho, os que realmente precisam, mas os que, não precisando, temem uma mudança de guarda e a perda de uma benefício de que, no fundo, sabem ser descabido. Assim, é melhor deixar tudo como está. 

Oposição
Compreendo que a oposição venha a público disputar a paternidade dos programas sociais porque, com efeito, o Bolsa Família nada mais é do que a reunião dos programas que existiam no governo FHC numa única rubrica. Jádemonstrei faz alguns anos que isso é verdade. Faço-o de novo transcrevendo, em vermelho, trecho da Medida Provisória nº 132, que “criou” o Bolsa Família, no dia 20 de outubro de 2003. Essa MP foi depois convertida naLei 10.836, de 9 de janeiro de 2004. O conteúdo era o mesmo. Prestem atenção:

(…) programa de que trata o caput tem por finalidade a unificação dos procedimentos de gestão e execução das ações de transferência de renda do Governo Federal, especialmente as do Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Educação – “Bolsa Escola”, instituído pela Lei n.° 10.219, de 11 de abril de 2001, do Programa Nacional de Acesso à Alimentação – PNAA, criado pela Lei n.° 10.689, de 13 de junho de 2003, do Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Saúde – “Bolsa Alimentação”, instituído pela medida provisória n.° 2.206-1, de 6 de setembro de 2001, do Programa Auxílio-Gás, instituído pelo Decreto n.° 4.102, de 24 de janeiro de 2002, e do Cadastramento Único do Governo Federal, instituído pelo Decreto n.° 3.877, de 24 de julho de 2001.

Retomo
Assim, é claro que os programas foram originalmente criados pelo governo FHC. A questão é saber se dá para disputar essa paternidade hoje. Parece-me que não! E a máquina de propaganda montada com o Bolsa Família tem, sim, um efeito eleitoral evidente, como ficou claro em 2006 e 2010. Menos do que fazer tal disputa, as oposições teriam de ter a coragem de perguntar quem paga a conta. É claro que os petistas partiriam pra cima, acusando-a de querer acabar com o programa. Ocorre que o eleitorado cativo, meus caros, cativo já está. Não será desse mato que vão sair tucanos. Não saem mesmo! Os que se apõem ao petismo, reitero, têm de aprender a falar com quem paga a conta — muito especialmente os trabalhadores.

Que país existe na outra ponta dessa forma de assistencialismo? Não tem outra ponta nenhuma! A outra ponta é esta que está aí. Está bom assim? É o que o modelo permite. As virtudes  já se esgotaram.  Com Bolsa BNDES e Bolsa Família, a gente vai ficando assim. Teremos um dia uma oposição capaz de politizar o que tem de ser politizado, fugindo do demônio do consenso, que é, numa democracia, o que é a censura na ditadura? Não sei. Se e enquanto não o fizer, pode ir brincar de outra coisa. Chegou a hora de conversar com quem, não tendo o Bolsa Família, não tem também uma sobra para depositar na poupança do “esposo”. 


"Bolsa Família – É esta a cara da pobreza quase famélica?

O pobrezinho, coitado!, sacou do bolso o celular e ligou para o outro pobrezinho. “Ó, tem dinheiro mesmo…” E aí foi aquela correria de gente gorda e feliz — que bom! — buscar a graninha sem a qual, entendo, não é possível sobreviver, né? Foi um espetáculo melancólico, sob vários aspectos.

Por Reinaldo Azevedo

É ridículo!

É patético!

O governo decidiu empreender uma investigação severa (!!!) para saber quem estava por trás dos tumultos provocados pela boataria envolvendo o pagamento do Bolsa Família. Antes que pudesse encontrar um bode expiatório (ainda está para aparecer um…), a verdade veio à tona: a culpada era a própria Caixa Econômica Federal, que efetua os pagamentos. O banco antecipou a disponibilidade de rendimentos sem prévio aviso, alguém descobriu, a coisa começou a correr de boca em boca, de celular em celular e nas redes sociais — afinal, os pobres e a “pobras” do Brasil já são digitalmente incluídos, certo? —, e aí foi aquilo que se viu.

