sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A calcinha de Gisele Bündchen



Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

O que não faltam são temas importantes para este Comentário: o massacre corporativista que vem sofrendo a juíza Eliana Calmon, que teve a coragem de afirmar a existência de “bandidos de toga”; as ininterruptas lambanças do governo na área econômica; o lançamento do novo partido de Kassab, pregando, de forma um tanto irresponsável, uma nova Constituinte; e as mudanças na Polícia Militar carioca por conta dos escândalos de corrupção. Mas, como o meu Comentário do Dia é sempre em uma sexta-feira, prefiro escolher assunto mais leve. Vou falar da censura ao novo comercial da modelo Gisele Bündchen.

Ainda que o tema pareça ter menos relevância que os demais, creio que as pequenas coisas expõem até melhor os sintomas de uma sociedade doente. Quando chegamos ao ponto em que o governo se imiscui até em assuntos como este, censurando uma propaganda só porque retrata, de maneira irônica, uma ululante realidade – qual seja, o poder que a beleza feminina exerce sobre os homens desde sempre –, então é porque estamos perdidos mesmo! 

A Secretaria de Políticas para as Mulheres resolveu brigar com o estereótipo da mulher gostosa que seduz o marido. No comercial, Gisele mostra que a forma “correta” para dar uma má notícia, como a batida do carro, deve ser com o corpo seminu. As feministas logo acusaram o golpe. Um absurdo! Machismo! O que elas nem sequer perceberam é que tal campanha denigre a imagem do homem, mais do que da mulher. Retrata o macho humano como pouco mais que um gorila babão, um ser autômato que canaliza toda a circulação sanguínea para a região pélvica do corpo. Como se tudo que importasse para nós fosse a forma física de Angelina Jolie, e não suas fantásticas idéias políticas... 

O feminismo é uma chatice só. Geralmente, coisa de mulher mal amada, encalhada e invejosa, que detesta a beleza alheia. Eu estou com Vinícius, que pediu perdão às feias, mas defendeu que a beleza é fundamental. Deixem a Gisele em paz, desfilando suas lindas curvas na TV. Se tem algo que talvez devesse ser proibido, seria seu desfile do biquíni com a estampa do assassino Che Guevara. Algo análogo a desfilar com uma suástica nazista. Mas, mesmo neste caso extremo, sou pela tolerância. As belas e as néscias, muitas vezes uma só pessoa, têm total direito de mostrar ao mundo sua beleza e sua estultice. Não à censura!

Eles não se contentam em se meter na nossa vida; também querem se meter na nossa cama!

de 
Ô vida dura!
Escrevi ontem um texto, que circulou bastante por aí, demonstrando que o PT que salva Valdemar Costa Neto quer censurar Gisele Bündchen. Alguns leitores, mesmo contrários à censura, insistem, no entanto, que a propaganda discrimina as mulheres etc e tal. Eu não julgo intenções de ninguém. Limito-me àquilo que vejo. Uma peça publicitária em que Gisele, sendo quem é, aparece apenas como uma lourinha burra e submissa, que estoura o cartão de crédito do marido, está optando pelo humor, pela ironia; está afirmando uma coisa no texto e seu contrário no subtexto.
Caramba! O que está acontecendo com o país? Aonde vai nos levar a estupidez politicamente correta? Sim, é pretexto para vender calcinha e sutiã. E daí? Prefiro propaganda que vende produtos àquela que quer vender “valores”. Nada me deixa mais de bode do que essa turma que quer incutir bons sentimentos enquanto empurra sabonete, serviços bancários, creme anti-rugas (na grafia que ainda adoto). Não suporto aquela gente “consciente”, com cara de que viu a coisa. Gisele não! Moleca, marota, sensual. E ela até já confessou que faz xixi no chuveiro para economizar água… Viram só o que pode fazer certo ecologismo?
E sou obrigado a lembrar: aquilo é de mentirinha, viu, gente? Alguma mulher que me lê, a sério, botaria uma roupa sensual antes de dar uma má notícia ao marido? Tenham paciência! Se a propaganda fosse um texto em linguagem referencial, uma bula de comportamento, se ofensa houvesse, seria aos homens: por uma bela calcinha, os bobalhões aceitariam qualquer coisa.  Nunca tive um amigo que desse tanta importância assim à lingerie. Ou melhor, tive um. Se pudesse, ele a usava…
Esse governo tem mais “ministras” do que qualquer outro. A questão é bastante explorada pelo marketing. Mais de uma vez se disse que isso é evidência da capacidade das mulheres — eu escolheria outras para as tarefas, mas isso tem a ver com questões políticas, ideológicas etc. Muito bem. Dado o marketing, verdadeiramente ofensiva, então, às mulheres é a presença das ministras Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Maria do Rosário (Direitos Humanos) no lançamento do livro de José Dirceu, o chefe de quadrilha (segundo aponta a Procuradoria Geral da República). Mas notem ali a expressão que condiciona a minha afirmação: “Dado o marketing”… Eu não trabalho com essas categorias. Mulheres podem se sentir mais bem-representadas por homens e vice-versa. Essa também é uma questão cretina.
O ponto é outroA patrulha — a ideológica propriamente ou a do politicamente correto — é um mecanismo duplamente perverso. Em primeiro lugar, porque quer impor a censura em nome de valores superiores. Em segundo lugar, porque pretende selecionar os grupos sociais ou indivíduos que podem fazer ou falar certas coisas e os que não podem. Quando Lula afirmou que a cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul, era um “pólo exportador de veados”, os patrulheiros fecharam o bico: “Ah, ele está brincando!” Imaginem essas palavras na boca de um dos políticos “da direita”.
Querem outro exemplo? Finalmente, voltou a ter uma novela  às 21h, na Globo. Aquele coquetel insuportável de causas de Gilberto Braga, com o espírito sempre civilizador e catequético das esquerdas chiques, deu lugar a divertidas tiradas politicamente incorretas de Agnaldo Silva, que é um craque. Infelizmente, um autor heterossexual não poderia escrever “Fina Estampa” — ou, ao menos, não poderia criar a personagem “Crodoaldo”. Seria acusado de homofobia. Agnaldo, reitero, é muito bom no que faz. Não tenta posar de Proust de Ipanema ou do Leblon ou de reformador da suposta moral bronca do povo. Não se atrevem a “denunciá-lo” porque seria complicado demonstrar a sua… homofobia. Mas a irritação do sindicalismo gay com ele é grande. Ele é gay, mas não é do sindicato. E isso, para muita gente, é insuportável.
Digam-me cá: quando venderam ao eleitorado a então candidata Dilma como “mãe do povo”; quando ela mesma disse que saberia cuidar melhor do Brasil, porque mulheres lidam com o orçamento doméstico, e saiu por aí tentando fazer omeletes — coisa que ela visivelmente não sabia —, por que os patrulheiros de esquerda não acusaram aquela marquetagem de machista? Mas ai deste cronista “polêmico”, como fui definido outro dia, se, num acesso de irritação com Dilma, escrever: “Pô, vá fritar ovo!!!” Apareceria alguém para acusar: “Você jamais diria isso a um homem…” É possível! Mas nunca vi homem fritando ovo na televisão para provar que pode governar o Brasil.
Volto a Gisele e sua lingerie. A ministra Iriny Lopes deveria é se ocupar das meninas que se prostituem Brasil afora em vez de tentar estabelecer uma bula politicamente correta para a propaganda e, se pensarmos bem, para o comportamento dos casais na cama. Se uma mulher quer usar uma lingerie para dar um truque no seu homem, o que ela tem com isso? Se ele quer fingir que se deixou enganar, vai a Iriny se meter no meio do casal para dar um pito?
E ainda há o eventual efeito colateral e inesperado: sempre que lingerie for, de algum modo, a pauta, vai que Iriny tome de assalto a memória que temos de Gisele e a gente comece a pensar no cartunista Laerte… Aí o desastre será completo.

