sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Escravo tributário


Que escala de valores (em todos os sentidos!) está construindo essa sociedade em que uma pessoa possa ganhar em um mês o que outro cidadão ganhará nos próximos 18, 24 ou 36 meses? Do mais modesto ao mais sofisticado, trabalho nenhum tem essa dimensão plena e suficiente para determinar tamanhas diferenças. Não com dinheiro público!

Por Astor Wartchow

Somos campeões mundiais em criação de leis, mas poucas “pegam” e funcionam. Recentemente, entrou em vigor a Lei de Acesso à Informação, que exigirá mais transparência dos poderes públicos. A publicidade como um princípio e regra. E os casos de sigilo, como uma exceção.
Os órgãos públicos devem disponibilizar na internet suas informações institucionais. E entre elas, principalmente, aquelas relacionadas a licitações, contratos, convênios, auditorias e salários, por exemplo.
Bem, vamos falar sobre salários, vencimentos, vantagens e extras, não importa o nome ou a razão, chame-se como quiser, são, finalmente, os ganhos de cada pessoa empregada pelo setor público-estatal.
Se realmente todas as informações vierem ao conhecimento da população, a exemplo de algumas que já estão disponíveis, ficará configurada uma triste, indigna e injusta realidade.
As informações salariais preliminares confirmam que ainda somos uma colônia explorada, uma rica “capitania hereditária” de corporações e poderes de Estado, que, formal e legal, e literalmente, transformaram o povo brasileiro em escravos tributário-legislativos.
Ou que qualificação pode se dar a uma estrutura social que contempla – com dinheiro público!, repito – tamanhas diferenças salariais entre sua população, entre o público e o privado?
Povo que ganha em média entre R$ 1 mil e R$ 3 mil reais, quando muito. E nem vou falar do exército de gente que ganha menos de R$ 1 mil reais mensais. Como se explica que servidores públicos, não importa a categoria e seu status, possam receber 15, 20, 25, 30, e até 40 mil reais mensais?
Que escala de valores (em todos os sentidos!) está construindo essa sociedade em que uma pessoa possa ganhar em um mês o que outro cidadão ganhará nos próximos 18, 24 ou 36 meses? Do mais modesto ao mais sofisticado, trabalho nenhum tem essa dimensão plena e suficiente para determinar tamanhas diferenças. Não com dinheiro público!
E ainda nem falamos em qualidade e eficiência dos serviços públicos. Nem precisamos. Salvo raríssimas exceções, a regra geral, bem sabe nosso povo, é feita de saúde, segurança, transportes e educação miseráveis.
Por favor, não me venham com essa lorota de diretos legais e adquiridos. Ou sobre “tetos” estratosféricos. Como se o mundo das relações humanas e sociais fosse “imexível” e “ad aeternum”. Como que evidentes abusos de vencimentos, ainda que sob a forma e auspícios legais, possam pretender se equiparar a direitos?
É um abuso sob qualquer ângulo de análise. E os responsáveis são os principais poderes de Estado, começando pelo Poder Legislativo que aprova sistematicamente a manutenção e ampliação dessas distorções e iniquidades.
Concluindo, você é um escravo tributário-legislativo. Esqueça suas esperanças de liberdade: há liberdade na compulsoriedade de recolher tributos para essa iniquidade? De justiça: há justiça na aplicação dos tributos? De igualdade: há exercício de igualdade cívica na distribuição dos tributos?
Seus filhos e netos já desistiram. Quer dizer, ao contrário, estão empenhados em concursos públicos que pagam essas fortunas. Empenhados e interessados com toda a razão. Claro que não há vagas para todos!
Resta saber quem trabalhará e produzirá a riqueza que deverá gerar os valores necessários para remunerar o eterno (e o novíssimo) baronato!

terça-feira, 28 de agosto de 2012

POR QUÊ? A educação precisa de respostas!


Se somos um povo pacífico, ordeiro, criativo e empreendedor; se somos o maior país da América do Sul e a sexta economia do mundo; se temos uma democracia consolidada e desfrutamos de plenas liberdades; se contamos com uma produção agrícola exuberante, uma indústria forte e um promissor parque tecnológico; se a renda do trabalhador brasileiro está aumentando e milhões de pessoas estão ascendendo socialmente; se temos recursos naturais abundantes para promover a qualidade de vida de 190 milhões de brasileiros; se reduzimos significativamente o analfabetismo e ampliamos a rede escolar, por que o Brasil ocupa o constrangedor 88º lugar no ranking mundial de educação medido pelo Relatório de Monitoramento Global da Unesco entre 164 países?

Se temos uma juventude saudável; se nos orgulhamos da mistura racial de nossa população; se somos pentacampeões mundiais de futebol e multilaureados na alegria do Carnaval; se nossos talentos esportivos brilham nas competições internacionais; se nossas crianças e adolescentes são recordistas no uso de internet e de novas tecnologias digitais; se praticamente eliminamos as disparidades de gênero no acesso ao ensino e nossas mulheres conquistam cada vez mais espaço no mercado de trabalho; se nove entre 10 jovens brasileiros sonham com uma profissão que beneficie a sociedade; se as crianças e adolescentes brasileiros contam com um dos mais modernos códigos de proteção do mundo, por que 34,5% dos alunos do Ensino Médio não estão na série correspondente a sua idade?

Se 90% dos nossos jovens têm orgulho de serem brasileiros e 75% acreditam que o país está mudando para melhor; se está comprovado que a escolaridade é a principal porta da ascensão social; se o magistério é uma profissão digna e admirada pelas crianças, que amam as mestras quase como uma segunda mãe; se a sociedade reconhece a importância dos educadores na formação dos brasileiros do futuro; se existe um déficit significativo de docentes no Ensino Médio e Fundamental; se a era digital representa um desafio para profissionais que realmente desejam fazer a diferença, por que apenas 2% dos estudantes querem seguir a carreira de professor?

Se o progresso de um povo depende do desenvolvimento da matemática; se essa disciplina é a base de todas as ciências e todas as artes; se o domínio dos números e das operações é decisivo para o sucesso numa sociedade competitiva; se o desenvolvimento tecnológico está fundamentado em cálculos e logaritmos; se o Brasil é a terra de Malba Tahan, o professor, educador e pedagogo que usou álgebra e aritmética para escrever maravilhosos contos ao estilo das Mil e Uma Noites; se somos um povo criativo e vocacionado para os mais intrincados desafios, por que 89% dos estudantes chegam ao final do Ensino Médio sem aprender matemática?