Tão forte quanto o boato de que o programa poderia acabar era o de que havia um pagamento extra. Ora, como a CEF fizera, de fato, a antecipação, quem foi verificar seu saldo no caixa eletrônico viu que havia mesmo um dinheiro inesperado lá. O pobrezinho, coitado!, sacou do bolso o celular e ligou para o outro pobrezinho. “Ó, tem dinheiro mesmo…” E aí foi aquela correria de gente gorda e feliz — que bom! — buscar a graninha sem a qual, entendo, não é possível sobreviver, né? Foi um espetáculo melancólico, sob vários aspectos.

Em primeiro lugar, destaque-se a irresponsabilidade da Caixa e de figurões do governo. É evidente que a antecipação de um benefício que chega a milhões de pessoas deveria ter sido previamente comunicada aos interessados. Bastava emitir uma nota oficial, e ela chegaria às TV e as rádios. E fim de conversa. O banco deu de ombros, e aconteceu o quiproquó. Maria do Rosário, José Eduardo Cardozo e Dilma Rousseff aproveitaram o episódio para imaginar conspirações. A ministra dos Direitos Humanos, que tem o hábito de pôr as palavras adiante do pensamento, acusou a oposição — como se houvesse alguma maneira de os adversários de Dilma se beneficiarem de um boato que seria de pronto desmentido. Cardozo e Dilma preferiram ver coisas estranhas, sem acusar ninguém. Como a ministra já havia feito o servicinho sujo, as palavras ambíguas do ministro da Justiça e da presidente só deram curso à suspeição infundada e estúpida.

Os bolsistas

Em segundo lugar, mas ainda mais importante porque a questão remete ao futuro, exclamo: “Que bom que não sou tucano!”. Não sendo, dispenso-me de entrar no campeonato de generosidades e posso, então, relatar o que vejo e me conceder o direito ao estranhamento. Vocês deram uma olhadinha nas fotos dos nossos “miseráveis”, que supostamente dependem do Bolsa Família para sobreviver? Uma foto, sei bem, não é estatística, estudo técnico, prancheta contábil, nada disso. E também não chamo, obviamente, a minha percepção de ciência. Estou apenas exercitando o primeiro passo de uma eventual descoberta, que é estranhar o que vejo, fazendo algumas indagações.

Então é essa a cara dos muito pobres? Cada família pode receber do governo, a depender do seu perfil, um mínimo de R$ 32 e um máximo de R$ 306. O Bolsa Família, que reuniu várias bolsas já existentes no governo FHC, foi criado, originalmente, para atender à pobreza extrema.

Quando Lula assumiu o poder, os programas chegavam a 5 milhões de famílias. Hoje, são mais de 13 milhões, atingindo um universo de mais ou menos 40 milhões de… eleitores! Voltem à foto (e procurem outras na rede). Obviamente, esses que correram para a Caixa porque se espalhou a informação de que havia lá um dinheiro inesperado — e não por causa do boato do suposto fim do programa — não constituem a cara da miséria brasileira coisa nenhuma.

É claro que existe pobreza extrema no país e que programas de renda são necessários. Mas será mesmo que deveria atender a tanta gente? A renda oficial, aquela que pode ser controlada pelo Fisco, não costuma ser a renda real das pessoas e das famílias, que encontram caminhos informais para ganhar dinheiro e sobreviver. O que o Bolsa Família faz, isto sim, e vai durar muito tempo, é cevar milhões com o assistencialismo — com evidente desdobramento eleitoral.

Virtuoso ou vicioso?

Aquele espetáculo patético certamente enche os olhos dos populistas: “Ah, finalmente, temos um país mobilizado em defesa de uma causa!”. É nada! Temos uma fatia do país organizada para pegar uns trocos oferecidos pelo Estado. Não! Eu não os chamo de aproveitadores ou coisa do gênero. Nada disso! Se o dinheiro está ali, disponível, dentro da mais estrita legalidade, por que não pegar? A questão é saber que país se está construindo assim e para onde isso nos leva. Não me parece que seja para um bom caminho.

