domingo, 31 de julho de 2011

A usina da corrupção!


por Percival Puggina*

Sabem os cientistas políticos que não há razões teó-icas nem práticas para que a representação política de um país seja qualitativamente muito diferente, para mais ou para menos, da média da sociedade. O que se pode e se deve fazer é aprimorar as instituições para que funcionem de um modo que não favoreça a corrupção. Do jeito que está, favorecendo-a, ocupamos no cenário mundial o 69º lugar no quadro decrescente da honestidade (Transparência Internacional) e a corrupção nos custa, segundo a Fiesp, algo entre R$ 40 e 70 bilhões/ano.

De uns tempos para cá, sempre que se fala sobre reforma política (normalmente depois de algum escândalo), retornam à superfície dois temas: voto em lista fechada e financiamento público das campanhas eleitorais. Em que consiste, então, o tal “voto em lista fechada”? Nele, diferentemente do sistema em vigor, no qual a ordem dos eleitos em cada partido é dada pela votação pessoal que os concorrentes obtêm, o eleitor não vota num candidato, mas no partido (na lista desse partido). A ordem em que os nomes são lançados nessa lista expressa a preferência do partido. Os primeiros muito provavelmente serão eleitos e os últimos não terão qualquer chance. Tanto num quanto noutro sistema, o número de cadeiras obtidas pelas legendas é proporcional aos votos totais que lhes são dados.

Como se presume, a eleição parlamentar por lista fechada fortalece as agremiações políticas. Mas parece pouco provável que os comandos das legendas deixem de escalar para as primeiras posições de suas listas os atuais deputados, reduzindo-se assim, drasticamente, a possibilidade de renovação das bancadas. Acho que é tudo que ninguém quer, não é mesmo? Em contrapartida, o sistema reduz custos, sendo compatível com o financiamento exclusivamente público das campanhas.

No entanto, se consideramos importante reduzir a corrupção do Estado brasileiro, como exigência moral, enfatizada por nossa vexatória posição no ranking da desonestidade, cabe indagar: qual o efeito disso sobre a corrupção? Quase nenhum! Combatê-la com medidas que afetam exclusivamente as eleições parlamentares é descomunal erro de perspectiva. Não é nos parlamentos que estão as causas determinantes da corrupção sistêmica. Não há ali, sequer, recursos financeiros para proporcioná-la. A usina da corrupção se articula em torno do outro poder, montada no sistema de governo, nas eleições majoritárias, no seu financiamento e no custo de formação das maiorias parlamentares com distribuição dos cargos, dos investimentos, dos postos de mando e no aparelhamento partidário da administração.

O que têm os partidos políticos a fazer na administração pública? Isso lá é lugar de política partidária? A administração tem que ser técnica, profissionalizada e politicamente neutra, servindo à sociedade em todos os governos. O que têm os partidos a fazer nas empresas estatais? Empresas, ainda que estatais, não são lugar de política partidária. O lugar dos partidos e seus agentes é no governo, de modo transitório, reduzido esse espaço ao estritamente necessário. É ínfimo o poder de corrupção de um parlamento diante da imensa e multibilionária máquina governamental quando se tem como “imexível” um sistema ficha-suja, que enfeixa nas mesmas mãos a chefia do Estado, do governo e da administração.

Antes que venham as frustrações, vai o alerta. Adotado o voto em lista, a grande corrupção continuará como dantes pelo simples motivo de que se manteve inalterada sua principal causa, que tanto exaure recursos e desmoraliza a nação diante de si mesma e no concerto internacional.

puggina@puggina.org
*ESCRITOR

segunda-feira, 18 de julho de 2011

A verdadeira sociedade livre é a sociedade onde é seguro ser impopular.

Meu caro Ricardo, fico muito feliz em reproduzir aqui seu artigo. Feliz por ver que você também faz voz a esse coro. Fico feliz em ver que você, assim como eu, tenta gritar e agir contra essa lambança que estão fazendo com o nosso país.

Penso não ser a elite da minha profissão, embora tente, mas dedico sim algumas horas da minha semana a ler, estudar, comentar e sugerir alternativas para que saiamos desse lamaçal.

Nesse "ensaios", percebi que esse luta é árdua. Árdua porque aqueles beneficiados por toda essa panacéia (elite e pobres) são hoje a maioria. Como diz Reinaldo Azevedo "A democracia continua a ser o melhor dos piores sistemas, o que não quer dizer que os eleitores façam sempre as melhores escolhas"E quando a maioria está sendo contemplada em seus interesses individuais, dificilmente conseguiremos mudar algo. Como diz um dito popular: "A política dos governantes "sábios" consiste em esvaziar a mente dos homens e encher-lhes o estômago.” E digo com toda a certeza: São esse políticos "sábios" que temos no comando do nosso pais. 