Se o país já oferece escola para praticamente todas as crianças em idade escolar; se as escolas brasileiras vêm adotando sucessivos antídotos para a repetência, entre os quais a progressão continuada, e algumas redes públicas não mais reprovam nas três primeiras séries; se o trabalho infantil, um dos motivos do afastamento dos estudantes das escolas, está proibido no Brasil; se os jovens brasileiros têm facilidade para dominar as complexidades da tecnologia digital; se a infância e a adolescência são os períodos da vida em que o cérebro humano está mais propenso ao aprendizado, por que a maioria dos alunos brasileiros não aprende o esperado para a sua idade?

Se a escola é o caminho mais seguro para a formação dos jovens e para ascensão social de camadas expressivas da população; se a idade escolar é um dos períodos mais importantes e significativos da vida de um ser humano; se é nessa época que melhor se desenvolvem valores positivos, como a camaradagem, a ética e a cooperação; se um bom aluno será, sem muita margem para erro, um cidadão ordeiro, responsável e produtivo; se a oferta de aprendizado é a melhor herança que as famílias podem deixar para suas crianças e adolescentes; se a educação é reconhecida como o passaporte para um futuro digno, por que muitos pais não participam da vida escolar de seus filhos?

Reportagem Zero Hora (28.8.12)

Empreendedorismo é sobre ALTOS e BAIXOS que as vezes são tão baixos que dá vontade de sair do planeta

Por Ricardo Jordão (BIZREVOLUTION)

Para celebrar os 80 anos de Lego, a empresa acaba de soltar uma animação de 17 minutos contando a história da empresa desde o seu início. 
O vídeo-animação é SHOW DE BOLA e ULTRA INSPIRADOR.
Tudo começa a partir de um fracasso empreendedor do seu fundador, Ole Kirk Christiansen. Com a morte da esposa, e sozinho com quatro filhos, ele precisa pensar em uma maneira de mantê-los ocupados e felizes. 
Nasce a Lego em 1932. 
80 anos atrás, e não 8 meses ou 18 meses atrás com gostaria que fosse os apressadinhos do mundo dos negócios. 
A Lego fica na Dinamarca, um país teoricamente mais organizado que o Brasil, e mesmo assim levou DÉCADAS para a Lego se tornar a empresa que todos nós conhecemos. 
Assista o vídeo e APRENDA que:
1. Empreendedorismo não é sobre sucesso imediato - apesar de vivermos na era das startups de tecnologia;
2. Empreendedorismo não é sobre acertar de cara o que você tem que vender, ou o mercado alvo - apesar da necessidade que todos temos de vender de manhã para pagar as contas da noite;
3. Empreendedorismo leva DÉCADAS para se transformar em um negócio bacana;
4. Empreendedorismo não é sobre fazer tudo sozinho, mas sim estabelecer parcerias sérias com fornecedores;
5. Empreendedorismo é sobre trabalhar dia e noite durante anos para fazer o negócio;
6. Empreendedorismo é sobre ALTOS e BAIXOS que as vezes são tão baixos que dá vontade de sair do planeta;
7. Empreendedorismo é sobre colocar os produtos no porta mala do carro e sair de porta em porta tentando vendê-los porque você tem que fazer o negócio acontecer custe o que custar;
8. Empreendedorismo é sobre prestar atenção aos insights ao seu redor, e usá-los para alavancar a empresa, e JAMAIS descansar com o fracasso ou sucesso pessoal; 
9. Empreendedorismo é sobre VOCÊ MESMO vender o seu próprio produto eventualmente para que possa conhecer o seu cliente e suas necessidades;
10. Empreendedorismo é sobre ter ou criar um laços familiares com as pessoas que trabalham com você. 
Desde a sua fundação a Lego é tocada em frente como empresa familiar! Quem toca o negócio hoje é o neto do fundador. 
Você sabia que as maiores empresas do mundo AINDA SÃO empresas familiares???
Eu sempre falo que o dia que o mundo dos negócios perder os conceitos de família o mundo vai para o saco. De fato, as piores empresas para se trabalhar são justamente aqueles que não tem mais nenhum valor familiar. 
VIVA AS EMPRESAS FAMILIARES!
E claro, que buscam crescimento, e compartilhar riqueza com outras pessoas e não apenas com os membros da família. 
O vídeo mostra ainda a transição dos brinquedos de madeira para as peças de plástico que se encaixam. Elas só surgiram 20 anos depois da fundação da Lego!!
Eu AMO a Lego! 
Quando os meus filhos falam em comprar mais e mais brinquedos, eu sempre falo que é possível montar todos os brinquedos do mundo com as peças que de Lego que já temos. Sentamos juntos, e montamos coisas novas o tempo todo. 
TODA EMPRESA tem histórias de superação!
TODA EMPRESA tem que aprender a contar essas histórias para os novos funcionários que entram na empresa até que elas tornem verdadeiras LENDAS URBANAS sobre a CULTURA que queremos ter para as nossas empresas. 
Reserve 17 minutos do seu tempo, e assista a História da Lego:

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Mercadante decide maquiar os números do Ideb e prepara o desastre final no ensino médio, que será transferido para as universidades federais. É uma obra de gigante, em parceria com Dilma



Por Reinaldo Azevedo 

Se a educação brasileira já amarga alguns vexames em exames internacionais, é porque ainda não vimos — será coisa para os nossos filhos — o resultado dos desastres que estão sendo contratados agora. A dupla Dilma Rousseff-Aloizio Mercadante está preparando uma bomba de efeito retardado, que vai explodir mais adiante. Tão logo a presidente meta as digitais na lei que institui 50% de cotas das universidades federais para alunos oriundos do ensino público, essas instituições estarão marcando um encontro com o declínio. Viverão dias piores do que os atuais, que já não são gloriosos.

Preconceito contra aluno da escola pública? Besteira! O problema é que essa é escola é ruim de doer. A seleção dos mais aptos a enfrentar um curso universitário pode ser uma evidência de que o sistema é ruim, mas ao menos preserva o terceiro grau público de horrores extremos. Essa linha está sendo rompida. Nos últimos 10 anos, dobrou o percentual de universitários praticamente analfabetos: de 2% para 4%; aumentou brutalmente o de estudantes não plenamente alfabetizados: de 24% para 38%. E vai piorar.