domingo, 25 de setembro de 2011

A única maneira de tirar as sociedades da pobreza é por meio do empreendedorismo e do capitalismo

Reproduzo aqui uma matéria encontrada na Exame.com com a qual partilho 100% da ideia do entrevistado.


Em visita ao Brasil, para participar da reunião anual do conselho da escola de negócios Fundação Dom Cabral, Narayana Murthy, de 65 anos, um dos empresários asiáticos mais respeitados no Ocidente, defende que as empresas premiem seus funcionários com ações para incentivar o empreendedorismo.


1) EXAME - O senhor é conhecido como um grande defensor da economia de mercado. Como isso começou?
Murthy - Particularmente para mim, não foi difícil passar de um esquerdista confuso para um capitalista determinado. Quando era jovem, fui trabalhar na França, onde entendi que a única maneira de tirar as sociedades da pobreza é por meio do empreendedorismo e do capitalismo. Ainda nos anos 70, decidi que precisava voltar para a Índia e defender esses conceitos. Foi a partir daí que fundamos a Infosys.
2) EXAME - Qual é a sua receita para forjar uma cultura voltada para o empreendedorismo?
Narayana Murthy - É preciso melhorar os mecanismos de acesso ao capital para os empreendedores. A troca de experiências também é fundamental. É necessário criar uma plataforma em que empresários e empreendedores troquem conhecimentos, falem sobre suas dificuldades e sobre seus casos de sucesso. 
3) EXAME - E dentro das empresas?
Murthy - Os profissionais precisam se sentir valorizados e confiar uns nos outros. Para que a empresa prospere, é fundamental que um colega não tema ser traído por outro.
E é preciso que haja a certeza de que todos vão fazer todo o possível para que a companhia dê certo. Uma das melhores formas de fazer isso é permitir que os funcionários possam comprar participação e se tornar sócios da empresa. 
4) EXAME - O senhor montou uma multinacional a partir da Índia. Quais são os maiores desafios dos países emergentes?
Murthy - Um dos principais é justamente forjar uma cultura favorável ao empreendedorismo. É crucial criar um sistema de recompensa pelo trabalho bem-feito. Isso é ser capitalista.
5) EXAME - No Brasil, assim como em outros emergentes, há uma escassez de talentos. Existe solução para esse problema?
Murthy - É curioso notar que ganhar escala e ter custo baixo, dois dos principais objetivos das empresas, é também importante na área da educação. Acredito que a tecnologia será decisiva nesse segmento. Recursos como a internet e as salas de telepresença permitem levar educação de qualidade para muitos alunos e a custos baixos. Esse é o caminho.
6) EXAME - Em várias oportunidades, o senhor falou com admiração de empresas com várias décadas de existência. Por quê?
Murthy - Uma empresa longeva já ultrapassou vários ciclos econômicos, sabe melhor como apertar o cinto em tempos difíceis e como crescer com dinamismo quando a economia vai bem. Nada atesta melhor o sucesso e a qualidade de uma corporação do que seus anos de existência.
7) EXAME - Esse desafio é maior no setor de TI, onde tudo se transforma rapidamente?
Murthy - Em todos os setores, há dois aspectos. Um deles é permanente: os valores. O segundo é a relevância para o cliente, algo que se transforma com o tempo. No meu setor, isso muda constantemente. O melhor antídoto para se manter relevante é a inovação.

sábado, 24 de setembro de 2011

Lógica perversa. Ou: Protecionismo burro!


Lógica perversa

João Luiz Mauad, O GLOBO

Ainda no início de agosto, quando do lançamento do “Plano Brasil Maior”, já era possível imaginar as reais intenções do governo e apaniguados em termos de “política industrial”. Embora o objetivo oficial do plano fosse “aumentar a competitividade da indústria nacional, à partir do incentivo à inovação tecnológica e à agregação de valor”, tudo mais fazia crer que iríamos mesmo descambar para velhas políticas protecionistas, que, na prática, são exatamente o oposto do que normalmente chamamos de competitividade.

Dentre os vários sinais embutidos no escopo do plano, um era clamoroso: a nomeação de 14 representantes da dita sociedade civil para compor o “Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI)”, que será o “nível superior de aconselhamento institucional do Plano”. Entre os empossados, estavam empresários, sindicalistas e presidentes de entidades de classe, porém, sugestivamente, não havia um representante sequer do grupo mais interessado: os consumidores (porque pagam a conta).

Pois bem, foram necessários apenas 45 dias para que o governo cedesse ao forte lobby e resolvesse aumentar as alíquotas do IPI para veículos importados, decisão que o jornal inglês Financial Times avaliou como possível início de uma guerra comercial. Pensando bem, esta talvez seja mesmo a definição mais adequada para uma decisão que foge completamente à lógica econômica mais elementar. Resta saber quem serão os vencedores e os perdedores.

Durante as guerras – não as metafóricas mas as reais -, a primeira coisa que os exércitos procuram fazer é inutilizar as linhas de suprimento do inimigo. É absurdo, portanto, que em tempos de paz os nossos próprios governos façam exatamente aquilo que um eventual inimigo faria em tempo de guerra: obstruir a livre circulação de mercadorias.