Mas como falar contra? Como apontar que há algo de estupidamente errado nisso? Precisaríamos ter partidos que falassem em nome de outros valores, que dialogassem também com quem efetivamente paga a conta. Mas não há! Ao contrário. A oposição acaba empurrada para a defensiva.

Também não estou dizendo que o Bolsa Família deixa o povo vagabundo. Quem afirmava isso era Lula, em 2003. Dizia que as bolsas deixavam os pobres preguiçosos, e eles paravam de plantar macaxeira!!!

“Olhem o Reinaldo… Critica o Bolsa Família, mas não o Bolsa BNDES!!!” Quem disse que não? E duramente! De novo, os arquivos estão aí. Temos um governo que vai navegando numa fórmula que parece mágica que ensina os pobres do Bolsa Família a ser pobres e os ricos do Bolsa BNDES e a ser ricos — e os dois extremos são, obviamente, muito gratos.

Caminhando para o encerramento
A trapalhada feita pela Caixa, cuja direção mentiu ao informar que não havia operado mudança nenhuma nos pagamentos, serviu para trazer à tona um coquetel de mistificações. E demonstrou também a que ponto pode chegar a fala irresponsável de algumas “otoridades”.


quinta-feira, 30 de maio de 2013

Jovem de 16 anos cala em 10 segundos socióloga de miolo mole portuguesa




Falando da parte empreendedora de Martin, dá gosto de ver o quão articulado ele é, fala do mercado da moda no mundo e cria, por conta própria, campanhas de marketing (meninas bonitas da escola).
  
Já pelo lado político, é uma vergonha uma senhora "tão preparada" ser humilhada, de maneira tão curta e definitiva, por um garoto. Ele a silenciou de forma tão acachapante que, no lugar dela, eu ficaria uns 10 anos em retiro, revendo meus conceitos. ´Se você acha que seu pensamento é exceção, deveria ver o vídeo ao final desse texto. 
  
Chama a atenção os aplausos da plateia, que me parece que pensa como eu, como a gente (embora silenciada por essas minorias barulhentas e profissionalizadas) e não como esses ideólogos do atraso, que se dizem preocupados com todos mas que nunca ousaram gerar um emprego.
  
Aplausos para Martim, o que não espera que outros façam por ele o que ele próprio pode fazer. Martim cria, trabalha, ganha a vida. Para desespero da doutora Raquel, que prefere ser uma “pensadora” sobre a penúria da classe operária. Alguém paga o seu salário. Infiro que são aqueles que ainda trabalham em Portugal porque gente como Martim gera empregos (via Reinaldo Azevedo).



Vamos que vamos, com força e honra!
Thiago


A defesa da classe média

Para bancar as esmolas, tanto para os mais pobres como para os grandes empresários favorecidos pelo BNDES, o governo avança sobre a classe média. É esta que paga o preço mais alto desse modelo perverso. Ela tem seu couro esfolado para sustentar um estado paquidérmico e “benevolente”.
Por Rodrigo Constantino (O Globo)

Todos vimos, chocados, uma turba ensandecida invadindo agências da Caixa em diferentes estados, após rumores de suspensão do pagamento do Bolsa Família. Impressionou o fato de que a maioria ali era bem nutrida, em perfeitas condições de trabalho em um país com pleno emprego.

Uma das beneficiadas pelo programa, em entrevista, reclamou que a quantia não era suficiente para comprar uma calça para sua filha de 16 anos. O valor da calça: trezentos reais! Talvez seja parte do conceito de “justiça social” da esquerda progressista garantir que adolescentes tenham roupas de grife para bailes funk.

Não quero, naturalmente, alegar que todos aqueles agraciados pelas benesses estatais não precisam delas. Ainda há muita pobreza no Brasil, ao contrário do que o próprio governo diz, manipulando os dados. Mas essa pobreza tem forte ligação com esse modelo de governo inchado, intervencionista e paternalista.