Depois do resultado desastroso do Ideb, especialmente para o ensino médio, Mercadante resolveu ter uma ideia — e eu sempre temi por esse momento. Quer mudar a grade curricular do ensino médio, diminuindo o número de disciplinas, adaptando-a àqueles nomes entre o intangível e o pernóstico das provas do Enem: “Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias” (língua portuguesa e uma língua estrangeira ao menos), Matemática e Suas Tecnologias (é aquela tal matemática), Ciências da Natureza e Suas Tecnologias (física, química e biologia), Ciências Humanas e Suas Tecnologias (história, geografia, sociologia, filosofia). Se você quer compreender os propósitos do MEC com essa nomenclatura, clique aqui. Mas trague bem devagar…

Já andei escrevendo sobre algumas delinquências intelectuais em questões do Enem. Em “Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias”, pobre do aluno que não for um apreciador de história em quadrinhos, por exemplo! Se ele não souber a diferença entre um pronome e uma fatia de mortadela, isso não é assim tão relevante. Mas não vou me perder nisso agora. Embora as provas tenham aqueles nomes arcanos, basta examiná-las para saber que as disciplinas originais, não obstante, continuam lá — embora filtradas, especialmente nas ciências humanas, pelo viés social, proselitista e até populista.

Muito bem! Mercadante, o nosso gênio reformador, diz que vai querer menos disciplinas. Entendo, então, que professores generalistas passariam a dar aula, deixem-me ver, de “Ciências da Natureza”. Certo! Teremos químicos explicando o Movimento Retilíneo Uniformemente Variado, físicos ensinando os mistérios dos esporos e biólogos descobrindo os caminhos insondáveis da química inorgânica!

Em “Ciências Humanas e Suas Tecnologias”, que já é mesmo terra de ninguém, prestando-se a toda sorte de vigarices (e os professores sérios não se zanguem, porque vocês sabem do que estou falando), geógrafos poderão abandonar de vez os afluentes do Amazonas (brincadeirinha…) e a altitude do Aconcágua para se dedicar, como está naquela verborreia do MEC, a  “comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura”. Não sei que zorra é essa, mas deve ser importante… Mesmo que o professor de filosofia seja um ignorante em história, ele pode ocupar o seu tempo (também cito o MEC), “analisando o papel da justiça como instituição na organização das sociedades”. Tendo o professor de história de dar aula de geografia, ele que  reconheça “a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas”. Compreenderam?

Onde estão esses professores? São formados por qual universidade? Nas escolas particulares de alta performance, professores distintos dão aula de álgebra e geometria, por exemplo. Em alguns, a química também tem os seus especialistas — há os que preferem a orgânica; há os que preferem a inorgânica. Mercadante quer fazer a sua revolução sem nem mesmo a definição de um currículo mínimo.

Maquiagem dos números
O ministro tomou outra decisão importante. Como não gostou dos números do Ideb, resolveu mudar o critério. Perde-se, assim, a série histórica. E vocês já podem esperar um grande salto nos anos seguintes. Leiam o que informa Rafael Moraes Moura, no Estadão. Volto em seguida:

Uma semana após a divulgação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2011 ter apontado a estagnação do ensino médio no País, o Ministério da Educação (MEC) confirmou nesta terça-feira, 21, que mudará a fórmula para calcular o índice. Em vez de usar a Prova Brasil, que indica que o desempenho dos estudantes ficou praticamente estável entre 2009 e 2010, o governo utilizará os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que mostram um avanço na aprendizagem.

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, nega que a troca tenha como objetivo maquiar os números do Ideb. “O Enem é que realmente avalia a qualidade do ensino médio.” Para ele, o estudante faz o Enem com mais empenho, pois a nota pode ser usada para entrar em universidades. Já a Prova Brasil é apenas uma avaliação, diz. “O Enem ele faz sabendo que é uma prova decisiva, ele dá o melhor de si.” A ideia é adotar a nova equação já no próximo Ideb, em 2013.

Hoje o Ideb combina o desempenho na Prova Brasil com a taxa de aprovação. Comparando a evolução do desempenho em português e matemática nesta prova, a avaliação dos alunos no ensino médio ficou praticamente estável entre 2009 e 2011. A evolução do Ideb no ensino médio foi tímida – saltou de 3,6 (2009) para 3,7 (2011). Se considerar só a rede estadual, o indicador se manteve estagnado em 3,4, sendo que no Distrito Federal e em nove Estados houve queda.

Já no Enem, a nota dos concluintes do ensino médio de escolas públicas saltou de 480,2 para 492,9 em matemática, entre 2010 e 2011 – a Teoria de Resposta ao Item (TRI) calibrou o grau de dificuldade dos dois últimos exames, permitindo a comparação. Em português, o desempenho foi de 490,6 para 503,7. “O Enem mostra que houve uma evolução muito positiva no aprendizado da matemática e do português”, destacou o ministro.

Para o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Luiz Cláudio Costa, o governo não está criando “uma saída para mascarar os números”. “Temos desafios no ensino médio e pretendemos achar uma medida mais exata para enfrentá-los. A nota do Enem mostra outra tendência, mas não minimiza os problemas.” Dentro de 60 dias, o Inep deverá entregar ao ministro um estudo técnico sobre a mudança de cálculo do Ideb e suas implicações. Uma das preocupações é não perder a série histórica projetada para os próximos anos – a meta do Ideb para 2021 é 5,2.
(…)

Voltei

É surrealista! Como não perder a “média histórica” se estão mudando os critérios de aferição? Como os números estão ruins, Mercadante resolveu produzir números melhores sem mudar a qualidade da educação, entenderam? É o jeito petista de fazer as coisas. Assim, quem sabe o ministro entre para a história como o  responsável pelo maior salto jamais havido no Ideb!!! É impressionante!

Então vejam como as coisas se combinam. Mercadante prepara uma maquiagem do Ideb para melhorar os números, arma a arapuca das cotas nas universidades públicas e encomenda uma mudança de currículo no ensino médio que vai substituir o conhecimento específico pela verborragia social. Os professores especialistas pararão de importunar os alunos com o rigor que ainda lhes resta e poderão se dedicar a ensinar um pouco de quase tudo. Aí basta chutar o aluno que teve aula de biologia com um professor de física para a faculdade de medicina e o que teve aula de física com o professor de química para a faculdade de engenharia civil… Nos cursos de humanidades, a coisa tende a ficar como está: basta ter bons propósitos, pregar justiça social, demonizar o capital e a “mídia”, e estamos conversados!

Não nos esqueçamos de que Mercadante conseguiu seu doutorado na Unicamp com uma “tese” cantando as glórias do governo Lula. Viva a pátria livre dos apedeutas!