A prosperidade de uma nação se mede não pelo dinheiro em circulação, mas pela quantidade de produtos e de serviços disponíveis para consumo, a preços acessíveis. Quanto mais abundante for o mercado, não importa a proveniência dos bens, maior será o conforto dos cidadãos. O comércio em geral é uma consequência lógica dos processos de especialização e divisão do trabalho. Quanto mais amplo for este processo, melhor para todo mundo. O fim de toda a atividade econômica é o consumo. O trabalho, portanto, é apenas o meio utilizado para alcançarmos aquele fim.

O foco da política econômica no trabalho e na produção, e não no consumo, está na raiz da maioria dos problemas econômicos criados pela intervenção dos governos na economia. É a oferta que deve estar voltada para as necessidades e anseios do consumidor, e não o inverso. Fazer do consumidor um mero instrumento para beneficiar empresas é estupidez.

A malfadada política nacionalista, apelidada de "substituição de importações", executada no passado através de reservas de mercado, cotas e tarifas de importação, controles de câmbio e desvalorizações periódicas da moeda, foi a principal responsável pelo retardamento técnico da nossa indústria. Progresso tecnológico exige investimentos maciços em pesquisa e desenvolvimento, fato que só ocorre em ambientes competitivos, onde as empresas brigam incessantemente pelas menores fatias do mercado, vale dizer, para satisfazer o consumidor. A lei de reserva de mercado para a informática ainda é o melhor exemplo de como esse tipo de política é contra-producente.

Ademais, a própria premissa de que se estaria preservando empregos domésticos através do aumento de tarifas alfandegárias é falsa, pois o dinheiro gasto a mais por um automóvel, para benefício de algumas poucas empresas, deixará de irrigar tanto a poupança (geradora de novos investimentos) quanto o consumo de outros bens e serviços - cuja produção gera empregos para outras categorias de trabalhadores.

Em resumo, a ação do governo acarretará os seguintes resultados: transferência forçada de renda dos consumidores para meia-dúzia de empresários; proteção de uma indústria ineficiente; manutenção de alguns empregos num determinado setor, em detrimento de outros tantos em outros setores; redução de novos investimentos.

Será que a boa política econômica deve incentivar a escassez e a carestia, no lugar de facilitar a abundância e os preços baixos? Qual é a racionalidade dessas leis, que operam dentro de uma lógica perversa segundo a qual todos nós (consumidores) devemos ser forçados a sustentar empresas nacionais cujo maior “mérito” é dispor de um lobby agressivo e muito bem articulado?

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Pareço, logo existo (Martha Medeiros)


Pareço, logo existo

Foi-se o tempo em que a disputa se resumia ao clássico Ser x Ter. Dizem que ninguém mais dá a mínima para o que é, só para o que tem. Exagero. As pessoas ainda se preocupam com o que são. O problema é que não gostam do que são. Gostariam de ser outra coisa. E aí entra o verbo que está no topo das paradas hoje em dia: parecer.

Tem gente que quer parecer rica, e adota um padrão de vida que não condiz com a sua realidade. Pra manter a fachada de bem-nascida, acaba colecionando dívidas e queimando seu nome na praça. Nos eventos sociais, pode até ser a mais fotografada, mas para os comerciantes é bola preta na certa. A rica mais sem crédito das colunas.

Tem aqueles que querem parecer mais bem relacionados do que são, e se enturmam, forçam intimidade e grudam feito chiclete em pessoas que mal conhecem, só para descolar um convite para uma festa, um show, uma estreia, qualquer lugar que projete.

Os que querem parecer mais cultos do que são, você sabe, são aqueles que nunca foram além do prólogo do livro e é o que basta para olharem a ralé de cima para baixo, como se fossem portadores da sabedoria universal.

Há os que querem parecer mais jovens do que são: bom, quem não gostaria? É uma dádiva parecer ter cinco anos menos, sem esforço. A genética é mais generosa com uns do que com outros. Há muito tempo que eu não tento mais adivinhar a idade de ninguém: sempre erro, já que todo mundo parece ter bem menos. Mas se você tem 56 e parece ter 56, não é caso para enfiar a cabeça dentro do forno.

Os casos mais patéticos, no entanto, são os daquelas pessoas que querem parecer mais felizes do que são. O recurso adotado: mentem. O casamento delas está uma lua de mel, os filhos só dão alegrias, são muito requisitadas no trabalho, os amigos não param de telefonar, a vida tem sido um passeio num campo florido, e fica sem explicação aquele olhar melancólico, o sorriso forçado, a exaustão de ter que passar o falso entusiasmo adiante, como se não tivéssemos condições de perceber seu verdadeiro estado de ânimo, que é coisa que se transmite sem palavras. Ver alguém se esforçando para parecer feliz é das situações mais constrangedoras que se pode testemunhar.

Está triste? Esteja! Não é rico, nem jovem, nem belo? Nem por isso ficará sozinho. Pessoas não se apaixonam por estereótipos, mas pela singularidade de cada um, pela capacidade de ser surpreendido, pela sedução que o inusitado provoca. Uma pessoa que se preocupa em “parecer” já está derrotada no primeiro minuto de jogo. Dá valor demais à opinião dos outros, não age conforme a própria vontade, não se assume do jeito que é, inventa personagens para si mesmo e acaba se perdendo justamente deste “si mesmo”, que fica órfão. Quer parecer mais inteligente? Comece admitindo que não sabe nada sobre nada e toque aqui: ninguém sabe.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Eu desconheço qual é o valor que vai custar a Copa do Mundo no Brasil

Olhem que maravilha é o Brasil:


“Eu desconheço qual é o valor que vai custar a Copa do Mundo no Brasil. Não há nenhum estudo que diga isso”. (Miriam Belchior - Ministra do Planejamento)


Entenderam? A Ministra do planejamento, depois de dizer que o problema de mobilidade pública se resolve com feriado e não com obras, não tem a menor ideia de quanto do meu, do seu, do nosso dinheiro vais ser rasgado nesse evento. VIVA A FARRA COM O DINHEIRO PÚBLICA!

Aproveito o tema COPA DO MUNDO para recomendar a leitura desse artigo JESUS CRISTO OU BARRABÁS? 