O melhor programa social que existe chama-se emprego. Ele garante dignidade ao ser humano, ao contrário de esmolas estatais, que criam uma perigosa dependência. Para gerar melhores empregos, precisamos de menos burocracia, menos gastos públicos e impostos, mais flexibilidade nas leis trabalhistas, mais concorrência de livre mercado e um sistema melhor de educação (não confundir com jogar mais dinheiro público nesse modelo atual).

O ex-presidente Lula criticava, quando era oposição, o “voto de cabresto”, a compra de eleitores por meio de migalhas, esquema típico do coronelismo nordestino. Quão diferente é o Bolsa Família, que já contempla dezenas de milhões de pessoas, sem uma estratégia de saída? Um programa que comemora o crescimento do número de dependentes! O leitor vê tanta diferença assim?

A presidente Dilma disse que quem espalhou os boatos era “desumano”, “criminoso”, e garantiu que o programa era “definitivo”, para “sempre”. Isso diz muito. “Nada é tão permanente quanto uma medida temporária de governo”, sabia Milton Friedman. Não custa lembrar que o próprio PT costuma apelar para o “terrorismo eleitoral” em época de eleição, espalhando rumores de que a oposição pode encerrar o programa. Desumano? Criminoso?

Depois que o governo cria privilégios concentrados, com custos dispersos, quem tem coragem de ir contra? Seria suicídio político. Por isso ninguém toca no assunto, ninguém vem a público dizer o óbvio: essas esmolas prejudicam nossa democracia e não tiram essas pessoas da pobreza. As esmolas estimulam a preguiça, a passividade e a informalidade. Por que correr atrás quando o “papai” governo dá mesada?

O agravante disso tudo é que os recursos do governo não caem do céu. Para bancar as esmolas, tanto para os mais pobres como para os grandes empresários favorecidos pelo BNDES, o governo avança sobre a classe média. É esta que paga o preço mais alto desse modelo perverso. Ela tem seu couro esfolado para sustentar um estado paquidérmico e “benevolente”.

Para adicionar insulto à injúria, não recebe nada em troca. Paga impostos escandinavos para serviços africanos. Conta com escolas públicas terríveis, antros de doutrinação marxista. Os hospitais públicos também são péssimos. A infraestrutura e os meios de transporte são caóticos. A insegurança é total. Acabamos tendo que pagar tudo em dobro, fugindo para o setor privado, sempre mais eficiente.

Como se não bastasse tanto descaso, ainda somos obrigados a ver uma das representantes da esquerda, a filósofa Marilena Chauí, soltando sua verborragia em evento de lançamento de livro sobre Lula e Dilma. Chauí, aquela que diz que o mundo se ilumina quando Lula abre a boca, declarou na ocasião: “A classe média é um atraso de vida. A classe média é estupidez, é o que tem de reacionário, conservador, ignorante, petulante, arrogante, terrorista.”

É fácil dizer isso quando ganha um belo salário na USP, pago pela classe média. Chauí não dá nome aos bois, pois é mais fácil tripudiar de uma abstração de classe. Mas não nos enganemos: a classe média que ela odeia somos nós, aqueles que simplesmente pretendem trabalhar e melhorar de vida, ter mais conforto material, em vez de se engajar em luta ideológica em nome dos proletários, representados pelos ricos petistas.

Pergunto: quem vai olhar por nós? Que partido representa a classe média? Com certeza, não é a esquerda das esmolas estatais bancadas com nosso suor, que depois ainda vem declarar todo seu ódio a quem paga a fatura.