"Elas gostam de apanhar"


Sim, o amor verdadeiro está à venda, e, enquanto você não entender isso, você permanecerá um idiota moral. O reconhecimento desse fato torna você adulto, não torna você "melhor". E ser adulto é saber que o mundo não é um lugar "bom". Começando por você e eu.


Luiz Felipe Pondé, Folha de SP

"Elas gostam de apanhar." Esta é uma das máximas mais famosas de Nelson Rodrigues, nascido no dia 23 de agosto de 1912 no Recife. Esta afirmação ainda choca muita gente. "Reacionário!", "machista!", gritam os inteligentinhos que nada entendem da "vida como ela é".

É comum se dizer que Nelson está assimilado ao cenário cultural, mas não é verdade. A prova é que livros best-sellers como "Fifty Shades of Grey" ("Cinquenta Tons de Cinza"), de E. L. James, ainda causam ira em setores "progressistas" (a esquerda festiva da qual tanto falava Nelson), apesar de as mulheres "normais", que segundo Nelson são as que gostam de apanhar, estarem devorando o livro com imenso prazer.

No livro de James, Anastasia Steele, universitária, se apaixona pelo poderoso Christian Grey, de quem se torna amante, perdida nas delícias de uma relação "sadomasô light" à qual ela se deixa submeter. E gozará maravilhosamente na submissão. No primeiro momento em que ela o encontra, tropeça e cai, anunciando o domínio que Christian terá sobre ela. Na linguagem feminina comum, "ele tem pegada!". E o afeto feminino responde à "pegada".

Não se trata de dizer que Nelson está estimulando surras, mas sim que o desejo feminino passa pelo gozo da submissão ao macho desejado, dentro do jogo da sedução e do sexo. O "elas gostam de apanhar" no Nelson também fala do enlouquecer o homem, como no caso de adultério, e esperar dele uma bofetada acompanhada de "sua vagabunda", revelando o quanto ele ama esta mulher que o traiu. A psicologia rodriguiana parte da sua máxima "a vida é sempre amor e morte".

"A prostituta é vocação, e não a profissão mais antiga." Há uma relação íntima entre sexualidade feminina e a figura da prostituta como eterna promiscuidade temida. A mulher que nunca encenou "sua" prostituta no sexo nunca fez sexo.

"Dinheiro compra até amor verdadeiro." Imaginemos duas situações hipotéticas.

Hipótese 1: alguém convida você para um longo fim de semana na costa amalfitana na Itália. Executiva, hotel charmoso, longas caminhadas por ruas quietas e antigas, sem pressa, vinho (não "bom vinho" porque isso é papo de pobre querendo parecer rico, do tipo que os jovens chamam de "wannabe", gente que queria ser chique, mas não é).

Hipótese 2: alguém te convida para um fim de semana longo na Praia Grande, você pega oito horas de Imigrantes, trânsito infernal, o carro ferve, você fica na estrada esperando o socorro da Ecovias. Chega lá, apartamento apertado, cheiro de churrasco na laje por toda parte. Crianças dos outros gritando em seu ouvido.

Onde você acha que o amor verdadeiro nascerá? Se responder "hipótese 2", é mentiroso ou não sabe nada acerca dos seres humanos, vive num aquário vendo televisão e se olhando no espelho.

Antes de alguém dizer obviedades entediantes como "preconceito" (agora quando alguém fala para mim "preconceito", não levo mais essa pessoa a sério) ou "depende do contexto em que a pessoa nasce", esclareço: é fácil migrar da Praia Grande para a costa amalfitana, mas não o contrário. E quanto ao "preconceito": não se trata de preconceito, trata-se do tipo de verdade que todo mundo sabe, mas é duro reconhecer. Sim, o amor verdadeiro está à venda, e, enquanto você não entender isso, você permanecerá um idiota moral.

O reconhecimento desse fato torna você adulto, não torna você "melhor". E ser adulto é saber que o mundo não é um lugar "bom". Começando por você e eu.

Sábato Magaldi chamava o Nelson de "jansenista brasileiro". Jansenistas eram escritores franceses do século 17 que partilhavam uma visão de natureza humana na qual somos vítimas de desejos incontroláveis (ou pecado, na linguagem da época) e que, por isso, não conseguimos escapar dessa armadilha que é interior, e não "social". A raiz desse pensamento é a concepção de ser humano de santo Agostinho que eles herdaram. Pascal, Racine e La Fontaine foram jansenistas.

Eu acrescentaria que Nelson era um moralista. Moralista em filosofia é um especialista na alma humana. Proponho que ensinem mais Nelson na escola e menos Foucault

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

BRASIL CARINHOSO

Nota: Essa carta foi lida por um deputado e por um senador na tribuna, fato este que indica que a carta é verdadeira. Não consegui dar nenhum destaque como geralmente faço nos textos que publico aqui, pois teria que trazer o texto todo.

Bom dia, dona Dilma!
Eu também assisti ao seu pronunciamento risonho e maternal na véspera do Dia das Mães. Como cidadã da classe média, mãe, avó e bisavó, pagadora de impostos escorchantes descontados na fonte no meu contracheque de professora aposentada da rede pública mineira e em cada Nota Fiscal Avulsa de Produtora Rural, fiquei preocupada com o anúncio do BRASIL CARINHOSO.

Brincando de mamãe Noel, dona Dilma? Em ano de eleição municipalista? Faça-me o favor, senhora presidentA!  É preciso que o Brasil crie um mecanismo bastante severo de controle dos impulsos eleitoreiros dos seus executivos (presidente da república, governador e prefeito) para que as matracas de fazer voto sejam banidas da História do Brasil.

Setenta reais per capita para as famílias miseráveis que têm filhos entre 0 a 06 anos foi um gesto bastante generoso que vai estimular o convívio familiar destas pessoas, porque elas irão, com certeza, reunir sob o mesmo teto o maior número de dependentes para “engordar” sua renda. Por outro lado mulheres e homens miseráveis irão correndo para a cama produzir filhos de cinco em cinco anos. Este é, sem dúvida, um plano qüinqüenal engenhoso de estímulo à vagabundagem, claramente expresso nas diversas bolsas-esmola do governo do PT.

É muito fácil dar bom dia com chapéu alheio. É muito fácil fazer gracinha, jogar para a platéia. É fácil e é um sintoma evidente de que se trabalha (que se governa, no seu caso) irresponsavelmente.