A verdade é que ninguém cuida tão bem de um carro alugado


Rodrigo Constantino, O GLOBO


Milhares de pessoas foram às ruas no feriado de 7 de setembro protestar contra a corrupção. Ao contrário do que estamos acostumados a ver, não foi um evento com patrocínio de movimentos “sociais” mobilizados pela esquerda; estes aderiram ao constrangedor silêncio de quem parece satisfeito com as gordas verbas estatais. Desta vez, os grupos se organizaram de forma espontânea e apartidária pelas redes sociais. Nas palavras de uma revista, tratou-se do “despertar das consciências”.
A iniciativa merece apoio daqueles cansados de tanto descaso no uso do dinheiro público. Bilhões são desviados todo ano, políticos são pegos em flagrante, mas nada acontece. O ex-presidente Lula ajudou muito a criar este clima de anestesia geral, utilizando sua popularidade para proteger aliados corruptos. Parece que as pessoas estão finalmente acordando para o fato de que a letargia de hoje será paga com mais abusos amanhã.
Já era hora de as pessoas honestas, saturadas de tanto abuso dos governantes, partirem para alguma ação efetiva. A pressão popular é uma arma legítima em qualquer democracia. O ideal é que este movimento se mantenha blindado contra o oportunismo político. Desta forma ele ganha mais legitimidade, até porque o combate à corrupção é uma bandeira da sociedade contra o corporativismo político, não contra um partido específico.
A corrupção tem muitas causas, mas creio que duas merecem destaque: impunidade e concentração de poder. Quanto à impunidade, a arma mais eficaz talvez seja justamente a pressão popular, com passeatas de protesto. Lembremos que o “mensalão” ainda nem foi julgado e corre o risco de prescrever. Os brasileiros decentes não podem aceitar tanto escárnio!
Já quanto à concentração de poder, será preciso atuar no campo das idéias, com foco no longo prazo. A mentalidade predominante no país, que desconfia do livre mercado e deposita fé quase religiosa no governo, terá que mudar. Mas isso não ocorre num piscar de olhos. É preciso investir nas idéias, apostar no poder dos bons argumentos. Esta mudança cultural será crucial para a sustentabilidade de um modelo com menos corrupção.
A ONG Transparência Internacional possui um ranking com os países percebidos como menos corruptos por seus cidadãos. Já o The Heritage Foundation publica anualmente o Índice de Liberdade Econômica. Não será surpresa alguma para quem compreende a teoria econômica saber que há enorme correlação entre ambos, ou seja, os países menos corruptos são também os países com maior liberdade econômica. Nada menos que 15 países estão entre os 20 primeiros colocados de ambos indicadores. Já o Brasil está na rabeira dos dois. E ainda culpam os “neoliberais” por nossos males!
Quanto mais recursos da economia forem canalizados para o governo central, maior será a tentação de grandes empresas tentarem capturar tais recursos por meio de propinas. Quando o destino de um setor inteiro depende da poderosa caneta de um burocrata, parece natural supor que o preço desta caneta vai às alturas no mercado negro. Subornar governantes passa a ser bem mais lucrativo do que investir na competitividade.
Milton Friedman destacava quatro formas básicas de se gastar dinheiro. A primeira é quando gastamos nosso dinheiro conosco, com total foco no custo e no benefício. A segunda é gastar nosso dinheiro com terceiros, como na compra de um presente. O benefício já perde alguma importância. Já as duas últimas são as piores: gastar dinheiro dos outros com os outros e com nós mesmos. O famoso “dinheiro da viúva”, sem dono e, portanto, sem grandes preocupações com o custo. Estas são as formas estatais de gasto. Alguém ainda fica surpreso com tanto desperdício?
A verdade é que ninguém cuida tão bem de um carro alugado. A tendência natural é cuidar melhor daquilo que nos pertence. Por isso é tão comum o descaso com a coisa pública, especialmente quando tudo importante sobre ela é decidido lá longe, em Brasília. Em nossos condomínios ainda investimos algum tempo, pois sabemos que temos maior poder de influência. Mas com tanto poder concentrado no governo central, quanto vale o meu único voto entre tantos milhões?
Estava mesmo na hora dos brasileiros saírem às ruas contra a impunidade. Talvez seja a melhor medida de curto prazo contra a corrupção. Mas também devemos investir em idéias, para reduzir a concentração de poder no governo central. Governo obeso é um convite à corrupção. Até agora já pagamos este ano mais de R$ 1 trilhão em impostos, o grosso para o governo federal. Acorda, Brasil!

Os petistas e a Copa do Mundo: a incompetência como um método

Se você chegou até aqui e não tá com saco para ler o texto, leia as partes grifadas, vale a pena!


Por Reinaldo Azevedo
Os petistas e a Copa do Mundo: a incompetência como um método. Miriam Belchior deveria decretar toque de recolher para manter em casa os nativos