Perdemos dois ícones da imprensa independente: Dr. Ruy Mesquita e Roberto Civita. Que a chama da liberdade de imprensa continue acesa!



sábado, 18 de maio de 2013

Afif e as lições da Dama de Ferro

“Um sistema econômico controlado pelo Estado não se torna bom só porque é dirigido por pessoas ‘inteligentes’ que pensam, de forma arrogante, saber mais que todo mundo, ou porque estão servindo ao ‘interesse público’ – interesse este, obviamente, determinado por elas . O controle do Estado é fundamentalmente ruim porque nega às pessoas o poder de escolha e a oportunidade de assumir a responsabilidade por suas próprias ações.”
Por Joao Luiz Mauad (Portal Midia@mais)
O momento atual, por melhores que sejam as próprias intenções, é um momento de fazer oposição, não de beijar a mão do príncipe.
Acordei semana passada com o estômago revirado. Na primeira página do jornal, uma foto do recém nomeado ministro, Guilherme Afif Domingos, num literal “beija-mão” da presidenta (como ele mesmo, de forma subserviente, passou a chamar a chefe). Aquela imagem era a síntese da relação entre os políticos brasileiros e o poder: para eles, sempre com a desculpa esfarrapada do pragmatismo, não importam as ideias, as ideologias, as convicções, só o que importa é fazer parte do poder.

Aquele mesmo Guilherme Afif, em quem um dia eu havia votado para presidente, na esperança de que alguém com um mínimo de cultura liberal pudesse melhorar a História do Brasil, estava ali, quase de joelhos, diante do que existe de mais retrógrado em política. Na mesma hora, pensei na ex-primeira ministra Margareth Thatcher, que morrera semanas antes e a quem eu ainda devia uma homenagem, especialmente porque ela incorporou um modelo de político que há muito tempo o Brasil não tem.

Talvez nenhum outro líder contemporâneo tenha despertado, ao mesmo tempo, tanto amor e ódio quanto Margareth Thatcher. Convicções fortes e disposição sem igual para a luta faziam-na temida pelos inimigos e admirada pelos demais. Governou a Grã Bretanha por mais de uma década, durante a qual operou uma verdadeira revolução no país, algo que não deixa de ser um tanto paradoxal, pois era oriunda de um partido conservador.

Suas convicções eram fruto de vasto conhecimento e profundas reflexões. Não por acaso, costumava bater impiedosamente em seus opositores trabalhistas, nos sempre acalorados debates no Parlamento. Segundo ela mesma, “um dos grandes problemas de nosso tempo é que somos governados por pessoas que se importam mais com sentimentos do que com pensamentos e ideias.”

Thatcher acreditava principalmente no poder da liberdade como fonte de progresso e bem estar. Como muito bem definiu a revista inglesa The Economist em seu obituário, "A essência do “thatcherismo” foi opor-se ao status quo e apostar na liberdade... Ela sabia que as nações só prosperam se os indivíduos forem livres. Uma ideia permeava todas as suas lutas: o direito dos indivíduos de gerir suas próprias vidas, tão livre quanto possível da interferência do Estado”. Até mesmo o presidente Obama, que sem dúvida encontra-se muito à sua esquerda, referiu-se a ela como “uma das grandes campeãs da liberdade”.

Como era de se esperar, as reformas econômicas introduzidas por ela sofreram oposição feroz. Havia legiões de empresários que viviam sob as asas do Estado provedor e pretendiam conservar os subsídios fáceis, no lugar de reduzir os custos, aumentar a eficiência e tornarem-se competitivos. Outros desejavam manter os consumidores sempre reféns – algo que só os monopólios podem fazer – ou o emprego seguro numa empresa governamental, ao invés do trabalho árduo e incerto numa empresa privada.

Num artigo escrito para a revista Reason em 2006, a Dama de Ferro explicou os fundamentos de sua política de privatizações. Inspirada pelas ideias de Hayek, ela arguiu que “frequentemente o Estado se vê tentado a exercer atividades para as quais se encontra mal adaptado ou que estão além de suas capacidades. Talvez a maior dessas tentações seja o desejo de concentrar o poder econômico nas mãos. Então, ele começa a acreditar que sabe como gerir os negócios. Mas, deixe-me dizer-lhes, não sabe!”.