Não falo pelos outros, dona Dilma. Falo por mim. Não votei na senhora. Sou bastante madura,  bastante politizada, marxista, sobrevivente da ditadura militar e radicalmente nacionalista. Eu jamais votei nem votarei num petista, simplesmente porque a cartilha doutrinária do PT é raivosa e burra. E o governo é paternalista, provedor, pragmático no mau sentido, e delirante. Vocês são adeptos do “quanto pior, melhor”. São discricionários, praticantes do “bullying” mais indecente da História do Brasil.

Em 1988 a Assembléia Nacional Constituinte, numa queda-de-braço espetacular, legou ao Brasil uma Carta Magna bastante democrática e moderna. No seu Art. 5º está escrito que todos são iguais perante a lei*.  Aí, quando o PT foi ao paraíso, ele completou esta disposição, enfiando goela abaixo das camadas sociais pagadoras de imposto seu modus governandi a partir do qual todos são iguais perante a lei, menos os que são diferentes: os beneficiários das cotas e das bolsas-esmola. A partir de vocês. Sr. Luís Inácio e dona Dilma, negro é negro, pobre é pobre e miserável é miserável. E a Constituição que vá para a pqp. Vocês selecionaram estes brasileiros e brasileiras, colocaram-nos no tronco, como eu faço com o meu gado, e os marcaram com ferro quente, para não deixar dúvida de que são mal-nascidos. Não fizeram propriamente uma exclusão, mas fizeram, com certeza, publicamente, uma apartação étnica e social. E o PROUNI se transformou num balcão de empréstimo pró escolas superiores particulares de qualidade bem duvidosa, convalidadas pelo Ministério de Educação. Faculdades capengas, que estavam na UTI financeira e deveriam ter sido fechadas a bem da moralidade, da ética e da saúde intelectual, empresarial, cultural e política do País. A Câmara Federal endoidou?  O Senado endoidou? O STJ endoidou? O ex-presidente e a atual presidentA endoidaram? Na década de 60 e 70 a gente lutou por uma escola de qualidade, laica, gratuita e democrática. A senhora disse que estava lá, nesta trincheira, se esqueceu disto, dona Dilma?  Oi, por favor, alguém pare o trem que eu quero descer!

Uma escola pública decente, realista, sintonizada com um País empreendedor, com uma grade curricular objetiva, com professores bem remunerados, bem preparados, orgulhosos da carreira, felizes, é disto que o Brasil precisa. Para ontem.  De ensino técnico, profissionalizante. Para ontem. Nossa grade curricular é tão superficial e supérflua, que o aluno chega ao final do ensino médio incapaz de conjugar um verbo, incapaz de localizar a oração principal de um período composto por coordenação. Não sabe tabuada. Não sabe regra de três. Não sabe calcular juros.  Não sabe o nome dos Estados nem de suas capitais. Em casa não sabe consertar o ferro de passar roupa. Não é capaz de fritar um ovo. O estudante e a estudantA  brasileiros só servem para prestar vestibular, para mais nada. E tomar bomba, o que é mais triste. Nossos meninos e jovens lêem (quando lêem), mas não compreendem o que leram.  Estamos na rabeira do mundo, dona Dilma. Acorde! Digo isto com conhecimento de causa porque domino o assunto. Fui a vida toda professora regente da escola pública mineira, por opção política e ideológica, apesar da humilhação a que Minas submete seus professores. A educação de Minas é uma vergonha, a senhora é mineira (é?), sabe disto tanto quanto eu. Meu contracheque confirma o que estou informando.

Seu presente para as mães miseráveis seria muito mais aplaudido se anunciasse apenas duas decisões: um programa nacional de planejamento familiar a partir do seu exemplo, como mãe de uma única filha, e uma escola de um turno só, de doze horas. Não sabe como fazer isto? Eu ajudo. Releia Josué de Castro, A GEOGRAFIA DA FOME. Releia Anísio Teixeira. Releia tudo de Darcy Ribeiro. Revisite os governos gaúcho e fluminense de seu meio-conterrâneo e companheiro de PDT, Leonel Brizola. Convide o senador Cristovam Buarque para um café-amigo, mesmo que a Casa Civil torça o nariz. Ele tem o mapa da mina.

A senhora se lembra dos CIEPs? É disto que o Brasil precisa. De escola em tempo integral, igual para as crianças e adolescentes de todas as camadas, miseráveis ou milionárias. Escola com quatro refeições diárias, escova de dente e banho. E aulas objetivas, evidentemente.  Com biblioteca, auditório e natação. Com um jardim bem cuidado, sombreado, prazeroso. Com uma baita horta, para aprendizado dos alunos e abastecimento da cantina. Escola adequada para os de zero a seis, para estudantes de ensino fundamental e para os de ensino médio, em instalações individuais para um máximo de quinhentos alunos por prédio. Escola no bairro, virando a esquina de casa. De zero a dezessete anos. Dê um pulinho na Finlândia, dona Dilma. No aerolula  dá pra chegar num piscar de olhos. Vá até lá ver como se gerencia a educação pública com responsabilidade e resultado. Enquanto os finlandeses amam a escola, os brasileiros a depredam. Lá eles permanecem. Aqui a evasão é exorbitante. Educação custa caro? Depende do ponto de vista de quem analisa. Só que educação não é despesa. É investimento. E tem que ser feita por qualquer gestor minimamente sério e minimamente inteligente. Povo educado ganha mais, consome mais, come mais corretamente, adoece menos e recolhe mais imposto para as burras dos  governos. Vale à pena investir mais em educação do que em caridade, pelo menos assim penso eu, materialista convicta.

Antes que eu me esqueça e para ser bem clara: planejamento familiar não tem nada a ver com controle de natalidade. Aliás, é a única medida capaz de evitar a legalização do controle de natalidade, que é uma medida indesejável, apesar de alguns países precisarem recorrer a ela. Uberlândia, inspirada na lei de Cascavel, Paraná, aprovou, em novembro de 1992, a lei do planejamento familiar. Nossa cidade foi a segunda do Brasil a tomar esta iniciativa, antecipando-se ao SUS. Eu, vereadora à época, fui a autora da mesma e declaro isto sem nenhuma vaidade, apenas para a senhora saber com quem está falando.