Através de bolsas miami e bolsas familia, satisfazem a elite com juros subsidiados para aumentarem suas fortunas como no caso do Pão de Açucar e calam a boca dos pobres coitados com migalhas em troca de votos. E assim, os interessados, permanecem em sua posição de poder, com seus tentáculos com alcance cada vez maior, praticando a "ditadura do bem" pautada pelo apoio da maioria em nome do politicamente correto. 

No Brasil, caro Ricardo, o mérito ficou de lado. O Brasil virou o pais do privilégio. E quem está pagando a conta é uma minoria como eu e você que trabalha 24 horas, sete dia por semana, para gerar riqueza e emprego. Esses "marajas do bem" esqueceram que não tem maior ação social do que gerar emprego. Dar dignidade as pessoas através do trabalho é um instrumento poderoso para o aumento do bem estar de uma população. Mas o que faz o governo? Cria teias cada vez mais enredadas, burocracia asfixiante e impostos impagáveis para dificultar esse processo em nome de um socialismo implodido. No Brasil cobra-se impostos nórdicos e se devolve a sociedade serviços africanos, E nossos políticos ainda acham que é esse o caminho. Einstei já dizia que A definição de Insanidade é fazer sempre a mesma coisa e esperar um resultado diferente. É lamentável.

Concordo em número e grau com o mérito da imprensa. Se não fosse eles, Palocci, Zé Dirceu, Delubio, Alfredo Nascimento e outros tantos estariam por ai na moleza. E o que diz os governos sobre isso? Que corrupção não existe, é um invenção da impressa que é de direita, capitalista, neoliberal, imperialista  e opressora. Chega a ser cômico! 
Pra finalizar o desabafo já que estamos falando de imprensa: O problema do Brasil é que quem elege os governantes não são aqueles que lêem os jornais e sim quem limpa a bunda com ele.

Antes de finalizar, recomendo a leitura dos artigos que segue. Os temas tratam disso que estamos falando.


Um país, duas realidades



Mas vamo que vamo, com força e honra!