A ex-primeira ministra era contra o intervencionismo tanto por razões de eficiência quanto morais. “Um sistema econômico controlado pelo Estado”, ensinava ela, “não se torna bom só porque é dirigido por pessoas ‘inteligentes’ que pensam, de forma arrogante, saber mais que todo mundo, ou porque estão servindo ao ‘interesse público’ – interesse este, obviamente, determinado por elas . O controle do Estado é fundamentalmente ruim porque nega às pessoas o poder de escolha e a oportunidade de assumir a responsabilidade por suas próprias ações.”

Se conhecesse um pouco melhor a história da Dama de Ferro, o senhor Afif saberia que o momento atual, por melhores que sejam as suas intenções, é um momento de fazer oposição, não de beijar a mão do príncipe.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

O bandido e o frentista

Se preocupar com direitos dos bandidos é apenas um modo chique de continuar se lixando para o "povo", assim como os coronéis nordestinos sempre se lixaram, a diferença agora é que a indiferença para com o destino das pessoas comuns vem regada a vinho chileno e leituras de Foucault.
Por Luiz Felipe Pondé

A população está entregue às traças, enquanto nos palácios, gente inteligentinha de todo tipo (com o mesmo caráter da aristocracia pré-revolucionária de Versailles) discursa sobre "direitos humanos dos bandidos", toma vinho chileno, paga escola de esquerda da zona oeste de São Paulo que custa 3 mil reais mensais e vai para Nova York brincar de culta.

A inteligência ocidental está podre, mergulhada em seus delírios de reconstrução do mundo a partir de seus três gnomos Marx, Foucault e Bourdieu.

Nós, desta casta de ungidos, desprezamos o povo comum porque pensamos que o que eles pensam é coisa de gente ignorante.

Outro dia fui abordado por um frentista num posto perto da minha casa na zona oeste (perto daquela praça destruída aos domingos pelas bikes -"bicicletas" na língua de pobre). Ele disse: "O senhor não é aquele filósofo da televisão?". E continuou: "Não pense que porque somos proletários, não entendemos o que o senhor fala na televisão".

Quem adivinha do que ele queria falar? Este posto sempre foi 24 horas e agora não é mais. Por quê? Disse ele que estavam todos, do dono aos funcionários, cansados de serem assaltados toda noite. Disse ele: "O ladrão vem na sua moto, para, põe a arma na nossa cara, rouba tudo, ameaça nos matar e vai embora.Nada acontece".

E mais: "E fica todo mundo preocupado com o direito dos bandidos. Onde ficam os direitos de quem trabalha todo dia?".

Vou dizer uma blasfêmia, dirão alguns dos meus amigos da casta inteligentinha: se preocupar com direitos dos bandidos é apenas um modo chique de continuar se lixando para o "povo", assim como os coronéis nordestinos sempre se lixaram, a diferença agora é que a indiferença para com o destino das pessoas comuns vem regada a vinho chileno e leituras de Foucault.

A "elite branca letrada" é completamente indiferente para com o destino desse frentista.

Ele pede para que a polícia "acabe com os bandidos para ele poder trabalhar e a mulher e filhos dele não serem mortos". Ingênuo? Simplista? Talvez, mas nem por isso menos verdadeiro na sua demanda "por direitos".

A verdade é que estamos mergulhados num blá-blá-blá pseudocientífico das razões que levam alguém a ser bandido, seja qual for a idade, e enquanto isso esse frentista se ferra.

O que terá acontecido, que de repente a elite letrada e pública ficou tão "sensível ao sofrimento social" e tão indiferente ao sofrimento desta "pequena gente honesta"? Até escuto alguns de nós dizer: "São uns mesquinhos que só pensam nas suas vidinhas". Quem sabe alguns mais anacrônicos arriscariam: "Isso é resquício do pensamento pequeno burguês".

A verdade é que nós estamos pouco nos lixando para o que essa gente que anda de metrô, trem e quatro ônibus sofre. Todo mundo muito "alegrinho" com a PEC das empregadas domésticas, mas entre elas e os bandidos a vítima social são os bandidos.

A pergunta que não quer calar é: por que em países islâmicos, por exemplo, com alto índice de pobreza, não existe criminalidade endêmica? Será que tem a ver com medo da terrível punição corânica?