Senhora PresidentA, mesmo não tendo votado na senhora, torço pelo sucesso do seu governo como mulher e como cidadã. Mas a maior torcida é para que não lhe falte discernimento, saúde nem coragem para empunhar o chicote e bater forte, se for preciso. A primeira chibatada é o seu veto a este Código Florestal, que ainda está muito ruim, precisado de muito amadurecimento e aprendizado. O planeta terra é muito mais importante do que o lucro do agronegócio e a histeria da reforma agrária fajuta que vocês estão promovendo.  Sou  fazendeira e ao mesmo tempo educadora ambiental. Exatamente por isto não perco a sensatez.  Deixe o Congresso pensar um pouco mais, afinal, pensar não dói e eles estão em Brasília, bem instalados e bem remunerados, para isto mesmo. E acautele-se durante o processo eleitoral que se aproxima. Pega mal quando um político usa a máquina para beneficiar seu partido e sua base aliada. Outros usaram? E daí? A senhora não é “os outros”. A senhora á a senhora, eleita pelo povo brasileiro para ser a presidentA do Brasil, e não a presidentA de um partidinho de aluguel, qualquer.       
Se conselho fosse bom a gente não dava, vendia. Sei disto, é claro. Assim mesmo vou aconselhá-la a pedir desculpas às outras mães excluídas do seu presente: as mães da classe média baixa, da classe média média, da classe média alta, e da classe dominante, sabe por quê? Porque somos nós, com marido ou sem marido, que, junto com os homens produtivos, geradores de empregos, pagadores de impostos, sustentamos a carruagem milionária e a corte perdulária do seu governo tendencioso, refém do PT e da base aliada oportunista e voraz.

A senhora, confinada no seu palácio, conhece ao vivo os beneficiários da Bolsa-família? Os muitos que eu conheço se recusam a aceitar qualquer trabalho de carteira assinada, por medo de perder o benefício. Estou firmemente convencida de que este novo programa, BRASIL CARINHOSO, além de não solucionar o problema de ninguém, ainda tem o condão de produzir uma casta inoperante, parasita social, sem qualificação profissional, que não levará nosso País a lugar nenhum. E, o que é mais grave, com o excesso de propaganda institucional feita incessantemente pelo governo petista na última década, o Brasil está na mira dos desempregados do mundo inteiro, a maioria qualificada, que entrarão por todas as portas e ocuparão todos os empregos disponíveis, se contentando até mesmo com a informalidade. E aí os brasileiros e brasileiras vão ficar chupando prego, entregues ao deus-dará, na ociosidade que os levará à delinqüência e às drogas.

Quem cala, consente. Eu não me calo. Aos setenta e quatro anos, o que eu mais queria era poder envelhecer despreocupada, apesar da pancadaria de 1964. Isto não está sendo possível. Apesar de ter lutado a vida toda para criar meus cinco filhos, de ter educado milhares de alunos na rede pública, o País que eu vou legar aos meus descendentes ainda está na estaca zero, com uma legislação que deu a todos a obrigação de votar e o direito de votar e ser  votado, mas gostou da sacanagem de manter a maioria silenciosa no ostracismo social, desprecisada  e desinteressada de enfrentar o desafio de lutar por um lugar ao sol, de ganhar o pão com o suor do seu rosto. Sem dignidade, mas com um título de eleitor na mão, pronto para depositar um voto na urna, a favor do político paizão/mãezona que lhe dá alguma coisa. Dar o peixe, ao invés de ensinar a pescar, esta foi a escolha de vocês.

A senhora não pediu minha opinião, mas vai mandar a fatura para eu pagar. Vai. Tomou esta decisão sem me consultar. Num país com taxa de crescimento industrial abaixo de zero, eu, agropecuarista, burro-de-carga  brasileiro, me dou o direito de pensar em voz alta e o dever de me colocar publicamente contra este cafuné na cabeça dos miseráveis. Vocês não chegaram ao poder agora. Já faz nove anos, pense bem! Torraram uma grana preta com o FOME ZERO, o bolsa-escola, o bolsa-família, o vale-gás, as ONGs fajutas e outras esmolas que tais. Esta sangria nos cofres públicos não salvou ninguém? Não refrescou niente?  Gostaria que a senhora me mandasse o mapeamento do Brasil miserável e uma cópia dos estudos feitos para avaliar o quantitativo de miseráveis apurado pelo Palácio do Planalto antes do anúncio do BRASIL CARINHOSO. Quero fazer uma continha de multiplicar e outra de dividir, só para saber qual a parte que me toca nesta chamada de capital.  Democracia é isto, minha cara. Transparência. Não ofende. Não dói.

Ah, antes que eu me esqueça, a palavra certa é PRESIDENTE.  Não sou impertinente nem desrespeitosa, sou apenas professora de latim, francês e português. Por favor, corrija esta informação.

Se eu mandar esta correspondência pelo correio, talvez ela pare na Casa Civil ou nas mãos de algum assessor censor e a senhora nunca saberá que desagradou alguém em algum lugar. Então vai pela internet. Com pessoas públicas a gente fala publicamente para que alguém, ciente, discorde ou concorde. O contraditório é muito saudável.

Não gostei e desaprovo o BRASIL CARINHOSO. Até o nome me incomoda. R$2,00 (dois reais) por dia para cada familiar de quem tem em casa uma criança de zero a seis anos, é uma esmolinha bem insignificante, bem insultuosa, não é não, dona Dilma? Carinho de presidentA da república do Brasil neste momento, no meu conceito, é uma campanha institucional a favor da vasectomia e da laqueadura em quem já produziu dois filhos. É mais creche institucional e laica. Mais escola pública e laica em tempo integral com quatro refeições diárias. É professor dentro da sala de aula, do laboratório, competente e bem remunerado. É ensino profissionalizante e gente capacitada para o mercado de trabalho.

Eu podia vociferar contra os descalabros do poder público, fazer da corrupção escandalosa o meu assunto para esta catilinária. Mas não. Prefiro me ocupar de algo mais grave, muitíssimo mais grave, que é um desvio de conduta de líderes políticos desonestos, chamado populismo, utilizado para destruir a dignidade da massa ignara. Aliciar as classes sociais menos favorecidas é indecente e profundamente desonesto. Eles são ingênuos, pobres de espírito, analfabetos, excluídos? Os miseráveis são.  Mas votam, como qualquer cidadão produtivo, pagador de impostos. Esta é a jogada. Suja.

A televisão mostra ininterruptamente imagens de desespero social. Neste momento em todos os países, pobres, emergentes ou ricos, a população luta, grita, protesta, mata, morre, reivindicando oportunidade de trabalho. Enquanto isto, aqui no País das Maravilhas, a presidente risonha e ricamente produzida anuncia um programa de estímulo à vagabundagem. Estamos na contramão da História, dona Dilma!

Pode ter certeza de que a senhora conseguiu agredir a inteligência da minoria de brasileiros e brasileiras que mourejam dia após dia para sustentar a máquina extraviada do governo petista.