A Fifa decidiu que o Brasil seria sede da Copa do Mundo no dia 31 de outubro de 2007 — no mês que vem, portanto, faz quatro anos que a decisão foi tomada. Faltam 34 meses para o torneio. Já lá se foram 58,53% dos dias, e até agora não se fez quase nada, como é sabido. Vai se tentar espremer nos 42% de tempo restante o que não se realizou antes. É um vexame! A ministra Miriam Belchior, do Planejamento, tratou ontem do assunto em entrevista coletiva. Mais um pouco, atacaria de Luan Santana no salão: “Eu tou contando tudo/ e não tou nem ligando pro que vão dizer…” O governo está apaixonado… pela própria incompetência!
Acho que nunca se viu algo parecido na história da República. Se alguém aí tiver memória de evento similar, envie a historinha para o blog. Certa de que as tais obras de mobilidade não ficarão prontas a tempo, Miriam não se deu por achada e, com aquele método petista de arrumar soluções simples e erradas para problemas difíceis, ela já anunciou seu plano estratégico: decretar feriado no dias dos jogos para diminuir o número de pessoas nas ruas e a demanda por transporte público. É nessas horas que o PT lamenta não liderar um regime à moda Kim Jong-Il. Fico aqui pensando na tentação dessa gente: decretar toque de recolher para os nativos e só permitir a livre circulação de turistas.
Nessa toada, talvez fosse o caso de proibir a ida de brasileiros aos estádios… Que tal? Os tupiniquins assistem aos jogos em casa, no conforto do lar, comendo pipoca e tomando cerveja. É o que eu gloriosamente farei — mas sem a cerveja. O destilado de malte escocês é a fase superior da civilização nessa matéria, hehe… O fermentado pertence a uma etapa anterior da luta de classes… Adiante.
E essa nem foi a sua fala mais espantosa. O que realmente é chocante é ver uma ministra de estado — e ela é do Planejamento, entenderam?, não, sei lá, das “Obras Emergenciais — a afirmar que não tem a mais remota idéia do custo da Copa do Mundo. O país se meteu nessa aventura sem nem mesmo ter uma estimativa do quanto teria de desembolsar. Quatro anos depois, continua a não ter e joga a responsabilidade nas costas da Fifa, que teria feito exigências novas. Digamos que sim… E daí?
Se o governo brasileiro tivesse uma estimativa ao menos — custará “x” —, trabalharia com uma margem y% de acréscimo sobre o valor original. Mas quê!!! Tudo no mais absoluto escuro. E é essa gente, que trabalha com esse rigor, que exibe esse nível técnico de comprometimento com a eficiência, que quer enfiar goela abaixo do país o tal regime diferenciado de construção das obras da Copa do Mundo, em substituição à Lei de Licitações. É o que a ministra Gleisi Hoffmann, num rasgo de “Direito Criativo”, classificou de “legislação alternativa”, coisa que também nunca antes ninguém havia visto na história destepaiz
E Dilma?Dilma se aproveita um tanto do fato de que parcelas consideráveis da opinião pública estão com o saco cheio de Lula. Entre ele e ela, fica-se com aquela que parece um pouco mais discreta, que se comporta com mais serenidade, que demonstra mais apego ao decoro — até porque lhe falta intimidade com as ferramentas do populismo. Isso faz com que sua parcela pessoal de responsabilidade no descalabro das obras da Copa se dilua. Por que digo isso? Porque era ela a gerentona do governo Lula.  Só deixou a Casa Civil no dia 31 de março do ano passado. Dos 48 meses que o Brasil perdeu, em 29 ela era a tocadora de obras do agora antecessor e, em 9, é o próprio governo. Nesse particular, ela não recebe herança nenhuma: ajudou a fabricar o atraso.
Petistas tendem a reagir mal — é compreensível — quando se afirma que Lula e o partido deram uma sorte danada ao pegar este ciclo da economia mundial. Na gestão dos companheiros, os preços internacionais das commodities quadruplicaram, por exemplo. Aí está o colchão que amortece todas as suas incompetências. Não precisaram fazer muita coisa além de administrar mais do mesmo. A Copa do Mundo, de fato, teria sido uma excelente oportunidade de demonstrar capacidade de gestão; nesse caso, eles poderiam ter exibido o novo, seu lado original.
Eis aí. Em vez de mobilidade, feriado! Para tentar garantir que as obras essenciais ao menos estejam prontas — os estádios, por exemplo —, então só mesmo jogando no lixo as exigências da Lei de Licitações, pondo no lugar uma espécie de AI-5 licitatório. Sim, haverá a Copa do Mundo, a festa e coisa e tal. O tamanho da conta, alerta-nos Miriam Belchior, saberemos depois. Ora, sem planejamento, sem saber quanto se vai gastar, qualquer valor é aceitável, não é? Os ladrões da República já enfiam as mãos nos cofres públicos quando existem números. Imaginem como será neste mar da incerteza.
Será o paraíso dos larápios. Eu nem acho que o PT faz essa lambança de caso pensado. É incompetência mesmo. Mas, como de hábito, a incompetência de um petista logo vira um método que faz fortunas.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Modelo de gestão do governo Tarso é exemplo!

Fiquei positivamente impressionado com o modelo de gestão de projetos do Governo Tarso (RS). Ele segue modelos de grandes empresas privadas e tende a profissionalizar a gestão pública.


Para mim, que o grande problema da gestão pública é eficiência e corrupção, este um modelo que dá um grande passo em direção a minimização dessas mazelas.


PARABÉNS!


Não é o dinheiro e nem o glamour que faz alguém empreender.

Me identifiquei muito com essa definição de empreendedorismo retirado do blog Insistimento.

"Não é o dinheiro e nem o glamour que faz alguém empreender. Na maioria das vezes, se ganha pouco dinheiro e o glamour é acordar todos os dias bem cedo ou ir dormir bem tarde. Além, é claro, de ficar viajando pra lá e pra cá de carro ou voando de classe econômica. A verdadeira motivação está na autonomia e liberdade que ganhamos quando resolvemos por o pé na rua e enfrentar, sem armaduras, o mercado."


Vamo que vamo, com força e honra!

domingo, 18 de setembro de 2011

As regulamentações e o senso da realidade


por  - Instituto Ludwig von Mises - Brasil ("IMB")

Por mais de 100 anos, a esquerda sempre disse que suas regulamentações teriam o efeito de aumentar a eficiência, poupar dinheiro, criar empregos e todo o resto. 

No caso da legislação do "ar limpo", a ideia é que ela irá criar "empregos verdes", melhorar todo o ambiente -- de modo que os indivíduos viverão mais felizes --, aprimorar o uso dos recursos, acabar com a exploração dos trabalhadores e inúmeras outras benesses. 

É por isso que a Nova Esquerda sempre considerou que gastos governamentais são na verdade "investimentos", que regulamentações são na verdade "padrões de qualidade", e que impostos são "contribuições." 

A ilusão que essas pessoas tentam urdir é a ideia de que as intervenções governamentais sobre a economia irão na realidade melhorar a vida de todos. (Eu poderia acrescentar que, não obstante a retórica, a direita não é nada melhor na prática.)

A questão é que tais afirmações são evidentemente falsas por uma variedade de razões: proprietários sabem melhor do que burocratas como alocar seus recursos; consumidores podem sozinhos cuidar de seus próprios interesses; empreendedores precisam de liberdade e oportunidade para poder criar e produzir; e o sistema de preços é o garantidor supremo da eficiência. 

O governo, por sua vez, não possui recursos próprios; tudo o que ele tem, ele confiscou da sociedade. Mais ainda: ele não tem como saber a maneira correta de gerenciar a sociedade. Tal conhecimento está disperso pelos indivíduos da sociedade, de modo que são eles, e apenas eles, que devem se gerenciar a si próprios. O governo é apenas uma instituição essencialmente ignorante e obtusa.

Leia o artigo na íntegra aqui

Na Índia, todo mundo que pode quer ser empreendedor.

Não é atoa que, em se tratando de BRICS, a Índia está sempre a nossa frente. 


Não tenho mais dúvida que o incentivo ao empreendedorismo e uma boa educação é saída para qualquer país que queira eliminar diferenças e tornar-se rico e desenvolvido.