Dirão os inteligentinhos que a causa da criminalidade é social. Hoje em dia, "causa social" serve para tudo, como um dia foram os astros e noutro a vontade dos deuses.

Não nego que existam componentes sociais de fome e sofrimento na causa do comportamento criminoso, mas ninguém mais leva em conta que a maioria que vira bandido porque não quer trabalhar todo dia como esse frentista.

Ser bandido é, antes de tudo, um problema de caráter. E esse frentista, pobre também, sabe disso muito bem, só quem não sabe é minha casta de inteligentinhos.

O que dirão os inteligentinhos quando esse contingente de verdadeiras vítimas sociais do crime começarem a se organizar e matar os bandidos a sua volta?Pedirão a alguma ONG europeia para proteger os bandidos dessa gente "mesquinha" que só pensa em sua casinha, seus filhinhos e seu dinheirinho?

Acusarão essa gente humilhada e assaltada de não ter "sensibilidade social"?Dirão que soltar bandidos na rua é "justa violência
revolucionária"?

A casta dos dodóis


Sobrecarregados de trabalho e estressados pelas pressões cotidianas, os combalidos servidores (do senado) tiraram mais de 87 mil dias de licenças médicas em apenas dois anos, que custaram 50 milhões de reais. (..) Mesmo com um grande número de faltas, ninguém notou diferenças no Senado. Ou seja, os funcionários que deixaram de ir ao trabalho não fizeram a menor falta.

Por Nelson Motta (O Globo - 17/05/2013)

O país está muito preocupado com a saúde dos funcionários do Senado. Sobrecarregados de trabalho e estressados pelas pressões cotidianas, os combalidos servidores tiraram mais de 87 mil dias de licenças médicas em apenas dois anos, que custaram 50 milhões de reais. E quantos médicos trabalharam milhares de horas para examinar, diagnosticar, receitar e licenciar tantos servidores doentes?
Agora se entende por que o Senado precisa de tantos médicos concursados, terceirizados e comissionados. E por que os senadores voam para o Sírio-Libanês ao menor sintoma de qualquer coisa.
Talvez a saúde dos servidores do Senado seja mais frágil e sujeita a doenças do que a dos funcionários da Ford, da Ambev ou do Bradesco. Não seria o caso de contratar pessoas mais saudáveis para o Senado? Ou dar-lhes um adicional de insalubridade?
Imaginem se uma empresa privada com 10 mil funcionários — do tamanho do Senado, mas produzindo bens ou serviços para a população — tivesse esse volume de faltas. Falência ou demissão em massa? Nem dinheiro do BNDES daria jeito.
Mesmo com um grande número de faltas, ninguém notou diferenças no Senado. Ou seja, os funcionários que deixaram de ir ao trabalho não fizeram a menor falta.
A verdade é que, mesmo com esse volume colossal de faltas, ninguém notou diferenças no funcionamento do Senado, nenhum projeto deixou de ser votado, nenhuma comissão deixou de funcionar, nenhuma determinação da Mesa deixou de ser cumprida. Ou seja, não fizeram a menor falta. Provaram que o Senado pode viver muito bem sem eles.
Já estou esperando a carta furibunda da associação dos funcionários do Senado, repudiando a crônica debochada, desclassificando o cronista, e enaltecendo a eficiência e probidade da corporação, exigindo respeito pelos servidores públicos. E o clássico "não é justo culpar todos pelas eventuais falhas de alguns poucos" embora ninguém os tenha acusado coletivamente.
Podem até dizer, à la Mantega, que o índice de faltas é só um pouco mais alto do que os padrões da iniciativa privada, mas vai cair. E talvez tenha sido motivado pela secura do ar de Brasília, talvez por epidemias de gripe que assolaram o Planalto.
Mas não há remédio para falta de vergonha na cara e de respeito pelo dinheiro suado do contribuinte.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Um negócio bom ou ruim depende de três fatores que dizem respeito somente ao empreendedor


Quando se trata de empreender, não existe negócio bom nem ruim. Essa avaliação depende de três fatores: 1) do seu nível de ambição; 2) do seu propósito de vida; 3) do seu empenho para torna-lo um negócio rentável e interessante.