Último lembrete: a pobreza é uma conseqüência da esmola. Corta a esmola que a pobreza acaba, como dois mais dois são quatro.
Não me leve a mal por este protesto público. Tenho obrigação de protestar, sabe por quê?  Porque, de cada delírio seu, quem paga a conta sou eu.

Atenciosamente,
Martha de Freitas Azevedo Pannunzio
Fazenda Água Limpa, Uberlândia, em 16-05-2012  
marthapannunzio@hotmail.com        CPF nº 394172806-78

terça-feira, 21 de agosto de 2012

PEQUENAS EMPRESAS, GRANDES FALÊNCIAS!

Outro fator que sangra os cofres das empresas é a existência de pesados encargos trabalhistas. A cada real pago de salário, uma empresa pode desembolsar até quase oitenta centavos, somente em encargos sociais. Isso, além de aumentar ainda mais as dificuldades das empresas em honrar seus pagamentos, ainda limita (e muito) as possibilidades de crescimento dos negócios e de abertura de novas vagas de emprego. 






Nada nem ninguém proporciona ao Brasil mais empregos do que as micro, pequenas e médias empresas. Mas essas heróicas instituições estão seriamente ameaçadas dentro de nosso cenário econômico. Ao longo de mais de uma década advogando para empresas com problemas econômicos e financeiros, posso, com toda segurança, relacionar os principais motivos que levam uma empresa a fechar suas portas. Entender esses motivos e tentar combater suas causas é muito importante para evitar que essas verdadeiras fábricas de empregos e riquezas deixem de existir e, junto com elas, os milhões de postos de trabalho gerados com suas atividades.

Dentre as principais causas que torturam as finanças das empresas, destacamos a excessiva carga tributária. Em alguns casos, os tributos consomem mais da metade de todo o faturamento das empresas, afetando de maneira intensa a capacidade dessas empresas de honrarem suas obrigações. Essa fome de impostos, taxas e toda sorte de contribuições devora a liquidez das empresas, pois são obrigações que devem ser pagas no vencimento e à vista, sob pena de, não o fazendo, sujeitar os empresários a pesadas multas, que passam de 50 % do valor principal dos tributos.

Em segundo lugar está a burocracia a que estão submetidas as organizações, tanto para funcionar, quanto para obter recursos junto a instituições financeiras. A cada dia o poder público inventa novas exigências, que transformam a administração burocrática das empresas em uma insana gincana de papéis e transmissões eletrônicas de arquivos.

Se a empresa não consegue sua regularidade burocrática, não consegue ter acesso às melhores linhas de crédito do mercado nos bancos oficiais, como BNDEs, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, restando, apenas, empréstimos caros, com taxas de juros impagáveis e prazos cruéis.

Surge, assim, um verdadeiro ciclo vicioso: como as empresas têm de pagar seus tributos e demais custos (salários, contas de energia elétrica, aluguel etc) à vista, e como muitas vezes recebem a prazo de seus clientes, as empresas são obrigadas a tomar recursos caros junto aos bancos e financeiras. O que era para ser crescimento, passa a ser quase uma rolagem de dívida, fazendo, assim, nascer o processo de endividamento que poderá levar à extinção da organização. Nasce aí uma pequena bola de neve que cresce a cada dia de funcionamento.

Outro fator que sangra os cofres das empresas é a existência de pesados encargos trabalhistas. A cada real pago de salário, uma empresa pode desembolsar até quase oitenta centavos, somente em encargos sociais. Isso, além de aumentar ainda mais as dificuldades das empresas em honrar seus pagamentos, ainda limita (e muito) as possibilidades de crescimento dos negócios e de abertura de novas vagas de emprego.

Destacamos, ainda, o crescimento da inadimplência como um dos principais males que atacam as empresas. Ao contrário do que se imagina, nossa economia não está aquecida. Os salários dos servidores públicos está defasado há anos (o que tem gerado uma onda de greves pelo país afora). Na iniciativa privada, o desemprego e os baixos salários da maioria da população retiram de grande parte dos consumidores sua capacidade de pagamento, fazendo com que as pessoas passem a comprar a prazo e, infelizmente, deixar de honrar alguns compromissos, afetando de forma intensa os caixa das organizações. Pronto! Esse é o cenário no qual as nossas empresas tentam sobreviver.

Obviamente, eu não poderia deixar de registrar o principal motivo que faz uma empresa falir: sua administração! A forma como os empresários gerenciam as suas empresas é que vai definir se elas terão futuro ou se serão, apenas, algumas das milhares de empresas que fecham as portas antes de completar um ano. Isso mesmo, inúmeras empresas que começam a funcionar, encerram suas atividades antes de completarem seu primeiro ano de vida. E os atos de seus dirigentes definirão se essas organizações vão sobreviver, vingar e crescer ou se vão, apenas, engrossar as estatísticas de casos de insucessos.

Cabe aos sócios-administradores determinar, de forma clara, qual o verdadeiro negócio da empresa. E isso tem de começar muito antes do próprio início de suas atividades. É fundamental fazer uma pesquisa do mercado onde se deseja atuar e analisar, com seriedade, se o negócio é viável, de fato, ou apenas uma boa idéia surgida em determinado momento.

Gerir uma empresa é coisa séria e aqueles que resolverem dedicar sua vida a esta atividade devem estar prontos para as inúmeras horas de dedicação que deverão doar. Horas que serão retiradas do lazer, dos filhos, da família, de si mesmo.

Muitas empresas nascem da insatisfação das pessoas com seus empregos atuais ou em momentos de transição, entre um emprego e outro. Quando se trabalha como assalariado, tudo parece fácil. Quase todo funcionário tem a solução para a empresa onde trabalha: acha que seu “patrão” não sabe nada e que ele (funcionário) faria melhor. Tudo parece simples até o momento em que o então empregado, hoje patrão, vê-se diante da montanha formada por obrigações, contas e decisões. Obrigações a cumprir, contas a pagar e decisões a tomar. Aí a história muda!

Conheci um micro-empresário quase falido, do setor de transportes. Quase chorando, ele me confessou: “antes de mexer com esse negócio, eu tinha um bom emprego, tinha salário, tinha paz. Agora, tenho dívidas e pessoas me ligando, ofendendo, cobrando. Antes eu tinha nome limpo, agora não posso comprar nem um pneu a prazo.” Instantaneamente, eu respondi, como se a resposta àquele desabafo sempre estivesse pronta em minha mente:vamos imaginar que o senhor estivesse agora com 70 anos, aposentado pela previdência, olhando para o passado e perguntando-se: “como teria sido minha vida se eu tivesse sido um empresário, se eu tivesse comprado um ou dois caminhões?”. Pelo menos, o senhor tentou. E deve sentir orgulho disso!