Excelente mensagem a entrevista que segue:



“Todo mundo que pode quer ser empreendedor na Índia”

Anand Giridharadas, colunista do The New York Times (Zero Hora 18.09.2011)

Jornalista nascido nos EUA e filho de indianos, Anand Giridharadas publicou neste ano o livro India Calling: An Intimate Portrait of a Nation’s Remaking (O Chamado da Índia: Um retrato Íntimo da Reconstrução de um Nação), resultado de uma turnê pela Índia em que observou as transformações na economia do país. Colunista do The New York Times, Giridharadas será um dos palestrantes do Congresso Internacional de Inovação, que ocorre nos dias 16 e 17 de novembro, na Fiergs, em Porto Alegre. Confira a entrevista concecida a Zero Hora:
Zero Hora – Qual é a importância da inovação para o desenvolvimento da Índia?

Anand Giridharadas
 – A inovação tem sido muito importante para o desenvolvimento na Índia, mas a inovação amplamente compreendida. Não é apenas telefones mais rápidos, menores e mais baratos e coisas dessa natureza. Talvez a inovação mais importante na Índia nas últimas décadas foi descobrir muitas maneiras de usar a política social para capacitar indianos historicamente excluídos, ao mesmo tempo, usando o livre mercado para expandir oportunidades para milhões de pessoas. Essas são, tradicionalmente, políticas de esquerda, por um lado, e de direita, por outro.

ZH – O que outros países podem aprender com a trajetória de inovação da Índia?

Giridharadas
 – Cada país deve decidir o que pode aprender por conta própria. É difícil aplicar as lições através das fronteiras. Mas eu acho que a história da Índia é, em parte, resultado dos benefícios combinados de capacitação social, de um lado, e do mercado fortalecido, por outro. Economia sem política não é suficiente, mas também não existe política sem economia. A Índia começou a atacar a pobreza, a fome e estagnação usando as ferramentas de governo e do mercado ao mesmo tempo, com muitos excessos e problemas, mas também um sucesso considerável.

ZH – Pode-se dizer que escolas e universidades preparam os alunos para serem empreendedores?

Giridharadas
 – Elas estão tentando. Com exceção de algumas universidades indianas de elite que são classe mundial, a maioria não consegue preparar os alunos para pensarem criativamente, reconsiderar a sabedoria tradicional. Se você olhar para o trabalho que a Índia faz na área de software para o mundo, boa parte disso ainda é o trabalho de rotina que depende mais de seguir ordens do que de criar.

ZH – Você saiu dos EUA, onde nasceu, para trabalhar na Índia como consultor. O que mais o impressionou em termos de desenvolvimento econômico?

Giridharadas
 – A Índia está lutando com algumas coisas importantes – combate à corrupção, melhoria da educação, ampliando a igualdade de oportunidades. Uma área onde isso foi feito muito bem é a geração de grandes empresas. Há muitas razões: ao contrário da China, as empresas privadas devem levantar capital privado, em vez de capital do governo. Os indianos são também comerciantes e emprendedores natos. E em uma sociedade que durante tanto tempo disse às pessoas quem e como devem ser, a energia que foi liberada nos últimos 20 anos criou um contágio. Todo mundo que pode quer ser um empreendedor lá hoje.

Socialismo do século XXI é tão desastroso quanto o do século XX


Estudo venezuelano avalia estatais de Chávez e confirma que o tal socialismo do século XXI é tão desastroso quanto o do século XX


Os automóveis que saem da fábrica Venirauto, na cidade de Maracay, são considerados carros para a vida toda. “Depois de adquirir um, ninguém vai querer comprá-lo de você”, dizem os venezuelanos. A montadora foi criada em 2006, numa parceria do governo venezuelano com uma empresa iraniana.
Tudo o que se produziu até agora — 2 017 veículos — equivale a 7% da meta anual estipulada no início. Dessas unidades, poucas estão nas ruas. A maioria dos carros foi aposentada após o primeiro problema mecânico. Não há peças de reposição à venda.
O que acontece dentro dos galpões da Venirauto é um mistério, pois a empresa não abre as portas para jornalistas ou gente de fora do governo.
Um estudo recente, contudo, faz um diagnóstico preciso e revela o que ocorreu com essa e outras quinze estatais que surgiram do nada ou das ruínas de empresas privadas expropriadas ao longo dos doze anos do governo de Hugo Chávez. Todas padecem das mesmas enfermidades: queda na produção, redução do número de empregados e déficit operacional (leia abaixo “Modelo de fracasso”).