BOLSA MIAMI

A verdadeira sociedade livre é a sociedade onde é seguro ser impopular. 
 Nunca na história desse país houve tantas notícias às claras sobre corrupção, sacanagem, falta de ética, falta de moral, e todas as outras drogas que derivam desses temas. 
Faz alguns anos que os jornalistas brasileiros estão fazendo um trabalho FANTÁSTICO ao escancarar para os 200 milhões de brasileiros toda a sujeira que rola nesse país por trás de decisões sociais, políticas, econômicas, e o caramba a quatro. 
Se tem uma galera que merece toda a nossa admiração nesse Faroeste Caboclo em que vivemos são os jornalistas brasileiros. 
PARABÉNS AOS JORNALISTAS BRASILEIROS!!!
E se tem uma galera que não merece a minha admiração e aplauso é a fucking elite desse país que vê toda a sujeira rolando solta e não faz nada a respeito. 
O fato é que a elite brasileira está ganhando a Bolsa Miami, e portanto, eles também querem que tudo fique como está.
Com o povo feliz e a elite na boa, quem vai levantar alguma bola para mudar alguma coisa? 
"Ricardo, Do que você está falando? O que precisa mudar???"
Nada. 
Tá tudo beleza. Eu que sou maluco. Desculpa aí!
O Brasil é a bola da vez, Uhu!, vamos que vamos! 
As pessoas dizem que a tal da bolsa família criada pelo governo federal anos atrás transformou, ou vem transformando, o povo brasileiro em cordeirinho de presépio ou cabo eleitoral, mas, muito pior do  que os efeitos que o bolsa família tem sobre o povo, é o efeito que o Bolsa Miami vem tendo sobre a fucking elite brasileira. 
A notícia que me deixou MAIS REVOLTADO nos últimos tempos foi a história do uso de 4,5 bilhões de reais do dinheiro do BNDES para financiar a fusão do Pão de Açúcar com o Carrefour. 
Ora, todo mundo sabe que o Abilio Diniz tem dinheiro o suficiente para bancar uma meia dúzia de gerações da sua família que estão por vir, entretanto, o malandro do Diniz acho mais correto pegar o dinheiro do BNDES para financiar a sua empresa do que mexer na sua poupança bem guardada em algum lugar do planeta. 
Típico da elite brasileira que gosta de lucrar mas não gosta de dividir o prejuízo. Típico da elite brasileira que critica o governo mas o corrompe para ganhar licitações ou usar dinheiro público. 
O Abilio Diniz é um extrato da elite brasileira. 
Depois de arrumar confusão com a própria família - a mãe do cara não fala com ele há mais de 20 anos. Você já viu uma mãe não falar com o próprio filho??? Imagino que o  filho tem que ser uma peste do demônio para espantar a própria mãe -, e frente a possibilidade de ser chutado para fora do trono de rei do varejo brasileiro, o cara teve a fantástica idéia de passar a perna no próprio sócio que o salvou de falir anos atrás (o Casino), com a fantástica idéia de se juntar ao maior concorrente do sócio que fez o favor de salvar o cara (o Carrefour), tudo porque o cara tem o ego maior que a conta bancária e precisa da bajulação diária dos macacos da sua corte para viver. 
Típico da elite brasileira que se importa com status, imagem, poder, e não dá a mínima para resolver os problemas do país. Típico da elite brasileira coronelista que precisa de bajulação e serviçais lambendo a própria mão. 
Quando eu me refiro a elite do Brasil eu não me refiro apenas às pessoas que tem mais dinheiro no banco. Eu me refiro as melhores cabeças pensantes em suas profissões. O melhor médico, o melhor engenheiro, o melhor advogado, o melhor professor, o melhor escritor, o melhor filósofo, o melhor programador de software, a melhor dona de casa. Essa turma é a elite do Brasil, ou deveria ser. 
Você assistiu ao filme Tropa de Elite? Então, a Elite é a galera que tem coragem e cérebro para tocar a coisa toda em frente. A Elite é a galera que enfrenta os malandros de frente, dá porrada quando necessário, fala grosso, e faz acontecer. 
Eu sou um zé mané. Eu sou um cavalo. Eu não sei exatamente como acabar com bandalheira na política. Por mim, empareda meia dúzia e um abraço. Por isso, eu preciso que o melhor advogado desse país, tenha um mínimo de cidadania, e dedique algumas horas do seu precioso tempo para arrumar a sociedade em que vive sem pensar em ganhar DINHEIRO em troca. 
Onde está, nesse momento, o melhor advogado tributarista desse país que não pára algumas horas do seu precioso mês para se debruçar sobre a zona que são os impostos para propor algo que ajude o Brasil a evoluir mais rápido com menos carga tributária e melhor arrecadação?
Onde está, nesse momento, o melhor cientista político desse país, que não pára algumas horas do seu precioso tempo todos os meses para repensar a maneira que se faz política nesse país?
Vocês já perceberam que o nível dos candidatos a cargos públicos está cada vez pior??? 
E a coisa toda tende a piorar. Não vai melhorar. 
Os partidos políticos desse país, muito espertamente, estão escolhendo propositalmente celebridades para concorrer ao plenário. 
Uma vez lá dentro, as celebridades não vão fazer fucking nada MESMO. Quem manda mesmo são os presidentes dos partidos que colocaram os malucos em Brasília. 
Se na última eleição colocamos o Tiririca, quem vai entrar na próxima? 
As Tchecas que estão na capa da Playboy desse mês? 
O Luan Santana? 
Ou o futuro vencedor do Big Brother 13???
Onde estão os melhores filósofos desse país que não se dedicam algumas horas do seu mês para ajudar a repensar todo o "esquema" brasileiro???
Onde está, nesse momento, os melhores administradores desse país que não páram algumas horas do seu precioso tempo para repensar como administrar melhor as cidades desse país? 
Eles estão todos em Miami. 
Bancados pelo Bolsa Miami da qual fazem parte políticos-consultores como Palocci com suas "dicas" fantásticas de investimentos e contatos, o furado e desvirtuado BNDES, entre outras maracutáias que cedo ou tarde vão aparecer denunciadas pelos FANTÁSTICOS jornalistas INVESTIGATIVOS desse país.
Um povo revoltado e indignado pode parar um país - como fez a galera do Egito na Praça Tahrir meses atrás. Mas sem uma elite decente, não tem revolução que se sustente. 
O bicho vai pegar quando a galera perceber que existe muito mais na vida do que apenas os crediários das Casas Bahia, o financiamento de um carro popular, a possibilidade de comprar um apartamento de 30m2 em suaves prestações ao longo de 50 anos, e um emprego de telemarketing.
Quando esse dia chegar, Miami vai tremer. 
QUEBRA TUDO! Foi para isso que eu vim. E Você?

sexta-feira, 8 de julho de 2011

O BNDES virou o grande elo da simbiose entre pelegos oportunistas e grandes empresários.