Este pequeno empresário não chegou a falir, graças a Deus e ao nosso humilde trabalho na gestão de suas dívidas. Mas, assim que pagou seus credores, limpou seu nome, vendeu os dois caminhões e trabalha hoje como motorista “fichado” em uma empresa de transporte de cargas. Uma coisa tenho certeza: ele nunca mais verá o seu “patrão” da mesma forma. Ele aprendeu, na própria carne, a respeitar o esforço e o mérito daqueles que têm a coragem de reunir pessoas, de empreender, de gerar riquezas.

Como sempre, concluo deixando alguns conselhos. Aos que já são empresários, organizem suas empresas. Trabalhem com custos reduzidos. Administrem o fluxo de caixa. Não caiam na tentação de “crescer antes da hora”. Estamos em uma economia complexa. Coisas estão acontecendo na Europa e no mundo que podem afetar muito nossa vida por aqui. Pensem antes de contrair dívidas. Adotem uma gestão de segurança, nestes próximos meses, sem que seja tirado de vocês o prazer de sonhar com o sucesso e com o crescimento de seus empreendimentos. Valorizem seus bons funcionários. E principalmente, valorizem a vida, o tempo com seus familiares. O tempo com seus filhos, maridos e esposas. Visitem seus pais, seus irmãos que moram longe (ou perto, mas com que não falam há meses, anos). Laços de amor são eternos e cada segundo perdido é um segundo a menos para se viver, para se sonhar.

As empresas não são eternas, mas os valores que servirem de alicerce para a sua fundação podem atravessar décadas e até mesmo séculos. Assim, se quiserem que suas empresas durem, construam-nas sobre rochas de caráter. Mas nunca, repito, nunca deixem de sonhar. Pois são os sonhos que movem o mundo e nos mantêm vivos! E não há nada melhor do que estar vivo e, principalmente, sentir-se vivo! Que Deus os abençoe!


ANDRÉ MANSUR BRANDÃO
Especialista em Dívidas Bancárias

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Basta! Querem nos tornar idiotas e pobres, para depois "tomar conta de nós"

Até quando vamos aceitar esta ditadura "light" que "bate nossa carteira" dizendo que é em nome da justiça social? "Justiça social" é uma das assinaturas do fascismo em nossa época.

Por Luiz Felipe Pondé, Folha de SP
 
A Anvisa é uma das agências fascistas que querem controlar nossas vidas nos mínimos detalhes, com sua proposta de exigir receita médica para comprar remédios tarja vermelha. É uma das pragas contemporâneas.

Não acredito na boa vontade nem na ciência desses tecnocratas da Anvisa. Acho que eles se masturbam à noite sonhando como vão controlar a vida dos outros em nome da saúde pública. Não acredito em motivações ideológicas para nada, apenas em taras sexuais escondidas. Freud na veia...

Dou mais dois exemplos desse tipo de praga: proibir publicidade para crianças e cotas de 50% nas universidade federais para índios, negros e pobres (alguma pequena porcentagem neste último caso vá lá).

Nós, contribuintes, não podemos nos defender dessa lei das cotas. Essa lei rouba nosso dinheiro na medida em que somos nós que pagamos pelas universidades federais.

Até quando vamos aceitar esta ditadura "light" que "bate nossa carteira" dizendo que é em nome da justiça social? "Justiça social" é uma das assinaturas do fascismo em nossa época.

O fascismo não morreu, e um dos maiores desserviços que minha classe intelectual presta à sociedade é deixar que as pessoas pensem que o fascismo morreu. Aldous Huxley ("Admirável Mundo Novo"), George Orwell ("1984") e Ayn Rand ("A Revolta de Atlas") deveriam ser adotados em todas as escolas para ensinar o que os professores não ensinam e deveriam ensinar: que o fascismo não morreu.

O fascismo é a marca de tecnocratas e políticos que querem governar a vida achando que somos idiotas incapazes de decidir e que usam nosso dinheiro para esconder suas incompetências e sustentar suas ideologias "do bem". Querem nos tornar idiotas e pobres, para depois "tomar conta de nós".

O governo brasileiro, que flerta com o fascismo, engana as pessoas se concentrando em temas da "igualdade" e "saúde pública". A proposta de cotas nas universidades federais, além de populismo sem-vergonha, maquia a incompetência imoral do governo em retribuir à sociedade o que arrecada monstruosamente em impostos. A máquina de arrecadação de impostos no Brasil faz do governo sócio parasita de todo mundo que trabalha.

Em vez de investir dinheiro na educação básica, sua obrigação, o governo usa o dinheiro público em aventuras como o mensalão, se escondendo atrás de medidas (cotas nas universidades, controles da Anvisa, proibição de publicidade para crianças) que não arranham a corrupção ideologicamente justificada inventada pelo PT, mas que têm grande apelo publicitário.

O que é corrupção ideologicamente justificada? Você se lembra do "rouba, mas faz"? O PT diz "porque sou do bem, posso roubar". Essas leis não atrapalham a corrupção porque não disputam dinheiro com a corrupção. O pior é que, como parte do corpo de professores e funcionários das universidades federais é também fascista, acha isso tudo lindo.

Quanto à proibição da publicidade infantil, todo mundo sabe que só a família e a escola podem fazer alguma coisa para educar crianças. Todo mundo sabe que é difícil educar, ocupar e conviver dizendo "não" para as crianças. Todo mundo sabe que, quanto menos a mãe está em casa e quanto mais ela é só e menos tempo tem para criança, mais a criança come porcaria.

E quanto mais isso tudo acontece, mais se precisa de escola pública competente para preencher o vazio de famílias que não cumprem sua função, ainda que nunca seja a mesma coisa. Mas escola pública atrapalha a corrupção porque gasta o dinheiro da "mesada do bem". Mais barato para o governo é brincar de proibir a publicidade infantil.

Os mesmos que gozam pensando em mandar na vida dos outros são os que mentem quando não dizem que as crianças comem porcaria porque ficam largadas em casa sem mãe para tomar conta delas (e sem boas escolas). Não precisa ser gênio para saber que, sem mãe atenta, nada funciona na vida das crianças.

Os mesmos que cospem na cara da família como instituição, estimulam as mulheres a pensarem só em si mesmas e acusam a família de ser autoritária são os que pedem a proibição da publicidade infantil.