A Venezuelan works in a Venirauto car manufacturing plant, a joint venture between the Venezuelan government and Iran's major auto maker Khodro, in Maracay
A pesquisa, denominada “Gestão em vermelho”, foi coordenada pelo economista Richard Obuchi, da Universidade Católica Andrés Bello, em Caracas. “A proliferação de estatais serve para o estado aumentar seu controle em todas as atividades, em uma pretensiosa tentativa de planificar tudo”, diz ele. “Com essa estratégia, o socialismo do século XXI, uma invenção de Chávez, repete os métodos desastrosos do socialismo do século XX.”
401 empresas sofreram intervenção estatal só no último semestre
Apesar dos resultados pífios, Chávez decidiu, neste ano, acelerar a estatização da economia, possivelmente porque quer garantir o máximo de controle do poder econômico do país antes das eleições presidenciais, no ano que vem. Muitos venezuelanos temem que, por estar com a popularidade em queda e fragilizado por um câncer, Chávez esteja se preparando para um golpe caso perca a votação. No último semestre, 401 empresas sofreram intervenção estatal, termo que engloba expropriações, invasões de terra e confiscos de bens patrimoniais. O número é 41% superior ao do ano passado inteiro, quando foram registradas 284 intervenções.
Inflação e 23 bilhões de dólares em expropriações
A queda na produção das empresas estatizadas provoca prejuízos e alimenta a inflação, que neste ano deve chegar aos 30%. Entre 2007 e 2009, o governo venezuelano gastou 23 bilhões de dólares em expropriações de grandes empresas, mais do que os investimentos necessários para garantir a produção da estatal de petróleo PDVSA – também estagnada.
As empresas estatizadas tornaram-se improdutivas, têm prejuízos constantes e só não fecham as portas porque são subsidiadas com o dinheiro dos impostos e do petróleo. Isso explica por que, apesar de ser dono de um número crescente de empresas, o Estado venezuelano não conseguiu aumentar sua participação no PIB.
O estatismo também se provou prejudicial aos trabalhadores. Na Azucarera Cumanacoa, estatizada em 2005, um terço das vagas desapareceu. Na Rualca, produtora de rodas de alumínio, os empregados não recebem salário. Operários foram pedir esmola no semáforo da esquina. Cientes do perigo que corriam, trabalhadores da Polar, a maior empresa de alimentos do país, e da Pepsi-Cola entraram na Justiça para defender os patrões contra a expropriação.
“No início, os trabalhadores aprovavam as estatizações”, diz o cientista político Ismael Pérez Vigil, presidente executivo da Conindustria. “Agora, resistem. Sabem que podem ter o salário reduzido ou perder o emprego.” Pobre povo venezuelano. Virou cobaia de laboratório de experiências que já fracassaram há décadas em outras partes do mundo.
Modelo de fracasso
O estudo “Gestão em vermelho”, coordenado pelo economista venezuelano Richard Obuchi, analisou dezesseis empresas estatizadas ou criadas por Hugo Chávez. Em todas o desempenho piorou ou as metas não foram cumpridas. A seguir, seis exemplos
AZUCARERA CUMANACOA (em Cumanacoa)
Expropriada em 2005, mudou de nome para Azucarero Sucre e passou a receber consultoria cubana
Resultado – A produção caiu 18% desde então. Cada quilo de açúcar é vendido com um prejuízo de 66%
CRISTAL (em Turén)
A fábrica da Cargill foi expropriada em 2009 porque não produzia o tipo de arroz determinado pelo governo
Resultado – Toda a produção continua sendo do mesmo tipo de arroz
FRUTÍCOLA CARIPE (em Caripe)
Expropriada em 2007, a processadora de suco de laranja passou a se chamar Cítricos Roberto Bastardo
Resultado – A produção atual representa apenas 13% da registrada nos anos 90
RUALCA (em Valencia)
Exportava rodas de alumínio e foi estatizada em 2008
Resultado – O nome foi mudado para Rialca, e só. A fábrica está parada e os funcionários, sem salário
VENEPAL (em Morón)
Expropriada em 2005, a indústria de papel foi incorporada à estatal Invepal
Resultado – Produz apenas 2% de sua capacidade
VENIRAUTO (em Maracay)
Criada em 2006 em sociedade com uma empresa iraniana, a montadora pretendia fabricar 26 000 carros por ano
Resultado – Em quatro anos, só vendeu 2 017 unidades, a maioria para funcionários públicos chavistas
Prejuízo garantido
Economista e professor da Universidade Católica Andrés Bello, em Caracas, Richard Obuchi coordenou o estudo “Gestão em vermelho”, em parceria com as pesquisadoras Anabella Abadi e Bárbara Lira, que analisou o desempenho das estatais venezuelanas. Obuchi conversou por telefone com o editor Diogo Schelp.
Qual foi o resultado das estatizações?
Todas as empresas tomadas pelo governo enfrentam problemas financeiros. Têm dificuldade em pagar aluguel, honrar salários ou comprar insumos para a produção. Precisam da ajuda do Executivo, que desvia recursos para atender à demanda de todas elas.
Por que as estatais não conseguem pagar suas despesas?
Entre outras razões, porque vendem produtos a preços muito baixos. Um exemplo é o Azucarero Sucre. Em 2008, o custo para produzir 1 quilo de açúcar era de 4,8 bolívares fortes [a atual moeda do país, resultado do corte de três zeros da moeda anterior, o bolívar, em 2008, devido à inflação], mas a estatal o comercializava a 1,6 bolívar forte. A diferença era subsidiada pelo governo. Se isso ocorre com uma empresa privada, ela fecha. Uma companhia pública não pode fazer isso.
Como o governo justifica as estatizações?
Em 2002 e 2003, quando a Venezuela passou por greves e percalços econômicos, o argumento era dar estabilidade aos trabalhadores. Entre 2005 e 2007, época em que tivemos escassez de produtos, a justificativa era assegurar a igualdade de renda. Neste ano, estamos passando por uma crise dos empreendimentos imobiliários, que estão parados.
O argumento então passou a ser garantir moradia a todos. Mas também há justificativas sem nenhuma lógica. Ao expropriar uma unidade da Cargill, o governo afirmou que a empresa não estava de acordo com a legislação, pois só produzia arroz parboilizado. Era preciso fabricar o arroz normal. O interessante é que, dois anos depois, 100% do arroz produzido naquela unidade continua a ser o parboilizado.
Há relação entre as estatizações e a queda no PIB da Venezuela nos últimos dois anos?
As expropriações não apenas sucatearam empresas eficientes como criaram um clima de incerteza. A ameaça de que qualquer empresa pode ser estatizada causou desconfiança em investidores internos e externos, o que afetou o crescimento.

sábado, 17 de setembro de 2011

Assédio dos importados


Assédio dos importados


Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

Em mais uma medida totalmente absurda, sem pé nem cabeça do ponto de vista econômico, o governo Dilma decidiu elevar o IPI de veículos importados. Os preços poderão subir até 28%, penalizando os consumidores brasileiros. Argumenta-se que a intenção é proteger os empregos nacionais. O ministro Guido Mantega afirmou que o Brasil “passou a sofrer o assédio da indústria internacional”. Segundo ele, existe “o risco de exportarmos empregos para o exterior”.

O governo Dilma deixa cada vez mais evidente seu ranço mercantilista. Estas falácias econômicas já foram devidamente refutadas desde o século XVIII. Mas os brasileiros nunca aprendem! Não bastou a “Lei da Informática” para convencer esta gente dos males do protecionismo. Não bastou o país ser obrigado a comprar carroças ao preço de Ferrari antes da abertura comercial. A experiência nunca basta por aqui. É preciso insistir no erro até seu custo ficar alto demais para ser suportado.

Na lógica de Mantega, há muito mais que ser feito para “proteger” os empregos domésticos. Somos “assediados” por eletrônicos importados, como laptops e tablets. Chega da invasão da Apple! Vamos criar reserva de mercado para a Positivo. Somos “assediados” por filmes estrangeiros, especialmente os do “império” americano. Está na hora de aumentar as cotas para cinema nacional e preservar o emprego dos cineastas engajados que fazem filmes horríveis sobre comunistas como Olga e Che. E por aí vai.