Por Jerônimo Mendes (administradores.com.br)

Há pouco tempo recebi um extenso e-mail de um pequeno empreendedor mineiro alegando que depois que passou a ler com mais frequência meus artigos, conseguiu mudar várias coisas na microempresa que mantém com a esposa, em especial, o discurso negativo diante dos cinco empregados e da própria família.

Na mensagem, ele se diz muito cético em relação a conselhos de “estranhos” e às novidades tecnológicas, entretanto, encorajado por um amigo em comum, outro leitor dos meus artigos, resolveu “gastar” um pouco de tempo comigo.

Durante muito tempo ele foi o fiel escudeiro de um empresário, proprietário de algumas fazendas em Minas. Diante do falecimento do patrão e do pouco interesse dos filhos em manter as fazendas produtivas, as propriedades foram negociadas com um grande conglomerado financeiro. Parte do pagamento foi utilizada para saldar dívidas bancárias.

Em pouco tempo, ele e a esposa se viram desempregados, com prazo determinado para deixar a fazenda e uma indenização honrada, centavo por centavo, pelo novo dono, porém o fato é que isso era apenas um conforto temporário.

Pressionado, com uma ideia antiga na cabeça e pouco dinheiro no bolso, ele e a esposa decidiram abrir um negócio por conta própria. Com várias receitas da sogra, a experiência da esposa com doces caseiros e a vontade de prosperar, nasceu o primeiro empreendimento da família.

Aos trancos e barrancos, entre erros e acertos, como ele mesmo afirma no e-mail, a vontade de vencer foi mais forte do que a vontade de voltar a ser empregado e isso foi determinante nos desafios que surgiam todos os dias. Por um bom período, catorze a dezesseis horas por dia não eram suficientes para dar conta da demanda.

Por outro lado, decorridos cinco anos da abertura da empresa, João e Maria (nomes fictícios) alegam que ainda não conseguiram ganhar todo dinheiro que imaginavam no início. Nas palavras finais de João, “não é um negócio bom nem ruim”.

Contudo, desde que iniciaram o empreendimento, eles conseguiram pagar o aluguel da casa e do ponto comercial em dia, compraram um terreninho e trocaram todos os móveis e eletrodomésticos. De quebra, assumiram com sucesso o leasing de duas caminhonetes para honrar as entregas das encomendas que não param de subir.

“Não é um negócio bom nem ruim”. Como assim? Boa parte dos empreendedores tem dificuldades de reconhecer o quanto evoluíram a partir do momento em que decidiram ser remunerados com base nos seus próprios resultados.

Quando se trata de empreender, não existe negócio bom nem ruim. Essa avaliação depende de três fatores: 1) do seu nível de ambição; 2) do seu propósito de vida; 3) do seu empenho para torna-lo um negócio rentável e interessante.

Na prática, se o seu nível de ambição for desmedido, talvez nenhum negócio seja tão bom quanto você imagina. Se, além do dinheiro, não existe propósito de vida, o negócio passa a ser apenas questão de sobrevivência. Por fim, se não há empenho não há retorno e, sem isso, qualquer negócio torna-se desinteressante.

Ao decidir construir o seu próprio grau de sucesso financeiro, com os pés no chão, a sensação de se tornar um empreendedor de si mesmo tende a recompensar todo o esforço. O êxito passa a depender exclusivamente da sua energia e dedicação e ainda que seja uma pequena evolução, vale a pena, pois você saiu do lugar.

No caso do João, ele deve passar por uma profunda mudança de modelo mental.Não existe a menor dúvida de que o negócio é bom, mas para se tornar bom para o João e qualquer outro empreendedor com a mesma mentalidade, em primeiro lugar, é necessário mudar o discurso; em segundo, evitar comparações; por último, abraçar definitivamente a causa e nunca deixar de melhorar.

Pense nisso, empreenda e seja feliz!