A igualdade de oportunidade, tão sonhada e esperada por este "escriba" aqui, está cada vez mais longe no Brasil. O atual governo continua dando esmola a quem não pensa, mas vota, e distribuindo dinheiro a quem menos precisa. Esse dinheiro poderia estar sendo muito melhor distribuído, gerando renda e riqueza proporcional a todas esferas sociais. 


Veja vídeo de Rodrigo Constatino sobre o que ele chama de Carreçúcar. 


Escreverei em breve por aqui um modelo de criação de oportunidade que vislumbro. Totalmente voltado a geração de renda através do micro empreendedorismo e do micro crédito. 


Um exemplo real e inspirador eu relatei no post Pobreza, dinheiro e muito amor! A melhor forma das pessoas mudarem suas vidas é tendo controle, fazendo do jeito que elas acreditam que seja melhor para elas!







Vamo que vamo, com força e honra!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

“A política dos governantes sábios consiste em esvaziar a mente dos homens e encher-lhes o estômago.”

Tive que reproduzi aqui o artigo que segue!


A reforma política e a educação, 

por Celso Bernardi*

“Do nosso déficit educacional resulta, como primeira vítima, o déficit democrático...”
Mais uma vez, a reforma política volta à pauta na Câmara e no Senado Federal.

O tema é importante e o debate se faz necessário, não apenas entre os parlamentares, mas com a participação da sociedade, já que ela é a legítima destinatária de seus resultados.

Não conheço nenhum parlamentar que não queira a reforma política, mas todos que conheço têm em sua cabeça um tipo de reforma.

O problema, portanto, está em conciliar a reforma ideal de cada um, com aquela possível de ser alcançada pelo consenso ou pela vontade majoritária do Congresso.

Esperamos que as mudanças possam, no mínimo, melhorar a democracia, através de um sistema eleitoral justo e transparente.

Um sistema que assegure uma melhor relação entre os eleitores e os eleitos, principalmente no que diz respeito à ética e à qualidade de gestão. Que seja capaz de garantir, ao máximo, a igualdade de condições entre os candidatos na competição eleitoral. Que valorize a doutrina partidária, pois, atualmente, sobram partidos e faltam ideias. Que possa diminuir o custo das campanhas, que é alto se comparado com a renda per capita do brasileiro.

Vamos admitir que tenhamos uma virtuosa reforma política: ela, por si só, será suficiente para melhorar a nossa democracia?

Respondo não! Para conquistar o selo de qualidade, a nossa democracia depende basicamente da educação do povo. A democracia é um subproduto da educação.

Enchemos o peito como a sétima economia do mundo, mas não nos preocupamos por estarmos, segundo a Unesco, na posição de 88º lugar em educação. A nossa economia, dizem os ufanistas de plantão, está nos trilhos e anda na velocidade do trem-bala, enquanto a educação anda aos sacolejos da velha maria-fumaça.

Neste descompasso está a origem principal de nossas deficiências democráticas. A nossa educação não consegue dar respostas adequadas às nossas dívidas sociais e às urgências do nosso desenvolvimento.

Quanto mais educado for o povo, mais forte e justa será a democracia, pois ela será fruto de um eleitor com melhor nível de informação e mais preparado para exercer o seu direito de decidir e fiscalizar a qualidade dos seus representantes.

Por todas estas razões, precisamos, urgentemente, de um pacto, uma blitz, uma cruzada em favor da educação, como pilar do desenvolvimento sustentável e da inclusão social duradoura.

Finalmente, lembro uma coincidência. Os parlamentares da atual legislatura, além da reforma política, terão a oportunidade e a responsabilidade de decidir o futuro da educação brasileira, pois está tramitando na Câmara o Plano Nacional de Educação (PNE), que estabelece 10 diretrizes e 20 metas para serem cumpridas até o ano 2020. O PNE foi enviado pelo governo no final de 2010, já com atraso, e agora patina na Câmara Federal. A sociedade, a exemplo da reforma política, precisa estar atenta e até pressionar os parlamentares para que promovam um amplo debate, visando aperfeiçoar o PNE e colocá-lo em votação.

Chegou a hora de avançar rumo ao futuro e isto só será possível voando nas asas libertadoras da educação. Chega de paliativos, chega de abraçar a ignorância como valor, a não ser que queiramos trazer para o presente o mais antigo manual de cinismo político ensinado por Lao Tseu (China) no século VI, a.C. : “A política dos governantes sábios consiste em esvaziar a mente dos homens e encher-lhes o estômago.”
*ADVOGADO E POLÍTICO