Claro que ninguém com um pingo de bom senso cai mais nesse papo de “proteger emprego local”. É história para boi dormir. O dinheiro economizado com a compra do importado mais barato não desaparece, mas é direcionado para outro setor, gerando empregos. O que se deu, na verdade, foi pura pressão do lobby das montadoras, somado ao desejo do governo de aumentar a arrecadação (cumprir a meta fiscal assim é moleza).

No mercantilismo é assim: concentram-se os privilégios e dispersa o custo entre consumidores e pagadores de impostos. Grande modelo econômico!

Governo eleva IPI de carros importados

"Medida aumentará preços em cerca de 30% e valerá até o final do ano que vem"

Hum, não sou economista pra falar com propriedade sobre assunto, mas qualquer medida protecionista me parece que sempre será péssima pro consumidor. Além do mais, essas medidas acabam por mostrar a incompetência do estado em desonerar a produção local para que esta passe a competir de igual para igual.

O aumento de preço por parte dos protegidos será inevitável. Isso por lógica acarretará menos venda. Menos venda, menos emprego. 

Tendo a concordar com essa parte do texto que encontrei no site administradores.com

"Os defensores do protecionismo alegam que algumas indústrias precisam ser protegidas, no sentido de garantir empregos internos e desenvolver novas tecnologias. Bobagem, uma vez que a história deste país já mostrou que setores protegidos não evoluíram como os teóricos do governo defendiam. Na contramão, todos os setores expostos à competição internacional evoluíram e agora competem de igual para igual. O livre comércio fez bem.

Como desvantagem, que a história também confirma, os setores protegidos aumentam seus preços e se acomodam na busca de melhorias. Isto provoca atraso tecnológico ao país frente às inovações externas."


Recomendo a leitura de mais esses artigos, todos sobre o tema:
Status e estatismo
Elevação do IPI dos carros importados: por enquanto, vai dando jumento com chifres
O Ataque dos Geiselistas



Vamos ver no que dá!

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Como alguém em sã consciência pode reclamar da saúde e da educação públicas e querer ir às ruas protestar por menos impostos?

Me caiu os butia dos bolsos.. Estou simplesmente de queixo caído com esse artigo.. Pior foi ver o comentário das pessoas apoiando (clique aqui). Tenho certeza que a maioria daqueles que elogiaram o artigo mamam em alguma teta do estado. 


Imposto pago não é dinheiro roubado

Vende-se, por estas bandas, a ideia de que dinheiro de imposto é dinheiro subtraído da sociedade. Um argumento tão repetido pela mídia (e pela oposição ao governo) que, para muitos, se tornou uma verdade. Foto: Foto: Bruno Huberman
O Brasil é mesmo um país de contradições. Na manhã da terça-feira 13, um grupo de pessoas acompanhou a contagem do Impostômetro, o marcador gigante instalado pela Associação Comercial de São Paulo no centro da cidade para medir a arrecadação do governo. Neste ano, diz a entidade, atingimos a marca de 1 trilhão de reais 35 dias mais cedo do que em 2010. A cifra foi acompanhada por vaias do grupo de pessoas aglomerado diante do display. Não as culpo. Vende-se, por estas bandas, a ideia de que dinheiro de imposto é dinheiro subtraído da sociedade. Um argumento tão repetido pela mídia (e pela oposição ao governo) que, para muitos, se tornou uma verdade.
Virou quase lugar-comum dizer que o Brasil é um dos campeões mundiais em impostos, e comparar nosso pacote de serviços públicos com os oferecidos por países com carga tributária igual ou maior. Esses argumentos deixam de lado dois detalhes importantes: somos também destaque mundial em desigualdade social, e temos uma massa de desassistidos comparável apenas a países como China e Índia. Ou seja, sai caro, muito caro, para uma nação com tal perfil, oferecer, mesmo precariamente, uma estrutura de amparo universal.
Logo, uma alta arrecadação é algo a ser comemorado, e não lamentado. É sinal de que o governo eleito democraticamente dispõe de mais recursos para atender às necessidades da população que o elegeu. Como alguém em sã consciência pode reclamar da saúde e da educação públicas e querer ir às ruas protestar por menos impostos? Exigir das autoridades o melhor uso possível dos recursos do orçamento é um dever cívico em qualquer país, assim como cobrar o combate permanente à corrupção. Mas imaginar que um governo será capaz de, com menos dinheiro, sustentar a máquina estatal, fazer os investimentos necessários (para ontem) em infraestrutura e melhorar o pacote de serviços à população é simplesmente absurdo!
Em um brilhante artigo publicado recentemente no Valor Econômico, o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, mostrou que a desigualdade social, medida pelo índice Gini, caiu 9,5% entre 2003 e 2009. Sem os gastos em programas de transferência de renda realizados na última década, a melhora teria sido de apenas 1,5%. No mesmo texto, Pochmann levanta uma questão que tem méritos de sobra para tirar o sono dos brasileiros: por que os ricos pagam, proporcionalmente, tão menos impostos?
'A reforma tributária pela qual nossos formadores de opinião deveriam se empenhar passa, necessariamente, pela troca de impostos que recaem sobre o consumo'
A reforma tributária pela qual nossos formadores de opinião deveriam se empenhar passa, necessariamente, pela troca de impostos que recaem sobre o consumo – e penalizam os consumidores indistintamente – por uma estrutura mais progressiva. É possível, sim, criar novas (e mais altas) alíquotas de IR para faixas de rendimento mais elevadas, elevar os encargos sobre itens supérfluos e de luxo, taxar grandes fortunas (a exemplo do que faz a Inglaterra e outros países desenvolvidos) e aparelhar melhor a equipe da Receita Federal até que ninguém consiga passar um fim de semana tranquilo em sua mansão no Guarujá sem a certeza de estar em dia com o Leão.
A estrutura social brasileira é perversa sobretudo porque dá àqueles que deixam a base da pirâmide a sensação de estar muito acima da maioria. Ainda que continue a anos-luz de distância do topo, parte da classe média é mortalmente tentada a comprar um discurso que interessa apenas a quem está lá em cima.
Não se iludam: um cofre público mais gordo revela que a economia está em crescimento, e que a inclusão social trouxe mais gente para dividir o fardo de sustentar o País. A alta na arrecadação também pode indicar avanços do Fisco no combate à sonegação – um mal tão danoso à sociedade quanto a corrupção. O combate à evasão tributária deveria ser festejado sobretudo por quem tem sua fatia descontada diretamente no salário, e não conta com recursos de “engenharia financeira” para pagar fugir às obrigações, nem remete recursos a paraísos fiscais…